domingo, setembro 25, 2011

A Sopa 11/04


Eu sou o cara que vai morrer.

De um tempo para cá, e não consigo precisar exatamente quando, surgiu em mim a idéia fixa de que – como dito na afirmação anterior – sou o cara que vai morrer. Eu sou assim, cultivo esse meu lado paranóico com certo carinho, e - de tempos em tempos - descubro, ou invento, uma idéia a qual me fixo durante um período. Como a idéia da “Inevitável Grande Tragédia”, que nesse momento não vem ao caso. Mas eu falava que sou o candidato a morrer.

Explico, explico.

Funciona mais ou menos assim, de maneira simplificada: sou sedentário, tenho sobrepeso, estou na meia-idade, trabalhando enlouquecidamente e estressado. Logo, sou o candidato perfeito para um infarto do miocárdio, verdade pura e cristalina, lógica. Quase, praticamente, inevitável. Poderia dizer que estou numa via de mão única e sem retorno para a doença.

Poderia, mas não vou dizer.

E não vou fazê-lo porque as coisas não são exatamente assim. Sim, é verdade que sou sedentário, com sobrepeso, meia-idade, etc., mas ainda tenho (ao menos a ilusão do) controle sobre minha vida, e posso mudar aquilo que deve ser mudado, que não está bom. A maior conquista dos últimos anos foi esta: controle sobre o que é realmente importante, aquilo que depende da minha vontade/esforço. Aquilo que não controlo, que realmente não tem como controlar, me faz tentar cada vez me preocupar menos, me estressar menos. Difícil, nem sempre consigo, mas vale a tentativa.

O que posso mudar, ajustar, estou fazendo aos poucos, como se aparando arestas que precisam ser aparadas. Sintonia fina. Deixando para trás alguns pesos que carrego/carregava sem necessidade. Cortando amarras que me prendiam e me seguravam.

Tudo tem sido cansativo, confesso. A rotina, os projetos, as obrigações profissionais, os desafios que vem por aí. O ano se encaminha para o seu último trimestre e remo já com alguma dificuldade. Os próximos dois meses e meio passarão voando e serão intensos. Depois, vou parar – de férias – e descansar mesmo. Quando voltar ao trabalho, em janeiro, já terei eliminado alguns dos fatores de risco que hoje convivem comigo. Dois mil e doze será especial, estou certo.

E já penso como comemorar os meus quarenta anos.

Até.

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