Deixei de escrever ficção - ao menos por enquanto - porque a vida é muito mais inverossímel do que qualquer estória que eu pudesse escrever.
Até.
Crônicas e depoimentos sobre a vida em geral. Antes o exílio; depois, a espera. Agora, o encantamento. A vida, afinal de contas, não é muito mais do que estórias para contar.
sexta-feira, abril 30, 2010
quarta-feira, abril 28, 2010
Últimas do Twitter
@marcelotadday
@alexpost A maior vitória do Diabo foi convencer o mundo de que ele não existia. A maior vitória do Lula foi convencer o mundo de que ele era burro. about 5 hours ago via TweetDeck
Nunca se diz para uma mulher que ela está gorda ou a um homem que está ficando careca: eles já sabem disso...
@diegomaia Título de "The Hangover" no Brasil: "Se Beber, Não Case". Título de "Hot Tub Time Machine" no Brasil: "A Ressaca" 1:06 PM Apr 27th via Echofon
@OCriador Filho, cabe a ti agir para que, no dia do teu julgamento, a trilha sonora seja Stairway to Heaven e não Highway to Hell. 7:24 PM Apr 26th via web
@luisgrottera The Economist: Custo de vida pelo preço Big Mac . China custa USD 1,82. Chile USD 3,27. Inglaterra USD 3,50, igual EUA. No Brasil USD 4,55. 4:21 PM Apr 26th via web
@alexprimo O que promove mais o social: wikis ou whisky? 4:22 PM Apr 26th via TweetDeck
@flaviastefani Instead of wondering when your next vacation is, you ought to set up a life you don’t need to escape from. - Seth Godin FTW 4:02 PM Apr 26th via Tweetie
@correio_dopovo Homem deveria evitar contato com ETs, diz Stephen Hawking: Astrofísico comparou a chegada de aliens a descoberta d... http://bit.ly/bADDW9 2:31 PM Apr 26th via twitterfeed
Grenal: dormi no primeiro tempo (pós-plantão) e me arrependi de ver o segundo... 6:29 PM Apr 25th via web
Domingão pós-plantão: almoço na casa da mamãe, mais tarde Grenal na tevê, e a tentativa de começar a semana recuperado. 10:05 AM Apr 25th via web
Assisti ontem o documentário Délibáb, do Vitor Rami: gênio, o cara é gênio... 12:00 AM Apr 25th via web
23 horas - chove em Porto Alegre. Faltam 8 horas para o final do plantão... 11:08 PM Apr 24th via web
@ripchip Todo apoio ao chargista Flávio Dealmeida http://bit.ly/cJ1QZD #censura #pt via @biajoni e @yurivs 6:41 PM Apr 24th via yoono
@alexcastrolll Procura-se gato. Vivo e morto. Recompensa-se bem. Schrodinger. 9:24 PM Apr 24th via web from New Orleans, LA
@selusava Conheça o drink ‘Cagando e andando’. Uma parte de Activia para uma parte de Johnnie Walker. 11:06 PM Apr 23rd via web
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Domingão pós-plantão: almoço na casa da mamãe, mais tarde Grenal na tevê, e a tentativa de começar a semana recuperado. 10:05 AM Apr 25th via web
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terça-feira, abril 27, 2010
domingo, abril 25, 2010
A Sopa 09/37
Músicas infantis.
Tenho ouvido muito esse gênero musical, se é que podemos chamar assim, por razões evidentes a todos: a Marina recém completou um ano e oito meses. Em casa, por exemplo, é a Marina quem “comanda” a televisão, e até “briga” quando não assistimos o que ela quer... Boa parte do tempo, então, assistimos a DVDs e ao Discovery Channel, canal de tevê a cabo do qual virei fã (mas isso não vem ao caso).
Com relação às músicas que a Marina ouve, devo confessar que é um assunto que sempre me preocupou, e desde antes do seu nascimento, simplesmente pelo fato de que tem MUITA coisa ruim, e é quase inevitável que ela seja exposta a músicas de baixa qualidade e gosto duvidoso. E não posso mantê-la em uma redoma de vidro para que ouça só o que acho adequado. Devo, isso sim, apresentá-la à música que eu acho que vale a pena ouvir.
Existem, em meio a essa polêmica pessoal e interna (vamos chamar assim) com relação ao assunto, um conjunto de músicas que considero imprescindíveis que ela ouça, que são as cantigas de roda e de ninar antigas, ou clássicas. É um repertório extenso, e que até tem sido envolvido em polêmica porque há pessoas que acham que devem ter suas letras alteradas para o politicamente correto. Do tipo, “não atirei o pau no gato” ao invés do tradicional “atirei”, porque isso seria ruim para as crianças, poderia levá-las a serem violentas e tal.
