quinta-feira, julho 31, 2008

Trinta e seis

Hoje teve consulta com a obstetra.

Em determinado momento da consulta, falei que eu estava pronto para ir para o hospital a qualquer momento, no que a Jacque respondeu para eu me acalmar, que era muito cedo. Retruquei que não, já podia nascer, afinal atingíramos a trigésima sexta semana de gestação, entráramos no último mês. A obstetra, então, concordou comigo, e disse:

"Está certo, já pode nascer. Chegamos lá."

Provavelmente ainda vai levar algumas semanas, não mais que quatro, para a Marina nascer, mas é tranquilizador saber que ela já PODE nascer, afinal agora só ganha peso. A maratona da gestação está quase vencida, agora faltam apenas os últimos metros dessa corrida. Quase lá, quase lá.

Por outro lado, está tudo praticamente pronto. Os detalhes, se faltam, são mínimos.

Pode-se dizer que, agora sim, é o que o "bicho vai pegar".

Toda a vida vai mudar para sempre, mesmo.

Lembro de uma vez, há muitos anos, em que velejávamos, meu irmão e eu, no nosso barquinho da época, o "Eu Sei", pelas águas turvas do Guaiba. Era inverno, dia de semana, o céu plúmbeo e vento forte. Saímos do Veleiros do Sul, nosso clube, e fomos em direção ao Estaleiro Só, na época ainda em atividade de construção e demolição de navios.

Quanto mais nos aproximávamos do estaleiro, onde estava ancorado um grande navio para ser demolido, obviamente que maior ficava o navio e menor ficávamos nós em comparação. Quanto mais perto, maior a parede crescia e menor nosso barquinho. Até que decidimos voltar, com isso saindo de perto do navio, para nos afastar do que nos fazia pequenos, para voltar à sensação de segurança. Nunca esqueci da sensação de fragilidade que se apossou de nós, diante da visão do gigante à frente.

O que sinto agora, contudo, é que vou em meu barquinho em direção a um gigante muito maior, mas - à medida que me aproximo dele - mais seguro e preparado para o que vem por aí.

Até.

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