Começou ontem a Campanha da Fraternidade 2008, com o lema "Escolhe, pois, a vida".
Dentro desse espírito, Dom Jacyr Francisco Braido, Bispo de Santos, publica hoje no site da CNBB (e repercutido em toda imprensa) um artigo intitulado "Optar pela Vida", em que faz considerações a respeito do tema. Lá pelas tantas, ele escreve:
"Este dilema se coloca para nós hoje no que diz respeito à vida. Estamos vivendo numa cultura, na qual muitos defendem, com base nos atuais conhecimentos científicos sobre a fertilidade humana, uma posição de liberdade quanto à geração de filhos. O argumento é de que o bebê aceito dentro de um planejamento familiar terá melhores condições afetivas e materiais para seu desenvolvimento. Ao contrário, os bebês concebidos em situações de ignorância, imprudência, aventura e irresponsabilidade social não teriam condições ideais de vida. Os que se declaram favoráveis ao aborto afirmam que a defesa da vida, como proposto na Campanha da Fraternidade, é assunto religioso. E a sociedade, ao se autodefinir como laica, pode traçar caminhos próprios, alegando, inclusive, razões de saúde pública."
Acho de extrema importância a valorização da vida. Eu, por vocação, como médico, trabalho em prol dela, de sua dignidade. Sinto-me, portanto, em condições de opinar a respeito do trecho supra-citado, e devo dizer que não posso evitar uma certa revolta com o escrito, e quando lembro a pressão que setores da igreja tradicionalmente fazem sobre governos e a sociedade como um todo para evitar até mesmo a discussão de determinados temas polêmicos (e outros nem tanto).
É óbvio que falo aqui do aborto, do qual - já disse - não sou a favor nem contra, sabendo que isso é uma questão por demais delicada para se ter uma posição maniqueísta de - aproveitando o tema religioso - céu ou inferno. Cada situação é totalmente diferente de outras e é composta por nuances demais para se ter um julgamento a priori. Vão existir casos em que serei a favor do aborto e outros, não.
Mas a minha opinião não importa.
O que importa é que vivemos numa sociedade laica e, como escreveu Janer Cristaldo esses dias, "Se os católicos acham que aborto é crime, que não abortem, ora bolas". O que não é aceitável é que a igreja católica faça de tudo para impor a todos - crentes, meio crentes ou não crentes - sua doutrina.
Com relação e esse assunto, recomendo a leitura do próprio Janer Cristaldo que escreve sobre o mesmo assunto hoje, e a crônica do colunista André Petry, da Veja dessa semana.
Até.
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