sábado, agosto 07, 2004

A Sopa 04/03

Minha última crônica sobre futebol.

Certo, talvez não seja a última. Continuo gostando de (tentar) jogar, permaneço torcendo para o Inter, etc, mas estou sem a menor disposição de continuar pensando (quanto mais escrevendo) sobre futebol. Cheguei ao meu limite. Como falei na sexta-feira para amigos, estou me desligando emocionalmente do assunto.

Isso que nem vi os resultados do final de semana ainda (até porque eles ainda não ocorreram). Admito, já sei que o Grêmio perdeu e sim, estou satisfeito com isso. Mas o assunto é outro. É o Inter, o time, a direção e a torcida.

Desde há alguns anos, quando comecei a acompanhar futebol de dentro dos estádios por conta própria, fui tomado por uma crescente irritação com os torcedores, muito mais com o time. Passei a ir ao estádio e passar boa parte do jogo sem prestar atenção no campo porque ficava ouvindo os comentários que vinham das sociais, de onde eu assistia ao jogo. De novo, já falei disso.

O torcedor de social é o pior tipo de torcedor que vai à campo, porque se sente dono do campinho, literalmente. Por contribuir com parte de seus rendimentos mensais ao clube, acha que entende mais de futebol que os outros, e se acha no direito de reclamar se as coisas não estão indo como ele acha que têm que ir. É o grande mala, aquele que vaia quando os alto-falantes anunciam a escalação do time.

Mas ele é torcedor, é passional, está ali para uma espécie de catarse, onde põe para fora, na forma de xingamentos ao juiz e ao seu próprio time, toda a frustração e raiva pela vidinha medíocre que ele leva, muitas vezes sendo humilhado pelo chefe - quando tem emprego - e até apanhando da mulher. O momento no estádio é o único na semana, às vezes no mês, em que ele se sente o senhor de seu destino, onde pode falar o que quiser sem ser repreendido, grita, torna-se o homem que não realidade não é. Além disso, muitos torcedores juntos configuram 'a massa'. E todos sabem, 'a massa' é passional e burra.

É por isso que quem manda num clube de futebol não pode ser um torcedor na mais pura acepção da palavra. Porque dirigir um time requer uma grande dose de racionalidade e frieza. Principalmente para não dar ouvidos à massa, porque o que essa quer na realidade é ver cabeças rolarem, quere é circo. O dirigente tem que saber discernir as coisas, deve ter a lucidez de não dar ouvidos à massa. Pois é justamente isso - dar ouvidos à massa - o que fez a direção do Inter. E foi o grande erro.

Tudo começou no início da temporada, com o Lori Sandri. Desde o início, "a torcida" não gostou dele, e, mesmo em tempos de vitórias, o vaiava sempre. Antes dos jogos iniciarem! Incomodaram tanto até que, com o time em quinto lugar no campeonato, a poucos pontos do líder, ele foi demitido. Contrataram aquele que estava disponível (não é julgamento de competência) e agora o time está em franco declínio em 15º lugar no campeonato. A mesma história aconteceu com o Ivo Wortman em 2002, lembram? Foi demitido na semifinal do campeonato gaúcho, por pressão da torcida, e hoje está no Juventude, bem à nossa frente.

Pela última vez, dirigentes não podem dar ouvidos à torcida. Neste caso, a voz do povo NÃO é a voz de Deus.

§

Se hoje é segunda-feira, dia 09 de agosto, então faltam dez dias para a minha partida. Muito pouco tempo e muita coisa que gostaria de fazer antes de ir.

Paciência, o jeito é fazer tudo o que for possível.

Despedida oficial: 12/08, 20h, na Choperia, ali no Guion.
Quem estiver a fim de ir, favor confirmar.

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