Crônicas e depoimentos sobre a vida em geral. Antes o exílio; depois, a espera. Agora, o encantamento. A vida, afinal de contas, não é muito mais do que estórias para contar.
quinta-feira, setembro 29, 2011
Quase que por acaso, assisti a homenagem feita ao Renato Russo e Legião Urbana no Rock in Rio.
Me emocionei, confesso.
Como parte desse mês de setembro que tem sido rico em experiências e recordações, mais uma vez voltei no tempo, e me senti muito jovem novamente.
Ainda sinto como se tivessémos todo o tempo do mundo.
Mas sei que mudaram as estações...
Até.
quarta-feira, setembro 28, 2011
terça-feira, setembro 27, 2011
Liguei a TV e estava dando um documentário sobre os Alpes da Bavária, na NatGeo.
Mostrava as quatro estações do ano, as mudanças no cenário e como os animais sobrevivem durante o inverno.
Pensei - com saudades - que está na hora de voltar ao Alpes, quem sabe no inverno.
Procurei uma foto para colocar aqui, mas parei nessa - que não é na Alemanha - para representar o meu afeto por essa região... (na verdade é no Lago Blu, em Cervinia, tirada em outubro de 2007, e a montanha é o Matterhorn).
Até.
segunda-feira, setembro 26, 2011
domingo, setembro 25, 2011
A Sopa 11/04
Eu sou o cara que vai morrer.
De um tempo para cá, e não consigo precisar
exatamente quando, surgiu em mim a idéia fixa de que – como dito na afirmação
anterior – sou o cara que vai morrer. Eu sou assim, cultivo esse meu lado
paranóico com certo carinho, e - de tempos em tempos - descubro, ou invento,
uma idéia a qual me fixo durante um período. Como a idéia da “Inevitável Grande
Tragédia”, que nesse momento não vem ao caso. Mas eu falava que sou o candidato
a morrer.
Explico, explico.
Funciona mais ou menos assim, de maneira
simplificada: sou sedentário, tenho sobrepeso, estou na meia-idade, trabalhando
enlouquecidamente e estressado. Logo, sou o candidato perfeito para um infarto
do miocárdio, verdade pura e cristalina, lógica. Quase, praticamente,
inevitável. Poderia dizer que estou numa via de mão única e sem retorno para a
doença.
Poderia, mas não vou dizer.
E não vou fazê-lo porque as coisas não são
exatamente assim. Sim, é verdade que sou sedentário, com sobrepeso, meia-idade,
etc., mas ainda tenho (ao menos a ilusão do) controle sobre minha vida, e posso
mudar aquilo que deve ser mudado, que não está bom. A maior conquista dos
últimos anos foi esta: controle sobre o que é realmente importante, aquilo que
depende da minha vontade/esforço. Aquilo que não controlo, que realmente não
tem como controlar, me faz tentar cada vez me preocupar menos, me estressar
menos. Difícil, nem sempre consigo, mas vale a tentativa.
O que posso mudar, ajustar, estou fazendo aos
poucos, como se aparando arestas que precisam ser aparadas. Sintonia fina.
Deixando para trás alguns pesos que carrego/carregava sem necessidade. Cortando
amarras que me prendiam e me seguravam.
Tudo tem sido cansativo, confesso. A rotina, os
projetos, as obrigações profissionais, os desafios que vem por aí. O ano se
encaminha para o seu último trimestre e remo já com alguma dificuldade. Os
próximos dois meses e meio passarão voando e serão intensos. Depois, vou parar
– de férias – e descansar mesmo. Quando voltar ao trabalho, em janeiro, já
terei eliminado alguns dos fatores de risco que hoje convivem comigo. Dois mil
e doze será especial, estou certo.
E já penso como comemorar os meus quarenta anos.
Até.
sábado, setembro 24, 2011
Sábado (e Volare)
quinta-feira, setembro 22, 2011
Passado
Por conta de reencontros e lembranças de tempos idos, nos últimos dias comecei a fazer uma incursão no passado. Abri caixas e vasculhei histórias. Cartas e fotografias, gente que foi embora (a casa fica bem melhor assim...).
