Crônicas e depoimentos sobre a vida em geral. Antes o exílio; depois, a espera. Agora, o encantamento. A vida, afinal de contas, não é muito mais do que estórias para contar.
terça-feira, julho 31, 2007
domingo, julho 29, 2007
A Sopa 07/02
Volto a falar sobre viagens, assunto recorrente deste semanário e uma das minhas paixões na vida. Não só paixão, na verdade. Podemos incluir viajar na categoria dos vícios e das obsessões. Mas não é esse o enfoque de hoje.
Viajar é, antes de tudo, uma experiência sensorial. As principais viagens são as de férias, em que estamos despidos das diversas camadas de aparências que os nossos papéis sociais nos impõem. Em férias, você é simplesmente você e seus chinelos (que dizem muito sobre nossa personalidade, mas é assunto para outro dia) ou suas ceroulas, depende em que estação do ano você tira férias ou para que estação você viaja nas férias. Ficamos muito sensíveis ao nosso mundo interior e ao mundo à nossa volta. Imagine o estrago que um camarão mal preparado pode causar a um verão. Ou mesmo um chope mal tirado...
Assim é com a nossa impressão com relação a cidades que conhecemos. Ninguém simplesmente vai a uma cidade. Se fosse tão simples assim, não valeira a pena ser turista. Aliás, ninguém que ser taxado de turista, já perceberam? Queremos sempre passar por locais, por nativos. Uma grande e boa sensação foi uma manhã, em Pordenone, no norte da Itália, em que caminhávamos e alguém que participava de uma rústica ou algo do gênero me perguntou para que lado ficava a igreja principal. Para mim! E eu sabia! É uma ótima sensação.
Voltando ao que eu falava, quando visitamos um lugar novo, queremos senti-lo, vivê-lo. Assim teremos as melhores lembranças de viagens. Por isso olhar fotos das viagens de outros para locais que não conhecemos não é nem de perto a emoção de olhar para fotos de lugares em que já estivemos e, claro, as nossas fotos. Toda foto vem com uma história anexa, e isso é o melhor. Também por acreditar que visitar um lugar e senti-lo é uma experiência quase solitária (que pode ser feita com mais pessoas, mas não com muitas) que não sou adepto de excursões. A não ser que se tenha quinze anos e se viaje num ônibus cheio de colegas de aula...
É importante saber, também, que essa experiência de conhecer lugares novos é completamente dependente de quem está junto com você. A influência do outro é decisiva, principalmente se ele já conhece o lugar e você não. Sem querer, participei de um estudo de caso-controle sobre “a influência do guia na percepção sensorial de um lugar novo”. Fui o controle. Aconteceu assim: escolheu-se aleatoriamente um casal gaúcho de idade na faixa-etária entre 25 e 35 anos e um indivíduo para ser o controle, de mesma idade. Escolheu-se, aleatoriamente, uma cidade: Florença.
Os dois grupos (o casal e eu) foram separados e levados à Florença na mesma época do ano, com diferença de um dia, e guiados por dois guias. O primeiro grupo, o casal, tinha um guia que já tinha estado na cidade uma vez, sozinho, e não tinha gostado. O outro grupo (eu), teve uma guia que tinha estado duas outras vezes em Florença e que havia ficado encantada com a cidade. Visitamos (eu e a guia) os pontos turísticos principais, ficamos num hotel turístico, cheio de japoneses fumantes e com um café aguado. Resultados: o casal que foi com o guia que não gostou da cidade também não gostou de Florença, e eu, que fui com uma guia que adorava Florença, adorei a cidade.
Conclusão do estudo: a pessoa que te apresenta um lugar é, em boa parte, responsável pela forma que sentes esse lugar.
Pergunta sem resposta:
Como alguém pode não gostar de Florença?
Até.
sábado, julho 28, 2007
sexta-feira, julho 27, 2007
Meus Livros de Fotos
Se para literatura o talento não é o bastante, ao menos eu tiro fotos.
Claro que nada comparado ao artista da família.
Até.
quinta-feira, julho 26, 2007
Sobre o infinito
el infinito es la sorpresa de los límites.
Alguien constata su impotencia
y luego la prolonga más allá de la imagen, en la idea,
y nace el infinito.
El infinito es el dolor
de la razón que asalta nuestro cuerpo.
