terça-feira, fevereiro 23, 2021

Crônicas de uma Pandemia – Trezentos e Quarenta e Seis Dias

 Olha só.

 

Há alguns anos, conversando com uma amiga, disse a ela que eu era uma pessoa ansiosa. A resposta dela, para nossa risada conjunta, foi “só percebeste isso agora?!”. Pois é.

 

Sim, sou uma pessoa ansiosa.

 

Quando falo ansiedade, no meu caso específico, não estou falando daquela ansiedade (ou de grau de) que paralisa, tira o sono, interfere em relacionamentos, atrapalha a vida de forma importante. Não é isso. É aquela sensação – cada vez menos frequente, admito – de que estou em um ringue de boxe, acuado em um corner, com a guarda levantada, esquivando-me de um inimigo imaginário. Como eu chamava antes, a Síndrome da Luta de Boxe, que depois – ao estudar e ler – descobri que poderia classificar como parte da Síndrome do Impostor, e até já escrevi sobre isso anteriormente.

 

Voltando à ansiedade, aprendi ao longo do tempo que uma forma de lidar com isso é conversando. Eu preciso verbalizar o que me causa ansiedade para lidar melhor com a situação. É a minha forma de trabalhar com isso.

 

Enquanto outras pessoas preferem ficar quietas, isoladas, ensimesmadas, eu – ao contrário – preciso falar a respeito do que está acontecendo. Ao verbalizar o problema e as sensações associadas, eu consigo colocar o problema em perspectiva, e normalmente não é tão complicado quando parece num primeiro momento. Porém...

 

Ao dizer que compartilhar o problema me auxilia a lidar com ele, me refiro ao processo de falar, conversar e ouvir outro(s) ponto(s) de vista. Um processo individualizado, face to face, como se diz em business. É diferente de escrever aqui, que é um momento de reflexão meu, figurativamente jogado ao vento, sem um destino exato, sem ao menos importar se alguém vai ler ou não.

 

Por isso fico incomodado (um problema meu, admito) com quem usa redes sociais (Facebook e, pior, grupos de WhatsApp que não são de amigos ou família) para compartilhar suas ansiedades e/ou previsões catastróficas. Acho que não preciso (não quero, na verdade) ler/ouvir isso.

 

Se você tem um problema e precisa que eu te ouça ou mesmo ajude, pode falar, pode pedir. Estou aqui para isso também. Sou amigo, pode contar comigo. É pessoal, estamos juntos.

 

Só acho que gritar ao mundo, sem destino claro, não ajuda ninguém.

 

Pode ser mau humor também, mas acho que não.


Até.

Um comentário:

ELISABETE disse...

OLÁ! BOA NOITE... VIM FAZER UMA VISITINHA E TE DESEJAR UMA NOITE DE PAZ! ABRAÇOS.