Terça-feira gorda.
Em homenagem à data, gorda, resolvi almoçar em dois lugares no mesmo dia: primeiro, fui no MacDonald’s e comi dois Big Macs, com batatas fritas grandes e refrigerante não diet. Saindo dali, fui a uma pizzaria e pedi uma pizza quatro queijos grande, que comi sozinho. De sobremesa, um milk shake grande e, para arrematar, um café latte large, com açucar e um toblerone.
Mentira.
Não comi isso não.
Minha homenagem à terça-feira de carnaval.
Até.
Soneto de carnaval*
Distante o meu amor, se me afigura
O amor como um patético tormento
Pensar nele é morrer de desventura
Não pensar é matar meu pensamento.
Seu mais doce desejo se amargura
Todo o instante perdido é um sofrimento
Cada beijo lembrado uma tortura
Um ciúme do próprio ciumento.
E vivemos partindo, ela de mim
E eu dela, enquanto breves vão-se os anos
Para a grande partida que há no fim
De toda a vida e todo o amor humanos:
Mas tranqüila ela sabe, e eu sei tranqüilo
Que se um fica o outro parte a redimi-lo
*Vinícius de Moraes
Crônicas e depoimentos sobre a vida em geral. Antes o exílio; depois, a espera. Agora, o encantamento. A vida, afinal de contas, não é muito mais do que estórias para contar.
terça-feira, fevereiro 28, 2006
segunda-feira, fevereiro 27, 2006
Televisão
Eu sempre gostei de assistir televisão.
Quando vim morar sozinho aqui em Toronto, depois dos primeiros meses em que fiquei trabalhando na minha tese, quando propositalmente não comprei uma, ela tornou-se minha companheira de noites aqui. E não se enganem: não por me sentir solitário, mas porque realmente me divirto. E normalmente não comento sobre o assunto aqui, como já perceberam.
Mas nem sempre é assm, claro.
Às vezes, fico muito tenso. Aliás, estou muito tenso, nem falem comigo (piada interna, desculpa). Dizia que ficava tenso assistindo programas na tevê. Verdade, fico, e muito.
Atualmente, entre os diversos bons programas à disposição, o que mais prende minha atenção é 24 Hours.
Gente, muito bom. Muito bom mesmo.
Se puderem, assistam.
Quando vim morar sozinho aqui em Toronto, depois dos primeiros meses em que fiquei trabalhando na minha tese, quando propositalmente não comprei uma, ela tornou-se minha companheira de noites aqui. E não se enganem: não por me sentir solitário, mas porque realmente me divirto. E normalmente não comento sobre o assunto aqui, como já perceberam.
Mas nem sempre é assm, claro.
Às vezes, fico muito tenso. Aliás, estou muito tenso, nem falem comigo (piada interna, desculpa). Dizia que ficava tenso assistindo programas na tevê. Verdade, fico, e muito.
Atualmente, entre os diversos bons programas à disposição, o que mais prende minha atenção é 24 Hours.
Gente, muito bom. Muito bom mesmo.
Se puderem, assistam.
domingo, fevereiro 26, 2006
A Sopa 05/32
Uma confissão.
Por mais que pareçam, os textos aqui publicados não são confessionais, ou seja, a minha vida não é um livro aberto, assim, à disposição, de quem quiser ler. Podemos até considerá-la um livro, que até está aberto, mas não permito acesso a várias das páginas.
Hoje não.
Hoje me sinto na obrigação de ser completamente sincero com todos os leitores, talvez na única vez desde que preparo essa sopa semanal, porque está difícil de suportar sozinho a minha dor, e – mesmo que metaforicamente – sinto necessidade de gritá-la ao mundo, como se em um deseperado pedido de socorro.
Estou sozinho.
Desde dezembro, que trilho meus caminhos pelo mundo sem a minha companheira de vários (muitos) anos, que me abandonou. É a dura realidade. Fui abandonado e, sozinho, tento me reconstruir mais uma vez. Sim, reconstruir, porque a vida é um eterno processo de construção/reconstrução, inevitável processo que move o mundo e muda as pessoas. Mas tenho culpa, eu sei.
Primeiro porque vinha pensando que estava na hora de dar uma mexida na minha vida, e um dos pontos era deixá-la por uma mais nova (jovem, se quiserem) e mais fininha, mais ajeitadinha. Não que não tivéssemos uma relação boa, uma grande parceria. Mas vocês sabem como nós, homens, somos: sempre queremos uma mais novinha, mais jeitosinha. Além disso, da ânsia pelo novo, tinha também a vontade de variar, de experimentar novas possibilidades.
Só que ela intuiu que eu estava com essas dúvidas sobre nosso relacionamento, e não quis – orgulhosa – esperar que eu decidisse trocá-la: me abandonou. Mas não foi simples, discretamente. Foi com espetáculo, com drama, para marcar bem a situação e quem sabe me traumatizar: ela se matou.
Triste, arrependido, decidi que devia seguir com a vida, mas antes precisava fazer luto, purgar os meus pecados antes de iniciar uma nova relação (ou ao menos voltar à ativa, circular em meio às muitas opções que andam à minha volta). E era isso que vinha fazendo, de certa forma até bem, com o respeito devido a quem já se foi, em silêncio – muitas vezes – lembrando de nossos bons momentos juntos.
Até que fui para a Califórnia.
San Diego, oceano Pacífico, pôr-do-sol no mar, temperatura agradável. Não agüentei. Como sinto sua falta. Sofri muito durante os dias em que estive lá, lembrando as vezes em que viajamos juntos pelo mundo afora. Não foi fácil, admito, mas acho que em breve vou poder iniciar uma nova vida com outra. Ainda não, mas em breve.
Que saudades da minha câmera digital!
Por mais que pareçam, os textos aqui publicados não são confessionais, ou seja, a minha vida não é um livro aberto, assim, à disposição, de quem quiser ler. Podemos até considerá-la um livro, que até está aberto, mas não permito acesso a várias das páginas.
Hoje não.
Hoje me sinto na obrigação de ser completamente sincero com todos os leitores, talvez na única vez desde que preparo essa sopa semanal, porque está difícil de suportar sozinho a minha dor, e – mesmo que metaforicamente – sinto necessidade de gritá-la ao mundo, como se em um deseperado pedido de socorro.
Estou sozinho.
Desde dezembro, que trilho meus caminhos pelo mundo sem a minha companheira de vários (muitos) anos, que me abandonou. É a dura realidade. Fui abandonado e, sozinho, tento me reconstruir mais uma vez. Sim, reconstruir, porque a vida é um eterno processo de construção/reconstrução, inevitável processo que move o mundo e muda as pessoas. Mas tenho culpa, eu sei.
Primeiro porque vinha pensando que estava na hora de dar uma mexida na minha vida, e um dos pontos era deixá-la por uma mais nova (jovem, se quiserem) e mais fininha, mais ajeitadinha. Não que não tivéssemos uma relação boa, uma grande parceria. Mas vocês sabem como nós, homens, somos: sempre queremos uma mais novinha, mais jeitosinha. Além disso, da ânsia pelo novo, tinha também a vontade de variar, de experimentar novas possibilidades.
Só que ela intuiu que eu estava com essas dúvidas sobre nosso relacionamento, e não quis – orgulhosa – esperar que eu decidisse trocá-la: me abandonou. Mas não foi simples, discretamente. Foi com espetáculo, com drama, para marcar bem a situação e quem sabe me traumatizar: ela se matou.
Triste, arrependido, decidi que devia seguir com a vida, mas antes precisava fazer luto, purgar os meus pecados antes de iniciar uma nova relação (ou ao menos voltar à ativa, circular em meio às muitas opções que andam à minha volta). E era isso que vinha fazendo, de certa forma até bem, com o respeito devido a quem já se foi, em silêncio – muitas vezes – lembrando de nossos bons momentos juntos.
Até que fui para a Califórnia.
San Diego, oceano Pacífico, pôr-do-sol no mar, temperatura agradável. Não agüentei. Como sinto sua falta. Sofri muito durante os dias em que estive lá, lembrando as vezes em que viajamos juntos pelo mundo afora. Não foi fácil, admito, mas acho que em breve vou poder iniciar uma nova vida com outra. Ainda não, mas em breve.
Que saudades da minha câmera digital!
sábado, fevereiro 25, 2006
Ainda o carnaval*
Lamartine Babo. Esse é (ou, melhor, foi) o cara.
Lamartine de Azeredo Babo nasceu no Rio de Janeiro, no dia 10 de janeiro de 1904. Décimo segundo filho do casal Leopoldo de Azeredo Babo e D.Bernardina Gonçalves Babo, teve contato com a música desde criança, pois sua mãe e uma irmã tocavam piano e o pai era amigo, entre outros, de Ernesto Nazareth e Catulo da Paixão Cearense, que sempre freqüentavam sua casa.
Começou a compor desde cedo, e sua obra é vasta e inclui diversos estilos musicais, desde foxtrot, operetas, marcha-rancho até marchinhas de carnaval, estilo que ajudou a popularizar e até sobrepor em importância o samba, durante um certo tempo. Era um gênio, podemos dizer, e sua importância na história da música brasileira é incontestável.
No clima de carnaval, então, transcrevo para vocês uma das mais famosas marchinhas de carnaval de todos os tempos que é de sua autoria:
O Teu Cabelo Não Nega
(Lamartine Babo e Irmãos Valença)
O teu cabelo não nega mulata
Porque és mulata na cor...
Mas como a cor não pega mulata
Mulata eu quero o teu amor
Tens um sabor
Bem do Brasil
Tens a alma cor de anil
Mulata, mulatinha, meu amor
Fui nomeado
teu tenente interventor
Quem te inventou
Meu pancadão
Teve uma consagração.....
A lua te invejando fez careta
Porque mulata, tu não és deste planeta
Quando meu bem
Vieste à terra
Portugal declarou guerra
A concorrência então foi colossal
Vasco da Gama contra o batalhão naval
Mas não só as marchinhas de carnaval dele que fizeram sucesso estrondoso. Outra de suas composições, por exemplo, que foi gravada por muitos e que poucos sabem ser dele a letra (a melodia é do Ary Barroso), é a belíssima ‘No Rancho Fundo’:
No rancho fundo
Bem pra lá do fim do mundo
Onde a dor e a saudade
Contam coisas da cidade....
No rancho fundo
De olhar triste e profundo
Um moreno canta as mágoas
Tendo os olhos rasos dӇgua
Pobre moreno
Que tarde no sereno
Espera a lua no terreiro
Tendo o cigarro por companheiro
Sem um aceno
Ele pega da viola
E a lua por esmola
Vem pro quintal deste moreno
No rancho fundo
Bem pra lá do fim do mundo
Nunca mais houve alegria
Nem de noite e nem de dia
Os arvoredos
Já não contam mais segredos
Que a última palmeira
Já morreu na cordilheira
Os passarinhos
Internaram-se nos ninhos
De tão triste essa tristeza
Enche de treva a natureza
Tudo por que?
Só por causa do moreno
Que era grande, hoje é pequeno
Para uma casa de sapê
E tem gente que não gosta de música brasileira…
Até.
* Publicado originalmente em 05/02/2005
Lamartine de Azeredo Babo nasceu no Rio de Janeiro, no dia 10 de janeiro de 1904. Décimo segundo filho do casal Leopoldo de Azeredo Babo e D.Bernardina Gonçalves Babo, teve contato com a música desde criança, pois sua mãe e uma irmã tocavam piano e o pai era amigo, entre outros, de Ernesto Nazareth e Catulo da Paixão Cearense, que sempre freqüentavam sua casa.
Começou a compor desde cedo, e sua obra é vasta e inclui diversos estilos musicais, desde foxtrot, operetas, marcha-rancho até marchinhas de carnaval, estilo que ajudou a popularizar e até sobrepor em importância o samba, durante um certo tempo. Era um gênio, podemos dizer, e sua importância na história da música brasileira é incontestável.
No clima de carnaval, então, transcrevo para vocês uma das mais famosas marchinhas de carnaval de todos os tempos que é de sua autoria:
O Teu Cabelo Não Nega
(Lamartine Babo e Irmãos Valença)
O teu cabelo não nega mulata
Porque és mulata na cor...
Mas como a cor não pega mulata
Mulata eu quero o teu amor
Tens um sabor
Bem do Brasil
Tens a alma cor de anil
Mulata, mulatinha, meu amor
Fui nomeado
teu tenente interventor
Quem te inventou
Meu pancadão
Teve uma consagração.....
A lua te invejando fez careta
Porque mulata, tu não és deste planeta
Quando meu bem
Vieste à terra
Portugal declarou guerra
A concorrência então foi colossal
Vasco da Gama contra o batalhão naval
Mas não só as marchinhas de carnaval dele que fizeram sucesso estrondoso. Outra de suas composições, por exemplo, que foi gravada por muitos e que poucos sabem ser dele a letra (a melodia é do Ary Barroso), é a belíssima ‘No Rancho Fundo’:
No rancho fundo
Bem pra lá do fim do mundo
Onde a dor e a saudade
Contam coisas da cidade....
