quarta-feira, maio 31, 2006

Atualidades sem acentos

Hoje, 31 de maio, eh o Dia Mundial Sem Tabaco.

Voces sabem, o tabaco foi levado da America para a Europa pelos conquistadores europeus. O que ninguem percebeu ainda eh que, muito mais que a maldicao de Montezuma ou a Maldicao da Mumia, a Maldicao do Tabaco eh a vinganca contra quem dizimou povos em nome da civilizacao.

Mas agora esta virando o vento. Mais e mais, a proporcao de fumantes eh maior e ainda aumenta nos paises em desenvolvimento. Lamentavel.

A mensagem de hoje eh, NAO COMECE A FUMAR!

Eh uma atitude estupida. E se voce fuma, existem metodos de fazer voce para enquanto eh tempo. Procure um especialista. E lembre-se: o "estrago" que o cigarro faz no pulmao (para falar so da minha area) NAO TEM CURA.

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Enquanto isso na Holanda, pedofilos estao se reunindo para formar um partido politico e, entre suas propostas, estao a ideia de diminuir a "maioridade legal" para 12 anos (!) e liberar a pornografia infantil.

Morro e nao vejo tudo...

Ate.

terça-feira, maio 30, 2006

Comentario sem acentos no meio do dia

Eu vou participar.

selinho_idelba

Nao vai dar desde agora porque estou em preparacao para mudanca de volta ao Brasil, terminando projetos, revisando outros, enfim, extremamente atarefado, sem falar na Copa do Mundo…

Em julho, quando a poeria baixar.

Mais informacoes aqui.

segunda-feira, maio 29, 2006

Segunda “selvagem”

As pessoas que usualmente dizem que odeiam segundas-feiras hoje tiveram razão para se queixar da vida, ao menos aqui em Toronto: sem aviso nenhum, os funcionários do sistema de transporte público, o TTC, entraram em greve. Assim, inesperadamente.

As estatísticas dizem que, diariamente, entre 700 e 800 mil pessoas utilizam-se dos ônibus, metrô e bondes para ir de casa ao seus compromissos diários. Imaginem só, oitocentas mil pessoas chegarem nas paradas e descobrirem que o ônibus não vai passar. Como estavam falando por tudo, é o caos.

Eu, trinta anos de praia (o que não me serve pra nada) e dois anos de Canadá (isso atualmente é útil…), sempre ligo a tevê de manhã cedo, ao acordar, para ver a previsão do tempo. Dessa forma, estava sabendo da situação quando saí de casa para ir ao hospital. Muita gente foi pega de surpresa ao tentar entrar nas estações. Acabei dividindo um táxi com mais uma pessoa e acabou não saindo tão caro (mesmo assim, MUITO mais do que eu deveria gastar para ir trabalhar.

O dia foi de menos movimento que o normal. Vários pacientes cancelaram pela dificuldade de se deslocar, afinal o trânsito estava insuportável.

A volta para casa teve que ser de táxi novamente porque, ao contrário do previsto, ainda não haviam retornado ao trabalho.

Essa a única desvantagem de não morar em Downtown. Mesmo assim, não troco.

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Quanto ao que escrevi ontem, várias pessoas interpretaram de várias formas diferentes. Achei que deveria esclarecer que estava falando de mim, e ninguém mais. Não era recado, nem provocação, nem nada. Por mais que possa ter parecido.

Até.

domingo, maio 28, 2006

A Sopa 05/45

Conversavam duas pessoas sobre mim.

O assunto não era leve, contudo. Falavam sobre um desentendimento que havia acontecido, um mal-entendido que havia motivado um estranhamento entre dois amigos, uma palavra mal posta que não foi entendida como deveria, e talicoisa. Uma coisa leva à outra e havia surgido um silêncio que estava num local onde não deveria estar.

Comentavam elas que, apesar das minhas tentativas de esclarecer a situação, o silêncio continuava. Uma das interlocutoras perguntou se não havia o risco de as coisas “estragarem” de vez, da amizade ficar comprometida definitivamente. Que surgisse uma mágoa grande demais para ser superada. A outra, que me conhece muito bem, foi definitiva: “O Marcelo não guarda mágoas”.

A história é verdadeira, assim como a afirmação a meu respeito.

Tudo tem conserto na vida, nada é definitivo. A única exceção é a morte, o fim de tudo. Antes disso, e para todo o resto, há um jeito de se resolver, um solução, uma saída. E não só isso, não há nada na vida que justifique guardar mágoa, alimentar rancor. Passei dessa fase.

Houve um tempo, e acontece com muita gente, provavelmente com todos nós em algum momento de nossas vidas, em que eu entrava naquilo que defini como ‘Espiral Esquizofrênica’ (EE). A EE é aquela situação em que acontece alguma coisa que nos desagrada, nos deixa chateados, mas não falamos com ninguém, guardamos para nós, e então a situação, que talvez até nem fosse tão grave assim, ganha proporções gigantescas, passamos a revirar o nosso passado em busca de situações que justifiquem nosso mal-estar, vamos alimentando a mágoa e, no final, talvez nem saibamos mais o que motivou tudo, mas estamos tão ressentidos que nem enxergamos direito o que aconteceu. Essas espirais acontecem até que decidimos quebrar o ‘ciclo esquizofrênico’.