Acho uma bobagem sem tamanho pensar assim, e concordo com o poeta Fabrício Carpinejar que, em debate no rádio sobre o assunto, iniciou sua participação dizendo que “estavam tentando emburrecer as crianças”. Fico indignado quando presencio essa tentativa de mudar as letras de músicas para o politicamente correto. Mas concordo que as letras não são inocentes (e sei que o que importa, na verdade, é a melodia, o ritmo da canção).
As canções de ninar, por exemplo. São todas ameaçadoras, como quando chamam “o boi da cara preta” para pegar a (o) menina (o) que tem medo de careta, ou quando dizemos para o “nenê nanar” porque a “cuca vem pegar”. Que criança “nanaria” sabendo que a cuca está para vir buscá-la? É fazer as crianças dormirem na base da ameaça. Ou dorme ou vai ver o que te acontece...
Algumas, por outro lado, são tristes e também assustadoras, como “nessa rua, nessa rua tem um bosque que se chama solidão, dentro dele mora um anjo que roubou que roubou meu coração”, e segue dizendo que “se roubei seu coração é porque lhe quero bem”. Tem aquela que ameaça a Mariazinha de ser excluída se não entrar na roda, no que ela responde, altiva, que “sozinha eu não fico nem hei de ficar”, e por aí vai. Até de violência policial tratam essas músicas, caso da história do “Pai Francisco”.
O pai Francisco juntou-se à turma, entrou na roda tocando o seu violão. Deve ter causado algum tumulto, imagino, porque “vem de lá seu delegado e pai Francisco foi pra prisão”. Além de ir preso por fazer música, pai Francisco certamente apanhou da polícia, constatação essa mostrada com “como ele vem todo requebrado, parece um boneco desengonçado”. Pobre pai Francisco.
E por aí vai. É um mundo de histórias, contos, canções. Acho que as crianças devem ouvi-las o máximo e sempre que possível, porque depois – coitadas! – correm o risco de ter que ouvir e até – suprema tragédia – gostar de coisas como o funk...
Até.
Tenho ouvido muito esse gênero musical, se é que podemos chamar assim, por razões evidentes a todos: a Marina recém completou um ano e oito meses. Em casa, por exemplo, é a Marina quem “comanda” a televisão, e até “briga” quando não assistimos o que ela quer... Boa parte do tempo, então, assistimos a DVDs e ao Discovery Channel, canal de tevê a cabo do qual virei fã (mas isso não vem ao caso).
Com relação às músicas que a Marina ouve, devo confessar que é um assunto que sempre me preocupou, e desde antes do seu nascimento, simplesmente pelo fato de que tem MUITA coisa ruim, e é quase inevitável que ela seja exposta a músicas de baixa qualidade e gosto duvidoso. E não posso mantê-la em uma redoma de vidro para que ouça só o que acho adequado. Devo, isso sim, apresentá-la à música que eu acho que vale a pena ouvir.
Existem, em meio a essa polêmica pessoal e interna (vamos chamar assim) com relação ao assunto, um conjunto de músicas que considero imprescindíveis que ela ouça, que são as cantigas de roda e de ninar antigas, ou clássicas. É um repertório extenso, e que até tem sido envolvido em polêmica porque há pessoas que acham que devem ter suas letras alteradas para o politicamente correto. Do tipo, “não atirei o pau no gato” ao invés do tradicional “atirei”, porque isso seria ruim para as crianças, poderia levá-las a serem violentas e tal.
Acho uma bobagem sem tamanho pensar assim, e concordo com o poeta Fabrício Carpinejar que, em debate no rádio sobre o assunto, iniciou sua participação dizendo que “estavam tentando emburrecer as crianças”. Fico indignado quando presencio essa tentativa de mudar as letras de músicas para o politicamente correto. Mas concordo que as letras não são inocentes (e sei que o que importa, na verdade, é a melodia, o ritmo da canção).
As canções de ninar, por exemplo. São todas ameaçadoras, como quando chamam “o boi da cara preta” para pegar a (o) menina (o) que tem medo de careta, ou quando dizemos para o “nenê nanar” porque a “cuca vem pegar”. Que criança “nanaria” sabendo que a cuca está para vir buscá-la? É fazer as crianças dormirem na base da ameaça. Ou dorme ou vai ver o que te acontece...
Algumas, por outro lado, são tristes e também assustadoras, como “nessa rua, nessa rua tem um bosque que se chama solidão, dentro dele mora um anjo que roubou que roubou meu coração”, e segue dizendo que “se roubei seu coração é porque lhe quero bem”. Tem aquela que ameaça a Mariazinha de ser excluída se não entrar na roda, no que ela responde, altiva, que “sozinha eu não fico nem hei de ficar”, e por aí vai. Até de violência policial tratam essas músicas, caso da história do “Pai Francisco”.