No rancho fundo
De olhar triste e profundo
Um moreno canta as mágoas
Tendo os olhos rasos dӇgua
Pobre moreno
Que tarde no sereno
Espera a lua no terreiro
Tendo o cigarro por companheiro
Sem um aceno
Ele pega da viola
E a lua por esmola
Vem pro quintal deste moreno
No rancho fundo
Bem pra lá do fim do mundo
Nunca mais houve alegria
Nem de noite e nem de dia
Os arvoredos
Já não contam mais segredos
Que a última palmeira
Já morreu na cordilheira
Os passarinhos
Internaram-se nos ninhos
De tão triste essa tristeza
Enche de treva a natureza
Tudo por que?
Só por causa do moreno
Que era grande, hoje é pequeno
Para uma casa de sapê
E tem gente que não gosta de música brasileira…
Até.
* Publicado originalmente em 05/02/2005
sexta-feira, fevereiro 24, 2006
Carnaval*
No Brasil, começou o carnaval.
Aqui em Toronto, nada.
Tudo bem, carnaval é como o vestibular(?): tem todo o ano. E, dependendo de onde estiveres, até mais de um por ano.
Falando em carnaval, acho que as melhores músicas de carnaval são as velhas marchinhas, quase todas compostas antes dos anos cinqüenta do século passado. Tem uma – contudo – mais recente, composta pelo Chico Buarque, que me fez constatar: tenho saudade dos carnavais que não vivi.
Ei-la, então (gravação em dueto com a Elis Regina - imagine um baile de carnaval de salão):
Noite Dos Mascarados
Quem é você?
Adivinha se gosta de mim
Hoje os dois mascarados
Procuram os seus namorados
Perguntando assim
Quem é você?, diga logo
Que eu quero saber o seu jogo
Que eu quero morrer no seu bloco
Que eu quero me arder no seu fogo
Eu sou ceresteiro, poeta e cantor
O meu tempo inteiro só penso no amor
Eu tenho um pandeiro
Só quero um violão
Eu nado em dinheiro
Não tenho um tostão
Fui porta-estandarte, não sei mais dançar
Eu, modéstia à parte, nasci para sambar
Eu sou tão menina
Meu tempo passou
Eu sou Colombina
Eu sou Pierrot
Mas é Carnaval, não me diga mais quem é você
Amanhã tudo volta ao normal
Deixa a festa acabar
Deixa o barco correr
Deixa o dia raiar
Que hoje eu sou da maneira
E você me quer
O que você pedir, eu lhe dou
Seja você quem for
Seja o que Deus quiser
Seja você quem for
Seja o que Deus quiser
* Texto publicado originalmente em 04/02/2005
Aqui em Toronto, nada.
Tudo bem, carnaval é como o vestibular(?): tem todo o ano. E, dependendo de onde estiveres, até mais de um por ano.
Falando em carnaval, acho que as melhores músicas de carnaval são as velhas marchinhas, quase todas compostas antes dos anos cinqüenta do século passado. Tem uma – contudo – mais recente, composta pelo Chico Buarque, que me fez constatar: tenho saudade dos carnavais que não vivi.
Ei-la, então (gravação em dueto com a Elis Regina - imagine um baile de carnaval de salão):
Noite Dos Mascarados
Quem é você?
Adivinha se gosta de mim
Hoje os dois mascarados
Procuram os seus namorados
Perguntando assim
Quem é você?, diga logo
Que eu quero saber o seu jogo
Que eu quero morrer no seu bloco
Que eu quero me arder no seu fogo
Eu sou ceresteiro, poeta e cantor
O meu tempo inteiro só penso no amor
Eu tenho um pandeiro
Só quero um violão
Eu nado em dinheiro
Não tenho um tostão
Fui porta-estandarte, não sei mais dançar
Eu, modéstia à parte, nasci para sambar
Eu sou tão menina
Meu tempo passou
Eu sou Colombina
Eu sou Pierrot
Mas é Carnaval, não me diga mais quem é você
Amanhã tudo volta ao normal
Deixa a festa acabar
Deixa o barco correr
Deixa o dia raiar
Que hoje eu sou da maneira
E você me quer
O que você pedir, eu lhe dou
Seja você quem for
Seja o que Deus quiser
Seja você quem for
Seja o que Deus quiser
* Texto publicado originalmente em 04/02/2005
quinta-feira, fevereiro 23, 2006
Meio do caminho
Chicago - Nem sei se dá para considerar Chicago, afinal estou na área de embarque do aeroporto, aguardando para a última perna da minha volta à Toronto. Foi pouco tempo, afinal saí do inverno canadense para o inverno californiano há dois dias e, desses três dias, fiquei um inteiro de reunião e tive duas pequenas amostras daquele cantinho de San Diego onde estive, Mission Bay.
Mas confesso que me apaixonei pela Califórnia, mesmo tendo tido uma amostra tão ínfima, um canto, um detalhe. Vou voltar lá, certamente, em maio a trabalho novamente mas em algum momento de férias, para percorrer tudo o que der, desde a fronteira com o México, Tijuana, e indo em direção ao norte até San Francisco e depois mais ainda ao norte até a costa oeste canadense.
Por enquanto, volto para o inverno, que inevitavelmente acaba um dia desses.
Até.
Mas confesso que me apaixonei pela Califórnia, mesmo tendo tido uma amostra tão ínfima, um canto, um detalhe. Vou voltar lá, certamente, em maio a trabalho novamente mas em algum momento de férias, para percorrer tudo o que der, desde a fronteira com o México, Tijuana, e indo em direção ao norte até San Francisco e depois mais ainda ao norte até a costa oeste canadense.
Por enquanto, volto para o inverno, que inevitavelmente acaba um dia desses.
Até.
Sob o sol que nos protege
San Diego – O primeiro grande choque que tive ao conhecer o inverno de Toronto foi, em um domingo de sol e céu azul, sair para a rua para passear, para, fechar os olhos e olhar em direção ao sol, esperar que me aquecesse o rosto, e nada. Decepção é a palavra que melhor explica, além de frio.
Ontem, final de tarde, mais de uma dezena de surfistas pegavam onda junto a um pier (plataforma, na verdade) que também é um hotel. Frio, sol. Hoje cedo, antes das oito da manhã, um grupo maior aproveitava o mar antes de ir para o trabalho. Frio, sol.
Num intervalo da reunião, no final da manhã, fui até a sacada que dava para o jardim atrás do hotel, junto à baía que dá nome à região, aguns catamarãs esperando por alguém para velejá-los pelas águas calmas de Mission Bay. Algumas pessoas passavam, correndo ou de bicicleta. Parei no sol, fechei os olhos, e me voltei em direção ao astro rei. Senti o seu calor a me aquecer.
Na Califórnia é diferente, irmão.
Até.
Ontem, final de tarde, mais de uma dezena de surfistas pegavam onda junto a um pier (plataforma, na verdade) que também é um hotel. Frio, sol. Hoje cedo, antes das oito da manhã, um grupo maior aproveitava o mar antes de ir para o trabalho. Frio, sol.
Num intervalo da reunião, no final da manhã, fui até a sacada que dava para o jardim atrás do hotel, junto à baía que dá nome à região, aguns catamarãs esperando por alguém para velejá-los pelas águas calmas de Mission Bay. Algumas pessoas passavam, correndo ou de bicicleta. Parei no sol, fechei os olhos, e me voltei em direção ao astro rei. Senti o seu calor a me aquecer.
Na Califórnia é diferente, irmão.
Até.
terça-feira, fevereiro 21, 2006
Califórnia
San Diego - Nós, gaúchos, mais especificamente nós, porto-alegrenses, sempre afirmamos que o nosso pôr-do-sol é o mais bonito do mundo. Isso é fato (para nós, ao menos). Não há margem nenhuma para discussão. Aliás, nem sei por que eu coloquei esse assunto em pauta.
Ah, lembrei.
Assisti, há pouco, o que talvez tenha sido o mais belo pôr-do-sol da minha vida.
Aqui mesmo, San Diego, em Pacific Beach.
Acho que vou ser obrigado a me mudar para cá.
Não, não vou. Mas poderia.
Até.
Ah, lembrei.
Assisti, há pouco, o que talvez tenha sido o mais belo pôr-do-sol da minha vida.
Aqui mesmo, San Diego, em Pacific Beach.
Acho que vou ser obrigado a me mudar para cá.
Não, não vou. Mas poderia.
Até.
segunda-feira, fevereiro 20, 2006
Enquanto isso em Toronto
Domingo de manhã, temperatura –16ºC com sensação térmica de –25ºC.
Só há uma alternativa:
Garota, eu vou pra Califórnia
Viver a vida sobre as ondas
Vou ser artista de cinema
O meu destino é ser star
O vento beija meus cabelos
As ondas lambem minhas pernas
O sol abraça o meu corpo
Meu coração canta feliz
Eu dou a volta, pulo o muro
Mergulho no escuro, salto de banda
Na Califórnia é diferente, irmão
É muito mais do que um sonho
A vida passa lentamente
E a gente vai tão de repente
Tão de repente que não sente
Saudades do que já passou
Eu dou a volta, pulo o muro
Mergulho no escuro, salto de banda
Na minha vida ninguém manda não
Eu vou além desse sonho
Vou, mas volto na quinta-feira.
De lá mando notícias. Ou não.
Até.
Só há uma alternativa:
Garota, eu vou pra Califórnia
Viver a vida sobre as ondas
Vou ser artista de cinema
O meu destino é ser star
O vento beija meus cabelos
As ondas lambem minhas pernas
O sol abraça o meu corpo
Meu coração canta feliz
Eu dou a volta, pulo o muro
Mergulho no escuro, salto de banda
Na Califórnia é diferente, irmão
É muito mais do que um sonho
A vida passa lentamente
E a gente vai tão de repente
Tão de repente que não sente
Saudades do que já passou
Eu dou a volta, pulo o muro
Mergulho no escuro, salto de banda
Na minha vida ninguém manda não
Eu vou além desse sonho
Vou, mas volto na quinta-feira.
De lá mando notícias. Ou não.
Até.
domingo, fevereiro 19, 2006
A Sopa 05/31
Uma Sopa requentada.
Situação hipotética: um sujeito de nome, digamos, Vilmar. Não, o nome não é importante, deixa para lá. O nosso hipotético personagem, após uma noite de sono bem dormida num amplo quarto de uma pousada na serra gaúcha, toma seu lauto café da manhã por volta das nove horas da manhã. Experimenta um pouco de cada um dos vários bolos, tortas e pães com geléia que estão à disposição na grande mesa do buffet. Termina a refeição quase às dez horas.
A partir daí, passeia por várias atrações turísticas nesta também hipotética ensolarada manhã de outono, até que decide almoçar. Dirige-se a uma galeteria, onde - após pequena espera – consegue uma mesa e inicia uma longa refeição que vai durar cerca de uma hora. Fica no restaurante, então, das duas às três horas da tarde, quando sai e decide visitar outra cidade nesta mesma região. Dirige-se até ela, que fica a cerca de 100km de distância, em sonolenta viagem pós-prandial. Lá chegando, alguns passeios num final de tarde frio e dá-se conta que tem que tomar uma decisão: jantar àquela hora – 18h30 – ou voltar para casa e comer em sua cidade, num horário mais apropriado para a refeição noturna, até porque ainda não está com fome (lembre-se que ele almoçou há três horas atrás). A decisão: jantar, e praticamente abre o restaurante para comer um prato específico, que não vem ao caso.
Agora, finalmente, chego onde queria chegar. De todas as refeições que fez em todo o seu final de semana, a mais importante foi a que fez no final, quando ainda não tinha fome e nem era a hora certa para isso: porque jantou por prazer, não por necessidade. Acompanhe o meu raciocínio: normalmente, comemos por obrigação ou por necessidade. Quando acordamos, o café da manhã é para que nos preparemos para o dia que vem pela frente e para matar a fome de uma noite inteira sem comer. O almoço, a mesma coisa. Trabalhamos toda a manhã e usamos o nosso momento de folga do meio do dia para suprir uma necessidade, manifestada pela fome. E assim é com a janta. Por mais que comamos iguarias de nobre sabor em locais de extrema sofisticação, estamos sempre cumprindo uma obrigação.
O momento mais sublime para uma refeição é justamente quando não precisamos dela. Por que este é o momento em que buscamos o prazer, não a satisfação de uma necessidade orgânica. É o que chamamos de gula. A gula nada mais é que o comer por prazer, e não o que se convencionou associar com a obesidade. Por esta razão, por ser um momento hedonista, cujo único fim é o prazer, é que é chamada de um dos sete pecados capitais.
Viva a gula!
Até.
Situação hipotética: um sujeito de nome, digamos, Vilmar. Não, o nome não é importante, deixa para lá. O nosso hipotético personagem, após uma noite de sono bem dormida num amplo quarto de uma pousada na serra gaúcha, toma seu lauto café da manhã por volta das nove horas da manhã. Experimenta um pouco de cada um dos vários bolos, tortas e pães com geléia que estão à disposição na grande mesa do buffet. Termina a refeição quase às dez horas.
