Aconteceu semana passada.
Estava em casa, final do dia de quinta-feira, recém chegado do consultório, sentado no sofá em silêncio na casa silenciosa porque as meninas estavam viajando e pensando na jantar que faria e comeria sozinho assistindo alguma série da Netflix quando o celular tocou. Era um número desconhecido.
Prontamente atendi, afinal são dias de COVID.
“É o Dr. Marcelinho?” perguntou a pessoa do outro lado da linha.
Uma série de associações rápidas me fez concluir que quem estava ligando (não era uma voz conhecida) certamente teria alguma ligação com o meu passado, com os verões na praia de minha infância/adolescência, o que se confirmou logo depois quando se identificou: era a mãe de um querida amiga (e agora também paciente) da nossa turma da praia, a ‘Turma do Muro’ da qual já falei por aqui em algum momento no passado.
Marcelinho.
Eu mesmo, à disposição.
Quando ainda, eventualmente, sou chamado de Marcelinho, é certo que é por alguém que me conheceu naquela época em que, para diferenciar do ‘Marcelão’, mais velho, maior e de maior peso, tornei-me o Marcelinho. De certa forma, ainda sou...
O efeito de ser chamado assim é o mesmo que ouvir algumas músicas tem em mim, que é o de estar numa máquina do tempo e voltar a outra época. Consigo sentir exatamente o que sentia naquela época, no caso os verões da metade dos anos 80 até início dos anos 90, assim como ouvir algumas músicas do Cazuza tem esse efeito, de me sentir como se estivesse lá, que eu ainda fosse quem eu era naquele tempo.
É uma sensação boa, mais ainda por saber como a história se desenrolou desde então, e que – em meio a diversos erros cometidos ao longo do caminho – não mudaria nada (para não correr o risco de não estar onde estou).
Também ser chamado de Marcelinho me conecta com minha história e de certa forma me deixa bem mais jovem, mesmo que de qualquer maneira eu ainda me sinta muito jovem...
Até.
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