Uma das formas de fazer isso é conversando. Colocar em pratos limpos, lavar a roupa suja. Dizer o que incomoda, o que nos desagrada. Adquirindo o hábito de não guardar para nós as coisas que nos ferem, ficamos mais leves. É um processo natural. Até o dia em que percebemos que simplesmente não vale à pena gastar tanta energia com sentimentos negativos. Sei lá, isso dá câncer.

Tudo fica mais leve, então. Não há razão para brigar, não há tempo para isso. A vida é muito curta. Aliás, quem falou algo assim? Quem mesmo?

Ah, só podia ser…

We Can Work It Out


Try to see it my way,
Do I have to keep on talking till I can't go on?
While you see it your way,
Run the risk of knowing that our love may soon be gone.
We can work it out,
We can work it out.

Think of what you're saying.
You can get it wrong and still you think that it's alright.
Think of what I'm saying,
We can work it out and get it straight, or say good night.
We can work it out,
We can work it out.

Life is very short, and there's no time
For fussing and fighting, my friend.

I have always thought that it's a crime,
So I will ask you once again.
Try to see it my way,
Only time will tell if I am right or I am wrong.
While you see it your way
There's a chance that we may fall apart before too long.
We can work it out,
We can work it out.

Life is very short, and there's no time
For fussing and fighting, my friend.

I have always thought that it's a crime,
So I will ask you once again.
Try to see it my way,
Only time will tell if I am right or I am wrong.
While you see it your way
There's a chance that we may fall apart before too long.
We can work it out,
We can work it out.


Até.

sexta-feira, maio 26, 2006

Cinco

Minhas últimas cinco semanas no Canadá.

O tempo voa, mas vou fazendo as coisas uma de cada vez, na boa, como deve ser, tentando controlar a ansiedade de voltar para casa e partir para uma nova fase de vida. Começar de novo.

Bom, minha sexta-feira, a primeira sozinho desde a Páscoa. Um mês e dez dias com visitas, família, e depois congresso. É quase estranho estar sozinho de novo.

Saí do hospital, fui ao supermercado, depois levar umas camisas para a lavanderia, até a academia para avisar que não vou renovar por mais um ano (seria complicado vir comparecer depois de julho e, se nem estando a duas quadras da academia eu tenho ido…). Depois disso, vim para casa.

Sozinho. Mais cinco semanas.

Sirvo um uísque, ligo a televisão.

Até.

quinta-feira, maio 25, 2006

De volta

Depois de mais de onze horas de trânsito entre chegar no aeroporto de San Diego e pegar o táxi para vir até em casa, finalmente cheguei. Passavam quinze minutos da meia noite, quarta para quinta-feira. Organizei as coisas, tomei um banho, e me preparei para dormir. Apaguei a luz por volta da 1 AM.

Quando passavam quarenta minutos das duas horas, e eu continuava ali, impassível, pensamento voando entre o presente e o futuro – eventualmente até traços de passado apareciam – totalmente insone. Percebi que o dia seria longo…

Estava no fuso horário da Califórnia.

Dormi, acordei no horário e fui para hospital, na esperança que o dia fosse bem tranquilo, afinal todos estávamos voltando de congresso. Ledo engano.

Havia pacientes o dia todo e, pior, os residentes não apareceram.

Resultado: muito café e muito trabalho.

Foi bom, foi bom.

Até.

quarta-feira, maio 24, 2006

A caminho

Aerporto de San Diego, quarta-feira, 11:15 AM.

Faltam duas horas para o vôo até Atlanta, onde farei a conexão para finalmente voltar a Toronto. Cheguei cedo ao aeroporto, conhecedor que sou das longas filas de check in e do security check, mas foi tudo bem mais rápido que o esperado. Mesmo tendo sido um dos passageiros escolhidos (teoricamente ao acaso) para uma revista adicional a minha bagagem de mão - jaqueta de couro, mochila com o laptop e mochila do congresso – foi tudo muito rápido. Nessas horas, nada de piadinhas, eu sei, mas não pude deixar de perguntar que tipo de coisa ele estava procurando ao passar algo como um desses panos para tirar o pó nas minhas coisas. Drogas?

Não, esclareceu o agente, a procura era por traços de explosivos. Eu estava limpo, mas tinham que checar as minhas coisas. Para isso, ele “tirava o pó” do interior da minha mochila e colocava o “lencinho” num “analisador’ (um espectofotômetro ou algo do gênero). Não tinha nada, claro. De explosivo, só minhas idéias…

Falando em idéias explosivas, estava pensando na situação dos presos no Brasil. Assunto complicado, denso, nervoso, talvez até demais para estar em pauta enquanto observo, sentado numa cadeira de balanço, o céu da Califórnia e o movimento do aeroporto, quase na hora do almoço, mas vamos em frente.

Nesse momento de crise, rebeliões, e tudo o que aconteceu em São Paulo, não é hora de tratar das causas primárias da criminalidade: a desigualdade social, a falta de investimentos em educação, o estado incompetente que não consegue fornecer serviços mínimos à população mesmo arrecadando muito com a maior carga tributária do mundo. Isso deveria ser pensado e realizado sempre, num continuum, pois seus resultados vêm em longo prazo. Esse é o caminho, sem dúvida, mas não vai resolver a situação aqui e agora. Para o presente, o imediato, são necessárias medidas duras.

Não sou, nem nunca fui, a favor da pena de morte.