A partir daí, passeia por várias atrações turísticas nesta também hipotética ensolarada manhã de outono, até que decide almoçar. Dirige-se a uma galeteria, onde - após pequena espera – consegue uma mesa e inicia uma longa refeição que vai durar cerca de uma hora. Fica no restaurante, então, das duas às três horas da tarde, quando sai e decide visitar outra cidade nesta mesma região. Dirige-se até ela, que fica a cerca de 100km de distância, em sonolenta viagem pós-prandial. Lá chegando, alguns passeios num final de tarde frio e dá-se conta que tem que tomar uma decisão: jantar àquela hora – 18h30 – ou voltar para casa e comer em sua cidade, num horário mais apropriado para a refeição noturna, até porque ainda não está com fome (lembre-se que ele almoçou há três horas atrás). A decisão: jantar, e praticamente abre o restaurante para comer um prato específico, que não vem ao caso.
Agora, finalmente, chego onde queria chegar. De todas as refeições que fez em todo o seu final de semana, a mais importante foi a que fez no final, quando ainda não tinha fome e nem era a hora certa para isso: porque jantou por prazer, não por necessidade. Acompanhe o meu raciocínio: normalmente, comemos por obrigação ou por necessidade. Quando acordamos, o café da manhã é para que nos preparemos para o dia que vem pela frente e para matar a fome de uma noite inteira sem comer. O almoço, a mesma coisa. Trabalhamos toda a manhã e usamos o nosso momento de folga do meio do dia para suprir uma necessidade, manifestada pela fome. E assim é com a janta. Por mais que comamos iguarias de nobre sabor em locais de extrema sofisticação, estamos sempre cumprindo uma obrigação.
O momento mais sublime para uma refeição é justamente quando não precisamos dela. Por que este é o momento em que buscamos o prazer, não a satisfação de uma necessidade orgânica. É o que chamamos de gula. A gula nada mais é que o comer por prazer, e não o que se convencionou associar com a obesidade. Por esta razão, por ser um momento hedonista, cujo único fim é o prazer, é que é chamada de um dos sete pecados capitais.
Viva a gula!
Até.
sábado, fevereiro 18, 2006
Atualidades Absurdas
Deixo, na maior parte das vezes, de tecer comentários sob certos assuntos.
Pelas mais variadas razões, que não vêm ao caso. Mas, algumas vezes, não dá para evitar, o assunto se impõe.
Exemplos.
O ministro italiano que apareceu na tevê usando uma camiseta com as charges sobre Maomé. Isso, as mesmas que provocaram reações violentas após serem publicadas em jornais dinamarqueses. Após a aparição, a embaixada italiana na Líbia foi atacada e carros incendiados por muçulmanos furiosos. Nem é questão de liberdade de expressão ou não. É estupidez mesmo. Ou provocação – com o perdão da redundância – indendiária.
Foi obrigado a demitir-se, evidentemente.
Outra: passei a semana toda sem comentar o episódio envolvendo o vice-presidente dos Estados Unidos, que atirou na cara de um amigo numa caçada. Como disseram alguns apresentadores de talk show daqui: fazer piada disso era como bater em bêbado: sem mérito nenhum…
Pois é, e ontem o advogado de 78 anos, amigo de Dick Cheney, vítima dos tiros no tórax e rosto, e que sofreu um infarto nos dias seguintes, saiu do hospital. E, em entrevista, pediu desculpas! Por ter levado um tiro do vice-presidente e causado “incomodação” a ele!
Morro e não vejo tudo…
Até.
Pelas mais variadas razões, que não vêm ao caso. Mas, algumas vezes, não dá para evitar, o assunto se impõe.
Exemplos.
O ministro italiano que apareceu na tevê usando uma camiseta com as charges sobre Maomé. Isso, as mesmas que provocaram reações violentas após serem publicadas em jornais dinamarqueses. Após a aparição, a embaixada italiana na Líbia foi atacada e carros incendiados por muçulmanos furiosos. Nem é questão de liberdade de expressão ou não. É estupidez mesmo. Ou provocação – com o perdão da redundância – indendiária.
Foi obrigado a demitir-se, evidentemente.
Outra: passei a semana toda sem comentar o episódio envolvendo o vice-presidente dos Estados Unidos, que atirou na cara de um amigo numa caçada. Como disseram alguns apresentadores de talk show daqui: fazer piada disso era como bater em bêbado: sem mérito nenhum…
Pois é, e ontem o advogado de 78 anos, amigo de Dick Cheney, vítima dos tiros no tórax e rosto, e que sofreu um infarto nos dias seguintes, saiu do hospital. E, em entrevista, pediu desculpas! Por ter levado um tiro do vice-presidente e causado “incomodação” a ele!
Morro e não vejo tudo…
Até.
Boletim médico
Este blog está de repouso até amanhã por motivos de doença.
A recomendação atual é repouso, boa alimentação, hidratação, e tomar o antibiótico conforme prescrito pelo pneumologista que está me tratando.
Que, por uma estranha coincidência, sou eu mesmo.
Agora dá licença que eu vou ali fazer um chá.
Até.
A recomendação atual é repouso, boa alimentação, hidratação, e tomar o antibiótico conforme prescrito pelo pneumologista que está me tratando.
Que, por uma estranha coincidência, sou eu mesmo.
Agora dá licença que eu vou ali fazer um chá.
Até.
sexta-feira, fevereiro 17, 2006
Longo dia
Tempo para plantar e tempo para colher.
Uma raridade na minha vida por aqui, ficar doze horas no hospital, e trabalhando! Não é uma sensação ruim, ainda mais depois das cinco da tarde, quando a maioria vai embora.
Sozinho em minha sala, tendo que ir de hora em hora ao laboratório para fazer testes, liguei o computador que não é o meu, criei um perfil para mim no Windows XP e me conectei à internet. Pus música e fiquei estudando, aproveitando os períodos entre testes.
Pensei em escrever ficção, mas não estava na sintonia.
Não hoje, hoje era dia de trabalhar até tarde.
Quem sabe amanhã.
Quem sabe.
Até.
Uma raridade na minha vida por aqui, ficar doze horas no hospital, e trabalhando! Não é uma sensação ruim, ainda mais depois das cinco da tarde, quando a maioria vai embora.
Sozinho em minha sala, tendo que ir de hora em hora ao laboratório para fazer testes, liguei o computador que não é o meu, criei um perfil para mim no Windows XP e me conectei à internet. Pus música e fiquei estudando, aproveitando os períodos entre testes.
Pensei em escrever ficção, mas não estava na sintonia.
Não hoje, hoje era dia de trabalhar até tarde.
Quem sabe amanhã.
Quem sabe.
Até.
quarta-feira, fevereiro 15, 2006
Pequena noticia sem acentos no meio do dia
Saiu hoje no jornal Zero Hora, de Porto Alegre:
Caverna de Baco
Depois de contornar contratempos técnicos, a Aurora planeja inaugurar até o final do ano a Cave que está instalando no Shopping Total, em Porto Alegre.
O empreendimento ocupa 500 metros quadrados dos corredores subterrâneos descobertos sob a chaminé da antiga cervejaria que deu lugar ao shopping.
O projeto, que inclui uma champanharia, pretende transformar o lugar numa atração turística e marco para o setor vitivinícola gaúcho.
A saber:
1. "Contratempos tecnicos": eu nao estou no Brasil.
2. "Depois de contornar": me convenceram a voltar.
Ate.
Caverna de Baco
Depois de contornar contratempos técnicos, a Aurora planeja inaugurar até o final do ano a Cave que está instalando no Shopping Total, em Porto Alegre.
O empreendimento ocupa 500 metros quadrados dos corredores subterrâneos descobertos sob a chaminé da antiga cervejaria que deu lugar ao shopping.
O projeto, que inclui uma champanharia, pretende transformar o lugar numa atração turística e marco para o setor vitivinícola gaúcho.
A saber:
1. "Contratempos tecnicos": eu nao estou no Brasil.
2. "Depois de contornar": me convenceram a voltar.
Ate.
terça-feira, fevereiro 14, 2006
Confissão
Eu larguei a música. Duas vezes.
O que faço, hoje em dia, tocando com amigos e fazendo o meu "blein-blein" por aí, na verdade é uma forma de não perder contato totalmente com essa parte da minha vida, que sempre será importante. Quando digo que larguei a música, me refiro ao show business. Desse, podem crer, quero distância.
Mas nem sempre foi assim.
Há mais ou menos uns dezessete anos atrás, fui convidado para fazer parte de um grupo jovem - não posso revelar o nome por questões contratuais - que fez muito sucesso nas paradas musicais, e atraiu a atenção de muita gente. Tivemos muitos fãs. É possível que algumas dessas fãs ainda tenham posters da banda em seu quarto. Podem até ser minhas leitoras, sem nunca ter se dado conta que sou eu naquele poster na parede.
A trajetória da banda foi a de muitos outros grupos adolescentes. Assinamos contrato com uma grande gravadora, gravamos um disco. Vários shows, fãs histéricas, sutiãs e calcinhas jogadas ao palco, uma loucura. Foi aí que começaram os problemas: primeiro, queriam definir as roupas que usaríamos, nossos cortes de cabelo, o que diríamos em entrevistas. No início, não vi problemas, até que resolveram que teríamos de mudar nosso repertório, nosso estilo. Chamaram compositores para preparar nosso disco seguinte, no qual não teríamos nenhuma ingerência. Só o que teríamos que fazer era cantar. E sorrir. E fazer algumas dublagens em shows de auditório.
Não era certo daquele jeito, argumentei. Disseram que tínhamos que fazer o nosso público feliz. ‘Nhé’, pensei, vamos ver.
Até que num show, percebi que aquilo tudo não era pela nossa música. Até porque as histéricas fãs não ouviam o que estávamos tocando e cantando. Elas só gritavam, choravam, desesperadas. Tudo pela nossa presença próximo a elas. Aquilo era o bastante.
No final do show, fomos para um hotel. Durante a madrugada, enquanto todos dormiam, deixei o hotel e o show business. O sol nascia, e caminhei em silencio deixando para trás aquela vida que não era para mim. Tudo o que eu queria era uma casa no campo, onde pudesse compor muitos rocks rurais.
Não bastava ser apenas mais um rostinho bonito.
Até.
O que faço, hoje em dia, tocando com amigos e fazendo o meu "blein-blein" por aí, na verdade é uma forma de não perder contato totalmente com essa parte da minha vida, que sempre será importante. Quando digo que larguei a música, me refiro ao show business. Desse, podem crer, quero distância.
Mas nem sempre foi assim.
Há mais ou menos uns dezessete anos atrás, fui convidado para fazer parte de um grupo jovem - não posso revelar o nome por questões contratuais - que fez muito sucesso nas paradas musicais, e atraiu a atenção de muita gente. Tivemos muitos fãs. É possível que algumas dessas fãs ainda tenham posters da banda em seu quarto. Podem até ser minhas leitoras, sem nunca ter se dado conta que sou eu naquele poster na parede.
A trajetória da banda foi a de muitos outros grupos adolescentes. Assinamos contrato com uma grande gravadora, gravamos um disco. Vários shows, fãs histéricas, sutiãs e calcinhas jogadas ao palco, uma loucura. Foi aí que começaram os problemas: primeiro, queriam definir as roupas que usaríamos, nossos cortes de cabelo, o que diríamos em entrevistas. No início, não vi problemas, até que resolveram que teríamos de mudar nosso repertório, nosso estilo. Chamaram compositores para preparar nosso disco seguinte, no qual não teríamos nenhuma ingerência. Só o que teríamos que fazer era cantar. E sorrir. E fazer algumas dublagens em shows de auditório.
Não era certo daquele jeito, argumentei. Disseram que tínhamos que fazer o nosso público feliz. ‘Nhé’, pensei, vamos ver.
Até que num show, percebi que aquilo tudo não era pela nossa música. Até porque as histéricas fãs não ouviam o que estávamos tocando e cantando. Elas só gritavam, choravam, desesperadas. Tudo pela nossa presença próximo a elas. Aquilo era o bastante.
No final do show, fomos para um hotel. Durante a madrugada, enquanto todos dormiam, deixei o hotel e o show business. O sol nascia, e caminhei em silencio deixando para trás aquela vida que não era para mim. Tudo o que eu queria era uma casa no campo, onde pudesse compor muitos rocks rurais.
Não bastava ser apenas mais um rostinho bonito.
Até.
segunda-feira, fevereiro 13, 2006
Skypein
Começo falando ao amigo leitor que está em Porto Alegre.
Falar comigo ficou bem mais fácil e barato. Simples, simples. Pegue o telefone e disque 3251-4xxx (não, não vou liberar o número assim, de barbada, se quiser saber, manda um e-mail que eu digo…). Isso mesmo, eu tenho um novo número de telefone em Porto Alegre.
Mas continuo em Toronto.
O grande lance é justamente o Skypein, mais um serviço do Skype. Ao comprar o serviço, eu tenho o meu número de telefone, no caso em Porto Alegre, de forma que qualquer um pode me ligar, de um telefone convencional ou celular, por preço de ligação local. Se eu não estiver online, é só deixar um recado na secretária eletrônica. Suuuper legal…
A assinatura do serviço, trimestral ou anual, custa 10 e 30 euros respectivamente, algo em torno de 14 e 42 dólares canadenses para as duas opções. No Brasil, há números de telefone disponíveis para Belo Horizonte, Campinas, Caxias do Sul, Curitiba, Joinville, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Santos, São José dos Campos e São Paulo. Além disso, você também pode ter números nos Estados Unidos, Reino Unido, Dinamarca, Estônia, Finlândia, França, Alemanha, Hong Kong, Polônia, Suécia e Suiça.
