Estórias.
Tenho muito gosto por ouvir e contar estórias. Como muitos já sabem por aqui, uma das definições da vida que costumo dar é que ela é não muito mais que estórias para contar. Esclarecimento: gosto de usar a palavra estória, em oposição (não verdadeira) à história. Acho mais simpático, até mesmo afetuoso...
Bom, estórias e histórias.
As acumulamos ao longo da vida, e acho que deveríamos registrá-las de alguma forma, por escrito, áudio ou até áudio e vídeo, para que não se perdessem. Gostaria de ter registrado muitas estórias que ouvi durante a vida, mas acabei não fazendo. Quero tentar registrar aquelas que ainda são passíveis de registro, aquelas em que os seus personagens ainda estão disponíveis para contá-las, para dividi-las comigo e, por que não, com o mundo. Todos temos, e todas (nossas e dos outros) são – a seu próprio modo – relevantes.
Viver nada mais é do que colecionar estórias.
E, talvez ainda mais importante, é quem vive essas estórias conosco. Quem está ao nosso lado durante a caminhada. Sabemos disso, mas repito aqui: o destino não é o mais importante. O caminho, a jornada, a trajetória. As nossas opções ao longo do trajeto (a vida) determinam como será essa travessia, como – em suma – viveremos.
Lembrei do futebol.
Talvez já saibam, ou não, mas eu sou – com orgulho – O Pior Torcedor.
Pior torcedor porque já não consigo mais não ser racional ao lidar com o futebol. Aliás, digo que não gosto de futebol: torço para o Inter, o que são coisas diferentes, afinal não sou o tipo de pessoa que para tudo para assistir jogos de futebol em geral como forma de diversão. Não, eu só tenho interesse pelos jogos do Inter. E como diversão. É diferente do basquete, por exemplo, do qual sou torcedor do Toronto Raptors (por motivos afetivos, de quando morei lá), mas se está passando um jogo na televisão certamente vou parar para assistir.
Ou seja, se o Inter está jogando bem, ganhando, eu acho o máximo. Em caso contrário, não me diz respeito. Se o jogo está ruim, desligo a televisão e vou fazer outra coisa, porque eu quero é relaxar, me divertir, fugir do estresse. Se está mal, nem leio notícias relacionadas a isso. Não toco flauta em ninguém porque não quero que me incomodem. Futebol, no final das contas, é algo que idealmente assisto sozinho, em silêncio, em casa e no escuro.
Mas descobri outro lado, que não tinha me dado conta, não vale apenas para o meu time, e é – sim – uma forma de ver a vida: vale a jornada, apesar de saber que o mais importante é – evidentemente – o objetivo final, ser campeão. O objetivo de qualquer time em um campeonato é o título, obviamente. Mas jornada também vale.
O Inter, por exemplo, não foi campeão da Libertadores da América, pois perdeu a semifinal para o Fluminense. Fiquei frustrado como torcedor? Evidentemente, queria ser campeão. Mas foi tudo em vão, tempo perdido? Não, de forma alguma. Todo o trajeto percorrido até a eliminação foi divertido, emocionante, me deixou empolgado e feliz. A derrota foi um desfecho indesejado, mas não foi tudo ruim. Reforço: queria MUITO ser campeão, mas perder na semifinal não me faz esquecer toda a diversão que tive até ali.
O mesmo pode ser dito do Grêmio de 2023.
Não foi campeão brasileiro. Isso torna a participação no campeonato um fracasso? Definitivamente não. A jornada, toda a trajetória no campeonato, ainda mais com o Suarez jogando, esse ano foi divertida para que é torcedor, e eu entendo e respeito isso. A não conquista do título invalida todo o resto? Não. Ponto.
No futebol, como na vida, devemos olhar em perspectiva e sermos menos maniqueístas. Nem tudo é preto ou branco (vermelho ou azul). E não é só o desfecho último o que conta (apesar de ser, sim, o mais importante).
Até.
Nenhum comentário:
Postar um comentário