E também percebi que preciso me reabilitar com algumas histórias, algumas pessoas que não deveriam estar longe. Aproximar dos amigos que nunca deveriam ter se afastado mas, por distração ou outras circunstâncias da vida, acabaram mais longe do que deveriam.
É tempo de revisitar.
Sabe? O céu de Ícaro tem mais poesia que o de Galileu.
Até.
E também percebi que preciso me reabilitar com algumas histórias, algumas pessoas que não deveriam estar longe. Aproximar dos amigos que nunca deveriam ter se afastado mas, por distração ou outras circunstâncias da vida, acabaram mais longe do que deveriam.
É tempo de revisitar.
Sabe? O céu de Ícaro tem mais poesia que o de Galileu.
Até.
domingo, setembro 18, 2011
A Sopa 11/03
Perspectiva.
Vez por outra, é preciso parar, se afastar de tudo, e olhar a vida com certo distanciamento, para poder avaliar e reavaliar os caminhos já trilhados e aqueles que estão a nossa frente. Costumo lembrar a música ‘Paisagem Campestre’, do grande Nei Lisboa, que fala “Eu subi pro alto da montanha / Pra ver a planície / Os homens pequeninos / A aldeia de longe, longe, longe...”, e que fala exatamente isso. Claro que a música não é sobre reavaliar a vida. Ele se afasta mais do que tudo para esquecer Rosa. Após meses, uma súbita compreensão o faz voltar ao convívio das gentes, mas ele chega, ora vejam, a tempo de ver o casamento de Rosa com o filho do comerciante mais rico da cidade. Conclui ele, ao final, “Ah, vidinha burra / Nunca mais subi a montanha”...
Não é, evidentemente, esse o enfoque do que quero falar.
Ainda fugindo do assunto principal, e mantendo-me na música, lembro que, no meu primeiro ano de residência médica em clínica, tive uma paciente chamada – justamente – Rosa. Caso complicado, portadora de hipertensão arterial grave de difícil controle, com insuficiência renal devido à pressão alta, ela ficou internada por mais de um mês na enfermaria. Pois não é que passei esse mês inteiro entrando na enfermaria com essa música em mente? Ainda hoje, quando a ouço, lembro da paciente, que perdi de vista e certamente veio a falecer pouco tempo depois...
Mas falava de parar para reavaliar a vida.
Usualmente, nem conseguimos parar um pouco para pensar, presos que estamos nessa loucura que é a vida diária, quanto mais subir uma montanha. Mas, de tempos em tempos, surge uma oportunidade de nos depararmos com quem éramos no passado, olhar como tem sido a vida com aquele distanciamento de que falei, e poder discutir isso com quem te conhece desde o tempo em que as primeiras encruzilhadas apareceram e as primeiras escolhas foram feitas. Quem acompanha essa caminhada desde o início, e quem pode dizer, sem medo, se estás errado ou não. Poucas pessoas no mundo têm essas credenciais, e quando nos reunimos é sempre revelador.
Aconteceu na sexta-feira que passou.
Fomos surpreendidos, o Márcio e eu, por um e-mail na quarta à tarde, avisando que o Radica estava chegando a Porto Alegre naquele mesmo dia. Organizamos nossos horários e nos reunimos para um happy hour na sexta-feira no final do dia. Conversamos, conversamos, conversamos e conversamos, como fazemos há quase vinte e cinco anos. Sobre tudo, como sempre. Determinada hora, depois de uma pizza, o rompante adolescente: vamos para onde agora?
Para a praia, claro.
Dez e meia da noite, estávamos na estrada contando histórias. Por volta da meia-noite, chegamos ao litoral norte, numa noite típica do litoral norte gaúcho no inverno: deserto, vento nordeste inclemente, frio. Impossível descer do carro sem comer areia. Circulamos por ruas desertas, paramos por uns minutos numa praça para um brinde a nós, e pegamos a estrada de volta, contando histórias e falando da vida.
Por que a praia?
Não importava o destino.
A estrada, os amigos. É isso.
Até.