Bem legal, bem legal.
Até.
Falar comigo ficou bem mais fácil e barato. Simples, simples. Pegue o telefone e disque 3251-4xxx (não, não vou liberar o número assim, de barbada, se quiser saber, manda um e-mail que eu digo…). Isso mesmo, eu tenho um novo número de telefone em Porto Alegre.
Mas continuo em Toronto.
O grande lance é justamente o Skypein, mais um serviço do Skype. Ao comprar o serviço, eu tenho o meu número de telefone, no caso em Porto Alegre, de forma que qualquer um pode me ligar, de um telefone convencional ou celular, por preço de ligação local. Se eu não estiver online, é só deixar um recado na secretária eletrônica. Suuuper legal…
A assinatura do serviço, trimestral ou anual, custa 10 e 30 euros respectivamente, algo em torno de 14 e 42 dólares canadenses para as duas opções. No Brasil, há números de telefone disponíveis para Belo Horizonte, Campinas, Caxias do Sul, Curitiba, Joinville, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Santos, São José dos Campos e São Paulo. Além disso, você também pode ter números nos Estados Unidos, Reino Unido, Dinamarca, Estônia, Finlândia, França, Alemanha, Hong Kong, Polônia, Suécia e Suiça.
Bem legal, bem legal.
Até.
domingo, fevereiro 12, 2006
A Sopa 05/30
Sou mais uma vítima.
Aliás, somos todos vítima, em algum momento de nossas vidas. Alguns mais, outros menos, mas ninguém escapa. Eu, por exemplo, estava invicto desde a vinda para o Canadá, até a noite da quarta-feira que passou. Foi quando aconteceu.
Estou resfriado.
Começou com dor de garganta, e mal estar. Dores musculares, mas que podiam ser atribuídas a mudanças no meu programa de exercícios. Na quinta-feira, não havia dúvidas, o vírus estava perturbando o meu bom funcionamento: voz rouca, tosse seca, aquela sensação de que um caminhão passou por cima. Apesar de tudo, não o bastante para interromper minhas atividades de trabalho e, afinal de contas, o final de semana vinha chegando.
O final de semana chegou, e o quadro clínico se manteve o mesmo. Além disso, agora acordava com o nariz “entupido”, e a sensação de aspiração faríngea (sensação de que tem secreção descendo por trás da garganta, vinda do nariz). A decisão foi de ficar em casa, até para evitar a exposição às temperaturas que, agora, insistem em ser de inverno. Um porém, contudo. Ontem era aniversário do Henrique.
O Henrique, casado com a Camilla, é um dos bons amigos que fiz aqui em Toronto, e não podia deixar de ir dar um abraço pela data. Fomos, então, no Biermarkt, cervejaria bem legal aqui em Toronto. Chegando lá, junto com o Marcelo (o médico, de Porto Alegre, cuja esposa ficou no Brasil, e que não sou eu) a quem havia encontrado quando estávamos quase lá, decidi – em função de estar doente – não beber. Exceto, claro, pela Guiness para começar e a Stella Artois de saideira. Entre uma e outra, Nescau. Não, mentira. Tomei Diet Coke.
Como é usual em nossos encontros, discutimos vários assuntos. Desde política nacional (brasileira e canadense), até Brokeback Mountain, criação de peixes, webdesign, intolerância religiosa e, evidentemente, “tudo junto reunido” numa série de piadas politicamente incorretas. Fazer o quê, não consigo evitá-las. A volta, temperatura de nove graus negativos.
Hoje de manhã, -13ºC. Sol e céu azul.
Mas não me engana mais. Depois de quase ter perdido os dedos ano passado num dia assim, resolvo ficar em casa esperando a temperatura aumentar um pouco para poder dar uma volta.
O inverno chegou.
#
Desde que A Sopa começou a circular, há quase cinco anos, duas vezes um texto pronto para ser publicado deixou de sê-lo por sugestão do, digamos, “Conselho Editorial”. O primeiro foi no ano passado, e o segundo este final de semana. Ambos com assuntos que certamente causariam polêmica. Tudo bem, tudo bem. Eles serão publicados daqui mais algum tempo.
Até.
Aliás, somos todos vítima, em algum momento de nossas vidas. Alguns mais, outros menos, mas ninguém escapa. Eu, por exemplo, estava invicto desde a vinda para o Canadá, até a noite da quarta-feira que passou. Foi quando aconteceu.
Estou resfriado.
Começou com dor de garganta, e mal estar. Dores musculares, mas que podiam ser atribuídas a mudanças no meu programa de exercícios. Na quinta-feira, não havia dúvidas, o vírus estava perturbando o meu bom funcionamento: voz rouca, tosse seca, aquela sensação de que um caminhão passou por cima. Apesar de tudo, não o bastante para interromper minhas atividades de trabalho e, afinal de contas, o final de semana vinha chegando.
O final de semana chegou, e o quadro clínico se manteve o mesmo. Além disso, agora acordava com o nariz “entupido”, e a sensação de aspiração faríngea (sensação de que tem secreção descendo por trás da garganta, vinda do nariz). A decisão foi de ficar em casa, até para evitar a exposição às temperaturas que, agora, insistem em ser de inverno. Um porém, contudo. Ontem era aniversário do Henrique.
O Henrique, casado com a Camilla, é um dos bons amigos que fiz aqui em Toronto, e não podia deixar de ir dar um abraço pela data. Fomos, então, no Biermarkt, cervejaria bem legal aqui em Toronto. Chegando lá, junto com o Marcelo (o médico, de Porto Alegre, cuja esposa ficou no Brasil, e que não sou eu) a quem havia encontrado quando estávamos quase lá, decidi – em função de estar doente – não beber. Exceto, claro, pela Guiness para começar e a Stella Artois de saideira. Entre uma e outra, Nescau. Não, mentira. Tomei Diet Coke.
Como é usual em nossos encontros, discutimos vários assuntos. Desde política nacional (brasileira e canadense), até Brokeback Mountain, criação de peixes, webdesign, intolerância religiosa e, evidentemente, “tudo junto reunido” numa série de piadas politicamente incorretas. Fazer o quê, não consigo evitá-las. A volta, temperatura de nove graus negativos.
Hoje de manhã, -13ºC. Sol e céu azul.
Mas não me engana mais. Depois de quase ter perdido os dedos ano passado num dia assim, resolvo ficar em casa esperando a temperatura aumentar um pouco para poder dar uma volta.
O inverno chegou.
#
Desde que A Sopa começou a circular, há quase cinco anos, duas vezes um texto pronto para ser publicado deixou de sê-lo por sugestão do, digamos, “Conselho Editorial”. O primeiro foi no ano passado, e o segundo este final de semana. Ambos com assuntos que certamente causariam polêmica. Tudo bem, tudo bem. Eles serão publicados daqui mais algum tempo.
Até.
sábado, fevereiro 11, 2006
Jogos de Inverno
Dizem que é um problema de timing.
Eu discordo.
Mas não posso furtar de revelar que nas últimas Olimpíadas de Inverno, em 2002, em Salt Lake City, eu estava… em Torino. E que agora, enquanto os jogos iniciaram ontem em Torino, eu estou no Canadá, sede dos jogos de 2010, quando estarei – provavelmente – no Brasil, e aí encerrará a minha sequência de estar no lugar certo na hora errada.
Turin
Nesse momento, assisto na tevê, à Alemanha ganhar o que parece ser a primeira medalha de ouro dos jogos no ski fondo (cross country), aquele com os esquis bem fininhos e em que virtualmente não há descida, ao contrário do esqui alpino (downhill). O que me lembra da minha primeira aula de esqui.
Chegando a Anterselva
Aconteceu em 24 dezembro de 2000, justamente nos mesmo Alpes em que ocorrem o jogos desse ano. Foi no Valle Anterselva, próximo à Rasun di Sopra, a 50km de Cortina d’Ampezzo, uma das mais famosas estações de esqui da Itália. Estávamos lá para passar o Natal no Hotel Andreas Hoffer, antes de cruzar os Alpes pela passagem de Brenner (Brennero, em italiano) em direção à França, para o ano novo em Paris.
A aula.
"Esquiadores"
Uma hora de aula, meu primeiro contato com esquis, ao menos nove ridículos tombos. Aquela coisa de mal conseguir ficar de pé. Ridículo mesmo. Mas tudo bem, nada me abala. Na tentativa seguinte, junto com os jogos de inverno de 2002, fomos (a Jacque e eu) esquiar após ter passado uma tarde toda olhando os jogos na tevê enquanto a neve caía insistente sobre Cortina d’Ampezzo, foi muito melhor.
Vista do hotel, Cortina
Tudo uma questão de treino.
Mas acho que nas próximas olimpíadas de inverno vou estar na praia…
Praia de Maracaípe, Pernambuco
Até.
Eu discordo.
Mas não posso furtar de revelar que nas últimas Olimpíadas de Inverno, em 2002, em Salt Lake City, eu estava… em Torino. E que agora, enquanto os jogos iniciaram ontem em Torino, eu estou no Canadá, sede dos jogos de 2010, quando estarei – provavelmente – no Brasil, e aí encerrará a minha sequência de estar no lugar certo na hora errada.
Turin
Nesse momento, assisto na tevê, à Alemanha ganhar o que parece ser a primeira medalha de ouro dos jogos no ski fondo (cross country), aquele com os esquis bem fininhos e em que virtualmente não há descida, ao contrário do esqui alpino (downhill). O que me lembra da minha primeira aula de esqui.
Chegando a Anterselva
Aconteceu em 24 dezembro de 2000, justamente nos mesmo Alpes em que ocorrem o jogos desse ano. Foi no Valle Anterselva, próximo à Rasun di Sopra, a 50km de Cortina d’Ampezzo, uma das mais famosas estações de esqui da Itália. Estávamos lá para passar o Natal no Hotel Andreas Hoffer, antes de cruzar os Alpes pela passagem de Brenner (Brennero, em italiano) em direção à França, para o ano novo em Paris.
A aula.
"Esquiadores"
Uma hora de aula, meu primeiro contato com esquis, ao menos nove ridículos tombos. Aquela coisa de mal conseguir ficar de pé. Ridículo mesmo. Mas tudo bem, nada me abala. Na tentativa seguinte, junto com os jogos de inverno de 2002, fomos (a Jacque e eu) esquiar após ter passado uma tarde toda olhando os jogos na tevê enquanto a neve caía insistente sobre Cortina d’Ampezzo, foi muito melhor.
Vista do hotel, Cortina
Tudo uma questão de treino.
Mas acho que nas próximas olimpíadas de inverno vou estar na praia…
Praia de Maracaípe, Pernambuco
Até.
sexta-feira, fevereiro 10, 2006
Edição Extraordinária
Essa é para quem está no Canadá.
Saiu no C. A. N. A. D. I. A. N. D. O.:
A Globo Internacional está no ar no canal 649 da ROGERS.
Para quem estava com saudades de novela, ou do futebolzinho do domingo, pode comemorar...
Até.
Saiu no C. A. N. A. D. I. A. N. D. O.:
A Globo Internacional está no ar no canal 649 da ROGERS.
Para quem estava com saudades de novela, ou do futebolzinho do domingo, pode comemorar...
Até.
Tempos Modernos
Depois de uma sexta-feira atipicamente cheia de atividades, e assim vai ser até junho quando terminar o meu tempo aqui, cheguei em casa, liguei o computador e me conectei direto com a praia de Atlântida, litoral norte rio-grandense, e comecei acompanhar pela internet o às apresentações do Planeta Atlântida, festival de música que ocorre todos os anos no verão. Quem toca agora são os Titãs, e a música é ‘Marvin’. Em pleno inverno de Toronto ouço ao vivo um festival de música que ocorre no verão gaúcho. Que coisa.
Estive lá, acho que em 2004. Sozinho, porque a Jacque ficou em Porto Alegre a trabalho e faltou parceria para ir. Tinha uma razão para assistir: seria a primeira apresentação dos Paralamas do Sucesso no Rio Grande do Sul depois do acidente do Herbert Vianna. Foi legal. Uma criançada, ou sou estou que fico velho?
Eu sei, eu sei…
Ainda as modernidades do mundo.
Essa semana a Jacque está em Hollywood, Flórida, perto de Miami, numa reunião de trabalho. Semana é um pouco de exagero, ela chegou ontem de manhã e vai embora amanhã à noite. Por isso não fui até lá… Como ela não levaria o notebook, ficaríamos sem nos falar por alguns dias. Aí entrou em jogo o imponderável (ou não).
Ontem à noite, resolvi mandar um email para o endereço de email regular dela, do Terra. Escrevi, enviei e, menos de um minuto depois, recebi um email do endereço de Hotmail dela. Praticamente ao mesmo tempo! No email, ela dizia que não estava conseguindo acessar o Terra e nem telefonar com o cartão que havia comprado. Resolvi ligar pra ela. Mas não lembrava o nome do hotel, que ela havia me falado há mais ou menos três semanas.
