segunda-feira, fevereiro 22, 2021

A Sopa

 (Crônicas de uma Pandemia – Trezentos e Quarenta e Cinco Dias)

 

A pandemia acabou.

 

Não é verdade, claro, mas – sob certo ponto de vista – é possível dizer isso, sim. Estamos perto da infeliz marca de um ano de pandemia aqui no Brasil, mais especificamente no Sul, aqui nos Pampas. Considero como primeiro dia o dezesseis de março, quando as escolas começaram a fechar, e as primeiras medidas foram tomadas e, para ser honesto, muito antes do vírus realmente chegar e certamente bem antes do que o necessário.

 

Mas é fácil ser profeta do acontecido.

 

Pode-se dizer que ninguém sabia como seria o comportamento do vírus, e precisávamos no preparar para isso. Faz sentido. Ainda assim, fechou-se o estado muito antes do necessário e as consequências psicológicas e econômicas são sentidas até agora, quase um ano depois. E ainda estamos em meio a mais uma onda de casos!

 

Aquela onda, aquele volume de pacientes que esperávamos em abril e maio do ano passado, veio com vários meses de atraso, e veio com tudo. Nunca trabalhei tanto no consultório como nos últimos meses. De verdade. O período de férias agora em fevereiro foi providencial para preparar o que está vindo agora.

 

Dizia eu, então, que a pandemia acabou.

 

Porque não há a possibilidade de ficar em casa, evidentemente, pela minha atividade. Saio de casa para trabalhar diariamente, para a prática de atividade física, mas não tenho o luxo de estar próximo aos meus pais e amigos como antes, mesmo que nos falemos (com meus pais) diariamente online. A máscara e o distanciamento estão incorporados à rotina. Seguimos, trabalhando. Muito.

 

Não escrevo como reclamação, ou como forma de contar vantagem. Também não estou por aí em redes sociais anunciando o apocalipse. Não importa o número de pacientes, o número de horas que atendo, quantos pacientes são de forma presencial ou online. Não importa nem mesmo como me sinto com relação a isso tudo. Não é hora de ego ou de alarmismo. A hora – e falo de mim, apenas - é de trabalhar em silêncio, ajudar quem puder e dar a minha pequena contribuição nesse período que, sim, vai passar.


Até.

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