Isso posto, me sinto no direito de dizer o que penso sobre esse papo de direitos dos presos e tal. Seguinte: CRIMINOSO NÃO TEM DIREITOS. Explico.

Todos merecem um julgamento justo, e tratamento digno. Ponto. Uma vez verificada sua culpa, julgados e condenados, devem ter direito a um lugar para dormir e alimentação. A partir daí, NADA. E, além disso, para ter os direitos que acabo de mencionar, devem trabalhar. Sem trabalho, sem comida.

Essa coisa de celular, visitas íntimas, televisão, tudo deveria ser cortado. Não estão numa colônia de férias. Estão presos, afastados do convívio social. Teoricamente, em reabilitação.

Rebelião? Queimaram colchões e destruíram a cozinha? Azar, dorme no chão e come o que puder ser feito enquanto a cozinha não fica pronta.

Claro que, para isso ser alcançado, o estado deveria cumprir o seu papel, e não deveriam existir prisões com superlotação e tal. Que mais? Em prisões de segurança máxima os detentos não poderiam ter contato com outros presos. Advogados, só por trás de um vidro.

Desligar torres de celular para evitar que os presos se comuniquem com outros?

CELULARES NÃO PODEM ENTRAR EM PRESÍDIOS!

Não estão invertendo as coisas?

Sei lá, idéias...

Deixa eu ir lá que tenho um avião para pegar.

Até.

Antes de voltar

San Diego, Califórnia.

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terça-feira, maio 23, 2006

domingo, maio 21, 2006

A Sopa 05/44

Enredo para uma história de terror.

Homem com seus trinta e poucos anos descobre, por acaso, que uma ex-namorada morreu, de uma doença desconhecida, após passar por sofrimento atroz. Algumas semanas após este ocorrido, recebe a notícia de que outra mulher com a qual havia tido uma curta relação antes do seu casamento, também morrera de causa indeterminada, após ficar dias em um hospital sofrendo de grande dores. A partir de então, curioso e preocupado com a situação, pesquisa e descobre que TODAS as mulheres as quais já tinha beijado estavam morrendo misteriosamente, com exceção da sua esposa.

A sua esposa, por sinal, parecia cada dia mais jovem e bela. Mostrava uma energia que nunca tivera antes. Com o passar dos dias, notou que cada vez que ele ficava sabendo da morte de uma de suas ex-namoradas – tinha várias ex – ela aparecia mais bonita e jovem. Não comentava nada com ela, mas temia que o culpado das mortes era ele próprio, estaria transmitindo algum vírus ou algo assim. Segundo esta lógica, ela seria uma das próximas, ou mesmo a próxima. Só que, ao contrário do que ele poderia esperar, ela parecia cada vez mais bela e com a saúde inabalável.

Nunca contou nada para ela, que nunca ficou doente. Ele, ao contrário, envelheceu muito atormentado pela dúvida de ser portador e transmissor de alguma doença misteriosa e incurável. Afastou-se de todos, passou a não sair de casa, depois do quarto, até que foi dado com louco. Internado numa clínica de repouso, passou o resto dos seus dias beijando a própria mão na esperança de acabar com o seu sofrimento e culpa, sem nunca ter percebido que utilidade que um curso de química poderia ter tido para uma advogada e chef de cuisine...

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Uma Sopa requentada enquanto estou aqui em San Diego a trabalho.

Logo, logo, mais notícias.

Até.

sexta-feira, maio 19, 2006

Futebol

Momentos antes da virada do milênio, na noite de trinta e um dezembro de 2000, após jantarmos, saímos em desabalada carreira em direção ao metrô para tentar chegar a tempo na Champ de Mars, para passar a virada embaixo da Torre Eiffel. Não fomos os únicos a ter essa idéia. Meia Paris (estimativa minha) havia tido a mesma idéia e, na estação que tínhamos que fazer a baldeação (ou correspondance, como eles chamam), havia milhares de pessoas. Mal conseguíamos andar. Em meio àquela multidão, conversávamos em português. Até que um grupo de três adolescentes franceses puxam assunto conosco. Perguntam de onde somos e arriscam um palpite: Itália. Não, esclarecemos, somos do Brasil.

Eles sorriem e comentam da final da copa de mundo de 1998, lembrando a vitória francesa por três a zero. Concordo com eles, dou os parabéns e pergunto: quantas vezes vocês foram campeões mesmo? Não sei vocês, mas eu sou quatro vezes (o penta viria quase dois anos depois). Sorriso amarelo e reconhecimento de nossa superioridade em termos de futebol.

Toronto, 2006.

Tenho que ir ao banco para comprar USD para levar na viagem do final de semana.

Aproveito a hora do meio-dia, logo após o round e antes de iniciar o ambulatório de distúrbios do sono no Hospital for Sick Children, e vou à agência do meu banco na esquina da University Ave com Dundas St. Caixas eletrônicos cheios, dentro da agência ninguém.

Vou até o caixa e sou logo atendido. Vejo pelo crachá que a funcionária de chama Mônica da Ponte e me pergunto se ela é brasileira ou portuguesa, mas é ela que me pergunta a mesma coisa. Sou brasileiro, esclareço. Ela se revela portuguesa. Começamos a conversar e ela conta que assiste aos canais brasileiros Globo e Record. Digo que só vejo a Globo, e olhe lá. Pergunta se gosto de futebol. Digo que sim e transfiro a pergunta: ela também gosta de futebol.