Lá fui eu para o Google pesquisar hotéis em Hollywood, Flórida. Não é que lembrei? Liguei e nos falamos.
Viva o google, e viva a tecnologia.
Até.
PS – Domingo tem um depoimento muito pessoal e muito forte n'A Sopa.
Aguardem.
Estive lá, acho que em 2004. Sozinho, porque a Jacque ficou em Porto Alegre a trabalho e faltou parceria para ir. Tinha uma razão para assistir: seria a primeira apresentação dos Paralamas do Sucesso no Rio Grande do Sul depois do acidente do Herbert Vianna. Foi legal. Uma criançada, ou sou estou que fico velho?
Eu sei, eu sei…
Ainda as modernidades do mundo.
Essa semana a Jacque está em Hollywood, Flórida, perto de Miami, numa reunião de trabalho. Semana é um pouco de exagero, ela chegou ontem de manhã e vai embora amanhã à noite. Por isso não fui até lá… Como ela não levaria o notebook, ficaríamos sem nos falar por alguns dias. Aí entrou em jogo o imponderável (ou não).
Ontem à noite, resolvi mandar um email para o endereço de email regular dela, do Terra. Escrevi, enviei e, menos de um minuto depois, recebi um email do endereço de Hotmail dela. Praticamente ao mesmo tempo! No email, ela dizia que não estava conseguindo acessar o Terra e nem telefonar com o cartão que havia comprado. Resolvi ligar pra ela. Mas não lembrava o nome do hotel, que ela havia me falado há mais ou menos três semanas.
Lá fui eu para o Google pesquisar hotéis em Hollywood, Flórida. Não é que lembrei? Liguei e nos falamos.
Viva o google, e viva a tecnologia.
Até.
PS – Domingo tem um depoimento muito pessoal e muito forte n'A Sopa.
Aguardem.
quinta-feira, fevereiro 09, 2006
A demagogia vai pro espaço?
"A família do astronauta sabe dos riscos que o astronauta corre em função da sua não adequada preparação? Se o astronauta brasileiro não conseguir aprender a língua russa, como ele se comunicará com os tripulantes da nave e com a base em terra?"
E agora, quem é que está com a razão?
Leia aqui e tire suas próprias conclusões.
Eu ainda não sei o que pensar.
Ah, e quem quiser mais sobre Chuck Norris, o Marmota publicou hoje um texto sobre ele.
Até.
E agora, quem é que está com a razão?
Leia aqui e tire suas próprias conclusões.
Eu ainda não sei o que pensar.
Ah, e quem quiser mais sobre Chuck Norris, o Marmota publicou hoje um texto sobre ele.
Até.
quarta-feira, fevereiro 08, 2006
O Poder dos Blogs
Pergunta.
Vocês acham que essa coisa de blogs é bobagem de quem não tem o que fazer? Que é perda de tempo sem sentido? Que não dá para levar a sério? Acha mesmo? De verdade?
Está na hora de rever os seus conceitos, caro leitor, sinto-me obrigado a alertá-lo. E logo, para não perder o trem da história (gosto muito desta expressão, trem da história, mesmo sabendo que o tempo não é linear, que o tempo não pode ser visto independente do espaço, etc).
Vamos a alguns fatos ou, melhor, links de textos sobre o poder dos blogs, ou do potencial que ele possuem.
O primeiro, que li hoje de manhã, é do Marmota. Comenta sobre reportagem de capa da revista Exame desse mês, sobre as possibilidades de uso dos blogs por empresas. Vale ler, afnal o André “Marmota”, jornalista, tem um texto muito bom.
Também sobre o poder dos blogs, a Leila, parte do condomínio dos Verbeats, comenta hoje sobre o blog que levou à demissão do diretor de relações públicas da NASA, indicado pelo presidente Bush, cujo currículo afirmava que era formado em jornalismo apesar de ele nunca ter completado a faculdade. Era essa mesma figura que vinha censurando o principal especialista em clima da NASA para que ele não falasse nas conclusões científicas sobre o efeito estufa e as mudanças que vêm ocorrendo no clima do planeta. Tudo para “proteger” as empresas de energia/petróleo e outras grandes poluidoras da atmosfera, grandes financiadoras d campanha do George Bush. Também vale muito a pena ler.
É hora de rever seus conceitos, cético leitor.
Até.
Vocês acham que essa coisa de blogs é bobagem de quem não tem o que fazer? Que é perda de tempo sem sentido? Que não dá para levar a sério? Acha mesmo? De verdade?
Está na hora de rever os seus conceitos, caro leitor, sinto-me obrigado a alertá-lo. E logo, para não perder o trem da história (gosto muito desta expressão, trem da história, mesmo sabendo que o tempo não é linear, que o tempo não pode ser visto independente do espaço, etc).
Vamos a alguns fatos ou, melhor, links de textos sobre o poder dos blogs, ou do potencial que ele possuem.
O primeiro, que li hoje de manhã, é do Marmota. Comenta sobre reportagem de capa da revista Exame desse mês, sobre as possibilidades de uso dos blogs por empresas. Vale ler, afnal o André “Marmota”, jornalista, tem um texto muito bom.
Também sobre o poder dos blogs, a Leila, parte do condomínio dos Verbeats, comenta hoje sobre o blog que levou à demissão do diretor de relações públicas da NASA, indicado pelo presidente Bush, cujo currículo afirmava que era formado em jornalismo apesar de ele nunca ter completado a faculdade. Era essa mesma figura que vinha censurando o principal especialista em clima da NASA para que ele não falasse nas conclusões científicas sobre o efeito estufa e as mudanças que vêm ocorrendo no clima do planeta. Tudo para “proteger” as empresas de energia/petróleo e outras grandes poluidoras da atmosfera, grandes financiadoras d campanha do George Bush. Também vale muito a pena ler.
É hora de rever seus conceitos, cético leitor.
Até.
terça-feira, fevereiro 07, 2006
Pedras que rolam
Assisti uma parte do show dos Rolling Stones no intervalo do XL Superbowl, no domingo que passou. Hmm…
Tenho que confessar.
Não vi o jogo (apesar de ter visto na véspera uma parte dos melhores comerciais da história do jogo, alguns bons) por achar chato (certo, certo, eu não entendo tudo). Só não é pior que o baseball, esse sim, uma tortura que não tem fim.
Mas é tudo uma questão cultural, eu sei. Eles acham o soccer, o nosso bom e velho futebol, boring. Relevemos, relevemos. Não vi o jogo, isso é o que importa. Mas assisti a um pedaço do intervalo, quando os Rolling Stones tocaram. E me senti constrangido com o que vi.
Pareciam uma banda geriátrica.
Estão com a aparência de muito, mas muito velhos.
#
Falando em envelhecer ou, melhor, na passagem do tempo, esses dias estava pensando a respeito de conversas que nós, exilados por qualquer razão e que um dia vamos voltar, volta e meia temos. Numa delas, no final do ano passado, conversávamos sobre como era se integrar ao país, as diferenças que notávamos entre o nosso lugar de origem e onde estamos agora. Até que alguém falou que não há nada como o lugar de onde viemos.
Claro que não há, fiquei pensando.
É até injusto com o novo país ou nova cidade comparar com o lugar onde nos criamos. Por mais defeitos que tenha, no lugar de onde viemos é que estão as nossas referências, as nossas histórias. Como gostar mais de um lugar onde estou há um ano e meio quando comparado com outro em que vivi por trinta anos e, mais importante, foi onde cresci?
Evidentemente que é possível ir embora e mudar-se de “corpo e alma” para um outro lugar. Algumas vezes voluntariamente e outras por circunstâncias. Mas ainda assim é difícil comparar. A mesma coisa acontece com os amigos.
Percebi uma coisa, também por esses dias: é cada vez mais improvável, e em pouco tempo será impossível, conhecer novas pessoas, fazer novos amigos, que o serão pela maior parte da minha vida. Se levarmos em conta a expectativa de vida média do brasileiro, que é de setenta anos, esse é o último ano em que posso conhecer pessoas que poderão se tornar minhas amigas e assim ser por metade mais um dos ano que durou a minha vida. Isso se eu chegar ao setenta anos.
Tudo isso para dizer valorizo muito os amigos que já o são pela maior parte da minha vida. Porque se já temos vinte anos de amizade, por exemplo, caso do Márcio e do Radica, é sinal de que vamos continuar assim por, no mínimo, mais vinte. O que quer dizer muito sobre nós.
E que não somos mais crianças.
Até.
Tenho que confessar.
Não vi o jogo (apesar de ter visto na véspera uma parte dos melhores comerciais da história do jogo, alguns bons) por achar chato (certo, certo, eu não entendo tudo). Só não é pior que o baseball, esse sim, uma tortura que não tem fim.
Mas é tudo uma questão cultural, eu sei. Eles acham o soccer, o nosso bom e velho futebol, boring. Relevemos, relevemos. Não vi o jogo, isso é o que importa. Mas assisti a um pedaço do intervalo, quando os Rolling Stones tocaram. E me senti constrangido com o que vi.
Pareciam uma banda geriátrica.
Estão com a aparência de muito, mas muito velhos.
#
Falando em envelhecer ou, melhor, na passagem do tempo, esses dias estava pensando a respeito de conversas que nós, exilados por qualquer razão e que um dia vamos voltar, volta e meia temos. Numa delas, no final do ano passado, conversávamos sobre como era se integrar ao país, as diferenças que notávamos entre o nosso lugar de origem e onde estamos agora. Até que alguém falou que não há nada como o lugar de onde viemos.
Claro que não há, fiquei pensando.
É até injusto com o novo país ou nova cidade comparar com o lugar onde nos criamos. Por mais defeitos que tenha, no lugar de onde viemos é que estão as nossas referências, as nossas histórias. Como gostar mais de um lugar onde estou há um ano e meio quando comparado com outro em que vivi por trinta anos e, mais importante, foi onde cresci?
Evidentemente que é possível ir embora e mudar-se de “corpo e alma” para um outro lugar. Algumas vezes voluntariamente e outras por circunstâncias. Mas ainda assim é difícil comparar. A mesma coisa acontece com os amigos.
Percebi uma coisa, também por esses dias: é cada vez mais improvável, e em pouco tempo será impossível, conhecer novas pessoas, fazer novos amigos, que o serão pela maior parte da minha vida. Se levarmos em conta a expectativa de vida média do brasileiro, que é de setenta anos, esse é o último ano em que posso conhecer pessoas que poderão se tornar minhas amigas e assim ser por metade mais um dos ano que durou a minha vida. Isso se eu chegar ao setenta anos.
Tudo isso para dizer valorizo muito os amigos que já o são pela maior parte da minha vida. Porque se já temos vinte anos de amizade, por exemplo, caso do Márcio e do Radica, é sinal de que vamos continuar assim por, no mínimo, mais vinte. O que quer dizer muito sobre nós.
E que não somos mais crianças.
Até.
segunda-feira, fevereiro 06, 2006
Eu 'coração' segunda-feira
Nunca fui assim, posso garantir.
Essa coisa de ‘odeio segunda-feira’ para mim nunca passou de lenda, bobagem até. Pensemos o seguinte: um sétimo da vida é composto de segundas-feiras. Logo, estaríamos de mau humor durante uma porção significativa de nossa existência. Só para ser mais preciso, segundo o IBGE (dados de 2003), a expectativa ou esperança de vida do brasileiro ao nascer é de 70,3 anos, o que quer dizer aproximados 25660 dias, dos quais um sétimo desses dias estaríamos de mal com a vida, o que equivaleriam a DEZ anos de mau humor. Dez anos!
Pois é, então esse papo de “odiar segunda-feira” é lenda.
Até porque essa coisa de “odiar” algo ou alguém é uma característica meio fresca. Pior ainda se disser que, se pudesse, jogava a segunda-feira no chão e sapeteava nela… Bom deixa pra lá, o que queria dizer era outra coisa.
Notei que as segundas-feiras agora tem um efeito sobre mim. Primeiro, achei que era porque eu ia dormir muito tarde aos domingos, por ficar vendo televisão, e acordava segunda-feira cansado. Era uma explicação lógica.
Mas essa semana eu fiz um teste: descansei durante o final de semana, e fui dormir mais ou menos cedo ontem. Resultado: hoje pela manhã eu estava tão cansado quanto nas outras semanas. Será que é a segunda-feira, que terá algum efeito nocivo em nós humanos, foi a pergunta que me fiz.
Até que me dei conta que não, era o meu corpo tentando me fazer virar sedentário e não ir fazer atividade física. Mas não conseguiu. Cheguei do hospital, fiz um lanche, troquei de roupa e fui para lá. Após uma hora de atividade física, saí para a rua fria, e o cenário tinha mudado: do cinza de final de tarde que tem caracterizado últimos dias de Toronto, a paisagem de inverno.
Neve. Por tudo. Carros, calçadas, tudo branco.
Parece que fica tudo mais quieto, mais em paz.
Volto para casa a pé, sentindo o vento gelado no rosto, os flocos de neve caindo e a temperatura de –4ºC. A música que toca no iPod é Ruby Tuesday, dos Rolling Stones, em magistral interpretação do Nei Lisboa, em gravação ao vivo, do CD Hi-Fi, de 1998.