O pai Francisco juntou-se à turma, entrou na roda tocando o seu violão. Deve ter causado algum tumulto, imagino, porque “vem de lá seu delegado e pai Francisco foi pra prisão”. Além de ir preso por fazer música, pai Francisco certamente apanhou da polícia, constatação essa mostrada com “como ele vem todo requebrado, parece um boneco desengonçado”. Pobre pai Francisco.
E por aí vai. É um mundo de histórias, contos, canções. Acho que as crianças devem ouvi-las o máximo e sempre que possível, porque depois – coitadas! – correm o risco de ter que ouvir e até – suprema tragédia – gostar de coisas como o funk...
Até.
sábado, abril 24, 2010
sexta-feira, abril 23, 2010
Sexta-feira pré-plantão
Depois de mais de dez anos, amanhã tenho um plantão de 24 horas.
Imagine, caro leitor, o meu ânimo...
Até.
Imagine, caro leitor, o meu ânimo...
Até.
quinta-feira, abril 22, 2010
quarta-feira, abril 21, 2010
Carta ao Presidente Lula
Reproduzo aqui a Carta da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia em resposta às afirmações do Presidente em relação aos médicos:
A Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT) sente-se atingida frontalmente pelas declarações proferidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 25 de março, durante cerimônia de entrega de 650 ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) em Tatuí, interior de São Paulo.
Em seu discurso, queixou-se da falta de recursos para a saúde, da desigualdade ao seu acesso, do excesso de tecnologia que afastam o médico do paciente. Relatou a sua experiência atual, como presidente da República, com acesso a hospitais de excelência através do seu plano de saúde, quando a cada check-up é seguido por um séqüito de trinta médicos, diferentemente do que ocorria quando metalúrgico. Afirmou que a falta de assistência médica no interior seria de responsabilidade dos médicos que cobrariam caro para atuar nestas regiões e a solução proposta foi a de "formar uma geração de médicos mais de esquerda", dispostos a trabalhar por menos. Congratulou os médicos formados em Cuba que se dispõe a atuar nas áreas mais carentes, afirmando, inclusive, que "'e muito fácil ser médico na Avenida Paulista, ou na Avenida Copacabana".
Em defesa dos pneumologistas paulistas e dos demais médicos brasileiros, a SPPT avaliza integralmente a resposta da Associação Médica Brasileira (AMB), pois, de fato, o que nos falta, há anos, é uma política de saúde que, entre outras responsabilidades, seja capaz de levar um sistema de saúde adequado a localidades distantes e carentes. Esperamos que esse governo e o próximo que venha a exercer a importante função de dirigir a Nação não pretendam preencher essa lacuna com profissionais com formação precária.
Cabe ao governo possibilitar que o médico exerça a sua profissão com segurança e qualidade, oferecendo-lhe condições adequadas à prática diária, oportunidade de reciclagem científica, além de salário digno e, sobretudo, respeito.
Infelizmente, ao contrário das palavras proferidas pelo presidente Lula, não é fácil ser médico nem na Avenida Paulista nem em regiões inóspitas. Isso porque o poder público tem sido omisso e muitas das autoridades constituídas possuem visão distorcida e curta, ou melhor, interpretam os fatos da melhor forma que lhes convém. Pagam o ônus por isso os profissionais de medicina e, sobretudo, os cidadãos, que, lamentavelmente, não recebem por parte do Estado o acesso à saúde, direito fundamental garantido constitucionalmente.
Lamentavelmente, apenas uma pequena parte da população tem acesso aos "médicos da Avenida Paulista", região, sem dúvida, que congrega vários centros de excelência na área da saúde. E os médicos que lá exercem a sua profissão o fazem com dignidade e seriedade, com conhecimento e experiência acumulada, por meio de uma formação mantida de forma contínua. Isso, não tenham dúvida, não é fácil.
A pneumologia entre outras diversas especialidades passa por um momento crítico, em que temos poucos profissionais procurando pela especialidade, principalmente em razão da baixa expectativa de exercê-la de modo digno. Os serviços públicos remuneram mal e muitas vezes não oferecem condições adequadas de trabalho.
A maioria dos pneumologistas do Estado de São Paulo participa dos programas de educação médica continuada oferecidos pelas Universidades e Sociedades Médicas. Isto demanda tempo e dinheiro.
O setor de saúde suplementar (convênios médicos), sem uma política do governo em relação à remuneração dos honorários médicos, paga em média R$ 20,00 a R$ 30,00 por consulta. Descontados os impostos e custos para manutenção de um consultório médico, ao final restam ao profissional de R$ 10,00 a R$ 15,00 por consulta. Será esse o valor da saúde e da vida de um ser humano?