Termina de me atender e, quando vou sair, me diz: “Boa sorte na Copa”. Agradeço e retribuo o boa sorte. Ela rebate: “Não precisamos de sorte”. Sorrio e devolvo: “Claro, vocês têm o melhor técnico”. “Ah… Scolari…” diz ela.

Gol, meu.

Até.

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Amanhã escrevo da Califórnia.

Fui.

quarta-feira, maio 17, 2006

No Ar (2)

Está no ar a PicturaPixel. Com a palavra, seus editores:

PicturaPixel é uma revista eletrônica mensal dedicada à fotografia. Estamos em nossa edição de estréia. Queremos levar à sua tela portfólios de alta qualidade. Acreditamos que a informação deva circular livremente.

Nessa primeira edição, começamos com dois mestres da linguagem fotográfica. O primeiro é Abelardo Morell, cubano que veio para os Estados Unidos ainda adolescente e praticamente reinventou a fotografia. Ele nos concedeu uma bela entrevista. Confira. O segundo é Gordon Parks, fotógrafo americano que possuía uma forte ligação com o Brasil. Ele morreu em março passado aos 93 anos de idade.

Do Brasil, temos Anderson Schneider e a sua visão particular do Iraque. Anderson esteve na terra que um dia foi de Saddam Hussein por conta própria e fotografou o outro lado da guerra. Suas fotos e seu relato são imperdíveis.

Temos também Hans Georg e Ig Mata, que fotografam com câmeras pinhole. Ig vive em Nova York. Hans, em São Paulo. Os dois demonstram que nem sempre fotografia de qualidade necessita de instrumentos óticos.

Por fim, André Dusek conta a história de “Seu Renato”, fotógrafo de Getúlio Vargas, e Juan Aramayo escreve sobre o ensino da fotografia e nos questiona: por que fotografar?

Esperamos que você goste. Aguardamos as suas sugestões e opiniões, elas são mais do que bem-vindas.

Até a próxima edição!

Claudio Versiani & Gilberto Tadday

No Ar

Está no ar o novo site do Brasil News, o jornal brasileiro aqui de Toronto.

Este que vos escreve é um dos colunistas.

Dá um passada .

Até.

terça-feira, maio 16, 2006

O PCC não é o PC *

O terror urbano desencadeado pelo PCC em São Paulo aponta para numerosos erros: erros no sistema penitenciário, erros na política de segurança pública, erros na questão do controle da droga, principal fonte de renda da bandidagem, erros no relacionamento entre os níveis do poder público. E assinala também um antigo erro da esquerda: a transgressão seria, antes de tudo, um resultado da miséria; mais que isto, uma forma de corrigir os efeitos da má distribuição de renda. Em outras palavras, os assaltantes equivaleriam a Robin Hood, aquele que roubava dos ricos (melhor dizendo: confiscava) para dar aos pobres. Um raciocínio que acabou se estendendo ao terrorismo, visto como uma forma de resistência à opressão. Interessante é que tanto o terrorismo quanto a transgressão exploraram esta crença, através de doações aos mais pobres e de medidas de apoio social.

Os acontecimentos da capital paulista comprovaram (se é que isto ainda precisava ser comprovado) que tal idealização não corresponde à realidade. Não há dúvida de que a pobreza é um caldo de cultura para a transgressão; mas, uma vez que esta surge, torna-se uma entidade autônoma, um negócio com seus próprios meios e seus próprios fins. Muito diferente da concepção revolucionária dos teóricos comunistas, que falavam em luta de classes, mas luta no sentido mais amplo, abrangendo greves e movimentos de protesto. Em matéria de violência, aliás, os comunistas eram mais vítimas do que vilões, e a história de Olga Benario é disso um exemplo típico. O PC, Partido Comunista, não era o PCC.

O Brasil teve muitos e famosos criminosos. Um deles foi o carioca Lúcio Flávio, ladrão de bancos conhecido por seus assaltos arrojados e suas fugas audaciosas, que inspirou um filme dirigido por Hector Babenco, com Reginaldo Faria no papel principal. Jovem, charmoso, Lúcio Flávio despertava admiração e já estava em vias de se tornar um herói, quando ele próprio disse uma frase que, em sua rude simplicidade, define as coisas: bandido é bandido, polícia é polícia. Obviamente, há ocasiões em que policiais dão uma de bandidos, e ocasiões em que os bandidos parecem justiceiros, mas esta não é a regra e nem deve servir de diretriz para uma política de combate à violência. Que, claramente, comporta duas fases: uma, emergencial, de repressão policial; outra, de longo prazo, de correção das desigualdades e da patologia social de modo geral. Não são excludentes. Excludentes são o PC e o PCC.

* Moacir Scliar, publicado no jornal Zero Hora, Porto Alegre, 16/05/06

Ainda São Paulo

Congresso Internacional do Medo

Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.

Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, maio 15, 2006

Sobre cafés e o mundo

Apesar da relativa pouca idade para ser chamado de senhor, sou um cara mais ou menos das antigas. Tradicional, quase conservador, apesar de que, quando falo em conservador, não estou me comparando ao partido do atual primeiro-ministro do país que me acolheu nesse período de dois anos que se encerra em breve.

