domingo, junho 27, 2021

A Sopa

Inverno.

 

Noite, frio, amigos reunidos tomando vinho, conversando, ouvindo música e tomando uma sopa, uma sopa de ervilhas. Simples assim. Essa foi a premissa, a partir de uma conversa informal com um grande amigo, para o surgimento, há vinte e cinco anos – um quarto de século – da Sopa de Ervilhas Anual do Marcelo.

 

A partir daí, a Sopa simboliza quem sempre procurei ser: um agregador, um ‘botador de pilha’. Por mais que tenha passado o tempo, e eu tenha ficado por muitas vezes mais quieto, menos expansivo, essa é a minha essência. Mas, a Sopa...

 

O primeiro ano, 1997.

 

Fiz sopa de ervilhas – pela primeira vez – para oito pessoas, numa noite de junho. Não temos registro em foto e – honestamente – não lembro de todos os participantes. Foi o início, e já chamei de Sopa de Ervilhas Anual do Marcelo. O segundo ano, em 1998, não foi em casa (usamos o salão de festas do edifício onde morava o amigo Jean Zanardo, que hoje vive em Erechim/RS) e foram 12 participantes. Foi quando fizemos as primeiras camisetas.

 

A 3ª Sopa de Ervilhas Anual do Marcelo foi no Veleiros do Sul, do qual sou sócio, local que se tornou sede das sopas de maior público. Foi nesse ano em que alugamos um aparelho de karaokê. Foi um sucesso. Ato contínuo, para o ano seguinte, montamos a Banda da Sopa de Ervilhas do Marcelo, a Banda da Sopa, cuja formação original tinha nos vocais e baixo o amigo e colega de faculdade Alexandre Magno, no violão/guitarra solo o Márcio Neves, amigo desde o segundo grau/ensino médio nos anos 80, e eu como violão base, segunda (bem distante da primeira) voz e “dono da bola”... Ao longo dos anos seguintes tivemos participações dos amigos Sylvester, na bateria, e Dani Laks, no baixo.

 

Paralelamente aos eventos, uni a Sopa com minha vontade de escrever, e criei “A Sopa”, um semanário enviado a “assinantes” por e-mail, que durou até eu ir para o Canadá. Pouco antes de ir, criei o blog (esse blog) chamado “A Sopa no Exílio”, que serviu como forma de me manter escrevendo, me comunicando com as pessoas, e uma forma de contar como era a minha vida no Canadá.

 

O blog acabou servindo como “porta” para conhecer outros blogs de brasileiros que viviam em Toronto, e os personagens por trás desses blogs. Acabamos nos reunindo, a primeira vez em um restaurante. Daí para surgir a ideia de fazer uma Sopa em Toronto, foi um “pulinho”. Fizemos, então, A Sopa de Ervilhas do Marcelo no Canadá, em maio/2005.

 

Antes disso, nos últimos dias de dezembro de 2004, eu havia feito uma sopa no Estados Unidos, apenas para a família, na casa do meu irmão em Nova York. Essas, Toronto e Nova York, as duas “experiências” internacionais da Sopa do Marcelo.  

 

Voltando um pouco no tempo, ainda antes de ir para o Canadá, a Sopa – o evento – acabou tomando proporções maiores: chegamos a ter mais de cinquenta pessoas numa das edições. Cheguei a utilizar uma cozinha de restaurante para preparar a Sopa. Quase perdi o controle criativo da Sopa... A edição de 2003, um ano antes de ir para o Canadá, foi a chamada “Última Sopa de Ervilhas de do Marcelo”. 

 

Não seria a última, claro.

 

De volta ao Brasil, continuei fazendo a Sopa, mas agora em casa, para a família e eventualmente alguns poucos amigos, com exceção do ano de 2012, quando fizemos novamente um evento grande no Veleiros do Sul. Aí já com a presença da Marina, e outros filhos de amigos.

 

A pandemia, evidentemente, tornou temporariamente inviável a realização do evento, mas não de fazer a Sopa. Esse final de semana, quando se completam vinte e cinco anos desde que fiz a primeira vez, fiz Sopa mais uma vez. E está/estava boa. Sempre digo que a sopa, por melhor que esteja, não será melhor que a do ano que vem. 

 

Que esperamos que não seja em tempos de distanciamento social. 

 

Até. 

sábado, junho 26, 2021

Sábado (e o verão nos Alpes)


     Ortisei, Trentino-Alto Ágide, Italy

      26 de junho de 2014.

      Bom sábado a todos.

      Até.

domingo, junho 20, 2021

A Sopa

 (Crônicas de uma Pandemia, Ano Dois, Nonagésimo Quinto Dia)

 

Sobre as comparações.