Vez por outra, é preciso parar, se afastar de tudo, e olhar a vida com certo distanciamento, para poder avaliar e reavaliar os caminhos já trilhados e aqueles que estão a nossa frente. Costumo lembrar a música ‘Paisagem Campestre’, do grande Nei Lisboa, que fala “Eu subi pro alto da montanha / Pra ver a planície / Os homens pequeninos / A aldeia de longe, longe, longe...”, e que fala exatamente isso. Claro que a música não é sobre reavaliar a vida. Ele se afasta mais do que tudo para esquecer Rosa. Após meses, uma súbita compreensão o faz voltar ao convívio das gentes, mas ele chega, ora vejam, a tempo de ver o casamento de Rosa com o filho do comerciante mais rico da cidade. Conclui ele, ao final, “Ah, vidinha burra / Nunca mais subi a montanha”...
Não é, evidentemente, esse o enfoque do que quero falar.
Ainda fugindo do assunto principal, e mantendo-me na música, lembro que, no meu primeiro ano de residência médica em clínica, tive uma paciente chamada – justamente – Rosa. Caso complicado, portadora de hipertensão arterial grave de difícil controle, com insuficiência renal devido à pressão alta, ela ficou internada por mais de um mês na enfermaria. Pois não é que passei esse mês inteiro entrando na enfermaria com essa música em mente? Ainda hoje, quando a ouço, lembro da paciente, que perdi de vista e certamente veio a falecer pouco tempo depois...
Mas falava de parar para reavaliar a vida.
Usualmente, nem conseguimos parar um pouco para pensar, presos que estamos nessa loucura que é a vida diária, quanto mais subir uma montanha. Mas, de tempos em tempos, surge uma oportunidade de nos depararmos com quem éramos no passado, olhar como tem sido a vida com aquele distanciamento de que falei, e poder discutir isso com quem te conhece desde o tempo em que as primeiras encruzilhadas apareceram e as primeiras escolhas foram feitas. Quem acompanha essa caminhada desde o início, e quem pode dizer, sem medo, se estás errado ou não. Poucas pessoas no mundo têm essas credenciais, e quando nos reunimos é sempre revelador.
Aconteceu na sexta-feira que passou.
Fomos surpreendidos, o Márcio e eu, por um e-mail na quarta à tarde, avisando que o Radica estava chegando a Porto Alegre naquele mesmo dia. Organizamos nossos horários e nos reunimos para um happy hour na sexta-feira no final do dia. Conversamos, conversamos, conversamos e conversamos, como fazemos há quase vinte e cinco anos. Sobre tudo, como sempre. Determinada hora, depois de uma pizza, o rompante adolescente: vamos para onde agora?
Para a praia, claro.
Dez e meia da noite, estávamos na estrada contando histórias. Por volta da meia-noite, chegamos ao litoral norte, numa noite típica do litoral norte gaúcho no inverno: deserto, vento nordeste inclemente, frio. Impossível descer do carro sem comer areia. Circulamos por ruas desertas, paramos por uns minutos numa praça para um brinde a nós, e pegamos a estrada de volta, contando histórias e falando da vida.
Por que a praia?
Não importava o destino.
A estrada, os amigos. É isso.
Até.
sábado, setembro 17, 2011
domingo, setembro 11, 2011
A Sopa 11/02
Felizes Estranhos Parte 2.
Há cerca de vinte e três anos atrás, e a recorrência dessa referência – a passagem dessas duas décadas e pouco – não é gratuita, como será esclarecido adiante, tive acesso e puder ler um texto chamado ‘Felizes Estranhos’, escrito por um grande amigo e contando a história de um grupo do qual eu fazia parte naquela época, em que tínhamos em torno de dezesseis anos. Como muitas vezes acontece, as histórias e experiências desse período da vida acabam ficando marcadas para sempre na memória dos envolvidos, de certa forma moldando quem nos tornamos no futuro.