No existe el infinito, peso sí el instante:
abierto, atemporal, intenso, dilatado, sólido;
en él un gesto se hace eterno.
Un gesto es un trayecto y una encrucijada,
un estuario, un delta de cuerpos que confluyen,
más que un trayecto un punto, un estallido,
un gesto no es inicio ni término de nada,
no hay voluntad en el gesto, sino impacto;
un gesto no se hace: acontece.
Y cuando algo acontece no hay escapatoria:
toda mirada tiene lugar en el destello,
toda voz es un signo, toda palabra forma
parte del mismo texto.
Chantal Maillard
terça-feira, julho 24, 2007
Pensando bem...
Estúpida, sem dúvida, porque feita no Palácio do Planalto, em frente a uma janela e com cortina aberta, mas mais humana impossível, por mesquinha. Não vejo como desrespeito às vítimas, ou à população brasileira, como foi o caso da 'dança da pizza', feita em pleno congresso nacional para todos verem, e mostrada em vídeo publicado aqui ontem.
O que não exime esse governo corrupto e incompetente de todos os seus males e erros.
Até.
segunda-feira, julho 23, 2007
Brasil
“Brasil
Mostra tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim”(1)
“Terceiro mundo se for
Piada no exterior
Mas o Brasil vai ficar rico
Vamos faturar um milhão
Quando vendemos todas as almas
Dos nossos índios em um leilão
Que país é este
Que país é este
Que país é este”(2)
“Cada vez que a corja fala de cultura
Glauber quer quebrar a tampa do caixão
Cada povo tem o novo que merece
E o menudo vem com tudo e com razão...”(3)
Até.
domingo, julho 22, 2007
A Sopa 07/01
Existem acontecimentos que mudam a vida da gente.
Contrariando a minha teoria de que o que muda o mundo são os pequenos momentos, os acontecimentos sem importância do dia-a-dia, os aparentemente insignificantes, admito que existem aquelas situações que ficam marcadas para sempre, que nos deixam uma marca indelével. Quando não podemos mais viver do jeito que vivíamos antes porque não somos mais os mesmos.
Aconteceu quando fui para Toronto, e morei sozinho por um tempo. Levava a vida normalmente até que aconteceu esse fato, e a vida nunca mais foi a mesma: melhorou muito. Agora, recentemente, um desses momentos aconteceu aqui em Porto Alegre, e tudo mudou de cor, a vida se tornou mais fácil.
É quando nos perguntamos, então, como podíamos viver sem isso, ou – melhor – como vamos viver a partir de agora. O mundo é outro, mudou, as pessoas mudaram, mudamos todos nós. Revisamos nossos caminhos pela vida, reavaliamos nossas escolhas.
Em Toronto, foi quando – por dica da querida amiga Adriana – passei a mandar minhas camisas para uma lavanderia, ao invés de lavá-las e – suprema dor! – ter que passá-las, o que era um tempo perdido e a qualidade do serviço, duvidosa. Aqui em Porto Alegre, foi há algumas semanas quando comprei um espelho daqueles que não embaçam para colocar no box para poder fazer a barba no banho.
Incrível como vivo melhor depois disso.
#
Ainda chocado e triste com o acidente envolvendo a vôo 3054 da TAM, na terça-feira passada, notei um fenômeno curioso: se todo mundo que disse que quase embarcou no vôo tivesse realmente ido ao aeroporto e de fato embarcado, Porto Alegre estaria deserta hoje. É quase caso de um overbooking histórico...
#
Essa Sopa nossa de cada semana entra hoje em seu sétimo ano. Confesso que nos últimos meses tenho apelado à republicação de textos antigos com uma freqüência maior que eu gostaria. Como acredito que essa é uma situação temporária, estou tranqüilo. Se, por acaso, eu achar que não consigo mais, aviso.
Até.
sábado, julho 21, 2007
sexta-feira, julho 20, 2007
quinta-feira, julho 19, 2007
quarta-feira, julho 18, 2007
Tragédia
Resta a dor de todos nós, e a necessidade - que não é de hoje - de tomarmos uma atitude para mudar as coisas. Se deixarmos para os outros, se nos omitirmos, nada mudará, nunca.