 

Se existe, na vida, uma certeza qualquer além da morte, é que sempre haverá alguém melhor e alguém pior que a gente. Simples assim, e é a forma que lidamos com isso que vai determinar muito de como vamos encarar a vida.

 

Como em tudo, há várias interpretações para isso.

 

Podemos focar naqueles que estão acima de nós, em termos financeiros, profissionais, de fama ou sucesso. O colega, o conhecido ou o amigo com maior salário, melhor carro ou casa, mais bens materiais, maior status social, vida aparentemente perfeita. A comparação pode servir de estímulo para que sigamos em busca de mais, de crescer, de obter mais. Aí, tudo bem. Mas pode ser que – ao olhar a grama aparentemente mais verde do vizinho – nos torne rancorosos, amargos, com a sensação de sermos injustiçados, a velha história do “por que não eu?”.

 

É uma forma de ver ruim, claro, e que faz mal a quem sente isso. A inveja é uma merda, diz o ditado popular. A energia negativa nos empurra para baixo. Nos torna, como já falei, amargos e negativos.

 

Porque ao mesmo tempo em sabemos que existem muitos que estão em “melhor” (e coloco entre aspas porque o conceito de melhor é bem individual, depende de cada um e suas prioridades) situação que nós, existem muitos, mas muitos mesmo, que estão em situação mais difícil que nós. Independente do que estamos analisando, saúde, dinheiro, ou qualquer outro critério, sempre haverá alguém cujos problemas são maiores que os nossos. Só isso já deveria ser motivo para iniciarmos todos os dias com energia renovada por termos o que temos, por estarmos vivos e em condições de seguir em frente.

 

Sob certa forma, é o que tenho tentado fazer nos últimos tempos, e que se acentuou durante a pandemia: se há um problema que inicialmente parece muito grande, procuro lembrar que poderia ser bem pior, ou não ter solução, e que esses – os sem solução – são raros na vida. Respiro fundo, olho em volta, e tento seguir em frente, porque – no fundo – não são tão horríveis assim.

 

É uma forma, também, de lidar com a ansiedade.

 

Saber que existem situações que não dependem de mim, que vão acontecer independente da minha vontade e que não serão alteradas quaisquer que sejam meus esforços, dá uma certa tranquilidade e a possibilidade de focar naquelas situações e problemas que – sim – dependem de mim. Aprender a diferenciá-las, isso sim, um trabalho diário.

 

Outra forma de lidar com a vida e as comparações é – e isso é ainda mais difícil – procurar não comparar. Somos todos diferentes, começamos de locais diferentes e temos necessidades e objetivos diferentes. Lembrar que o que é importante para mim provavelmente não é o mesmo que é importante para outros facilita esse exercício. Todos temos dificuldades, problemas e desafios na vida. Assim como, por mais parecidos que sejam, os caminhos que percorremos são diferentes. Comparar diferentes é injusto, conosco e com os outros.

 

Lembrar disso todos os dias é mais um desafio.

 

Até

sábado, junho 19, 2021

Sábado (e um café)

 


          Um sábado de sol qualquer, ou não.

           (porque qualquer manhã de sol deveria ser sábado..)

           Até.

terça-feira, junho 15, 2021

A Sopa

(Crônicas de uma Pandemia, Ano Dois, Nonagésimo Dia)

 

Mais uma Sopa no meio da semana.

 

Sobre o passado.

 

Eu não vivo no passado, quero deixar isso bem claro. Alguém que me conheceu antes poderá até dizer que já vivi – por um período, quem sabe – de lembranças, ou de querer reviver um passado que não volta mais. 

 

Não vou brigar por isso.

 

Se já aconteceu outrora, certamente não mais acontece. Sei bem o lugar do passado, sei bem que a história anda para frente, e que nada do que foi será do jeito que já foi um dia, que tudo passa e tudo sempre passará. E que a vida vem em ondas, como um mar, neste indo e vindo infinito, como cantou Lulu Santos.

 

Tudo o que temos é o agora, o presente.

 

O que passou não existe mais, e o que virá é apenas uma expectativa, um talvez. Viver no presente, no agora, esse o grande desafio. Alguém disse, ou escreveu, que ansiedade é excesso de futuro. Não sei se é bem assim, mas faz um certo sentido. Passado e futuro são criações da nossa mente, nada aconteceu exatamente como “lembramos”, e a memória é uma versão – muitas vezes – romantizada do que aconteceu. O futuro, por outro lado, não será como imaginamos hoje, porque seremos diferentes lá na frente.

 

Em resumo, o que importa é viver dia de hoje, todos sabemos.

 

O que não quer dizer que o que passou não tem importância. Foi o que nos moldou, foi o que nos tornou o que somos hoje. E, muito mais importante, quero falar das pessoas que nos tornaram quem e como somos hoje. 

