Noite de quarta-feira passada, dezenove de agosto.
Final do primeiro tempo e o Inter perde o jogo por um a zero para o Chivas em pleno Beira-Rio lotado de torcedores. Todos parecem estar no estádio, e até mesmo o Pelé está assistindo à final da Libertadores ao vivo, in loco.
Menos eu.
Estou sentado sozinho na sala de casa, em frente à televisão, vestido com a camiseta do Inter e o mesmo casaco vermelho com a inscrição ‘Canadá’ que usei na final de 2006 contra o São Paulo. Não sou supersticioso, non creo en brujas, pero que las hay... A Marina já está dormindo e a Jacque lê um livro no quarto, já quase dormindo. É um momento solitário, esse de assistir a um jogo dessa grandeza. Mesmo que estivesse no estádio, com outros cinqüenta mil colorados, cantando junto com eles, seria um momento solitário, de introspecção, de silêncio.
Começa o segundo tempo.
O Inter joga melhor, mas o gol de empate – suficiente para sermos campeões – demora a ocorrer. Quando ocorre, a paz cai sobre o mundo: tudo está no seu lugar. No momento do gol da virada, vou até o armário e pego uma calça, um tênis e aviso a Jacque que vou circular pela cidade após o jogo, para ver a celebração. Vem o terceiro, termina o jogo e a festa começa em Porto Alegre.
Não levanto do sofá, afinal quero assistir a entrega da taça, a celebração no estádio, algumas entrevistas. Planejo sair depois, afinal a noite será longa, e a manhã de quinta-feira está tranqüila. Assisto a tudo, em melhor posição do que se estivesse no estádio.
Os jogadores correm pelo gramado comemorando, a torcida começa a deixar o estádio. Mais de uma e trinta da madrugada. Olho as calças e o tênis prontos para eu sair. Olho a tevê, olho o relógio e, de novo, para as calças e o tênis. Decido ir dormir. Amanhã eu comemoro.
E em Abu Dhabi, quem sabe em Abu Dhabi.
Até.
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