Final de semana de frio, chuva e muita umidade no sul do mundo.
Mais ou menos como me sinto nesse final de domingo. Desanimado não com a perspectiva da segunda-feira e da semana de trabalho, mas devido àquela sensação de frustração de olhar em volta, a cidade, o país, e começar a achar que as coisas, no final, não vão dar certo, por mais força que se faça. Que aquilo que no início eu falava olhando sério para o interlocutor, mas que sabia-se brincadeira pelo absurdo do que era dito, "há uma revolução em curso, estou estocando comida e comprei uma arma", começa a parecer nem tão absurdo assim.
Pode ser que esse olhar amargo sobre a vida seja só em virtude da chuva que cai incessantemente desde sexta à noite, mas que não impediu que fôssemos ao aniversário dos queridos amigos e parceiros de sempre Pedro e Maria José. Festa, aliás, que estava ótima. O repertório musical foi perfeito, e dançamos até quase o final da festa (mas só porque eu queria testar o meu joelho, só por isso...). O sábado foi de cansaço extremo e de receber a minha mãe no aeroporto, voltando de viagem, chegando do verão americano para o inverno nos pampas, cansada mas feliz ao ver a neta a esperando.
Foi um final de semana de ler posts no Facebook, compartilhar, responder, "curtir".
O assunto?
O mesmo dos últimos meses, claro, a sensação que estou chegando ao meu limite de tolerância. As pessoas tentando justificar o injustificável, e sendo desonestas - para dizer o mínimo - em seus argumentos. Utilizando-se de falsas informações para argumentar e defender o seu ponto de vista, desviando o assunto para não encarar os fatos.
Cansa.
Até a imprensa, que dizem ser contra o governo, fazendo-se ingênua, a última a saber: "O que?! O governo de Cuba fica com a maior parte do salário dos médicos que virão? Como é que ninguém disse nada antes?! Oh, meus deus!". Engraçado, não? Desde que começou a se falar em trazer médicos de lá, o que mais temos dito é exatamente isso, e vocês não ouviram? Em que mundo vocês vivem.
A última?
Virei xenófobo.
Por achar que todos os médicos formados no exterior, brasileiros ou estrangeiros, que venham trabalhar no Brasil deve ter o seu diploma revalidado no Brasil, como manda a lei, eu sou xenófobo. Por achar estranho que - de um dia para outro - o governo brasileiro consiga "importar", assim como quem importa sapatos ou computadores, 4.000 médicos de Cuba, que vão receber menos que os estrangeiros que vão vir para esse mesmo programa Mais Médicos do Ministro Diploma-Falso-de-Especialista Padilha, tornando esses médicos importados (que entram no cálculo a balança comercial de Cuba, assim como a exportação de charutos e o turismo) cidadãos de segunda-classe, mercadorias (já que chamar de trabalho escravo - que é o que ocorre - ofende alguns inocentes úteis do sistema), por tudo isso, virei xenófobo. Essa tentativa de lavagem cerebral, essa irracionalidade, não é falta de inteligência desses senhores, por mais incrível que pareça. É a cegueira ideológica, a velha ideia de que "nós somos os bons, e eles tem que pagar por isso". É parte de um plano, podem apostar.
Não podemos deixar isso prosseguir.
Mesmo cansado, mesmo sem paciência, não vou desistir.
Até.
Nenhum comentário:
Postar um comentário