Não sou mais criança. Nem marinheiro de primeira viagem.
Por esta razão, já não tenho mais aquele espírito pequeno de quem sai do Brasil e, quando volta, acha tudo o que é daqui coisa de terceiro mundo e tudo o que vem de fora é que é bom. Achar que brasileiro é um povo menor, mal educado, etc.
Claro que nunca tinha ficado tanto tempo longe de casa. Foram três meses e meio de ausência até voltar para uma visita de duas semanas. Quando falo casa, refiro-me também ao país como um todo, não apenas Porto Alegre ou o bairro ou mesmo a casa onde moro ("minha caaaasa").
Desde o aeroporto em Miami, por vezes tentei me policiar (com sucesso) de dizer "isso é coisa de brasileiro", atitude preconceituosa e algo como um tiro no próprio pé. Nem mesmo quando, uma hora antes do embarque, começaram a fazer fila para embarcar primeiro. Várias pessoas sentadas no chão, jogando cartas, como se tivessem pernoitado ali para garantir o melhor lugar no vôo. Eu sei, todos sabemos, que os assentos são pré-marcados e todos vão embarcar (talvez caso haja um overbooking com upgrade de classe, mas comigo isso nunca vai acontecer). Mas procurei ver isso como ansiedade para chegar em casa.
Agora depois de uma semana de correria entre muito trabalho e alguns eventos sociais, já me sinto totalmente à vontade para poder dizer o que vou dizer, sem o risco de parecer deslumbrado ou metido à besta: como nós brasileiros somos mal-educados no trânsito! Vejam que me incluí na categoria dos mal-educados. Desde a volta (mas não sei por quanto tempo) tenho sido mais tranqüilo e educado que antes, mas eu também era (ou sou, mas agora desacostumado) imprudente no trânsito.
Já não tem como se surpreender com todos os mortos nas estradas ou mesmo no trânsito das cidades. Não respeitamos pedestres, sinalizações, não paramos em semáforos (ou sinaleiras), tudo de errado em matéria de etiqueta em trânsito é - para nós, brasileiros - o habitual.
Somos, sim, subdesenvolvidos. Pelo menos atrás de um volante...