Não, não quero nem não vou falar de política, até porque essa não é a minha praia ou, melhor, não é a razão de eu estar ocupando esse espaço. Era para ser um pouco sobre medicina (será, prometo) mas também livre para falar de outros assuntos que eu achasse importantes e impertinentes, ou não.

Bom, volto ao que eu queria dizer. Sou tradicional, ortodoxo até. Por isso que ainda não me acostumei completamente com algumas coisas. Como o café. O café, que é uma das marcas registradas, um dos hábitos mais arraigados por aqui, para mim ainda é um mistério. Vocês sabem, e eu sei, que o que tomamos por aqui na maioria das vezes não é café de verdade. No máximo, um primo dele. De segundo grau. No início, é difícil tomar essa água preta que lembra ao fundo aquela maravilha que é um café recém passado. Dizem as más línguas que o aroma é ainda melhor que o gosto do mesmo, e quase concordo.

Depois que nos acostumamos, até que não é tão ruim assim. Vamos numas dessas redes que vendem cafés e pedimos nosso café regular, em que vamos acrescentar leite ou creme, porque puro, assim pretinho, ainda não dá para encarar. Açúcar, adoçante ou sem nenhum dos dois. Pronto. Temos o café.

Só que aí então vêm as mil e uma variações para nos complicar a vida. E não só isso: além dos cappucinos e outros cafés especiais, ainda se pode escolher o blend. Sem falar nas opções de café gelados! É demais para mim.

Sou do tempo em que café era café e não tinha outro gosto que não o de café. As varições iam por conta da inclusão ou não e da quantidade de leite envolvida na mistura. Um mundo e um tempo mais simples, onde sabíamos que café era quente, sorvete gelado, quem eram os mocinhos e os bandidos.

Hoje perdeu-se a noção das coisas, tudo é relativo.

Certo, certo, estou ficando velho...

Até.

(Essa é a minha coluna na última edição do Brasil News, jornal quinzenal aqui de Toronto, do qual sou colaborador com a coluna 'A Sopa no Exílio')

Comentario sem acentos no meio do dia

Guerra civil, nao tem outro nome.

Esse eh um momento decisivo: se as autoridades nao tomarem uma atitude forte agora para reprimir isso e retomar o controle da cidade e do estado Sao Paulo, nunca mais o farao.

A minha opiniao - humilde, de quem esta vendo de fora - eh que tem que botar o exercito na rua, instalar estado de emergencia e toque de recolher.

Guerra eh guerra.

Ate mais tarde.

domingo, maio 14, 2006

A Sopa 05/43

Dentre os mistérios do mundo, um dos que mais me intrigam é por que as pessoas, frente a uma fonte com água correndo, se sentem compelidas a jogar uma moeda. Não consigo entender.

Sei bem da tradição de quem vai à Roma.

Deve-se estar de costas para ela e jogar a moeda com a mão direita por sobre o ombro esquerdo. Cumprindo esse pequeno ritual, junto à Fontana di Trevi, garante-se a volta à Cidade Eterna. Eu, lá, fiz como mandava o roteiro. Voltei e repeti o ritual. Como não faz muito, ainda acredito em que vai funcionar de novo. Mas isso é na Fontana di Trevi. Até onde sei, não existem outras do gênero.

Pensando bem, existe aquela coisa de jogar a moeda e fazer um pedido. Não sei se isso é válido em qualquer fonte ou poço. Sei lá. O fato é que em qualquer fonte por onde se passa, há milhares de moedas depositadas. Vai ver que é para garantir. Como o caso das portas santas.

Você sabe, e provavelmente eu já tenha falado disso, mas em toda igreja há um porta que fica sempre fechada e que só é aberta a cada vinte e cinco anos, nos anos jubiliares. O último foi em 2000, justamente na primeira vez em que visitei a Itália. Diz a tradição que quem passa pelas Portas Santas das quatro igreja principais de Roma, São Pedro, Santa Maria Maggiore, San Giovanni in Laterano e San Paolo Fuora di Muri, terá todos os seus pecados perdoados.

Claro que eu fiz isso, e – mais – ainda passei pelas Portas Santas em Assis, Milão e na Notre Dame de Paris. Sabe como é, just in case.

É o que deve acontecer com as fontes. As pessoas jogam as moedas em qualquer uma, para garantir. Não importa onde, jaga-se a moeda e faz-se um pedido. Vai que aconteça. É aquele papo: se tentar, pode até não dar certo, mas se não tentar, certamente não vai acontecer. Certo… pode ser, deixa assim…

Mas o que eu não aceito, acredito ou entendo, é quem joga moeda em uma fonte de um cassino. Como assim? Jogar dinheiro fora para tentar ganhar dinheiro? Não há saída.

Ao jogar a moeda, já se perdeu dinheiro. O ato de jogar a moeda anula o ato para o qual a moeda poderia servir. É quase uma situação paradoxal extrema, daquelas que podem acabar com o universo, como o caso dos cremes de anti-ruga para homens. Não posso nem falar nisso, apenas que isso não existe. Outra hora explico.

Até.

sábado, maio 13, 2006

Final de semana

O final de semana do Dia das Mães não está sendo passado em Toronto, mas amanhã estamos de volta.

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Bom sábado e até amanhã.

sexta-feira, maio 12, 2006

Outra

Mais uma sexta-feira, mais uma dor de cabeça.

