A Viagem (Final).
Terça-feira, 21 de fevereiro de 2023. Porto Alegre.
Termináramos nossa viagem à Itália, intitulada Perdidos Mães e Filhos. O nome veio da constatação de que, mais que tudo, foi uma viagem família. Férias de verão com os pais, para a Marina. Reencontro da mãe com a filha que mora longe, e da filha que foi morar longe com a mãe, para a Karina e a Roberta, e, finalmente, do filho que quis apresentar um pouco da Itália para sua mãe, este que vos escreve. Foi, como podem ver, uma viagem cheia de simbologias.
Olhando retrospectivamente, não estive tão relaxado e descontraído como na viagem do ano anterior, para Uruguai, quando – após os anos de pandemia, que não haviam acabado, eu sei – pude realmente descansar. Não tem uma explicação clara para isso, mas – de qualquer forma – de maneira nenhuma isso reduz o quanto foi boa a viagem, mais uma vez. Todos estivemos numa sintonia boa, num astral legal. Visitamos novos lugares e revisitamos locais queridos por nós. Novos pontos de vista, a boa sensação de estar um lugar especial mais uma vez.
Como toda viagem, valeu muito.
A chance de – depois de muito tempo – passar muito tempo junto com a minha mãe foi muito especial, depois dos anos pesados (principalmente para ela) em que meu pai (que por sinal estaria de aniversário hoje, 09/05, quando publico esse último capítulo da viagem) esteve doente. Estávamos leves. Conversamos sobre ele, da falta que ele faz, e das boas memórias que temos dele, que é o que fica, no final das contas. Foi muito legal ter a chance estar com ela em lugares tão especiais. E, mais, uma sensação de felicidade que persiste ao lembrar de todos nós na viagem.
As atividades de trabalho e escola foram retomadas na Quarta-Feira de Cinzas, e a vida seguiu. A única pendência que havia ficado, sem dúvida, eram os mil e seiscentos e sessenta euros que eu havia pagado no cartão de crédito cujo vencimento era no dia 17/03, quase um mês depois do ocorrido. Apenas após o pagamento é que eu poderia pedir o reembolso do valor, evidentemente. Eu estava tranquilo, mas sempre pairava uma pequena dúvida no ar: será que eles realmente pagariam? Bom, se não pagassem, paciência, eu iria arcar com o prejuízo. Tranquilo. Em nenhum momento passou pela minha cabeça a possibilidade de dividir o prejuízo de uma bobagem minha com o resto do grupo.
O dia em que venceu a fatura foi em uma sexta-feira, a mesma em que fiz uma ressonância magnética de coluna lombar cujo resultado levou o meu ortopedista especialista em coluna me mandar uma mensagem que dizia apenas “precisamos conversar”, sinal de que algo não estava bem. Eu tinha uma grande hérnia de disco lombar que estava praticamente ocluindo o forame por onde sai a inervação para o perna esquerda, e essa era a causa das dores que eu vinha sentido, e que havia piorado nos últimos dias após ter ido à São Paulo para assistir ao show do The Black Crowes, quando fiquei mais de oito horas de pé, num noite memorável, que será lembrada como “a noite em que um morador em situação de rua nos deu dinheiro” uma história que contarei um dia desses.
O final de semana após o pagamento a fatura foi horroroso por causa da dor devido à hérnia. Na madrugada de sábado para domingo acordei para tomar água, mas no caminho entre o quarto e a cozinha tive MUITA dor, e parei no sofá para ver se aliviava. Piorou. Deitei-me no chão, e não fez diferença, mas aí o problema é que a dor não me deixava levantar. A muito custo, voltei ao sofá e deitei de lado, onde dormi das quatro às seis horas da manhã.
Foi quando, num esforço extremo, consegui me levantar e caminhar até o quarto, quando caí na cama, com dor e suando frio. As meninas acordaram assustadas. Tomei TODOS os analgésicos e anti-inflamatórios que havia na casa. Dormi um pouco mais e acordei praticamente sem dor. Ao sair da cama, notei que havia perdido a força na perna esquerda, além da sensibilidade no local. Não havia volta: o tratamento teria de ser cirúrgico. Conversei, ainda no domingo, com o ortopedista, que disse para eu ir na clínica dele na segunda-feira à tarde que ele faria um bloqueio para aliviar a dor para eu poder aguardar os trâmites da cirurgia.
Cancelei o consultório para a semana seguinte enquanto aguardava as definições. Na manhã de segunda-feira mesmo, logo cedo, ele me mandou uma mensagem avisando que eu seria submetido à cirurgia na noite de terça-feira, de urgência. Na tarde daquele dia, após o bloqueio fiquei sem dor, mas ainda caminhando com dificuldade pela perda de forço. Em casa, já na espera pela cirurgia, acessei o site da seguradora e submeti o pedido de reembolso do valor da franquia, junto com os documentos e relato do caso.
A manhã seguinte, já no dia da cirurgia, foi de ir até o hospital (sem dor, e com cuidado, conseguia dirigir) para fazer um eletrocardiograma apenas por descargo de consciência. Enquanto aguardava pelo exame, feito por um amigo cardiologista, recebi o e-mail da seguradora dizendo que minha solicitação de reembolso havia sido aprovada, e que o pagamento ocorreria em até 24 horas. Surpresa boa!
Após o exame, por volta das 11h30, fui almoçar onde tradicionalmente almoço nas terças-feiras, porque a partir do meio-dia deveria entrar em NPO (sem comer ou beber nada) para a cirurgia da noite. Após o almoço fui em casa largar o carro e voltei de Uber para o hospital. Internei via emergência para ser operado. Fui encaminhado para o setor de pré-operatório bem cedo, tipo 16h30, para a cirurgia das 20h. Me deixaram em uma poltrona confortável, com o celular comigo e uma tomada ao lado caso precisasse carregá-lo. Ali fiquei até a hora de ir para a sala de cirurgia. Quando estava na espera, contudo, recebi uma notificação de recebimento de PIX.
Era o pagamento do reembolso pela seguradora!
Agora, sim, a viagem havia terminado, e de forma muito boa...
A próxima etapa seria operar a coluna e começar a recuperação para pensar na próxima viagem dos Perdidos na Espace.
Foi muito bom!
Até.
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