Chego em casa, banho quente e fico olhando pela janela a neve que cai.
Tudo bem, tudo em paz.
Até.
Essa coisa de ‘odeio segunda-feira’ para mim nunca passou de lenda, bobagem até. Pensemos o seguinte: um sétimo da vida é composto de segundas-feiras. Logo, estaríamos de mau humor durante uma porção significativa de nossa existência. Só para ser mais preciso, segundo o IBGE (dados de 2003), a expectativa ou esperança de vida do brasileiro ao nascer é de 70,3 anos, o que quer dizer aproximados 25660 dias, dos quais um sétimo desses dias estaríamos de mal com a vida, o que equivaleriam a DEZ anos de mau humor. Dez anos!
Pois é, então esse papo de “odiar segunda-feira” é lenda.
Até porque essa coisa de “odiar” algo ou alguém é uma característica meio fresca. Pior ainda se disser que, se pudesse, jogava a segunda-feira no chão e sapeteava nela… Bom deixa pra lá, o que queria dizer era outra coisa.
Notei que as segundas-feiras agora tem um efeito sobre mim. Primeiro, achei que era porque eu ia dormir muito tarde aos domingos, por ficar vendo televisão, e acordava segunda-feira cansado. Era uma explicação lógica.
Mas essa semana eu fiz um teste: descansei durante o final de semana, e fui dormir mais ou menos cedo ontem. Resultado: hoje pela manhã eu estava tão cansado quanto nas outras semanas. Será que é a segunda-feira, que terá algum efeito nocivo em nós humanos, foi a pergunta que me fiz.
Até que me dei conta que não, era o meu corpo tentando me fazer virar sedentário e não ir fazer atividade física. Mas não conseguiu. Cheguei do hospital, fiz um lanche, troquei de roupa e fui para lá. Após uma hora de atividade física, saí para a rua fria, e o cenário tinha mudado: do cinza de final de tarde que tem caracterizado últimos dias de Toronto, a paisagem de inverno.
Neve. Por tudo. Carros, calçadas, tudo branco.
Parece que fica tudo mais quieto, mais em paz.
Volto para casa a pé, sentindo o vento gelado no rosto, os flocos de neve caindo e a temperatura de –4ºC. A música que toca no iPod é Ruby Tuesday, dos Rolling Stones, em magistral interpretação do Nei Lisboa, em gravação ao vivo, do CD Hi-Fi, de 1998.
Chego em casa, banho quente e fico olhando pela janela a neve que cai.
Tudo bem, tudo em paz.
Até.
domingo, fevereiro 05, 2006
A Sopa 05/29
Sempre acreditei que são as pequenas decisões que mudam a vida.
Uma teoria, claro, mas é de teorias que é feito o mundo. E é a partir das tentativas de provar nossas teorias, nossas idéias, é que construímos o conhecimento. Uma teoria é verdadeira até que provamos o contrário.
A teoria das pequenas decisões que mudam o mundo é de mais difícil comprovação, afinal como provar que foi por ler um jornal numa terça-feira de manhã que descobri – vinte e um anos atrás - que havia uma escola técnica que tinha um segundo grau técnico em operador de computador e que tinha prorrogado as inscrições para a prova de admissão por mais uma semana, e que era necessária a carteira de identidade para a inscrição, ou pelo menos o protocolo com número da mesma, e eu não tinha a carteira e consegui ir fazer no último dia e tirei uma foto de péssima qualidade que escureceu e por isso tive uma identidade com uma foto minha borrada e escura até me formar em medicina, quase dez anos depois, mas me adianto, dizia que me inscrevi no último dia para a prova de admissão da escola técnica de comércio e fiz a prova e entrei na escola para um curso técnico em computação, o que significava uma base fraca nas disciplinas de segundo grau, mais especificamente química, fisíca e biologia, mas no fundo não era importante porque eu ia cursar jornalismo, porque escrevo desde sempre, só que quando fui me inscrever resolvi que queria fazer medicina, uma influência distante do meu avô médico, que havia morrido quando eu tinha sete anos de idade, e acabei passando o terceiro ano do segundo grau em dúvida entre medicina e jornalismo, uma dia até resolvi definitivamente por jornalismo mas decisões definitivas aos dezesseis anos nunca são tão definitivas, e não fui aprovado no vestibular da universidade federal mas passei na puc, em primeira chamada, um dos mais novos da turma que foi até o fim, e não perdi o semestre mesmo tendo passado duas semanas em coma numa uti e mais duas internado com infecção porque a universidade entrou em greve no dia do acidente, e me formei em mil novencentos em noventa e quatro, inciando a residência em clínica médica e pneumologia em dois janeiro de janeiro de mil novecentos e noventa e cinco, que foi o dia que conheci a Jacque, e casamos um ano e meio depois, e lá se vão quase dez anos, sendo que o último ano e meio temos vivido assim, em dois hemisférios, com encontros virtuais diários e reais de tempos em tempos, porque estou no norte do mundo fazendo pós-doutorado, mas já quase voltando para casa e para o pampa, e para um futuro que ainda reserva muitas surpresas, estou certo.
Tudo isso porque eu li uma nota no jornal naquele dia de novembro de mil novecentos e oitenta e cinco.
Mas eu falava de decisões, e não existem apenas as pequenas decisões. Existem também as grandes decisões, as grandes encruzilhadas, os momentos-chave. Penso, contudo, que frente aos grandes dilemas da vida, apenas temos a ilusão de que podemos decidir: nestes casos, a decisão já está tomada. O fluxo, a onda, nos leva. Se estivermos atentos às pequenas decisões, as grandes cuidarão de sis mesmas.
Até.
Uma teoria, claro, mas é de teorias que é feito o mundo. E é a partir das tentativas de provar nossas teorias, nossas idéias, é que construímos o conhecimento. Uma teoria é verdadeira até que provamos o contrário.
A teoria das pequenas decisões que mudam o mundo é de mais difícil comprovação, afinal como provar que foi por ler um jornal numa terça-feira de manhã que descobri – vinte e um anos atrás - que havia uma escola técnica que tinha um segundo grau técnico em operador de computador e que tinha prorrogado as inscrições para a prova de admissão por mais uma semana, e que era necessária a carteira de identidade para a inscrição, ou pelo menos o protocolo com número da mesma, e eu não tinha a carteira e consegui ir fazer no último dia e tirei uma foto de péssima qualidade que escureceu e por isso tive uma identidade com uma foto minha borrada e escura até me formar em medicina, quase dez anos depois, mas me adianto, dizia que me inscrevi no último dia para a prova de admissão da escola técnica de comércio e fiz a prova e entrei na escola para um curso técnico em computação, o que significava uma base fraca nas disciplinas de segundo grau, mais especificamente química, fisíca e biologia, mas no fundo não era importante porque eu ia cursar jornalismo, porque escrevo desde sempre, só que quando fui me inscrever resolvi que queria fazer medicina, uma influência distante do meu avô médico, que havia morrido quando eu tinha sete anos de idade, e acabei passando o terceiro ano do segundo grau em dúvida entre medicina e jornalismo, uma dia até resolvi definitivamente por jornalismo mas decisões definitivas aos dezesseis anos nunca são tão definitivas, e não fui aprovado no vestibular da universidade federal mas passei na puc, em primeira chamada, um dos mais novos da turma que foi até o fim, e não perdi o semestre mesmo tendo passado duas semanas em coma numa uti e mais duas internado com infecção porque a universidade entrou em greve no dia do acidente, e me formei em mil novencentos em noventa e quatro, inciando a residência em clínica médica e pneumologia em dois janeiro de janeiro de mil novecentos e noventa e cinco, que foi o dia que conheci a Jacque, e casamos um ano e meio depois, e lá se vão quase dez anos, sendo que o último ano e meio temos vivido assim, em dois hemisférios, com encontros virtuais diários e reais de tempos em tempos, porque estou no norte do mundo fazendo pós-doutorado, mas já quase voltando para casa e para o pampa, e para um futuro que ainda reserva muitas surpresas, estou certo.
Tudo isso porque eu li uma nota no jornal naquele dia de novembro de mil novecentos e oitenta e cinco.
Mas eu falava de decisões, e não existem apenas as pequenas decisões. Existem também as grandes decisões, as grandes encruzilhadas, os momentos-chave. Penso, contudo, que frente aos grandes dilemas da vida, apenas temos a ilusão de que podemos decidir: nestes casos, a decisão já está tomada. O fluxo, a onda, nos leva. Se estivermos atentos às pequenas decisões, as grandes cuidarão de sis mesmas.
Até.
sábado, fevereiro 04, 2006
Sábado de trabalho
É incrível nossa capacidade de adaptação.
Foi ela a responsável por termos chegado até aqui – mesmo tendo que levar em conta o fator Chuck Norris – nesses milhões de anos de evolução desde o início, desde a sopa primordial onde surgiram as primeiras moléculas que ali, logo depois, se diferenciariam mais e mais até resultarem na – como diria o Luís Fernando Veríssimo – Patrícia Pillar (se bem que eu acho o ápice da evolução humana na Terra foi o Rolo Compressor, lendário time do Inter dos anos 40, e que após isso só temos caminhado para a aniquiliação que – posso garantir – inevitavelmente deverá ocorrer no próximo milhão de anos, e você, o que faz isso aí em frente ao computador, sabendo que tudo, até a Angelina Jolie, não tem mais do que um mísero milhão de anos antes do fim?). Isso que não falo do aquecimento global nem do aumento da obesidade das mulheres gregas.
Mas tergiverso.
Falava eu, antes de ser tomado por previsões apocalípticas, da capacidade de adaptação humana. Pois é, vinha eu no bonde hoje no final da manhã pensando nisso.
Desde que me formei em medicina, no já longínquo ano de 1994, trabalhar aos finais de semana tem sido uma constante. Não todos, claro, mas certamente na sua maioria. Isso até dois anos atrás. A partir de março de 2004, consegui ajeitar minha escala de plantões e livrei os finais de semana dos plantões. Claro que eventualmente teria que ir ao hospital ver paciente, mas não era ter que ficar de plantão.
Depois vim para o Canadá, e aí mesmo que não precisei mais ir ao hospital nos finais de semana. Até hoje, quando havia um paciente que precisava ser visto, e fui ao hospital sábado de manhã. Fui, bem na boa.
Hospital no sábado de manhã (desde que não estejas de plantão em emergência ou UTI) é outro mundo: silêncio, paz, tranquilidade.
Nem lembrava mais como era. Aliás, parecia que nunca eu tinha trabalhado em finais de semana.
Até.
Foi ela a responsável por termos chegado até aqui – mesmo tendo que levar em conta o fator Chuck Norris – nesses milhões de anos de evolução desde o início, desde a sopa primordial onde surgiram as primeiras moléculas que ali, logo depois, se diferenciariam mais e mais até resultarem na – como diria o Luís Fernando Veríssimo – Patrícia Pillar (se bem que eu acho o ápice da evolução humana na Terra foi o Rolo Compressor, lendário time do Inter dos anos 40, e que após isso só temos caminhado para a aniquiliação que – posso garantir – inevitavelmente deverá ocorrer no próximo milhão de anos, e você, o que faz isso aí em frente ao computador, sabendo que tudo, até a Angelina Jolie, não tem mais do que um mísero milhão de anos antes do fim?). Isso que não falo do aquecimento global nem do aumento da obesidade das mulheres gregas.
Mas tergiverso.
Falava eu, antes de ser tomado por previsões apocalípticas, da capacidade de adaptação humana. Pois é, vinha eu no bonde hoje no final da manhã pensando nisso.
Desde que me formei em medicina, no já longínquo ano de 1994, trabalhar aos finais de semana tem sido uma constante. Não todos, claro, mas certamente na sua maioria. Isso até dois anos atrás. A partir de março de 2004, consegui ajeitar minha escala de plantões e livrei os finais de semana dos plantões. Claro que eventualmente teria que ir ao hospital ver paciente, mas não era ter que ficar de plantão.
Depois vim para o Canadá, e aí mesmo que não precisei mais ir ao hospital nos finais de semana. Até hoje, quando havia um paciente que precisava ser visto, e fui ao hospital sábado de manhã. Fui, bem na boa.
Hospital no sábado de manhã (desde que não estejas de plantão em emergência ou UTI) é outro mundo: silêncio, paz, tranquilidade.
Nem lembrava mais como era. Aliás, parecia que nunca eu tinha trabalhado em finais de semana.
Até.
sexta-feira, fevereiro 03, 2006
A vitória da Democracia*
O resultado das eleições parlamentares palestinas demonstra que o desejo de soberania do país é majoritário na população. Portanto, ao resto do mundo não cabe julgar e nem condenar a escolha feita de maneira clara e livre. Tem-se apenas de respeitá-la e fazer todo o possível para viabilizar, sem preconceitos nem falsos conceitos, a legalização do Hamas, pois esta parece ser a última esperança do povo de um acordo justo e definitivo. A participação do Hamas, a organização exemplar, o clima de alegria em que o processo de votação ocorreu e a disciplina registrada na apuração dos votos, provam uma grande maturidade de militantes e eleitores, que responderam massiva e calmamente ao apelo das urnas.