As história em questão, chamada ‘Felizes Estranhos’, e aí poderíamos colocar como trilha sonora ao fundo a música ‘The Weight’ (The Band, da trilha de Easy Rider, mas que entra aqui por ter feito parte da trilha de ‘Big Chill’, ou ‘O Reencontro’, que é sobre – como o título diz – um reencontro de amigos após muito anos, por ocasião do funeral de um deles, que se suicidara), fala de como (o grupo de que fiz parte) se conheceu, narra histórias do grupo, e dá uma versão dos fatos que levaram ao seu fim, coincidentemente quando terminou o tempo de escola e cada um seguiu o seu caminho. Aquele texto se perdeu no correr dos anos, talvez em alguma mudança, quem sabe numa distração, não importa. Importa que tanto o nome quanto seu significado permaneceram no inconsciente, e vieram à tona na última semana. Quando pensei em escrever sobre isso, um reencontro, a escolha do título foi mais que óbvia.
Era hora da segunda parte.
Contextualizando.
Há alguns meses, motivado pelo reencontro – via Facebook – de alguns ex-colegas (chamemos assim, por enquanto) do meu tempo de Escola Técnica de Comércio, onde fiz o ensino secundário técnico em operação de computadores, disponibilizei duas fotos que eu tinha daquele tempo que eu havia digitalizado. Trocamos mensagens e fizemos algumas promessas de reencontro, que provavelmente ficariam no campo das intenções (circunstâncias da vida) caso não entrassem na história outros dois colegas – Ricardo Wanke de Melo e Marcus Cerutti – que em pouco mais de duas semanas conseguiram localizar praticamente todos os formandos da Turma Operador de Computador Diurno de 1988 e, mais que isso, organizaram uma reunião do grupo – na casa do casal Luis Fernando Garcia e Letícia Silva Garcia – na última quarta-feira, sete de setembro. Reencontraria colegas que não via desde a noite de 22 de dezembro de 1988, data de nossa formatura.
Não preciso dizer que foi um turbilhão de sensações/emoções.
E ainda nem falo do encontro em si.
Só o fato de trocarmos mensagens no grupo criado virtualmente já me fez (e só posso falar por mim, e reconheço esse defeito, de poder, ou conseguir, falar apenas de mim) voltar no tempo. Lembrar de muitas histórias, não lembrar muitas outras (e me assustar com a quantidade de coisas que se perderam na minha memória, a ponto de brincar que achava que havia me enganado de grupo e de reencontro...) me fez refletir sobre o que aconteceu comigo nesses anos todos que passaram. Revisitar, refazer, mesmo que na memória, caminhos trilhados.
O primeiro grande pensamento é – imposição óbvia – sobre a passagem do tempo, suas repercussões, seu poder de colocar as coisas em perspectiva, de tornar menores fatos e eventos que à época pareciam imensos e intransponíveis. Os anos passaram e nos tornamos mais tolerantes, menos sérios.
A adolescência é um período em que os eventos são graves, de grandes proporções. A necessidade de afirmação, de se impor como indivíduos e como parte de grupos, nos faz muitas vezes sermos sectários e não abertos ao contraditório. Como se apenas nossa visão de mundo, o nosso grupo, fossem certos. Branco ou preto, sem os vários tons de cinza que depois aprendemos que existem. Todos precisamos de um tempo para colocar o passado em perspectiva, só que uns precisam de mais tempo que os outros. Alguns, e é uma pena isso, nunca superam essa fase.
Além da expectativa pelo reencontro, havia um medo.
Medo do passado, de perceber que o que eu lembrava daquela época estava errado, de que as coisas não tivessem sido exatamente como eu lembrava (e nossa memória pode muitas vezes ser traiçoeira, para nos proteger). Medo de ter sido esquecido ou, pior, de nem ter sido notado. Dentro do processo de volta no tempo que foi o pré-encontro, inseguranças típicas de adolescente.
Ao encontro, então.
Acho que fomos os últimos a chegar (o Márcio estava de carona comigo) e, antes de subir à cobertura onde todos estavam, senti um frio na barriga: como seria, como seria?
Foi, numa palavra, leve.
A reafirmação de que sim, houve um passado comum, existiram diferenças que olhadas daqui de longe não tinham a menor importância – como já se sabia de antemão – e que – acima de tudo – tínhamos uma ligação entre nós. Constatamos que o que vivemos nos liga e sempre nos ligará, não importa quanto tempo passe, dez, vinte ou quarenta anos. Que sempre seremos os adolescentes que fomos, e que isso não se perde.