Assistimos, hoje, profissionais brilhantes a desistir de assistir ao paciente, principal papel de um médico: profissionais que levaram seis anos para completar o ensino superior, pelo menos mais quatro para alcançar conhecimento mínimo para exercer uma especialidade e alguns ainda se enveredam pela pós-graduação, com o sonho de pesquisar e ensinar.
Centenas de milhões de pessoas sofrem de doenças respiratórias no mundo, sendo importante causa de mortalidade. Uma criança no mundo, com menos de 5 anos, morre a cada 15 segundos por pneumonia. Mais de 250 mil mortes/ano, entre pacientes com asma, são atribuídas ao seu tratamento inadequado. Estes números são mais alarmantes nos países subdesenvolvidos.
Com a atual política do governo de saúde e educação, a SPPT alerta: em breve não teremos mais pneumologistas, nem na Avenida Paulista.
São Paulo, 20 de abril de 2010
Jaquelina Sonoe Ota Arakaki
Presidente da SPPT
A Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT) sente-se atingida frontalmente pelas declarações proferidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 25 de março, durante cerimônia de entrega de 650 ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) em Tatuí, interior de São Paulo.
Em seu discurso, queixou-se da falta de recursos para a saúde, da desigualdade ao seu acesso, do excesso de tecnologia que afastam o médico do paciente. Relatou a sua experiência atual, como presidente da República, com acesso a hospitais de excelência através do seu plano de saúde, quando a cada check-up é seguido por um séqüito de trinta médicos, diferentemente do que ocorria quando metalúrgico. Afirmou que a falta de assistência médica no interior seria de responsabilidade dos médicos que cobrariam caro para atuar nestas regiões e a solução proposta foi a de "formar uma geração de médicos mais de esquerda", dispostos a trabalhar por menos. Congratulou os médicos formados em Cuba que se dispõe a atuar nas áreas mais carentes, afirmando, inclusive, que "'e muito fácil ser médico na Avenida Paulista, ou na Avenida Copacabana".
Em defesa dos pneumologistas paulistas e dos demais médicos brasileiros, a SPPT avaliza integralmente a resposta da Associação Médica Brasileira (AMB), pois, de fato, o que nos falta, há anos, é uma política de saúde que, entre outras responsabilidades, seja capaz de levar um sistema de saúde adequado a localidades distantes e carentes. Esperamos que esse governo e o próximo que venha a exercer a importante função de dirigir a Nação não pretendam preencher essa lacuna com profissionais com formação precária.
Cabe ao governo possibilitar que o médico exerça a sua profissão com segurança e qualidade, oferecendo-lhe condições adequadas à prática diária, oportunidade de reciclagem científica, além de salário digno e, sobretudo, respeito.
Infelizmente, ao contrário das palavras proferidas pelo presidente Lula, não é fácil ser médico nem na Avenida Paulista nem em regiões inóspitas. Isso porque o poder público tem sido omisso e muitas das autoridades constituídas possuem visão distorcida e curta, ou melhor, interpretam os fatos da melhor forma que lhes convém. Pagam o ônus por isso os profissionais de medicina e, sobretudo, os cidadãos, que, lamentavelmente, não recebem por parte do Estado o acesso à saúde, direito fundamental garantido constitucionalmente.
Lamentavelmente, apenas uma pequena parte da população tem acesso aos "médicos da Avenida Paulista", região, sem dúvida, que congrega vários centros de excelência na área da saúde. E os médicos que lá exercem a sua profissão o fazem com dignidade e seriedade, com conhecimento e experiência acumulada, por meio de uma formação mantida de forma contínua. Isso, não tenham dúvida, não é fácil.
A pneumologia entre outras diversas especialidades passa por um momento crítico, em que temos poucos profissionais procurando pela especialidade, principalmente em razão da baixa expectativa de exercê-la de modo digno. Os serviços públicos remuneram mal e muitas vezes não oferecem condições adequadas de trabalho.
A maioria dos pneumologistas do Estado de São Paulo participa dos programas de educação médica continuada oferecidos pelas Universidades e Sociedades Médicas. Isto demanda tempo e dinheiro.
O setor de saúde suplementar (convênios médicos), sem uma política do governo em relação à remuneração dos honorários médicos, paga em média R$ 20,00 a R$ 30,00 por consulta. Descontados os impostos e custos para manutenção de um consultório médico, ao final restam ao profissional de R$ 10,00 a R$ 15,00 por consulta. Será esse o valor da saúde e da vida de um ser humano?
Assistimos, hoje, profissionais brilhantes a desistir de assistir ao paciente, principal papel de um médico: profissionais que levaram seis anos para completar o ensino superior, pelo menos mais quatro para alcançar conhecimento mínimo para exercer uma especialidade e alguns ainda se enveredam pela pós-graduação, com o sonho de pesquisar e ensinar.
