(Crônicas de uma Pandemia – Um ano)
Comecei a morrer.
Tânatos ou Thánatos, na mitologia grega, era a personificação da morte, enquanto Hades reinava sobre os mortos no mundo inferior. É conhecido por ter o coração de ferro e as entranhas de bronze. É filho de Nix, a noite, e Érebo, a escuridão, filhos do Caos.
É provavelmente (não pesquisei) a inspiração para a criação de Thanos, o Titã Louco, o Avatar da Morte, personagem do Universo Marvel. Foi Thanos, muito resumidamente, que – após desenhar a Manopla do Infinito e de posse das Joias do Infinito – estala os dedos e faz metade do universo desaparecer, no final do filme Vingadores Guerra Infinita.
E aí?
Há um ano, domingo, março, foi o dia em que almoçamos pela última vez na casa dos meus pais, e lembro de comentarmos que ficaríamos, por algum tempo, sem nos reunirmos, porque a pandemia chegava perto de nós. Que aguentássemos algumas semanas até a poeira (e o vírus) baixar...
Dois erros. O primeiro, de que a situação perduraria por algumas semanas, no máximo uns poucos meses, e melhoraria. E, segundo, que o vírus estava chegando naquele momento. Não eram poucas semanas, e o vírus ainda não estava aqui. Demorou a chegar. A avalanche de pacientes que esperávamos só foi aparecer muitos meses depois, agora está em sua fase mais intensa. Estamos vivendo as consequências do fechamento de tudo cedo demais e das variantes do vírus que circulam.
A era das lives na internet nem tinha começado ainda, e fiz – a convite do jornalista/amigo Renato Martins – uma das primeiras de todas, falando sobre os cuidados e o distanciamento social. Máscaras, naquele momento, apenas para quem era sintomático. Um ano, tantos conhecimentos adquiridos e tanto ainda por saber.
Ninguém, em seu mais fantasioso delírio, poderia imaginar que ainda estaríamos vivendo isso um ano após o início. Vivemos uma distopia.
O Brasil, sob o comando de um presidente errático – para dizer o mínimo – que perdeu a grande chance de entrar para a história como um estadista, vem mal durante esse período. A disputa política atropelou a ciência (cujo nome mais foi dito em vão do que qualquer outra coisa).
Muita gente doente, muitas mortes.
Não consigo não pensar em Thánatos e, mais, em Thanos, que – não com a Manopla do Infinito – mas com um vírus está eliminando um grande número de pessoas. Triste.
Mas não podemos nos abater e nem parar, pois precisam de nós.
Dia e noite, dias úteis e finais de semana, conhecidos e desconhecidos, a demanda por orientações e atendimentos é gigante. E não é isso o que cansa, ou desanima, para ser honesto. É a energia negativa que vem dos grupos de WhatsApp e das redes sociais.
Silenciei grupos, não as tenho acessado.
Estou melhor.
Ah, eu vejo a vida melhor no futuro, eu vejo isso por cima do muro, de hipocrisia que insiste em nos rodear...
Até.
Um comentário:
A Pandemia tem sido um período difícil de viver... Mas com a chegada da primavera tudo vai melhorar!
jiaescreve.blogspot.com
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