Passados mais de vinte anos, no fundo ainda éramos os mesmos, mas certamente diferentes. Conhecidos e ligados, mas ainda assim estranhos. Felizes estranhos. Parte dois.
E a segunda parte recém começa.
O que vai ser? Só o tempo dirá.
O tempo, sempre ele.
Até.
Há cerca de vinte e três anos atrás, e a recorrência dessa referência – a passagem dessas duas décadas e pouco – não é gratuita, como será esclarecido adiante, tive acesso e puder ler um texto chamado ‘Felizes Estranhos’, escrito por um grande amigo e contando a história de um grupo do qual eu fazia parte naquela época, em que tínhamos em torno de dezesseis anos. Como muitas vezes acontece, as histórias e experiências desse período da vida acabam ficando marcadas para sempre na memória dos envolvidos, de certa forma moldando quem nos tornamos no futuro.
As história em questão, chamada ‘Felizes Estranhos’, e aí poderíamos colocar como trilha sonora ao fundo a música ‘The Weight’ (The Band, da trilha de Easy Rider, mas que entra aqui por ter feito parte da trilha de ‘Big Chill’, ou ‘O Reencontro’, que é sobre – como o título diz – um reencontro de amigos após muito anos, por ocasião do funeral de um deles, que se suicidara), fala de como (o grupo de que fiz parte) se conheceu, narra histórias do grupo, e dá uma versão dos fatos que levaram ao seu fim, coincidentemente quando terminou o tempo de escola e cada um seguiu o seu caminho. Aquele texto se perdeu no correr dos anos, talvez em alguma mudança, quem sabe numa distração, não importa. Importa que tanto o nome quanto seu significado permaneceram no inconsciente, e vieram à tona na última semana. Quando pensei em escrever sobre isso, um reencontro, a escolha do título foi mais que óbvia.
Era hora da segunda parte.
Contextualizando.
Há alguns meses, motivado pelo reencontro – via Facebook – de alguns ex-colegas (chamemos assim, por enquanto) do meu tempo de Escola Técnica de Comércio, onde fiz o ensino secundário técnico em operação de computadores, disponibilizei duas fotos que eu tinha daquele tempo que eu havia digitalizado. Trocamos mensagens e fizemos algumas promessas de reencontro, que provavelmente ficariam no campo das intenções (circunstâncias da vida) caso não entrassem na história outros dois colegas – Ricardo Wanke de Melo e Marcus Cerutti – que em pouco mais de duas semanas conseguiram localizar praticamente todos os formandos da Turma Operador de Computador Diurno de 1988 e, mais que isso, organizaram uma reunião do grupo – na casa do casal Luis Fernando Garcia e Letícia Silva Garcia – na última quarta-feira, sete de setembro. Reencontraria colegas que não via desde a noite de 22 de dezembro de 1988, data de nossa formatura.
Não preciso dizer que foi um turbilhão de sensações/emoções.
E ainda nem falo do encontro em si.
Só o fato de trocarmos mensagens no grupo criado virtualmente já me fez (e só posso falar por mim, e reconheço esse defeito, de poder, ou conseguir, falar apenas de mim) voltar no tempo. Lembrar de muitas histórias, não lembrar muitas outras (e me assustar com a quantidade de coisas que se perderam na minha memória, a ponto de brincar que achava que havia me enganado de grupo e de reencontro...) me fez refletir sobre o que aconteceu comigo nesses anos todos que passaram. Revisitar, refazer, mesmo que na memória, caminhos trilhados.
O primeiro grande pensamento é – imposição óbvia – sobre a passagem do tempo, suas repercussões, seu poder de colocar as coisas em perspectiva, de tornar menores fatos e eventos que à época pareciam imensos e intransponíveis. Os anos passaram e nos tornamos mais tolerantes, menos sérios.
A adolescência é um período em que os eventos são graves, de grandes proporções. A necessidade de afirmação, de se impor como indivíduos e como parte de grupos, nos faz muitas vezes sermos sectários e não abertos ao contraditório. Como se apenas nossa visão de mundo, o nosso grupo, fossem certos. Branco ou preto, sem os vários tons de cinza que depois aprendemos que existem. Todos precisamos de um tempo para colocar o passado em perspectiva, só que uns precisam de mais tempo que os outros. Alguns, e é uma pena isso, nunca superam essa fase.