Até.
terça-feira, julho 17, 2007
O Frio
A grande diferença entre o inverno sul do mundo e o de Toronto é que ele é onipresente, te segue onde quer que vás, dentro de casa, onde se encosta na parede e se torna líquido e penetra e o percebes resfriando até o osso, e parece que nada vai esquentar de novo, nunca irás te aquecer. Não importa a temperatura nominal, aqui o frio pega mais, e não existe o olhar o frio lá fora: ele entra em casa contigo, sem cerimônia.
Toronto, inverno, temperatura de quatorze graus negativos: de calção e camiseta, olhava para a rua e via a neve. Aqui, temperatura positiva, chove uma chuva final e tomo o chimarrão para esquentar, não como ritual ou lembrança de casa. Sinto falta do fogão à lenha que tinha na casa da minha avó, no interior do estado.
Entendo - porque vivo isso - definitivamente a milonga, os sons do pampa, as minhas origens (por mais diversas e obscuras que possam ser), assim como entendi um dia o que significava a expectativa e a felicidade da chegada do sol depois de um long, cold and lonely winter...
Até.
segunda-feira, julho 16, 2007
domingo, julho 15, 2007
A Sopa 06/52
Não sei se já falei para vocês, mas volta e meia lembro do Renê.
Vocês sabem, o Renê. Claro que sabem, todo mundo tem um René na vida. Com assim?
Eu explico.
Há muitos anos, quase dez, estávamos num grupo aguardando na fila para entrar no cinema quando uma pessoa, um cara, melhor dizendo, chegou para esse integrante do grupo (não importa quais eram os componentes do grupo, basta saber que eu estava e que a história NÃO se passou comigo) e disse:
- Lembra de mim? Sou o Renê, do colégio Inácio Montanha.
- Ah... sim...
- Continua jogando bem futebol como naquele tempo?
- Vamos tentando...
Dito isso, voltou a seu lugar na fila e nós ficamos conversando e brincando com o fato ocorrido. Entramos no cinema e sentamos ainda comentando o fato até que o envolvido disse “Olha na hora fiquei sem jeito porque não tinha a menor idéia de quem se tratava...”. Nisso, enquanto ríamos, o Renê se virou para trás (estava sentado bem na nossa frente) e perguntou, de novo:
- Agora, tá lembrado?
E o nosso amigo fez que sim com a cabeça e um grande sorriso amarelo. Pronto. Ficamos semanas brincando com o fato e – mesmo hoje – ainda de vez quando alguém lembra do episódio e rimos.
E isso acontece com todo mundo, isso de encontrar alguém que a gente sabe que conhece ou, ao menos, viu antes, mas não tem a menor idéia de onde nem do nome. Super constrangedor e uma situação que é uma grande armadilha.
Aconteceu recentemente com uma pessoa muito próxima a mim, num congresso. Estávamos conversando e, de repente, chegou uma terceira pessoa (que eu nunca tinha visto antes) e cumprimentou a pessoa com quem eu conversava. Perguntou se “o pessoal ainda continuava lá”, disse que estava com saudades e saiu, prometendo voltar para uma conversa mais detalhada. Foi só se afastar e a pessoa com quem eu conversava disse que não tinha a menor idéia com quem falara e ainda falaria detalhadamente. Perguntou o que deveria fazer.
Dei duas opções: fugir, para não ter que passar pelo vexame de dizer que não lembrava dela ou, pior, que não a conhecia, ou se enterrar mais ainda na mentira. Até imaginei um possível diálogo. Ela deveria estar na ofensiva, sempre.
- Então, como vai? Puxa vida, desapareceste, hein?
- Eu? Como assim?
- O pessoal lá tem comentado?
- Que pessoal estás falando?
- Aquele, o pessoal de lá, que comentaste antes... Porque se existem duas verdades, são essas: o pessoal continua lá sempre, e que comentam que nunca mais estiveste lá nem ligaste. Estão tristes...
- Mas...
- E me solidarizo com eles. Se não falas com eles, não falo contigo até que nos faça uma visita. Fui.
- ...
sábado, julho 14, 2007
quinta-feira, julho 12, 2007
Inverno
Juro que se eu testemunhar alguém dizer isso, "me boto" no indivíduo, bato de laço, dou uma sova. Só para aprender a não ser palhaço...
Frio...
Estou passando MUITO mais frio aqui que passei nos invernos canadenses.