Centenas de milhões de pessoas sofrem de doenças respiratórias no mundo, sendo importante causa de mortalidade. Uma criança no mundo, com menos de 5 anos, morre a cada 15 segundos por pneumonia. Mais de 250 mil mortes/ano, entre pacientes com asma, são atribuídas ao seu tratamento inadequado. Estes números são mais alarmantes nos países subdesenvolvidos.
Com a atual política do governo de saúde e educação, a SPPT alerta: em breve não teremos mais pneumologistas, nem na Avenida Paulista.
São Paulo, 20 de abril de 2010
Jaquelina Sonoe Ota Arakaki
Presidente da SPPT
terça-feira, abril 20, 2010
segunda-feira, abril 19, 2010
Quando ansioso...
... eu falo. E falo de novo. E repito. E volto a falar.
Exorcizo os meus fantasmas assim, falando.
É terapêutico.
Mas chato para quem precisa ouvir...
Lamento.
Até.
Exorcizo os meus fantasmas assim, falando.
É terapêutico.
Mas chato para quem precisa ouvir...
Lamento.
Até.
domingo, abril 18, 2010
A Sopa 09/36
O dinheiro é o mal, vocês sabem.
Não, não penso isso. Bobagem. Não sou contra com o consumo e nem sou um anticapitalista. Muito antes pelo contrário. Mas devo admitir que a – chamem como quiserem – tentação trazida pelo dinheiro é sutil, se instala e pode tomar conta de nós antes que percebamos.
Por que digo isso?
Explico.
Há alguns anos, decidi – depois de muito pensar e sofrer – que preferia ganhar menos (em comparação com outros colegas de profissão, por exemplo) e levar uma vida mais modesta a ter que sacrificar minha qualidade de vida. E, no momento em que decidi isso, qualidade de vida significava não fazer plantões (não trabalhar em noites nem em finais de semana). Além disso, queria trabalhar especificamente na minha área de especialização, pneumologia. O que significava não trabalhar como clínico geral em plantões em emergências ou pronto-atendimentos.
Isso foi logo que voltei do Canadá, quando não tinha nenhuma posição me esperando ao chegar ao Brasil e o mais simples talvez fosse voltar aos plantões para ter uma renda boa mais rapidamente. Mas decidi que não era o que eu queria, e arquei com as conseqüências da minha decisão.
Levou certo tempo, mas as coisas acabaram se acertando. Em 2008, fiz o concurso para a Prefeitura de Porto Alegre (a idéia de um emprego público, estabilidade, me agradava) e fui aprovado em segundo lugar para Médico Pneumologista. Enquanto aguardava a convocação, surgiu a oportunidade de ser professor universitário, só que numa cidade distante 150 km de Porto Alegre. Fui convidado em setembro do ano passado, e comecei em outubro como Professor-Adjunto de Pneumologia. Uma vez por semana, às terças-feiras, saio antes das seis horas da manhã de casa e viajo para passar o dia sendo professor, voltando no final da tarde, direto para pegar a Marina na escola.
Tudo vinha bem até fevereiro último, quando o que estava bom pareceu melhorar. Fui convocado pela prefeitura, referente ao concurso que eu havia feito em 2008. Maravilha, espetáculo. Além de professor e de minhas outras atividades (médico do Pavilhão Pereira Filho da Santa Casa de Porto Alegre, membro da diretoria da Sociedade de Pneumologia do RS e da Associação dos Médicos do Hospital da PUCRS, e por aí vai) seria também pneumologista da prefeitura de Porto Alegre, trabalhando em um posto de saúde. Seria.
Após tomar posse no cargo, fui encaminhado para a Secretaria de Saúde do Município, de onde seria a minha designação, o local em que eu exerceria minhas atividades. Qual não foi minha surpresa quando descobri que eu estava designado para trabalhar no SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) como médico emergencista, absolutamente nada a ver com minha formação, e depois de mais de seis anos desde que havia abandonado o trabalho como médico de emergência.
Conversei com todas as pessoas, e nada. Era essa a vaga e ponto final. O esquema de trabalho era de plantões (de seis horas durante o dia e doze horas noturnas em dias úteis e, mais, de vinte e quatro horas aos finais de semana). E eu não era o único. Outros colegas de outras especialidades haviam sido chamados e designados como eu. Um claro desvio de função. A meu ver, seria como se eu fosse professor de português, fizesse um concurso para professor de português e fosse nomeado para ser professor de matemática. A vantagem, segundo vários que com quem conversei, é de que o salário de plantonista é maior do que o médico de posto, que tem que ir todos os dias no posto de saúde, e o plantonista não. Era “uma sorte” ter sido designado como fui.
Ao mesmo tempo em que acontecia isso, fui convidado pela Universidade para dobrar o número de horas como professor, uma proposta irrecusável. Vendo cifrões em minha frente, iniciei como plantonista e vou começar em maio a maior carga horária na Universidade.