Às vezes me pergunto se não é o tumor que está de volta. Sabe como é, não é fácil esquecer uma coisa dessas. Mesmo com tudo o que disseram, sempre existe a possibilidade.

Procuro não pensar nisso.

Planejo o futuro, que está logo ali na frente, depois da esquina. Antes de amanhã, do futuro, existe um longo hoje repleto de detalhes e tarefas.

A cabeça dói, não tenho vontade de falar ou escrever.

Fome. É isso. Tenho fome.

Percebi que sexta-feiras me alimento mal.

Tumor, que tumor?

Quem falou nisso? Eu?

Nunca…

Fome, tudo fome.

Até.

quinta-feira, maio 11, 2006

Secreto? Como assim?

Por estar fora do Brasil e, com isso, não conseguir acompanhar o dia-a-dia, não sei se andam falando nisso. Imagino que sim, afinal é tão óbvio. Sei lá.

Quero falar sobre o Congresso Nacional.

Mais especificamente, sobre os processos de votação em plenário.

É o seguinte: senadores, deputados, vereadores (aí obviamente não falo do congresso) são todos representantes daqueles que os elegeram, certo? Certo. Portanto, todos os seus atos têm de ser justificados. O que torna, portanto, absurda qualquer votação secreta. Não é admíssivel. Sem chance. Tolerância zero.

Voto secreto, só dos eleitores. Além de secreto, não deveria ser obrigatório, mas é outra conversa. Os eleitos têm a obrigação de justificar-se com os eleitores. Simples assim.

Ah, mas não é assim que as coisas funcionam, você pode argumentar, é ingenuidade acreditar que algo possa ser mudado.

É mesmo? Acredita nisso? Tem certeza?

Bom, aí é mesmo que as coisas não vão mudar. Não só isso, e já falei sobre, a corrupção começa no dia-a-dia. Se somos tolerantes com as pequenas corrupções diárias, não poderemos reclamar da “grandes” corrupções. Tem gente que não concorda com esse ponto de vista, o que acaba validando o que estou dizendo.

Mais: os mandatos, não importa se de vereador, deputado ou senador, devem ser do partido. Trocou de partido, perdeu o mandato.

É ano de eleições majoritárias no Brasil. Não tem melhor hora para começar a discutir esses assuntos que agora. Muito melhor que simplesmente aceitar uma dessas idéias estúpidas de anular o voto. A omissão é o pior dos crimes num processo democrático.

Vai mudar alguma coisa? É possível que não. Mas se ninguém fizer nada, certamente nada vai acontecer.

Até.

quarta-feira, maio 10, 2006

Relações Exteriores

Sobre o caso da Bolívia.

Provavelmente o que vou falar não resista a uma análise mais atenta, mas não importa, acho que preciso dizer, critério primeiro para publicação aqui. Estou incomodado com a questão da nacionalização dos hidrocarbonetos e mineração da bolívia, medida que atingiu os interesses da Petrobrás e, por conseqüência, do Brasil no país.

Certo, reconheça-se o direito de qualquer país sobre os recursos naturais em seu território. Direito inclusive de fazer acordos com outros países, assinar contratos, receber inverstimentos. O que não pode é, unilateralmente, resolver que os contratos não valem mais e “não quero mais brincar”. Não é assim que as coisas funcionam. Não mesmo.

Sempre fui contra o não cumprimento de contratos, como quando o PT no governo do estado do RS não cumpriu o que tinha com a Ford e essa mudou-se para a Bahia. Nem era favorável à moratória ou qualquer proposta no sentido. Claro que contratos injustos devem ser renegociados, sempre dentro da lei.

No caso específico, da Bolívia, o que aconteceu foi um desrespeito ao Brasil. Afinal de contas, a Petrobrás é uma empresa estatal, nós brasileiros somos os “donos” dela. Como fica agora? E o investimento feito, parace que algo em torno de 1 bilhão de dólares. Dinheiro jogado fora? Caridade?

Sem falar na agressão que foi fazer o exército ocupar as refinarias, num gesto de significado bem claro.

E o Brasil? O governo?

Nada, ou quase. Uma reunião em que estava o presidente da Venezuela, Hugo Chaves, que não tinha nada o que fazer lá.

Em resumo, omissão e demonstração de fraqueza.

Se dependesse de mim, me portaria como a maior potência da América Latina, o que somos: tropas na fronteira.

E, se vacilassem, invadia...

Até.

UPDATE SEM ACENTOS NO MEIO DO DIA (11/05/06)- Depois disso, a minha posicao parece cada vez mais correta. Parece provocacao. Espera-se uma resposta a altura do governo brasileiro.

Ate.

terça-feira, maio 09, 2006

Aniversários de Maio

Todo nove de maio, além de comemorar o aniversário do meu pai,

Pai

também comemoramos mais um aniversário da primeira viagem dos Perdidos na Espace. Esse é o sétimo aniversário. Saímos de Porto Alegre domingo, 09/05/1999, naquele ano dia das mães, e voltamos no início de junho, com exceção do Paulo, que anda assistiu as finais de Roland Garros. Em 2004, quando eu ainda estava em Porto Alegre, foi quando comemoramos juntos pela última vez.

