Há algum tempo, decidi que não ia mais assistir futebol em estádio.
Naquele momento, sócio do Inter, eu tinha acesso gratuito a todos os jogos, e ia com certa frequência. Normalmente, como sócio, ficava na - como o nome revela - social. Próxima ao campo, chegava a reconhecer outros torcedores habituais.
Mas era muito chato.
Primeiro, porque boa parte de quem ia ao jogo estava lá só para reclamar, encher o saco. Os mesmo comentários idiotas, as mesmas manifestações estúpidas, ainda mais em um época em que o Inter ainda não havia sido campeão de tudo, o que não vem ao caso no momento. Logo após parar de ir ao estádio, mudei para o Canadá e, pela mudança, deixei de ser sócio.
Na volta do Canadá, o Inter jogava as semifinais da Libertadores da América, e pensei - estupidamente - que pareceria oportunismo me associar naquele momento. Não o fiz, como não fiz até hoje (o que pode mudar agora em época de centenário). De lá para cá (julho de 2006 até hoje) fui a, se não me engano, três jogos: a final da libertadores em que o Inter foi campeão, a um jogo do campeonato gaúcho do ano passado e, ontem, ao Grenal no Beira-Rio.
Fui por uma circunstância especial: me inscrevi para um sorteio e ganhei o ingresso. E fui sozinho.
Deixei o carro no estacionamento de um hospital próximo e fui a pé até o estádio, evidentemente dominado por torcedores colorados. Já faz um bom tempo em que Grenal em Porto Alegre tem praticamente torcedores de um só time, porque houve casos de violência e distúrbios. Atualmente, a torcida visitante chega e sai do estádio escoltada pela polícia, longe dos torcedores do time mandante, para justamente tentar evitar qualquer problema.
Asisti ao jogo e, assim que terminou (vitória do Inter, mas isso não vem ao caso) saí rapidamente para evitar o trânsito da saída do jogo. Não fui rápido o suficiente para passar antes dos torcedores gremistas...
Após andar parte do caminho, cheguei a um ponto em que não podia mais passar, policiais militares impediam a passagem porque os torcedores do grêmio passariam e queriam evitar o contato entre as torcidas. Fiquei ali, bem na frente do cordão de isolamento, esperando e ouvindo os comentários e entrevistas pós-jogo no rádio (com fones de ouvido) e observando o comportamento dos torcedores (de ambos os times).
Ridículo, infantil, o comportamento.
Xingamentos recíprocos, gestos racistas, toda forma de agressão verbal. Próximo a mim, um mais exaltado segurava um pedra. Andei alguns passos para longe dele, e vi um policial solicitar que ele largasse a pedra. De repente, voa um pedra vinda dos torcedores do grêmio, a atinge um torcedor, que sangra.
Entendo aí como pode descambar para a violência a raiva de uma torcida pela outra.
Respiro fundo, caminho até um bar e bebo um refrigerante.
Após alguns instantes, saio e vou para o carro e daí para casa.
Selvagem, o ser humano é mesmo selvagem.
Até.
Um comentário:
Por isso eu nunca arrisquei a ir ao Maracanã, já ouvi dizer que voa até garrafa de pet com xixi, um horror....abrçs,
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