domingo, março 22, 2009

A Sopa 08/33

Rompimentos são sempre dolorosos.

Não importa o que os envolvidos façam para amenizar a dor do final, desse sofrimento ninguém escapa. É natural, é da vida. A decisão de terminar traz como consequência a dor, que vai ser maior quanto maior o tempo e a intensidade da relação. Quem decide colocar o ponto final deve estar preparado para o que vem adiante.

Sempre penso nisso, e procuro deixar bem claro, quando estou tratando um paciente que quer deixar de fumar. Pareço a ele, inconscientemente ou não, o inimigo, alguém que separá-lo do seu grande amigo, do companheiro de muitos anos. Como competir com um hábito de mais de vinte anos, por exemplo?

Procuro entender a situação, deixo bem claro, mas devo ser persistente e – sob certo ponto de vista – irredutível, mas sem me tornar efetivamente o “inimigo”. Sinto como se fosse um pai orientando um filho a abandonar um relacionamento suicida. Devo ter muito cuidado com o quê e como eu digo as coisas. Ter empatia, criar uma aliança, mostrar que estou jogando no mesmo time e que o resultado no final vale à pena.

Um desafio, sem dúvida, um desafio.

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Ainda falando em rompimentos, livrar-nos de antigos hábitos que já não nos são saudáveis (o cigarro não se enquadra nesse tipo porque nunca é saudável) também é difícil. Afastarmo-nos de pessoas que não nos fazem bem, ou que não valem o esforço de mantê-las próximas, pode ser muito difícil também, como uma dependência da qual não temos controle.

Eu tenho tentado me livrar de todos aqueles que não valem o esforço.

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Vinte e dois de março é o aniversário de um grande (escrito com letras maiúsculas e deferência) amigo, daqueles poucos que o são há muito tempo. Aliás, daqueles poucos que posso dizer que me conhecem a maior parte da minha vida. Parabéns, pai da Mariana...

Até.

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