Até.
quarta-feira, julho 11, 2007
Em Toronto
Na esquina da Bloor St com a Bathurst, a poucas quadras norte do Toronto
Western Hospital, ficava o Honest Ed's, um grande bazar onde se encontra
de tudo, por preços bem abaixo do normal. Um lance totalmente kitsch,
como as fotos mostram, cujo dono, Edwin "Honest Ed" Mirvish, 92 anos,
pode ser considerado uma figura lendária de Toronto. Além de
comerciante, Ed é parte responsável por Toronto tornar-se um dos centros
teatrais da América.
Pois bem, o "Honest Ed" faleceu hoje, aos 92 anos.
Mais sobre ele, aqui.
"New York has Macy's, London has Harrods, Chicago has Marshall Fields,
and Toronto has Honest Ed's. It is quite an attraction - honest,"
Fonte: Torontoist
Fotos: Marcelo Tadday Rodrigues
terça-feira, julho 10, 2007
segunda-feira, julho 09, 2007
domingo, julho 08, 2007
A Sopa 06/51
Esses últimos dias foram de pouco sono, tensão e medo. Mas já está tudo bem, graças a Deus.
Desde quinta à noite envolvido com o hospital, como familiar de paciente. Poucas horas dormidas de quinta para sexta-feira, quando o pai internou, e praticamente sem comer nada até vermos o exame que mostrou que o bicho não era tão feio quando poderia ser. Ficou na UTI até hoje de manhã e já está no quarto, lépido e fagueiro.
Minha cabeça, evidentemente, esteve fora do ar por esses dias, então deixo para A Sopa de hoje um texto de 2002, que escrevi quando o meu tio, irmão do pai, faleceu, e reflito um pouco sobre o que penso do mundo. Logo volto com a força triplicada.
Até.
“Longo final de semana de descanso, despedida e reflexões.
Tenho trinta anos e, há doze, morri. E voltei. O processo de me readaptar ao mundo terreno não foi muito fácil como podem pensar alguns. “Morrer é fácil, difícil é voltar a viver”, diz a máxima que talvez seja de minha autoria.
Estes fatos – ter ‘morrido’ e toda a carga emocional que o acontecimento traz consigo – com certeza moldaram muito do que sou e da forma com que vejo a vida e o mundo hoje. Tolerância é a palavra que sintetiza o quadro todo, provavelmente.
Antes de tudo, temos que ser tolerantes com nossos próprios defeitos e as pequenas mesquinharias que certamente poluem nossas mentes com alguma freqüência. É humano ter pensamentos mesquinhos de vez em quando, mas eles devem ficar apenas no nosso íntimo, sem deixar que os outros percebam, até que a cabeça “esfrie” e os afastemos. Quantas vezes não perdemos ótimas oportunidades de ficar em silêncio e dissemos coisas de que nos arrependemos depois? Muitas, com certeza, mas elas devem servir de aprendizado. Pensar primeiro, medir conseqüências e, se preciso, dizer o que precisa ser dito, por mais duro e difícil que possa parecer. No fundo, somos todos tolerantes com as nossas idiossincrasias, às vezes até demais.
Por outro lado, ser tolerante para com os outros é muito difícil, e alguns dirão ser impossível. Eu acho que é um longo e, muitas vezes, difícil aprendizado, mas não impossível de se alcançar. Convicções políticas e religiosas, entre outras, geram discussões apaixonadas e muitas vezes violentas. Aceitar o que nos é estranho é muito complicado. Pessoas que pensam diferente, que vêem o mundo de outra maneira, que têm valores diversos dos nossos assustam, porque nos fazem questionar quem somos e, afinal, o que estamos fazendo no mundo. O mais simples, nestes casos, é não pensar, e, por isso, afastamos esses “perigos” de nós, essas ameaças ao nosso mundinho pronto e seguro em que só temos que, mecanicamente, viver.
Existe um dito popular que muitas vezes ouvi, e que fala sobre as nossas atitudes e a repercussão delas sobre nós. É o que diz que “o inferno é aqui”, na mesma linha do “aqui se faz, aqui se paga”. Sempre acreditei nestas afirmações porque elas mostram um certo senso de justiça, pois o mal que fizermos voltará para nós. Já sabia, mas nunca tinha tornado consciente para mim que existe o outro lado da moeda: se o inferno é aqui, o céu também é aqui. Se formos justos e corretos, receberemos de volta justiça e correção, mas também respeito e admiração.
