Uma tarde qualquer, de sol talvez, não lembro bem nem o que fazia muito menos o que vestia, se é que vestia alguma coisa, mesmo que fossem apenas aparências, mesmo que tentasse parecer o que definitivamente eu não era. O telefone tocou, tocou, tocou, e fiquei paralisado, como se o mundo estivesse suspenso na dúvida se deveria continuar sua viagem sem volta pela galáxia ou simplesmente parar e deixar as estrelas desabarem sobre si, sobre mim, em incandescentes bolas de fogo e luz. Estava quente, disso tenho certeza, o suor escorria pelo tórax, lentamente, como tudo o que se movia naquele final de tarde e início de noite em que mesmo a gravidade estava alterada, numa impossibilidade da física, até cair no chão já úmido talvez por outros suores ou chuvas.
Ainda com o sensório alterado pelo sono e pelo calor, caminhei até a janela para olhar a rua e seu movimento. Foi quando lembrei onde estava, Hotel Los Angeles, ao lado do Hotel Nova York, rua Marechal Floriano, centro de Porto Alegre...
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