Perdidos 001 - De partida
Porto Alegre, de saída

Perdidos 187 - Romantische strasse
Romantische Strasse, Alemanha

Perdidos 262 - Alpes Franceses
Alpes, França

Perdidos 302 - Todos no Mont Blanc
Mont Blanc, lado francês

Perdidos 436 - Clássica Paris
Paris

Perdidos 482
5 anos depois

Até.

segunda-feira, maio 08, 2006

Asas da Liberdade (ou me tirem desse elevador!)

Era maio. O ano, 1999, último ano de existência do mundo.

Sim, porque todos sabem que o mundo acabou em 31 de dezembro de 1999. As previsões de Nostradamus e dos engenheiros que previram o bug do milênio estavam certas. Isso o que vivemos até esse ano da graça de nosso senhor dois mil e seis nada mais é que um simulacro da realidade. Matrix. Nós somos parte de um software. Um jogo que vem sendo jogado por uma criança mal educada e espírito de porco. Quando a mãe dela descobrir como é esse jogo, acaba a brincadeira, acabamos todos nós.

Bom, em maio de 1999 nós, os Perdidos na Espace estávamos, a partir do dia 10, circulando por estradas européias. Passamos por Bélgica, Holanda, Alemanha, Suiça e, finalmente, França. Nossa primeira parada na França foi em Dijon, de onde fomos em direção ao Vale do Loire, pois queríamos visitar os castelos da região, Chambord, Amboise, Blois, Chenonceau, etc.

A primeira cidade em que paramos foi em Sully-Sur-Loire, pequena e simpática, junto ao catelo de Sully. Procuramos hotel (nem sempre era fácil encontrar hotel para os três casais e a xis-linha - a Beta, minha afilhada, que na época tinha dois anos e meio). Encontramos fácil, e parecia casa de vó. Quartos grandes, com carpete no banheiro (!), um quarto em tom de rosa e o outro em azul.

Tão cara de casa de vó que tinha até o vô.

Quando o mesmo, na manhã seguinte, foi servir o café para nós, foi impossível notar que o vô, apesar de não pode voar, era impressionante o tamanho da asa…

Salto no tempo.

Maio de 2006.

Saio do trabalho e volto para casa. Os dias têm sido muito bons aqui em Toronto na última semana, e está esquentando. Eu achava isso super-bom, até que entrei no elevador. Ao botar o pé dentro, fui atacado por um budum horrível, um cheiro de asa insuporável. Tentei sair, mas a porta fechou. Tive que agüentar subir dezenove andares com um vô com asa. E como vocês podem imaginar, não, ele não podia voar…

Até.

domingo, maio 07, 2006

A Sopa 05/42

Em menos de dois meses, mudo de país mais uma vez.

Como todos sabem, e venho falando disso quase desde que cheguei aqui, em 30 de junho embarco de volta para o Brasil, Rio Grande do Sul, Porto Alegre, casa. Será o final da minha jornada por terras canadenses e o início de uma nova vida em Porto Alegre.

Sim, porque quem volta não é quem veio para cá em agosto de 2004. Naturalmente e sem traumas. Muita coisa mudou, muito mudei. É a vida. Algumas pessoas se foram nesse tempo, outras se perderam numa curva da estrada. Também parte do processo, nada anormal.

Tenho aprendido muito nesse tempo, com muitas pessoas. Aliás, estou sempre aprendendo, errando, reconhecendo os erros e tentando consertá-los. De novo, “chovo no molhado”. O que acontece comigo não é diferente do que acontece com todo mundo.

Às questões práticas, então.

Vou me mudar, o que fazer com o apartamento mobiliado basicamente onde vivo? Vender as coisas, jogar o que é muito velho e inutilizável fora, doar outras. Mas e os livros, papéis, que precisam ir comigo? Ainda estudo o que fazer. Correio, uma mala extra (e o excesso de bagagem), etc. Questão ainda em aberto.

Ontem, por exemplo, passávamos – o pai, a mãe e eu – em frente a uma loja da UPS e resolvi para para pergunta o valor para mandar uma caixa para o Brasil. O funcionário olhou no computador, conferiu para ver se era isso mesmo, e disse: setecentos dólares para mandar uma caixa de 50 pounds (em torno de 25kg).

Minha reação externa foi de impassibilidade.

Internamente, contudo, as vozes enlouqueceram: ‘What? Seriosly? Are you nuts? Get the hell out of here”. Setecentos dólares por 25 kg? Mil e quatrocentos por 50kg?

Por esse preço, é mais vantagem eu comprar uma passagem e levar eu as malas. Vou ter direito a levar 64kg e ainda vou de brinde…

Que loucura...

Até.

sexta-feira, maio 05, 2006

Sexta-feira

Preparando a casa para a chegada do pai e da mãe.
Dor de cabeça. Parece que a mesma vai explodir.
Inesperadamente, a tarde foi livre.
Cinema, então. Mission: Impossible III. Bom filme, bom filme.

Ouvindo Bob Dylan. Climão. Positively 4th Street.

You got a lotta nerve
To say you are my friend
When I was down
You just stood there grinning

You got a lotta nerve
To say you got a helping hand to lend
You just want to be on
The side that's winning

You say I let you down
You know it's not like that
If you're so hurt
Why then don't you show it

You say you lost your faith
But that's not where it's at
You had no faith to lose
And you know it

I know the reason
That you talk behind my back
I used to be among the crowd
You're in with

Do you take me for such a fool
To think I'd make contact
With the one who tries to hide
What he don't know to begin with

You see me on the street
You always act surprised
You say, "How are you?" "Good luck"
But you don't mean it

When you know as well as me
You'd rather see me paralyzed
Why don't you just come out once
And scream it

No, I do not feel that good
When I see the heartbreaks you embrace
If I was a master thief
Perhaps I'd rob them

And now I know you're dissatisfied
With your position and your place
Don't you understand
It's not my problem

I wish that for just one time
You could stand inside my shoes
And just for that one moment
I could be you

Yes, I wish that for just one time
You could stand inside my shoes
You'd know what a drag it is
To see you


Até.