 

Tenho um profundo respeito pelas pessoas do meu passado. Foram elas que – em grande parte – influenciaram quem me tornei hoje. Reencontrá-las sempre é uma experiência potencialmente enriquecedora. Saber como e onde estão, que caminhos seguiram, com quem tem andado pela vida, descobrir se ainda existem as conexões que nos uniram no passado, todas são possibilidades que me encantam. Não é querer reviver o que passou.

 

É a possiblidade de caminhar juntos mais uma vez.

 

Ou não.

 

Até.

domingo, junho 06, 2021

A Sopa

 (Crônicas de uma Pandemia, Ano Dois, Octagésimo Terceiro Dia)

 

Domingo.

 

Choveu ontem à noite, agora o tempo é nublado, mas em breve a chuva retornará. Hoje decidi não pedalar. O dia será de descanso muscular, sem nenhuma atividade física, o que – confesso – causa uma certa angústia.

 

Desde que coloquei de verdade e novamente a atividade física como uma das minhas prioridades de vida, tenho aumentado sua frequência e intensidade progressivamente. Voluntariamente, claro, porque gosto e por sentir necessidade. Faz bem para mim.

 

Começou com pedalar – no mínimo - duas vezes por semana, o que era bom, mas dependia da meteorologia, o que muitas vezes me limitava, aqui no Sul do Mundo. Cerca de seis meses de procura, após começar a pedalar, encontrei uma academia que fechou com o meu estilo, onde as pessoas te conhecem pelo nome e o atendimento é normalmente quase como se fosse personal

 

Comecei indo três vezes na semana, e pedalando – quando possível – sábado e domingo. Ao longo do tempo, aumentei para quatro vezes (folgava às sextas-feiras). Veio a pandemia, as academias fecharam, e disciplinadamente fiz exercícios em casa por um longo período, até que elas reabrissem. Como era com horário marcado, recebi a dica de marcar todos os dias – segunda à sexta – e, caso não pudesse ir, poderia desmarcar. Acabei indo cinco vezes por semana, além dos finais de semana de pedal, com as distâncias aumentando com o treinamento e a bicicleta nova (que já tem um ano e meio).

 

Sete dias por semana de atividade física, sem estresse, sem ser uma obrigação, sem ser um peso, sem comparações com ninguém. Apenas tentando me superar. 

 

Esse o maior desafio: me superar a cada dia, semana, e a cada mês.

 

Tenho conseguido, e tornou-se tão natural que sinto falta quando não faço. Como hoje, com o tempo instável, e ameaça de chuva a qualquer momento. Como disse, será um dia de descanso muscular. E sei que essa Sopa é uma forma de justificar (racionalizar) esse dia de folga... Não precisava justificar, eu sei...

 

Amanhã, contudo, antes da sete da manhã, frio ou calor, com ou sem chuva, estarei de volta me exercitando. Porque é bom.

 

Eu gosto e é parte de quem sou.

 

Até.

sábado, junho 05, 2021

Sábado (manhã, o melhor momento da semana)


                             Bom sábado a todos.

                             Até.

terça-feira, junho 01, 2021

A Sopa (no meio da semana?!)

(Crônicas de uma Pandemia, Ano Dois, Septuagésimo Oitavo Dia)

 

Domingo que passou, não teve Sopa.

 

Não tem acontecido, isso de falhar um final de semana com a Sopa, mas não é uma novidade. Por mais que eu tenha me proposto e conseguido até aqui escrever e publicar um texto novo todas as semanas, sabia que nem sempre eu iria conseguir. Porque, às vezes, a vida se impõe.

 

Como aconteceu no final de semana.

 

Não consegui. Na verdade, nem tentei escrever. Curti o final de semana com a família, como devem ser e tem sido os finais de semana, ainda mais intensamente durante a pandemia. A ausência das viagens de trabalho, de reuniões e congressos, a “estada forçada” em casa, decorrentes do isolamento e distanciamento sociais, proporcionou uma muito bem recebida e desejada maior convivência do núcleo familiar, aqui em casa a Marina, a Jacque e eu, apesar de lamentar a falta que a família (além da casa) faz.

 

Ficamos em casa, começamos a preparar o quarto da Marina para a reforma que vamos fazer nas próximas semanas, e no domingo à tarde ficamos assistindo um filme juntos. Tudo simples, aparentemente banal, mas muito importante.

 

Estar juntos, o que conta.

 

Que continuemos assim, mesmo quando acabar a pandemia.

 

Porque, sim, vai acabar, mais cedo ou mais tarde.

 

Enquanto isso, deixo um pensamento, uma ideia que ouvi por estes dias:

 

“Devemos ser prudentes, mas não ter medo”.

  

Até.