Além da expectativa pelo reencontro, havia um medo.
Medo do passado, de perceber que o que eu lembrava daquela época estava errado, de que as coisas não tivessem sido exatamente como eu lembrava (e nossa memória pode muitas vezes ser traiçoeira, para nos proteger). Medo de ter sido esquecido ou, pior, de nem ter sido notado. Dentro do processo de volta no tempo que foi o pré-encontro, inseguranças típicas de adolescente.
Ao encontro, então.
Acho que fomos os últimos a chegar (o Márcio estava de carona comigo) e, antes de subir à cobertura onde todos estavam, senti um frio na barriga: como seria, como seria?
Foi, numa palavra, leve.
A reafirmação de que sim, houve um passado comum, existiram diferenças que olhadas daqui de longe não tinham a menor importância – como já se sabia de antemão – e que – acima de tudo – tínhamos uma ligação entre nós. Constatamos que o que vivemos nos liga e sempre nos ligará, não importa quanto tempo passe, dez, vinte ou quarenta anos. Que sempre seremos os adolescentes que fomos, e que isso não se perde.
Passados mais de vinte anos, no fundo ainda éramos os mesmos, mas certamente diferentes. Conhecidos e ligados, mas ainda assim estranhos. Felizes estranhos. Parte dois.
E a segunda parte recém começa.
O que vai ser? Só o tempo dirá.
O tempo, sempre ele.
Até.
sábado, setembro 10, 2011
terça-feira, setembro 06, 2011
Um feriado na Quarta
Interrompe a corrida vertiginosa morro acima que é uma semana comum, justamente antes de seu topo. Se o feriado - por um lado - atrapalha o andamento e os prazos da semana, por outro traz uma merecida e desejada pausa no turbilhão de pensamentos e tarefas habituais.
Melhor ainda se vem visita do norte do mundo e acontece, no final do dia, um reencontro depois de vinte e três anos.
Muitas histórias, muitas histórias.
Até.
Melhor ainda se vem visita do norte do mundo e acontece, no final do dia, um reencontro depois de vinte e três anos.
Muitas histórias, muitas histórias.
Até.
domingo, setembro 04, 2011
A Sopa 11/01
Há pouco mais de um ano, essa Sopa deixou de ser escrita semanalmente. Por diversas razões, a principal delas é que os compromissos profissionais haviam se avolumado de tal forma que eu já não estava dando conta de todas as minhas atribuições, e me via obrigado a requentar velhas Sopas para manter a regularidade, o que certamente não era honesto nem com os (poucos) leitores fiéis e muito menos comigo. Havia um projeto de que pudesse ser mensal, o que também se mostrou inviável naquele momento.
O blog, contudo, consegui manter, utilizando do recurso das fotos de sábado, e alguns textos e comentários eventuais. Como era de se esperar, a audiência despencou vertiginosamente, acentuando uma tendência que começara com minha volta do Canadá. Paciência, nunca fui um “blogueiro” de multidões mesmo...
Por que, afinal, a volta, se é que isso é uma volta?
Porque escrever é preciso, assim como o é navegar.
O tempo ainda é escasso, tenho andado preocupado com assuntos que não me preocupavam antes – já não somos tão jovens, afinal de contas – continuo a assumir novas e desafiadoras responsabilidades, mas já vislumbro mudanças, tomada de importantes decisões para um futuro próximo que está ali dobrando a esquina.
Para melhor, sempre para melhor.
Por que voltar agora, porque em setembro?
Porque tem sido um longo e frio inverno (tanto meteorologicamente quanto sem escrever), e parece como se já não houvesse sol há mais de ano. E em setembro, a vida renasce. Nada melhor, então, que começar uma nova fase dessa Sopa justamente em setembro, pouco mais de dez anos da primeira, ainda por e-mail e ainda sem o blog, que só surgiu quando fui para o exílio.
Vamos à luta.
#
Outra motivação para essa tentativa de recomeço é uma volta no tempo. Vinte e três anos passados, para ser mais preciso, e que me tem feito lembrar fatos, músicas e pessoas nos quais há muito eu não pensava.