Apesar disso e devido às práticas violentas do Hamas, aqui e ali se ouvem vozes alteradas, imagens agressivas veiculadas pela televisão e fisionomias estrangeiras perturbadas, temerosas de uma ‘islamização’ da Palestina. Como se os muçulmanos fossem majoritariamente obtusos e bárbaros. O que não são. No exílio, a Europa e os Estados Unidos estão cheios de intelectuais, cientistas, acadêmicos e criadores talentosos e tolerantes. Na Cisjordânia e em Gaza também.
Espera-se que, quando as armas do Hamas forem postas a serviço de um exército nacional e que os jovens tiverem liberdade e acesso ao estudo e ao trabalho, as palavras destes quadros bem preparados sejam ouvidas fora da Palestina e inspirem a reconciliação do povo de temperamento hospitaleiro, estudioso e aberto. No clima de tensão dos últimos anos era quase impossível que uma alternativa laica prevalecesse.
Um Fatah forte e com poder decisório teria sido o ideal, mas este não era o caso. Seu poder era fictício e a imagem de corrupção havia sabotado a credibilidade do partido e causado fissuras profundas. De tanto pressionar e humilhar os dirigentes do Fatah (quem não se lembra dos meses de reclusão ostensiva de Yasser Arafat em Ramallah?), os inimigos do Hamas acabaram contribuindo para legitimá-lo. Portanto, em vez de reclamar e lamentar o resultado das eleições o melhor é celebrar com os palestinos a vitória que obtiveram.
Quarenta e nove anos após a divisão das terras para a criação do Estado de Israel, pode-se afirmar que a Palestina é hoje um Estado de Fato e Democrático. A escolha do Hamas foi emitida por voto majoritário, e é irreversível e incontestável por qualquer que seja a força. Interna ou externa à Cisjordânia e a Gaza.
É claro que a juventude armada e desvairada é perigosa. Porém, estes mesmos jovens que em Gaza buscaram refúgio e esperança nas armas, após a partida dos colonos judeus, haviam dito ao Fatah que estavam aptos e prontos a integrar-se em uma polícia ou um exército regular, já que este era seu trabalho. Cabe agora ao Hamas a responsabilidade de encontrar-lhes emprego e à comunidade internacional autorizar a soberania política e militar do país.
O Movimento Islâmico de Resistência, cujo acrônimo Hamas significa entusiasmo, já é inevitável há anos, apesar de os ocidentais teimarem em ignorar sua influência. No exterior eles só eram conhecidos por suas ações militares, mas localmente, representavam um papel essencial junto à população carente dos territórios ocupados, sobretudo em Gaza.
Quando foi formado nos anos 70, suas atividades se resumiam a obras caritativas e culturais e sua participação política foi inclusive incentivada por Israel, para enfraquecer o Fatah. Com o passar dos anos e a impotência política, suas retaliações aos ataques israelenses foram se endurecendo, seu braço armado foi se estruturando, e sua influência foi aumentando até tornar-se o que é, após a última Intifada do início deste milênio, provocada pela presença de Ariel Sharon e sua escolta na Esplanada da Mesquita de Jerusalém.
Quando em 2001 Ariel Sharon foi eleito Primeiro Ministro de Israel, os progressistas do planeta tremeram, como tremem hoje os conservadores. O momento era de negociação e em vez de eleger um partido de conciliação, os israelenses optaram pelo extremismo do Likud. Temia-se o pior desse homem de guerra sanguinário, partidário da ‘Grande Israel’ e um dos principais responsáveis pelas colônias judias – o maior empecilho à paz pois inviabiliza a soberania do Estado Palestino. Mas como a terra gira e a história é forçosamente evolutiva, os apelidos de ‘carniceiro’, ‘bulldozer’, foram arrefecendo e após o orquestrado espetáculo da evacuação de Gaza (enquanto outras colônias continuam sendo construídas silenciosamente na Cisjordânia), hoje há quem chame Sharon de homem de paz.
Mudam os tempos, mudam as vontades, já dizia Camões. Prova disto, em 1948, Albert Einstein e outros intelectuais da época, enviaram uma carta ao New York Times condenando o recém criado em Israel Partido da Liberdade, por sua ‘organização, métodos, filosofia política e social assemelhar-se às dos partidos Nazista e Fascista’. Este grupo armado cometeu inúmeros atos de teor terrorista, horrendos massacres, mas acabou se adaptando à conjuntura local, se transformando, e em 1978, o seu ex-líder, Menachem Begin, foi perdoado e o passado enterrado no Prêmio Nobel da Paz.
O mesmo aconteceu com Yasser Arafat, que a geração de hoje viu como um homem sofrido e impotente em face da força bélica e política de seus adversários. A minha geração o conheceu como o líder combativo da OLP, movimento pelo reconhecimento da Palestina considerado terrorista durante anos – até ser reconhecido, seus membros se diluírem no Fatah e Arafat ser eleito chefe de um governo local precário, mas legal, que lutava pela liberdade e a autonomia de seu país.
Quem diria que o Fatah viria a ser o partido moderado laico defendido pelos ocidentais? Pode ser que a segurança que Mahmoud Abbas transmite às potências ocidentais seja justamente a fraqueza que tirou sua credibilidade e o fez perder as eleições.
O contexto agora é outro e as caras mudaram.
A mais conhecida é a de Ismail Hanyieh, nascido em um campo de refugiados no norte de Gaza e formado em Literatura na Universidade criada pelo Hamas, ao qual aderiu nos anos 80. Após a primeira Intifada, ele foi, junto com quatrocentos palestinos, expulso de seu país pelo então primeiro ministro de Israel, Yitzhak Rabin, para uma no man’s land (terra de ninguém) na fronteira com o Líbano. Um ato controvertido de Rabin, que jogou os refugiados nos braços da milícia xiita do Hezbollah, que os iniciou nos atentados suicidas.
Ismail Hanyieh retornou a Gaza em 1993, onde assumiu a chefia do Hamas quando o líder fundador e chefe espiritual do movimento, Ahmed Yassine, foi assassinado em 2004. Hanyieh é tido como um homem pragmático, capaz de adaptar-se a qualquer circunstância. Razão pela qual concordou em participar das eleições. A incógnita reside na data em que retirará do programa do Hamas a recusa de aceitação do Estado de Israel, um gesto de reciprocidade primordial.
A eminência parda do Hamas é Khaled Meschaal, de volta à Palestina e teoricamente o número um, apesar de seu exílio na Síria ter impedido que assumisse a sucessão política de Yassine. Ele é de Ramallah, formado em Física no Kuwait e militante do Hamas na Cisjordânia desde 1990. Estava exilado na Síria após ter escapado de várias tentativas de assassinato – a última, por envenenamento na Jordânia pelo Mossad (serviço secreto israelense), o que obrigou Israel a desculpar-se publicamente e a libertar Ahmed Yassine. Khaled Meschaal tem sido o negociador internacional do Hamas.
Tanto um quanto o outro foram criados na Palestina entrecortada por colônias judias, com a economia jugulada e sua população privada de perspectiva de futuro. Tanto um quanto o outro sabem que o futuro está na paz. Mas, nem um nem outro parece disposto a baixar a cabeça erguida a duras penas sofridas e infligidas.
Como em qualquer democracia, é lógico que nem todos na Palestina estejam satisfeitos com a vitória do candidato de oposição. No exterior também se pode estar insatisfeito, como com a reeleição de Georges W. Bush. Contudo, quando não se conhece a região apenas como turista ocidental, com guias israelenses, de ônibus e boné, como os jornalistas estrangeiros durante a evacuação de Gaza, consegue-se entender o porquê deste resultado indesejado e procura-se enxergar os palestinos, globalmente, como os seres humanos e sofridos que são.
Como os Estados Unidos em relação ao mundo, os direitos de Israel em relação à Palestina não têm limites. Em nome de uma segurança unilateral, tudo lhe é permitido: invadir impunemente os limites de uma fronteira imposta pela ONU, construir um muro além da Linha Verde (fronteira internacional), oprimir o povo que se encontra além deste, privá-lo de aeroporto, do direito de ir e vir e até de existir.
De certa maneira, este conflito entre Israel e Palestina lembra-me o período negro da Ditadura no Brasil. De um lado, a legalidade (in)constitucional com todos os direitos: de seqüestrar, matar e aterrorizar. Do outro, os ‘subversivos’ e seu terrorismo amador doloroso e desajeitado.
A nossa história tupiniquim terminou bem. Há quem diga que foi porque não levamos nada a sério. Outros, porque somos um país católico, em que o afeto e o perdão são inerentes à nossa condição humana. Ou então, que nosso horror a conflito faz com que vejamos que discussões sobre culpas e razões são estéreis, intermináveis e só servem para alimentar rancores.
Como dizia Ghandhi, ‘Olho por olho leva o mundo todo à cegueira’.
Eis então uma idéia para a diplomacia brasileira: favor aconselhar a uns e outros israelenses e palestinos, em Brasília e na ONU, que ponham fim ao ódio fratricida, à paranóia, à vitimização sem fim e que negociem uma anistia total e irrestrita!
Além do respeito dos tratados das Nações Unidas, é claro, pois a justiça é a condição sine qua non para a paz. Teriam sido ganhadas várias décadas e evitadas centenas de mortes se a fronteira entre Israel e a Palestina tivesse vigorado desde o início e se em Israel não se tivesse cultivado a amnésia.
Ainda é tempo de corrigir o erro, de retirar todos os colonos judeus da Palestina, retirar a Tsahal, derrubar o muro que ultrapassa a fronteira, respeitá-la e deixar os palestinos se emanciparem.
Em vez de crucificar o Hamas, é melhor que o Ocidente se questione do porquê de um Movimento de vocação cartitativa ter se transformado em carniceiro, e estender-lhe a mão antes que os fundamentalistas orientais o façam.
* Por Mariângela Berquó, especialista em geopolítica.
Correio Caros Amigos, 237º edição, 1º de fevereiro de 2006.
Apesar disso e devido às práticas violentas do Hamas, aqui e ali se ouvem vozes alteradas, imagens agressivas veiculadas pela televisão e fisionomias estrangeiras perturbadas, temerosas de uma ‘islamização’ da Palestina. Como se os muçulmanos fossem majoritariamente obtusos e bárbaros. O que não são. No exílio, a Europa e os Estados Unidos estão cheios de intelectuais, cientistas, acadêmicos e criadores talentosos e tolerantes. Na Cisjordânia e em Gaza também.
Espera-se que, quando as armas do Hamas forem postas a serviço de um exército nacional e que os jovens tiverem liberdade e acesso ao estudo e ao trabalho, as palavras destes quadros bem preparados sejam ouvidas fora da Palestina e inspirem a reconciliação do povo de temperamento hospitaleiro, estudioso e aberto. No clima de tensão dos últimos anos era quase impossível que uma alternativa laica prevalecesse.
Um Fatah forte e com poder decisório teria sido o ideal, mas este não era o caso. Seu poder era fictício e a imagem de corrupção havia sabotado a credibilidade do partido e causado fissuras profundas. De tanto pressionar e humilhar os dirigentes do Fatah (quem não se lembra dos meses de reclusão ostensiva de Yasser Arafat em Ramallah?), os inimigos do Hamas acabaram contribuindo para legitimá-lo. Portanto, em vez de reclamar e lamentar o resultado das eleições o melhor é celebrar com os palestinos a vitória que obtiveram.
Quarenta e nove anos após a divisão das terras para a criação do Estado de Israel, pode-se afirmar que a Palestina é hoje um Estado de Fato e Democrático. A escolha do Hamas foi emitida por voto majoritário, e é irreversível e incontestável por qualquer que seja a força. Interna ou externa à Cisjordânia e a Gaza.
É claro que a juventude armada e desvairada é perigosa. Porém, estes mesmos jovens que em Gaza buscaram refúgio e esperança nas armas, após a partida dos colonos judeus, haviam dito ao Fatah que estavam aptos e prontos a integrar-se em uma polícia ou um exército regular, já que este era seu trabalho. Cabe agora ao Hamas a responsabilidade de encontrar-lhes emprego e à comunidade internacional autorizar a soberania política e militar do país.
O Movimento Islâmico de Resistência, cujo acrônimo Hamas significa entusiasmo, já é inevitável há anos, apesar de os ocidentais teimarem em ignorar sua influência. No exterior eles só eram conhecidos por suas ações militares, mas localmente, representavam um papel essencial junto à população carente dos territórios ocupados, sobretudo em Gaza.
Quando foi formado nos anos 70, suas atividades se resumiam a obras caritativas e culturais e sua participação política foi inclusive incentivada por Israel, para enfraquecer o Fatah. Com o passar dos anos e a impotência política, suas retaliações aos ataques israelenses foram se endurecendo, seu braço armado foi se estruturando, e sua influência foi aumentando até tornar-se o que é, após a última Intifada do início deste milênio, provocada pela presença de Ariel Sharon e sua escolta na Esplanada da Mesquita de Jerusalém.