O evento que motivou o início desta série de reflexões do final de semana foi um fato terrível que envolveu a minha família na quinta-feira antes do feriado: um dos meus tios, irmão do meu pai, morreu num acidente de carro. Na quinta à noite, fui até o velório, em Belém Novo, e na sexta-feira de manhã voltei ao bucólico bairro para o enterro. Foi padre quem falou sobre aquilo de o céu ser aqui. A tristeza das minhas primas, filhas dele, os meus sentimentos com relação à morte, tudo me fez pensar sobre a vida em geral, e reforçou minha convicção de que não há nada que justifique a manutenção de ressentimentos ou mágoas com relação a outras pessoas. Definitivamente, não vale a pena. É muita energia gasta com sentimentos negativos.
Envelhecemos muito rapidamente se cultivamos rancores.
E a vida já é muito curta para perdemos tempo com sentimentos que nos diminuem.”
sexta-feira, julho 06, 2007
Desculpem
Volto assim que tudo estiver mais calmo.
Até.
quinta-feira, julho 05, 2007
Stand up comedy
Dá uma olhada nesse vídeo.
Até.
quarta-feira, julho 04, 2007
terça-feira, julho 03, 2007
Corrida
Até.
domingo, julho 01, 2007
A Sopa 06/50
Brasil, ano um.
Hoje faz exatamente um ano que voltei ao Brasil. Cheguei em Guarulhos num sábado pela manhã e, ao contrário de hoje, o caos aéreo era novidade: a VARIG estava em sérias dificuldades e as outras empresas aéreas estavam transportando os passageiros que tinham passagens com a saudosa viação aérea rio-grandense, meu caso. Ao desembarcar, antes ainda de localizar minhas malas, um funcionário da Air Canada avisou-me que eu havia sido transferido para um vôo da TAM para Porto Alegre no final da tarde (era pouco antes das dez horas da manhã) saindo de Congonhas. Eu respondi que não havia a menor chance de eu ficar esperando até a tarde para chegar em Porto Alegre.
Não era a primeira vez que eu discutia com um funcionário da Air Canada naquelas últimas vinte e quatro horas: os desentendimentos haviam começado no balcão de embarque em Toronto, na hora de despachar minha “mudança” para o Brasil. A primeira parte não foi exatamente um problema, apenas que uma das minhas malas excedia em muito o limite máximo de peso permitido: tinha cerca de 45kg, enquanto o limite era 32kg. Nem discuti sobre isso, estava pesada demais, e eu sabia que tinha que fazer alguma coisa. O problema foi que o funcionário me falou que eu teria que pagar pela mala a mais (que eu teria que comprar) e TAMBÉM pagar para transportar o meu violão, que não iria a bordo.
Seguiu-se a isso uma longa discussão, interrompida por uma corrida minha (com o Rafael e a Monique) para comprar mais uma bolsa para diminuir o peso da mala de 45kg, o que foi feito no saguão mesmo, que terminou comigo pedindo para falar com o supervisor dele (o Rafael com certeza que eu seria preso) e esse me dando razão: eu podia levar o meu violão comigo a bordo, eu estava certo.
O vôo tranqüilo terminou comigo são e salvo em Guarulhos e a notícia que eu teria que esperar até o final do dia para chegar em Porto Alegre. Disse que nem pensar, que eu sairia na hora prevista e que não queria nem saber. O funcionário disse que não podia fazer nada, no que eu respondi que eu podia, e ia resolver a situação.
Saquei da mochila a minha carta na manga: um e-ticket comprado pela Internet, para outro vôo de outra companhia aérea (GOL) que sairia logo em seguida, dica da minha agente de viagens aqui de Porto Alegre.
O vôo atrasou um pouco, mas pisei (com minha mudança) em solo gaúcho às 15h de primeiro de julho de 2006. A tempo de chegar em casa para assistir o jogo do Brasil com a França pelas quarta de final da Copa do Mundo da Alemanha que – como todos não esquecem – o Brasil perdeu e se despediu da copa.
Dizem que foi pé frio meu, no que não acredito.
Como foi esse primeiro ano de volta?
Bom, muito bom.
Em breve conto mais.