Por uma dessas maravilhas da Internet, está sendo organizada a primeira reunião da turma do Operador de Computador Diurno da Escola Técnica de Comércio, formada no ano de 1988. Via Facebook, temos trocado mensagens, lembrado de estórias, apelidos e curiosidades daquele tempo em que (ainda) eram usados cartões perfurados para o processamento de dados, as telas do monitores eram em tons de verde, e tínhamos aula de COBOL. E está sendo muito legal.
Como fazem duas décadas que a maioria de nós perdeu contato uns com os outros, um dos tópicos do grupo foi “o que vocês fizeram desde então”, e foi um exercício interessante e, de certa forma, perturbador resumir vinte anos de vida em poucas linhas. Ao ler o que eu havia escrito, a impressão que fiquei foi de que minha vida assim parecia linear, um caminho esperado e óbvio. E pareceu um obituário. Por um instante pensei em apagar, mas vi que era bobagem. Linear e óbvia é tudo o que minha vida não foi e nem é. Mas foi um bom momento de reflexão sobre quem fui e quem sou.
Além disso, pessoas que na época não se relacionavam bem agora conversando e lembrando fatos comuns, o que me faz pensar e confirmar que o tempo realmente cura tudo ou, melhor, põe as coisas em perspectiva.
Até.
O blog, contudo, consegui manter, utilizando do recurso das fotos de sábado, e alguns textos e comentários eventuais. Como era de se esperar, a audiência despencou vertiginosamente, acentuando uma tendência que começara com minha volta do Canadá. Paciência, nunca fui um “blogueiro” de multidões mesmo...
Por que, afinal, a volta, se é que isso é uma volta?
Porque escrever é preciso, assim como o é navegar.
O tempo ainda é escasso, tenho andado preocupado com assuntos que não me preocupavam antes – já não somos tão jovens, afinal de contas – continuo a assumir novas e desafiadoras responsabilidades, mas já vislumbro mudanças, tomada de importantes decisões para um futuro próximo que está ali dobrando a esquina.
Para melhor, sempre para melhor.
Por que voltar agora, porque em setembro?
Porque tem sido um longo e frio inverno (tanto meteorologicamente quanto sem escrever), e parece como se já não houvesse sol há mais de ano. E em setembro, a vida renasce. Nada melhor, então, que começar uma nova fase dessa Sopa justamente em setembro, pouco mais de dez anos da primeira, ainda por e-mail e ainda sem o blog, que só surgiu quando fui para o exílio.
Vamos à luta.
#
Outra motivação para essa tentativa de recomeço é uma volta no tempo. Vinte e três anos passados, para ser mais preciso, e que me tem feito lembrar fatos, músicas e pessoas nos quais há muito eu não pensava.
Por uma dessas maravilhas da Internet, está sendo organizada a primeira reunião da turma do Operador de Computador Diurno da Escola Técnica de Comércio, formada no ano de 1988. Via Facebook, temos trocado mensagens, lembrado de estórias, apelidos e curiosidades daquele tempo em que (ainda) eram usados cartões perfurados para o processamento de dados, as telas do monitores eram em tons de verde, e tínhamos aula de COBOL. E está sendo muito legal.
Como fazem duas décadas que a maioria de nós perdeu contato uns com os outros, um dos tópicos do grupo foi “o que vocês fizeram desde então”, e foi um exercício interessante e, de certa forma, perturbador resumir vinte anos de vida em poucas linhas. Ao ler o que eu havia escrito, a impressão que fiquei foi de que minha vida assim parecia linear, um caminho esperado e óbvio. E pareceu um obituário. Por um instante pensei em apagar, mas vi que era bobagem. Linear e óbvia é tudo o que minha vida não foi e nem é. Mas foi um bom momento de reflexão sobre quem fui e quem sou.
Além disso, pessoas que na época não se relacionavam bem agora conversando e lembrando fatos comuns, o que me faz pensar e confirmar que o tempo realmente cura tudo ou, melhor, põe as coisas em perspectiva.
Até.
sábado, setembro 03, 2011
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