segunda-feira, maio 15, 2006

Sobre cafés e o mundo

Apesar da relativa pouca idade para ser chamado de senhor, sou um cara mais ou menos das antigas. Tradicional, quase conservador, apesar de que, quando falo em conservador, não estou me comparando ao partido do atual primeiro-ministro do país que me acolheu nesse período de dois anos que se encerra em breve.

Não, não quero nem não vou falar de política, até porque essa não é a minha praia ou, melhor, não é a razão de eu estar ocupando esse espaço. Era para ser um pouco sobre medicina (será, prometo) mas também livre para falar de outros assuntos que eu achasse importantes e impertinentes, ou não.

Bom, volto ao que eu queria dizer. Sou tradicional, ortodoxo até. Por isso que ainda não me acostumei completamente com algumas coisas. Como o café. O café, que é uma das marcas registradas, um dos hábitos mais arraigados por aqui, para mim ainda é um mistério. Vocês sabem, e eu sei, que o que tomamos por aqui na maioria das vezes não é café de verdade. No máximo, um primo dele. De segundo grau. No início, é difícil tomar essa água preta que lembra ao fundo aquela maravilha que é um café recém passado. Dizem as más línguas que o aroma é ainda melhor que o gosto do mesmo, e quase concordo.

Depois que nos acostumamos, até que não é tão ruim assim. Vamos numas dessas redes que vendem cafés e pedimos nosso café regular, em que vamos acrescentar leite ou creme, porque puro, assim pretinho, ainda não dá para encarar. Açúcar, adoçante ou sem nenhum dos dois. Pronto. Temos o café.

Só que aí então vêm as mil e uma variações para nos complicar a vida. E não só isso: além dos cappucinos e outros cafés especiais, ainda se pode escolher o blend. Sem falar nas opções de café gelados! É demais para mim.

Sou do tempo em que café era café e não tinha outro gosto que não o de café. As varições iam por conta da inclusão ou não e da quantidade de leite envolvida na mistura. Um mundo e um tempo mais simples, onde sabíamos que café era quente, sorvete gelado, quem eram os mocinhos e os bandidos.

Hoje perdeu-se a noção das coisas, tudo é relativo.

Certo, certo, estou ficando velho...

Até.

(Essa é a minha coluna na última edição do Brasil News, jornal quinzenal aqui de Toronto, do qual sou colaborador com a coluna 'A Sopa no Exílio')

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