segunda-feira, junho 17, 2013

Sobre as segundas-feiras

Quando tive que reorganizar meus horários de trabalho logo que decidi me exonerar do serviço público (a saber, do cargo de médico da Secretaria de Saúde de Porto Alegre), pude aumentar os dias de atendimento em consultório e voltar a atender no ambulatório de pneumologia do Pavilhão Pereira Filho. Entre andanças, viagens e outros, a segunda-feira à tarde ficou - de certa forma - livre.

Claro que o livre raramente o é de verdade.

Sempre surge algo a fazer, pequenas (ou não) tarefas cotidianas, esperar pelo técnico de seja lá o que for que só pode ir "à tarde", o que significa algum momento indefinido entre o meio-dia e às dezoito horas, colocar tarefas burocráticas em dia, praticar atividade física. Essa última, desde que o meu joelho não operado decidiu que eu não podia mais correr, deixada em suspenso até segunda ordem, o que significa até eu conseguir ajustar tudo isso, a vida, a rotina, com uma ida à piscina para atividades que ele - o joelho temperamental - aceite. De qualquer forma, a segunda-feira que antecipa a terça de estrada ao nascer do sol é - ao menos - um pouco mais lenta que será o resto da semana, ou até sexta, quando o ritmo diminuiu a partir do improvável mas rotineiro churrasco do almoço de sexta, que também é momento de encontro e conversa e - por que não? - planos.

Hoje, segunda-feira.

Consultório pela manhã cheio e cheio de urgência de quem precisa consultar agora ou, melhor, ontem, porque o tempo mudou, e o frio e a umidade cobram seu preço. A tarde, por compromisso de manutenção do carro, foi de mandar revelar fotos - sou fã dos álbuns físicos, dos registros de viagem - da viagem ao Canadá, de onde voltamos há mais de mês e não tinha conseguido fazer, e de ir ao supermercado, com lista e tudo.

Só que, não mais que de repente, tudo havia sido feito e ainda havia um tempo livre antes de voltar à rotina com a Marina, de escola, hospital, casa, banho, jantar, brincar, dormir. Assim, um momento sem compromisso, em que abstraí dos prazos e cartas e provas e projetos. Resoluto, entrei em uma livraria e circulei lentamente por entre os livros, fazendo minha lista mental de próximos a serem lidos, encontrando títulos curiosos que talvez nunca leia, pensando e lembrando que escrever é artesanato, é trabalho braçal, é dedicação.

Mas que também é como andar de bicicleta...

Até. 

Nenhum comentário: