domingo, junho 21, 2009

A Sopa 08/46

Histórias de táxi.

Fazia tempo que não viajava a trabalho, o que proporciona trajetos percorridos de táxi entre o aeroporto e os locais onde vou ficar ou trabalhar. No tempo em que morava em Toronto, diversas vezes fiz o trajeto entre o aeroporto e a minha casa, e, em praticamente todas tinha agradáveis e instrutivas conversas com os motoristas, na maior parte das vezes paquistaneses ou indianos.

Estive, no meio da semana que ora termina (gosto de considerar o domingo o dia final da semana, criando o paradoxo que o meu primeiro dia da semana chama-se segundo, mas tudo bem), em São Paulo para um curso de dois dias no InCor. Em três momentos, na chegada à São Paulo, no trajeto de volta ao aeroporto de Congonhas e voltando do Aeroporto Salgado Filho até aqui em casa, pude trocar interessantes idéias com os taxistas.

Na chegada à São Paulo, à medida que o avião se aproximava do aeroporto, avistei o estádio do Pacaembu iluminado para o primeiro jogo da final da copa do Brasil, no exato momento em que o Corinthians entrava em campo, concluí pela quantidade de fogos que pipocavam logo acima do campo. Já em terra, peguei o táxi em direção ao Jardim Paulista, onde ficava a pousada em que me hospedei. Durante o trajeto, silêncio, nem rádio e nem música tocando. Pergunto ao motorista se as luzes à frente eram do Pacaembu. Ele diz que não (óbvio) e pergunta se me interesso por futebol. “Ligeiramente”, minto. Pega o seu celular e sintoniza numa tevê. O Inter perdia...

Cheguei ao hotel durante o intervalo, liguei pro Radica, meu irmão que mora lá há quase dez anos, e decidimos dar uma volta: acabamos num pub onde havia um imenso telão e dezenas de corintianos torcendo. Como já estava dois a zero, fiquei de costas para a tevê e virava apenas discretamente quando havia alguma alteração no ânimo deles.

Na sexta-feira, quando voltava para Congonhas de táxi, o assunto foi novamente futebol, mas o motorista, são-paulino, discutia sobre a eliminação do seu time na Libertadores da América.

A chegada em Porto Alegre foi mais interessante.

Peguei o táxi no aeroporto para ir até em casa, e fomos conversando o tempo todo, desde sobre o melhor trajeto para chegar aqui me casa, sobre saber nome de ruas e rodovias, o que levou a confissões do motorista, contando que havia feito, há muitos anos, concurso para escrivão de polícia e que fora o nono melhor na prova de conhecimentos (era mais de dez mil inscritos!) mas que tinha sido reprovado no psicotécnico, o que só ocorreu porque “não era parte do esquema”. Pensava eu no que ele teria dito para ser reprovado quando o assunto mudou para a educação e gentileza no trânsito.

Tudo porque ele deu passagem a um carro que queria entrar na rua em que estávamos. Comentou que as pessoas deviam ser mais gentis e solidárias no trânsito, afinal só tínhamos uma vida e que essa era curta, não valia a pena brigar por tão pouco. Que as pessoas não se davam conta disso, que havia coisas mais importantes na vida, e estar de bem com o mundo era uma delas.

Falou tudo.

Até.

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