Até que, uns dias atrás, percebi o que estava fazendo.
Estava abrindo mão do que queria para a minha vida em prol de uma renda maior. Estava sendo seduzido pelo dinheiro. Não que ganhar mais seja ruim, pelo contrário, como já falei. Mas deixar de lado a minha idéia de qualidade de vida para ganhar ainda mais fazendo plantões e trabalhando numa especialidade que não é a minha é um pouco de exagero. Percebi isso quando, em função do trabalho, passei quase toda a semana passada vendo a Marina muito pouco.
Basta, pensei.
Conversei com a chefia do meu setor e disse que não posso continuar no esquema do serviço, que gostaria de ajeitar as coisas (o que significa ser transferido para trabalhar em um posto de saúde como pneumologista) da melhor forma possível e sem a necessidade de ter que entrar na justiça para ser designado para a função para a qual fiz concurso e fui aprovado e nomeado. Ficou de tentar me ajudar.
Aguardo, mas não por muito tempo.
Até.
Não, não penso isso. Bobagem. Não sou contra com o consumo e nem sou um anticapitalista. Muito antes pelo contrário. Mas devo admitir que a – chamem como quiserem – tentação trazida pelo dinheiro é sutil, se instala e pode tomar conta de nós antes que percebamos.
Por que digo isso?
Explico.
Há alguns anos, decidi – depois de muito pensar e sofrer – que preferia ganhar menos (em comparação com outros colegas de profissão, por exemplo) e levar uma vida mais modesta a ter que sacrificar minha qualidade de vida. E, no momento em que decidi isso, qualidade de vida significava não fazer plantões (não trabalhar em noites nem em finais de semana). Além disso, queria trabalhar especificamente na minha área de especialização, pneumologia. O que significava não trabalhar como clínico geral em plantões em emergências ou pronto-atendimentos.
Isso foi logo que voltei do Canadá, quando não tinha nenhuma posição me esperando ao chegar ao Brasil e o mais simples talvez fosse voltar aos plantões para ter uma renda boa mais rapidamente. Mas decidi que não era o que eu queria, e arquei com as conseqüências da minha decisão.
Levou certo tempo, mas as coisas acabaram se acertando. Em 2008, fiz o concurso para a Prefeitura de Porto Alegre (a idéia de um emprego público, estabilidade, me agradava) e fui aprovado em segundo lugar para Médico Pneumologista. Enquanto aguardava a convocação, surgiu a oportunidade de ser professor universitário, só que numa cidade distante 150 km de Porto Alegre. Fui convidado em setembro do ano passado, e comecei em outubro como Professor-Adjunto de Pneumologia. Uma vez por semana, às terças-feiras, saio antes das seis horas da manhã de casa e viajo para passar o dia sendo professor, voltando no final da tarde, direto para pegar a Marina na escola.
Tudo vinha bem até fevereiro último, quando o que estava bom pareceu melhorar. Fui convocado pela prefeitura, referente ao concurso que eu havia feito em 2008. Maravilha, espetáculo. Além de professor e de minhas outras atividades (médico do Pavilhão Pereira Filho da Santa Casa de Porto Alegre, membro da diretoria da Sociedade de Pneumologia do RS e da Associação dos Médicos do Hospital da PUCRS, e por aí vai) seria também pneumologista da prefeitura de Porto Alegre, trabalhando em um posto de saúde. Seria.
Após tomar posse no cargo, fui encaminhado para a Secretaria de Saúde do Município, de onde seria a minha designação, o local em que eu exerceria minhas atividades. Qual não foi minha surpresa quando descobri que eu estava designado para trabalhar no SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) como médico emergencista, absolutamente nada a ver com minha formação, e depois de mais de seis anos desde que havia abandonado o trabalho como médico de emergência.
Conversei com todas as pessoas, e nada. Era essa a vaga e ponto final. O esquema de trabalho era de plantões (de seis horas durante o dia e doze horas noturnas em dias úteis e, mais, de vinte e quatro horas aos finais de semana). E eu não era o único. Outros colegas de outras especialidades haviam sido chamados e designados como eu. Um claro desvio de função. A meu ver, seria como se eu fosse professor de português, fizesse um concurso para professor de português e fosse nomeado para ser professor de matemática. A vantagem, segundo vários que com quem conversei, é de que o salário de plantonista é maior do que o médico de posto, que tem que ir todos os dias no posto de saúde, e o plantonista não. Era “uma sorte” ter sido designado como fui.
Ao mesmo tempo em que acontecia isso, fui convidado pela Universidade para dobrar o número de horas como professor, uma proposta irrecusável. Vendo cifrões em minha frente, iniciei como plantonista e vou começar em maio a maior carga horária na Universidade.
Até que, uns dias atrás, percebi o que estava fazendo.
Estava abrindo mão do que queria para a minha vida em prol de uma renda maior. Estava sendo seduzido pelo dinheiro. Não que ganhar mais seja ruim, pelo contrário, como já falei. Mas deixar de lado a minha idéia de qualidade de vida para ganhar ainda mais fazendo plantões e trabalhando numa especialidade que não é a minha é um pouco de exagero. Percebi isso quando, em função do trabalho, passei quase toda a semana passada vendo a Marina muito pouco.
Basta, pensei.
Conversei com a chefia do meu setor e disse que não posso continuar no esquema do serviço, que gostaria de ajeitar as coisas (o que significa ser transferido para trabalhar em um posto de saúde como pneumologista) da melhor forma possível e sem a necessidade de ter que entrar na justiça para ser designado para a função para a qual fiz concurso e fui aprovado e nomeado. Ficou de tentar me ajudar.
Aguardo, mas não por muito tempo.
Até.
sábado, abril 17, 2010
sexta-feira, abril 16, 2010
Os Dias
Mea culpa.
Peço desculpas pelo pó que se acumula por entre as estantes desse blog, que tem tido sua freqüência de atualização menor que a desejada (por mim, claro). É que a vida tem estado mais rápida que o normal, e a idéia de tentar abraçar o mundo - que parecia uma impossibilidade, ou loucura(a tentativa) - meio que está acontecendo, assim, sabe como é, sem querer.
Tudo se ajeita, tudo se ajeita.
Até.
Peço desculpas pelo pó que se acumula por entre as estantes desse blog, que tem tido sua freqüência de atualização menor que a desejada (por mim, claro). É que a vida tem estado mais rápida que o normal, e a idéia de tentar abraçar o mundo - que parecia uma impossibilidade, ou loucura(a tentativa) - meio que está acontecendo, assim, sabe como é, sem querer.
Tudo se ajeita, tudo se ajeita.
Até.
terça-feira, abril 13, 2010
segunda-feira, abril 12, 2010
Ainda sobre viagens
Férias traz mais satisfação do que bens materiais, diz estudo.
Tudo a ver com o que escrevi na Sopa de ontem...
Aqui.
(valeu pela dica, Ane)
Até.
Tudo a ver com o que escrevi na Sopa de ontem...
Aqui.
(valeu pela dica, Ane)
Até.
domingo, abril 11, 2010
A Sopa 09/35
Sobre viagens.
Ao longo dos últimos quinze anos, desde que me formei e comecei a trabalhar como médico, posso dizer que tive condições (e a iniciativa) de viajar diversas vezes. Algumas a trabalho, incluindo os cerca de dois anos em que morei no Canadá, mas várias outras a lazer, e férias. Entre essas, incluídas viagens à Europa. Não digo isso para contar vantagem, evidentemente. Foi uma opção, em detrimento de outras.
O que nunca entendi foi a reação de muitas pessoas, muitas delas em muito melhores condições financeiras do que eu, achando um esbanjamento ou dinheiro jogado fora. Sabendo do fato de que não tenho que dar explicações para ninguém sobre o que eu faço ou deixo de fazer, também não julgo as opções dos outros por carros caros ou outros bens ou por seja lá o que for. Cada um é livre para fazer o que quer da vida. Mas confesso que me irrita ouvir comentários sobre estar “muito bem” para poder viajar com certa freqüência.
E não entendo também porque as pessoas acham que é algo fora da realidade uma viagem para a Europa. Não falo aqui, claro, de quem trabalha de sol a sol para pagar contas e quase sempre sobre mês no final do salário. Falo de quem tem sobrando (muito mais do que eu, que nem tenho tanto assim) e diz que não pode fazer uma viagem dessas. Ou mesmo que acha que uma viagem dessas custa uma exorbitância (barato não é, mas não é o que as pessoas pensam).
Aliás, não entendia.
Tenho agora uma noção do por que disso.
Sexta-feira, enquanto voava apertado num vôo da Gol de Porto Alegre para São Paulo, lia a revista Viagem e Turismo, da qual sou assinante. Quase no final da revista, lia sem compromisso, mas com atenção, os anúncios de operadoras de turismo quando me deparei com um que me deixou atônito, e me fez começar a entender porque as pessoas pensam que viajar é tão caro. Era uma viagem à Itália, praticamente igual a que a Jacque e eu fizemos juntos com os pais dela em 2005.
