(Uma Sopa de cinco anos atrás, porque estou muito cansado... Ah, hoje é o Dia Nacional de Combate ao Fumo. Não se fume.)
Viajar é uma experiência única.
Assim como uma pessoa nunca cruza duas vezes o mesmo rio (porque o rio não é mais mesmo assim como pessoa também não é mais a mesma), duas pessoas visitando um mesmo lugar ao mesmo tempo não estarão vendo a mesma coisa, ou sentindo as mesmas sensações. Existem quase que infinitas versões de Paris, ou New York, assim como é o número de pessoas multiplicado pelo número de vezes em que estiveram lá, e cada um, cada vez, visitou uma cidade diferente.
Mas diferente em parte, claro. A torre Eiffel ou o Central Park serão essencialmente os mesmos. Talvez com pequenas alterações, restaurações ou manutenções, mas no seu cerne, manter-se-ão os mesmos. Assim como nós, que mudados, ou em circunstâncias diferentes de vida, seremos diferentes, mas no fundo os mesmos. A essência.
Isso torna mais interessante visitar mais de uma vez os mesmos lugares, cidades ou países, não importa. Porque iremos ver com olhos “atualizados” o nosso destino de viagem, e atualizaremos nossa impressão sobre o mesmo. É o ponto positivo de visitar pela segunda (ou terceira, ou quarta) um mesmo local: renovar as sensações. Ou conhecer mais do mesmo, que sempre é um acréscimo, uma virtude a mais. Não ter a obrigação de visitar determinadas “atrações” é um prazer tão grande quanto o de visitá-las pela primeira vez. Ou ainda ver sob outros ângulos aquilo que já parecia bem conhecido.
Sentir-se livre para andar sem pressa, olhando muito para os lados, para as pessoas, algumas vezes ter o prazer de ser confundido com um local, com alguém que faz parte daquele contexto, daquela intricada rede de relações que chamamos de cidades. É o que diferencia o viajante do turista (ou não): a não obrigação de ver tudo em pouco tempo, não ser regido pela ampulheta que determina onde, quando e por quanto tempo ir aos lugares.
Penso isso nessa manhã nublada de domingo. Já choveu um pouco, e o meu plano de me deitar na grama do Central Park e ficar lá, olhos fechados, sentindo o calor do sol do final do verão, vai ser adiado. Lembro, então, que estive aqui há um ano, ainda nos meus primeiros dias de exílio, a sensação de desajustamento e de ter sido “arrancado” do mundo que vivia para um outro, desconhecido, eram bem fortes. Lembro que vim para cá para estar com família, me sentir novamente parte de algo.
Um ano depois, de volta, agora que tudo isso, o norte, já é parte de mim, e faço parte dele, vejo uma outra cidade. Muito melhor, muito mais viva e cheia de vida (ou sou eu que estou assim?). Não tão boa quanto o foi em dezembro, quando a Jacque estava aqui, mas definitivamente um espetáculo de cidade.
Até.
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