História.
Em 1990, a essa hora, provavelmente já havia sido transferido do HPS, em coma, para o Hospital São Lucas da PUCRS, onde era aluno do segundo ano da faculdade de medicina. Como lembrei ontem, havia sido vítima de um acidente de trânsito na madrugada do dias dos pais. Ficaria treze dias na UTI até acordar, e levaria um longo tempo para superar o fato e seguir em frente.
Durante um tempo, procurei culpados para o que acontecera, desde o mais óbvio - o motorista que dormira - até o Universo, que estaria me mandando alguma mensagem, passando por culpar a mim mesmo, afinal eu ficara no carro mesmo achando que não deveria e, pior, dormira e não prestara atenção no que se passava. Tudo bobagem, tudo em vão.
Não era nenhuma mensagem, nem culpa de ninguém, afinal de contas.
Foi o acaso, simplesmente.
Uma série de pequenos fatos, ou detalhes, que levaram a um evento ruim. Só isso.
Quantas vezes já havia passado pela mesma situação, andar na noite com amigos (alguns até sem carteira de motorista), voltar muito tarde, dormir como caroneiro? Muitas, e nunca acontecera nada. Naquela noite, aconteceu, azar o meu.
Mas nem tão azar assim.
Saí zero quilômetro, no final das contas. Sem sequelas (sempre vai ter um engraçadinho que vai comentar que elas existem...) e sem cicatrizes. Nem o semestre da faculdade perdi. Quem mais sofreu - fiquei sabendo depois, e lamento por isso - foram os que ficaram esperando que eu acordasse, em dúvida. Meus pais, a família, os amigos, que estiveram na sala de espera da UTI todos aqueles dias. Até hoje me emociono ao lembrar das histórias que me contaram depois, e sei de todos que lá estavam, com quem eu podia (e posso) contar.
Tenho muita sorte por isso.
Até.
Um comentário:
Tchê, me lembro que eu saia do trabalho ao meio dia, para ir até a PUCRS encontrar a Professora Tânia e saber como estava. Me lembro que foram momentos difíceis para toda a tua família e, nós amigos torcíamos para tua rápida recuperação.
Marco Aurélio
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