domingo, julho 13, 2008

A Sopa 07/45

A Viagem (28)

Desde antes de sair do Brasil, desde que começamos a planejar essa viagem, já sabíamos que na quinta-feira, nosso penúltimo dia em Paris, haveria uma greve geral dos transportes. Estava anunciada há meses, portanto, e começaria à meia-noite de quarta para quinta e se estenderia até às oito horas desse dia. Simples, organizado, civilizado. Planejamos, dessa forma, nosso roteiro por Paris a partir dessa informação. Haveria um dia em que não teríamos o metrô a nossa disposição para os deslocamentos. A partir dessa estratégia de deixar para visitar os lugares mais próximos ao Hotel Victoria Chatêlet no dia da greve, deixamos diversos locais a serem visitados nos dois últimos dias de Paris, a começar pela Notre Dame, por onde passávamos mais de uma vez por dia, e que estava sempre superlotada.

Quinta-feira de manhã, começo da greve.

Saímos do hotel e a primeira constatação foi de que as bicicletas para aluguel, novidade em Paris e que um dos pontos de retirada era justamente em frente ao hotel, haviam desaparecido. Além disso, parecia feriado na cidade: pouca gente nas ruas, muitos estabelecimentos comerciais fechados. O tempo, ao menos, estava perfeito. O céu era azul sem nuvens e o sol brilhava. Nosso primeiro objetivo era tomar café da manhã, o que fizemos no Pomme au Pain junto ao Fórum de Les Halles.

Les Halles foi o tradicional mercado central de Paris, conhecido como o “estômago” da cidade. Em 1971 o mercado foi demolido para as obras do RER (rede de trens suburbanos que corta Paris) e deu lugar a um shopping subterrâneo chamado, então, de Fórum de Les Halles. Já foi ponto de tráfico de drogas e não se recomendava circular pela área à noite. Junto a ele, fica a igreja de Saint-Eustache, considerada uma das mais belas de Paris. Com estrutura gótica e decoração renascentista, foi construída entre 1537 e 1632, e contém o maior órgão de tubos da França, com mais de 80000 tubos. Durante o verão, em junho e julho, grupos corais se apresentam na igreja.

Ao lado de fora da igreja está a escultura “A Escuta” de Henri de Miller, composta por uma cabeça e uma mão que fica como – já diz o nome – estivesse tentando ouvir algo. É comum crianças sentarem na palma da mão ou nos dedos para fotografias. Próximo ao Les Halles e do Marais, fica o Centre Georges Pompidou, nossa próxima parada.

Também conhecido por Beauborg, área onde está localizado, construído entre 1971 e 1977, o edifício - que é uma atração turística por si próprio, abriga o Musée National d'Art Moderne e uma vasta biblioteca pública. Tem seu nome em homenagem ao presidente francês entre 1969 e 1974. É tido como um edifício do avesso: escadas rolantes, elevadores, tubulações de água e as vigas de aço que formam o esqueleto do prédio ficam amostra, projeto dos arquitetos Richard Rogers, Renzo Piano e Gianfranco Franchini.

Para nosso azar, devido à greve ele estava fechado, o que deveríamos ter previsto, admito. Visitamos (e fotografamos) apenas a Place Igor Stravinski, junto ao Pompidou. De lá, caminhamos até o Marais, originalmente um bairro burguês e hoje em dia um dos locais mais legais de Paris, com muito restaurantes, galerias de arte e museus, para ir até a Place des Vosges.

Construída em 1605 por Henrique IV e perfeitamente simétrica, a Place des Vosges é considerada uma das mais belas de Paris e do mundo por visitantes. São trinta e seis casas, nove de cada lado, construídas sobre arcadas que hoje abrigam lojas e cafés. O Cardeal Richelieu morou ali, por exemplo. O dia de céu azul e sol ajudou a compor um belo cenário para as diversas fotos tiradas ali enquanto ficamos um certo tempo sentados nos bancos embaixo das árvores apreciando o lugar. Próximo dali, a poucas quadras, nosso próximo destino, a Place de la Bastille.

A prisão que deu o nome à praça, e que foi atacada por revolucionários em 14 de julho de 1789, estopim da Revolução Francesa, já não existe mais, e a praça é basicamente uma rotatória movimentada em cujo centro está a Colonne de Juillet, uma coluna de 52m de altura construída em honra das vítimas da revolução de 1830, em que o rei Charles X foi deposto e assumiu Louis-Philipe, o duque de Orleans, mas isso é outra história. Escolhemos a praça, e um café ali, como nosso ponto para o primeiro café do dia (após o café da manhã, claro) além de uma cerveja para o Pedro.

Descansados após a breve parada – em que se aproveitou para uma rápida ida ao toillet – seguimos andando (como seria durante todo o dia) em direção à Île de Saint-Louis, que atravessamos por suas ruas estreitas e calmas até a Pont Saint-Louis, que a liga com a Île de la Cité, saindo exatamente nos fundos da Catedral de Notre Dame que, para variar, estava lotada e com fila para entrar. Decidimos, mais uma vez, adiar a visita, agora para nosso último dia de estada, última chance de visitá-la.

Hora de atravessar o Sena para a Rive Gauche.

Semana que vem, semana que vem.

Até.

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