domingo, junho 27, 2004

A Sopa 03/49

Psicologia.
Algumas vezes, tudo o que as pessoas necessitam é de suporte e estímulo. Como, por exemplo, o caso do taxista de Bento Gonçalves. Da cidade, não do general...
Aconteceu no sábado que passou, na citada cidade, à noite. Fomos à Bento Gonçalves para o XIII Encontro dos Pneumologistas do RS, que tradicionalmente ocorria em Gramado e este ano foi à cidade dos vinhos. Fiquei no Dall’Onder (não sei se é assim que escreve e estou com preguiça de verificar) Grande Hotel, sede do congresso. Sempre é bom ficar no hotel do congresso. Não precisa ficar transitando de um lado a outro, é possível acordar mais tarde, e ainda a confraternização com os colegas é maior.
Tudo transcorria bem, e decidimos ir ao jantar do congresso no outro hotel da rede Dall’Onder, o Vitória, mais novo, mais bonito e não muito distante daquele em que estávamos. O único problema era para estacionar, por questões de espaço e segurança. O conselho que nos foi dado pelo manobrista do hotel era que deixássemos o carro ali e pegássemos um táxi. Pensei comigo mesmo que já não se fazem cidades do interior como antigamente ou quem nos deu o conselho é sócio da companhia de táxis. Decidimos, mesmo assim, ir de táxi, numa viagem de cerca de três minutos e cinco reais. Chegando lá, vimos que ele tinha razão: ir de táxi foi a melhor coisa que fizemos.
Foi uma boa janta, a comida estava ótima e tinha um saxofonista tocando enquanto jantávamos. Um ambiente agradável, nossa mesa composta por pessoas bem humoradas. Após a janta, começou o som mecânico e até “abrimos a pista”, mas o DJ era fraquíssimo e logo a festa “morreu”. Por volta das 23h, então, decidimos voltar ao hotel, o pessoal para dormir e eu para pegar o carro para ir até a Vinícola Cordelier, na entrada do Vale dos Vinhedos, onde amigos jantavam e haviam me convidado para encontrá-los. Como na ida, tivemos que fazer o curto trajeto de táxi, pois – além de tudo – chovia.
Havia um táxi no local à disposição. Entramos todos, coloquei o cinto de segurança, ele ligou o carro, engatou a ré, soltou a embreagem o carro começou a andar e ouvimos um cataplã! Pensei: “Putz, bateu...”. Foi quase isso, havia realmente um carro atrás, que seria atingido se o dono não tivesse dado um “tapão” na lataria do táxi para avisar do acidente prestes a acontecer. Foi um susto, e saímos todos aliviados.
Na hora de nova manobra para retornar ao hotel, notei que havia um ônibus estacionado em local proibido atrapalhando a visão de quem saia do hotel. Comentei com o motorista do táxi, e o seguinte diálogo foi travado (com o testemunho silencioso de mais três pessoas):
Eu – É proibido estacionar ali, não?
Taxista – É, eles sabem e insistem e deixar o carro ali.
Eu – Tinha que pegar uma faca e rasgar os quatro pneus para eles aprenderem. Só assim para eles se corrigirem...
Taxista – É mesmo! Você é dos meus, a gente podia trabalhar juntos!
Eu – E se fizessem de novo depois disso, o jeito seria quebrar o carro.
(...)
Quando eu ia começar – para horror dos presentes - a minha teoria sobre o fato de a violência estar justificada em algumas situações, chegamos no hotel.
Fica para outra.