A Viagem (14)
Logo após o café e algumas fotos para provar que estivéramos ali não tivéramos nossos rins extirpados, fizemos um rápido passeio de carro por Sanremo e seguimos de volta à França.
Por uma via movimentada em plena manhã, passamos por Ventimiglia, a última cidade da Riviera Italiana antes da França, distante onze quilômetros de Menton, nosso próximo destino. A passagem pela fronteira foi sem parada, afinal estávamos num carro francês voltando para casa. Cerca de quinhentos metros após a posto de fronteira, paramos o carro para as primeiras fotos nossas na Cote d’Azur, além da placa identificando Menton, a “Pérola da França”, sede do festival anual do limão (cultivado ali devido ao ótimo clima local, com 316 dias de sol por ano) e famosa por seus jardins. Segundo o nosso guia de viagem, “quando Eva foi expulsa do paraíso, ele deu um jeito de trazer um pouco do Jardim do Éden e plantou em Menton”.
Um pedaço do paraíso, e ainda por cima fora de temporada, o que mais queríamos? Um dia de sol e temperatura bem agradável, evidentemente, e foi o que conseguimos. Tudo estava perfeito. Após as fotos, voltamos ao carro e fomos até mais próximos ao centro da cidade. Estacionamos e fomos para a praia. Praticamente vazia, por sinal, com exceção de algumas poucas senhoras na faixa etária dos 70 anos, de topless tomando sol e caminhando na areia.
Diante desse quadro, não seria de todo grotesco um grupo de brasileiros saídos do inverno do sul do Brasil, brancos como fantasmas, pararem para tomar um chope e pegar um sol. O Pedro, velho lobo do mar, havia ido com uma sunga por baixo da bermuda e pôde inclusive banhar-se no Mediterrâneo. O Paulo e eu, de calça jeans, apenas tiramos a camisa e dobramos a barra das calças para cima. Tomamos sol num desses lounges de praia, com chopes e petiscos. Como éramos os únicos clientes, após termos sido servidos, o único garçom foi almoçar, o que dificultou na hora de pagar...
Após pegar uma praia, fomos conhecer a cidade, circulando pelo seu “centrinho nervoso”, com diversas lojas temáticas relacionadas ao limão, a tradição local. Quando fomos almoçar, escolhemos sanduíches do Brioche Dorée, franquia francesa de que sou fã e que conheci em Paris e pude visitar em Buenos Aires. Logo após o almoço, estrada, com o Mediterrâneo à nossa esquerda, até a nossa próxima parada: o Principado de Mônaco.
O Paulo e a Karina já haviam estado em Mônaco em sua lua de mel, cerca de dezesseis anos antes, e lembravam que havia sido difícil conseguir local para estacionar, o que para nós – em nossa imensa van – poderia ser um problema bem maior. Sabíamos que valia a pena arriscar, pois todos queriam conhecer a cidade, passar por onde é parte do circuito de fórmula um, caminhar pela marina e olhar os iates lá ancorados.
Estacionar não foi problema, para nossa grata surpresa. Encontramos vaga fácil num parking público com vários andares abaixo do solo e, apesar da altura do carro, entramos com facilidade. Saímos a pé até a Boulevard Albert 1er, ponto da largada e chegada o Grande Prêmio e daí fomos até a marina. Foi ali que tive uma revelação quase religiosa. Quase, eu disse.
Pela primeira vez na vida, me deparei com um mundo ao qual não pertenço e não tenho acesso. Algo MUITO acima de qualquer coisa que eu pudesse imaginar. Um mundo à parte, que poucos freqüentam, tamanha a grandiosidade de tudo, a começar pelos barcos. Lado a lado, imensos iates – veleiros e lanchas - de no mínimo cinqüenta pés, alguns com jet skis e até pequenas lanchas de apoio carregadas no próprio iate. Uma loucura.
Por mais que já tenha estado em lugares incríveis, Paris, Milão, Nova York, Zurique, que certamente têm locais que “não são para o meu bico” por caros e exclusivos demais, em todos esses é possível ficar em condições razoáveis e circular com desenvoltura. Mônaco dá a impressão de que se não fores um xeque árabe mega-milionário, estás “invadindo” algo que não é para ti. Sei lá.
Após esse passeio, voltamos ao carro e estacionamos de novo mais próximo à cidade antiga, na parte alta da cidade, onde fica o castelo dos Grimaldi, e de onde se tem os melhores ângulos para fotografar Mônaco. Fotos, fotos e adiante ao último destino do dia: Nice.
Chegamos em Nice, capital da Riviera Francesa, no final da tarde, ainda em tempo de circular pela Promenade des Anglais ao pôr-do-sol, logo após definirmos o hotel em que ficaríamos, o Flots D’Azur, o mesmo em que o Paulo e a Karina hospedaram-se em sua lua de mel, simples, mas de frente para o mar e preço bem acessível. Sua principal “atração”, contudo, ficava no quarto em que a Jacque e eu ficamos: a privada elétrica.
Semana que vem, semana que vem...
Até.
Um comentário:
Privada elétrica? Jesuiiiiiiiis!! (rs*)
Deixei recadinho na sua postagem de participação na blogagem coletiva.
Beijus
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