(ah, ontem foi o 600º post)

quinta-feira, maio 04, 2006

Dúvida Existencial

Há algumas semanas, enquanto comemorávamos meu aniversário regados à Fischer, cerveja da Alsácia, em meio à conversa me perguntaram qual era o meu maior defeito. Não soube o que responder, fiquei em silêncio.

Passa-se uma semana, a Jacque chega para visitar-me e, reunidos novamente no almoço de Páscoa, contam para ela o ocorrido. Ela não vacila: “Não sabe qual é o maior defeito? Esse é o maior defeito, megalomania!”. Todos riram, eu acho. Depois, fiquei pensando com os meus botões. Será que sou mesmo megalomaníaco? E, pior, será que isso faz mal às pessoas? Será que eu faço mal às pessoas?

Pausa. Admito que vai ser virtualmente impossível desenvolver esse texto sem parecer que estou defendendo o meu jeito de ser. Vou tentar não fazê-lo, até porque o meu jeito de ser é meu e não recomendo para ninguém. Cada um na sua. Fim da pausa.

Fiquei, então, me perguntando qual era o meu maior defeito, se é que eu achava que tinha algum. Espera aí, eu nunca disse que não tinha defeitos! Eu apenas não soube dizer qual era o maior deles. Sim, eu tenho defeitos, e muitos. Sou humano, afinal de contas. Qual, de todos eles, é o maior? Ainda não sei.

Além disso, será que as pessoas me vêem como um megalomaníaco, um chato? Egocêntrico? Pedante? Será, será?

Não tenho essa resposta também.

Sempre acreditei e – mais – gostei de mim mesmo, e nunca tive vergonha de dizer que eu gostava de mim, que me achava capaz. De certo modo, era para vencer o maior crítico que eu tinha: eu. É o que diz a música: “Quantas chances desperdicei quando o que eu mais queria era provar para todo mundo que eu não precisava provar nada pra ninguém”…

Confesso, por outro lado, que durante um tempo quando eu dizia que as pessoas podiam ter opiniões, mas eu tinha compromisso com a verdade, era mais para slogan de jornal do que qualquer outra coisa. E brincadeira, óbvio, para alimentar o folclore. Mas todo folclore surge de algum lugar…

Pensamentos grandiosos, idéias mirabolantes, sim, esse sou eu.

Mas me pergunto se sou egocêntrico e egoísta, o que não seria nem um pouco legal.

Você, que me conhece, sinceramente, o que pensa?

Até.

Quase

Hoje, sem falta, volto ao ar...

Até mais tarde.

quarta-feira, maio 03, 2006

Nota

Em meio à correria, mais tarde - hoje ainda - voltaremos à atividade normal.

Até.

segunda-feira, maio 01, 2006

A Sopa 05/41

Não, eu não desapareci.

Estive sem acesso à internet nos últimos dias por conta de estar em alguns lugares da América do Norte em que o acesso não era muito fácil. Mas agora está tudo normalizado. Novamente em Toronto.

Mas não era disso que eu queria falar.

Nem faz tanto tempo assim, mas ainda lembro nitidamente da noite anterior à minha primeira viagem à Europa, em 1999, intitulada Perdidos na Espace, em que, seguindo orientações do folheto informativo do carro que fizéramos o leasing, que dizia que ele vinha com toca-fitas (sim, toca-fitas), gravei algumas fitas (sim, fitas) para ouvirmos durante nossa trecho de carro pela Europa, que incluiu Bélgica, Holanda, Alemanha, Suiça e França, terminando em Paris nos dias de Roland Garros.

Então, dizia que havia gravado algumas fitas (sim, fitas) para ouvirmos na viagem. Claro que, chegando lá, a Renault Espace que compráramos vinha com CD player, e as fitas não serviram para nada…

Sete anos depois, muita coisa mudou.

Não vou falar nem dos próprios Cds, que existiam e já haviam substituídos os vinis naquela época. Vocês, crianças, chegaram a conhecer os discos de vinil, os LPs? Não? Deixa para lá. Aliás, não sei onde eu estava com a cabeça que acreditei num estúpido folheto que dizia que o carro tinha toca-fitas… deixa pra lá mesmo…

Final de semana passado, enquanto me preparava para uma curta viagem de carro pelo Canadá, pensei na questão da mídia musical. Rádio, apenas, afinal não tenho Cds aqui no Canadá? Não…

A solução estava no iPod, tocador de mp3 da Apple. A versão que tenho (e que já saiu de linha, por sinal) tem quatro gigabytes de memória e armazena algo tipo mil músicas. Como fazê-lo tocar no rádio do carro? Um dispositivo chamado iTrip, uma maravilha que transmite o conteúdo do iPod em ondas de FM. É perfeito.

Como o mundo mudou em sete anos…

A viagem? Conto nos próximos dias.

Até.