sexta-feira, maio 19, 2006

Futebol

Momentos antes da virada do milênio, na noite de trinta e um dezembro de 2000, após jantarmos, saímos em desabalada carreira em direção ao metrô para tentar chegar a tempo na Champ de Mars, para passar a virada embaixo da Torre Eiffel. Não fomos os únicos a ter essa idéia. Meia Paris (estimativa minha) havia tido a mesma idéia e, na estação que tínhamos que fazer a baldeação (ou correspondance, como eles chamam), havia milhares de pessoas. Mal conseguíamos andar. Em meio àquela multidão, conversávamos em português. Até que um grupo de três adolescentes franceses puxam assunto conosco. Perguntam de onde somos e arriscam um palpite: Itália. Não, esclarecemos, somos do Brasil.

Eles sorriem e comentam da final da copa de mundo de 1998, lembrando a vitória francesa por três a zero. Concordo com eles, dou os parabéns e pergunto: quantas vezes vocês foram campeões mesmo? Não sei vocês, mas eu sou quatro vezes (o penta viria quase dois anos depois). Sorriso amarelo e reconhecimento de nossa superioridade em termos de futebol.

Toronto, 2006.

Tenho que ir ao banco para comprar USD para levar na viagem do final de semana.

Aproveito a hora do meio-dia, logo após o round e antes de iniciar o ambulatório de distúrbios do sono no Hospital for Sick Children, e vou à agência do meu banco na esquina da University Ave com Dundas St. Caixas eletrônicos cheios, dentro da agência ninguém.

Vou até o caixa e sou logo atendido. Vejo pelo crachá que a funcionária de chama Mônica da Ponte e me pergunto se ela é brasileira ou portuguesa, mas é ela que me pergunta a mesma coisa. Sou brasileiro, esclareço. Ela se revela portuguesa. Começamos a conversar e ela conta que assiste aos canais brasileiros Globo e Record. Digo que só vejo a Globo, e olhe lá. Pergunta se gosto de futebol. Digo que sim e transfiro a pergunta: ela também gosta de futebol.

Termina de me atender e, quando vou sair, me diz: “Boa sorte na Copa”. Agradeço e retribuo o boa sorte. Ela rebate: “Não precisamos de sorte”. Sorrio e devolvo: “Claro, vocês têm o melhor técnico”. “Ah… Scolari…” diz ela.

Gol, meu.

Até.

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Amanhã escrevo da Califórnia.

Fui.

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