Quando em 2001 Ariel Sharon foi eleito Primeiro Ministro de Israel, os progressistas do planeta tremeram, como tremem hoje os conservadores. O momento era de negociação e em vez de eleger um partido de conciliação, os israelenses optaram pelo extremismo do Likud. Temia-se o pior desse homem de guerra sanguinário, partidário da ‘Grande Israel’ e um dos principais responsáveis pelas colônias judias – o maior empecilho à paz pois inviabiliza a soberania do Estado Palestino. Mas como a terra gira e a história é forçosamente evolutiva, os apelidos de ‘carniceiro’, ‘bulldozer’, foram arrefecendo e após o orquestrado espetáculo da evacuação de Gaza (enquanto outras colônias continuam sendo construídas silenciosamente na Cisjordânia), hoje há quem chame Sharon de homem de paz.
Mudam os tempos, mudam as vontades, já dizia Camões. Prova disto, em 1948, Albert Einstein e outros intelectuais da época, enviaram uma carta ao New York Times condenando o recém criado em Israel Partido da Liberdade, por sua ‘organização, métodos, filosofia política e social assemelhar-se às dos partidos Nazista e Fascista’. Este grupo armado cometeu inúmeros atos de teor terrorista, horrendos massacres, mas acabou se adaptando à conjuntura local, se transformando, e em 1978, o seu ex-líder, Menachem Begin, foi perdoado e o passado enterrado no Prêmio Nobel da Paz.
O mesmo aconteceu com Yasser Arafat, que a geração de hoje viu como um homem sofrido e impotente em face da força bélica e política de seus adversários. A minha geração o conheceu como o líder combativo da OLP, movimento pelo reconhecimento da Palestina considerado terrorista durante anos – até ser reconhecido, seus membros se diluírem no Fatah e Arafat ser eleito chefe de um governo local precário, mas legal, que lutava pela liberdade e a autonomia de seu país.
Quem diria que o Fatah viria a ser o partido moderado laico defendido pelos ocidentais? Pode ser que a segurança que Mahmoud Abbas transmite às potências ocidentais seja justamente a fraqueza que tirou sua credibilidade e o fez perder as eleições.
O contexto agora é outro e as caras mudaram.
A mais conhecida é a de Ismail Hanyieh, nascido em um campo de refugiados no norte de Gaza e formado em Literatura na Universidade criada pelo Hamas, ao qual aderiu nos anos 80. Após a primeira Intifada, ele foi, junto com quatrocentos palestinos, expulso de seu país pelo então primeiro ministro de Israel, Yitzhak Rabin, para uma no man’s land (terra de ninguém) na fronteira com o Líbano. Um ato controvertido de Rabin, que jogou os refugiados nos braços da milícia xiita do Hezbollah, que os iniciou nos atentados suicidas.
Ismail Hanyieh retornou a Gaza em 1993, onde assumiu a chefia do Hamas quando o líder fundador e chefe espiritual do movimento, Ahmed Yassine, foi assassinado em 2004. Hanyieh é tido como um homem pragmático, capaz de adaptar-se a qualquer circunstância. Razão pela qual concordou em participar das eleições. A incógnita reside na data em que retirará do programa do Hamas a recusa de aceitação do Estado de Israel, um gesto de reciprocidade primordial.
A eminência parda do Hamas é Khaled Meschaal, de volta à Palestina e teoricamente o número um, apesar de seu exílio na Síria ter impedido que assumisse a sucessão política de Yassine. Ele é de Ramallah, formado em Física no Kuwait e militante do Hamas na Cisjordânia desde 1990. Estava exilado na Síria após ter escapado de várias tentativas de assassinato – a última, por envenenamento na Jordânia pelo Mossad (serviço secreto israelense), o que obrigou Israel a desculpar-se publicamente e a libertar Ahmed Yassine. Khaled Meschaal tem sido o negociador internacional do Hamas.
Tanto um quanto o outro foram criados na Palestina entrecortada por colônias judias, com a economia jugulada e sua população privada de perspectiva de futuro. Tanto um quanto o outro sabem que o futuro está na paz. Mas, nem um nem outro parece disposto a baixar a cabeça erguida a duras penas sofridas e infligidas.
Como em qualquer democracia, é lógico que nem todos na Palestina estejam satisfeitos com a vitória do candidato de oposição. No exterior também se pode estar insatisfeito, como com a reeleição de Georges W. Bush. Contudo, quando não se conhece a região apenas como turista ocidental, com guias israelenses, de ônibus e boné, como os jornalistas estrangeiros durante a evacuação de Gaza, consegue-se entender o porquê deste resultado indesejado e procura-se enxergar os palestinos, globalmente, como os seres humanos e sofridos que são.
Como os Estados Unidos em relação ao mundo, os direitos de Israel em relação à Palestina não têm limites. Em nome de uma segurança unilateral, tudo lhe é permitido: invadir impunemente os limites de uma fronteira imposta pela ONU, construir um muro além da Linha Verde (fronteira internacional), oprimir o povo que se encontra além deste, privá-lo de aeroporto, do direito de ir e vir e até de existir.
De certa maneira, este conflito entre Israel e Palestina lembra-me o período negro da Ditadura no Brasil. De um lado, a legalidade (in)constitucional com todos os direitos: de seqüestrar, matar e aterrorizar. Do outro, os ‘subversivos’ e seu terrorismo amador doloroso e desajeitado.
A nossa história tupiniquim terminou bem. Há quem diga que foi porque não levamos nada a sério. Outros, porque somos um país católico, em que o afeto e o perdão são inerentes à nossa condição humana. Ou então, que nosso horror a conflito faz com que vejamos que discussões sobre culpas e razões são estéreis, intermináveis e só servem para alimentar rancores.
Como dizia Ghandhi, ‘Olho por olho leva o mundo todo à cegueira’.
Eis então uma idéia para a diplomacia brasileira: favor aconselhar a uns e outros israelenses e palestinos, em Brasília e na ONU, que ponham fim ao ódio fratricida, à paranóia, à vitimização sem fim e que negociem uma anistia total e irrestrita!
Além do respeito dos tratados das Nações Unidas, é claro, pois a justiça é a condição sine qua non para a paz. Teriam sido ganhadas várias décadas e evitadas centenas de mortes se a fronteira entre Israel e a Palestina tivesse vigorado desde o início e se em Israel não se tivesse cultivado a amnésia.
Ainda é tempo de corrigir o erro, de retirar todos os colonos judeus da Palestina, retirar a Tsahal, derrubar o muro que ultrapassa a fronteira, respeitá-la e deixar os palestinos se emanciparem.
Em vez de crucificar o Hamas, é melhor que o Ocidente se questione do porquê de um Movimento de vocação cartitativa ter se transformado em carniceiro, e estender-lhe a mão antes que os fundamentalistas orientais o façam.
* Por Mariângela Berquó, especialista em geopolítica.
Correio Caros Amigos, 237º edição, 1º de fevereiro de 2006.
Tarde em reunião
Quinta-feira, treze horas.
Reunião de preparação de um estudo que vai começar nos próximos dias, mas que já deveria ter começado há algum tempo. Estamos atrasados no cronograma, e o limite para iniciarmos (imposto por nós mesmos) está se esgotando.
Mesa grande, somos onze reunidos. Na ponta, a coordenadora do instituto que está comandando o estudo. Na outra ponta, eu, mas sem que isso signifque nada além de eu estar em frente à chefe. Longa pauta a percorrer. Discutimos vários aspectos que estão pendentes, acertamos detalhes, dirimimos dúvidas.
Em determinado momento, a chefe diz que o estudo tem que “sair do chão”, ou seja, que devemos começar a incluir pacientes. Olha para todos na sala, e diz que quem vai comandar o processo… vou ser eu. Concordo em silêncio, sem estresse, estou aqui para isso mesmo, vamos lá então.
De repente, sinto gosto de sangue na boca.
Aí percebo aquela dor como uma pontada bem fina, como se fosse uma faca trespassando… meu lábio inferior. Mordi o lábio inferior (um dos riscos de se mascar chicletes) e sangro.
A partir daí não consigo mais prestar atenção ao que dizem, imaginando mil estórias absurdas a partir dessa situação. Tubarões, vampiros, sanguessugas. Sexta-feira 13, Nightmare in Elm Street, e outros chavões de filmes de terror.
É incrível a minha capacidade de abstração ou, melhor, distração…
Até.
Reunião de preparação de um estudo que vai começar nos próximos dias, mas que já deveria ter começado há algum tempo. Estamos atrasados no cronograma, e o limite para iniciarmos (imposto por nós mesmos) está se esgotando.
Mesa grande, somos onze reunidos. Na ponta, a coordenadora do instituto que está comandando o estudo. Na outra ponta, eu, mas sem que isso signifque nada além de eu estar em frente à chefe. Longa pauta a percorrer. Discutimos vários aspectos que estão pendentes, acertamos detalhes, dirimimos dúvidas.
Em determinado momento, a chefe diz que o estudo tem que “sair do chão”, ou seja, que devemos começar a incluir pacientes. Olha para todos na sala, e diz que quem vai comandar o processo… vou ser eu. Concordo em silêncio, sem estresse, estou aqui para isso mesmo, vamos lá então.
De repente, sinto gosto de sangue na boca.
Aí percebo aquela dor como uma pontada bem fina, como se fosse uma faca trespassando… meu lábio inferior. Mordi o lábio inferior (um dos riscos de se mascar chicletes) e sangro.
A partir daí não consigo mais prestar atenção ao que dizem, imaginando mil estórias absurdas a partir dessa situação. Tubarões, vampiros, sanguessugas. Sexta-feira 13, Nightmare in Elm Street, e outros chavões de filmes de terror.
É incrível a minha capacidade de abstração ou, melhor, distração…
Até.
quarta-feira, fevereiro 01, 2006
Mais Chuck Norris
(Depois de ontem, não podia deixar de publicar mais alguns ensinamentos sobre ele. FONTE: Vítor Schleder de Borba)
28. Chuck Norris uma vez tomou um frasco inteiro de pílulas para dormir. Elas o fizeram piscar. Uma vez.
30. Não existem armas de destruição em massa no Iraque. Chuck Norris mora em Oklahoma.
31. Não existe teoria da evolução. Apenas uma lista de criaturas que Chuck Norris permitiu que vivam.
32. A maioria das pessoas tem 23 pares de cromossomos. Chuck Norris tem 72. E são todos venenosos.
33. Chuck Norris é o único ser humano que já derrotou uma parede de tijolos em um jogo de tênis.
34. A cena de abertura de "O Resgate do Soldado Ryan" é baseada em jogos de queimada que Chuck Norris jogava na segunda série.
35. As Tartarugas Mutantes Ninjas são baseadas em fatos reais: Norris certa vez engoliu uma tartaruga por inteiro e, quando a defecou, ela tinha 6 pés de altura e lutava karatê.
36. Quando vai doar sangue, Chuck recusa a seringa. Ao invés disso, usa uma arma e um balde.
37. Chuck Norris não usa gilete. Ele se bate no rosto. A única coisa que pode cortar Chuck Norris é Chuck Norris.
38. No começo, havia o nada. Até que Chuck o chutou na cara e disse: "arrume um emprego!". Esta é a história do Universo.
39. Chuck Norris nunca erra um strike jogando boliche. Ele acerta um pino e os outros nove caem de medo.
40. Antes de ele perder um presente de Chuck Norris, Papai Noel era real.
41. Chuck Norris já esteve em Marte. É por isso que nao existe sinal de vida lá.
42. Os dinossauros olharam feio para Chuck Norris uma vez. Apenas uma vez.
Pronto. Amanhã NÃO tem mais Chuck Norris…
28. Chuck Norris uma vez tomou um frasco inteiro de pílulas para dormir. Elas o fizeram piscar. Uma vez.
30. Não existem armas de destruição em massa no Iraque. Chuck Norris mora em Oklahoma.
31. Não existe teoria da evolução. Apenas uma lista de criaturas que Chuck Norris permitiu que vivam.
32. A maioria das pessoas tem 23 pares de cromossomos. Chuck Norris tem 72. E são todos venenosos.
33. Chuck Norris é o único ser humano que já derrotou uma parede de tijolos em um jogo de tênis.
34. A cena de abertura de "O Resgate do Soldado Ryan" é baseada em jogos de queimada que Chuck Norris jogava na segunda série.
35. As Tartarugas Mutantes Ninjas são baseadas em fatos reais: Norris certa vez engoliu uma tartaruga por inteiro e, quando a defecou, ela tinha 6 pés de altura e lutava karatê.
36. Quando vai doar sangue, Chuck recusa a seringa. Ao invés disso, usa uma arma e um balde.
37. Chuck Norris não usa gilete. Ele se bate no rosto. A única coisa que pode cortar Chuck Norris é Chuck Norris.
38. No começo, havia o nada. Até que Chuck o chutou na cara e disse: "arrume um emprego!". Esta é a história do Universo.
39. Chuck Norris nunca erra um strike jogando boliche. Ele acerta um pino e os outros nove caem de medo.
40. Antes de ele perder um presente de Chuck Norris, Papai Noel era real.
41. Chuck Norris já esteve em Marte. É por isso que nao existe sinal de vida lá.
42. Os dinossauros olharam feio para Chuck Norris uma vez. Apenas uma vez.
Pronto. Amanhã NÃO tem mais Chuck Norris…
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