Como eu morava em Toronto àquela época, a viagem começou com um encontro nosso no aeroporto de Malpensa, próximo à Milão, reencontro meu com a Jacque após seis meses em que não nos víamos. Foi no aeroporto que pegamos o carro que havíamos alugado, e de lá seguimos até Parma e daí à Toscana (San Giminignano, Fiesole, Firenze, Cortona), Umbria (Assis, Perugia), Lazio (Rieti), Abruzo (L’Aquila, Pescara), Molise (Termoli), Puglia (San Giovanni Rotondo, Bari, Polignano a Mare, Alberobello), Basilicata (Matera), Calábria (Cosenza), e Sicília (Messina, Taormina, Catânia, Siracusa, Agrigento, Palermo). Da Sícília pegamos um ferryboat que, após uma noite tranqüila de sono, nos deixou em Nápoles, Campania, da qual visitamos também Positano, Amalfi, Ravello e Sorrento, antes de irmos para Roma, onde passamos os últimos dias de viagem, antes de nos separarmos, eu voltando para Toronto e eles para Porto Alegre.
Foi uma viagem de pouco mais de quinze dias, diferente da viagem do anúncio, que durará vinte e um. Mesmo assim, e mesmo levando em conta que a nossa viagem foi cinco anos atrás, não há explicação para a diferença de valores daquela para essa. Por isso não podemos confiar nesses anúncios como parâmetro para o custos de uma viagem.
O valor do pacote (excursão de ônibus com guia falando português) é de quatorze mil reais por pessoa. Por pessoa! Vinte e oito mil reais para um casal! Não é real. Nós certamente não gastamos – os dois – nem o valor do pacote para uma pessoa. E isso que ficamos em lugares bons e não passamos nenhum aperto.
De novo: não confie nesses anúncios. Não é tão caro quanto parece (mas nem tão barato como gostaríamos...).
Até.
Ao longo dos últimos quinze anos, desde que me formei e comecei a trabalhar como médico, posso dizer que tive condições (e a iniciativa) de viajar diversas vezes. Algumas a trabalho, incluindo os cerca de dois anos em que morei no Canadá, mas várias outras a lazer, e férias. Entre essas, incluídas viagens à Europa. Não digo isso para contar vantagem, evidentemente. Foi uma opção, em detrimento de outras.
O que nunca entendi foi a reação de muitas pessoas, muitas delas em muito melhores condições financeiras do que eu, achando um esbanjamento ou dinheiro jogado fora. Sabendo do fato de que não tenho que dar explicações para ninguém sobre o que eu faço ou deixo de fazer, também não julgo as opções dos outros por carros caros ou outros bens ou por seja lá o que for. Cada um é livre para fazer o que quer da vida. Mas confesso que me irrita ouvir comentários sobre estar “muito bem” para poder viajar com certa freqüência.
E não entendo também porque as pessoas acham que é algo fora da realidade uma viagem para a Europa. Não falo aqui, claro, de quem trabalha de sol a sol para pagar contas e quase sempre sobre mês no final do salário. Falo de quem tem sobrando (muito mais do que eu, que nem tenho tanto assim) e diz que não pode fazer uma viagem dessas. Ou mesmo que acha que uma viagem dessas custa uma exorbitância (barato não é, mas não é o que as pessoas pensam).
Aliás, não entendia.
Tenho agora uma noção do por que disso.
Sexta-feira, enquanto voava apertado num vôo da Gol de Porto Alegre para São Paulo, lia a revista Viagem e Turismo, da qual sou assinante. Quase no final da revista, lia sem compromisso, mas com atenção, os anúncios de operadoras de turismo quando me deparei com um que me deixou atônito, e me fez começar a entender porque as pessoas pensam que viajar é tão caro. Era uma viagem à Itália, praticamente igual a que a Jacque e eu fizemos juntos com os pais dela em 2005.
Como eu morava em Toronto àquela época, a viagem começou com um encontro nosso no aeroporto de Malpensa, próximo à Milão, reencontro meu com a Jacque após seis meses em que não nos víamos. Foi no aeroporto que pegamos o carro que havíamos alugado, e de lá seguimos até Parma e daí à Toscana (San Giminignano, Fiesole, Firenze, Cortona), Umbria (Assis, Perugia), Lazio (Rieti), Abruzo (L’Aquila, Pescara), Molise (Termoli), Puglia (San Giovanni Rotondo, Bari, Polignano a Mare, Alberobello), Basilicata (Matera), Calábria (Cosenza), e Sicília (Messina, Taormina, Catânia, Siracusa, Agrigento, Palermo). Da Sícília pegamos um ferryboat que, após uma noite tranqüila de sono, nos deixou em Nápoles, Campania, da qual visitamos também Positano, Amalfi, Ravello e Sorrento, antes de irmos para Roma, onde passamos os últimos dias de viagem, antes de nos separarmos, eu voltando para Toronto e eles para Porto Alegre.
Foi uma viagem de pouco mais de quinze dias, diferente da viagem do anúncio, que durará vinte e um. Mesmo assim, e mesmo levando em conta que a nossa viagem foi cinco anos atrás, não há explicação para a diferença de valores daquela para essa. Por isso não podemos confiar nesses anúncios como parâmetro para o custos de uma viagem.
O valor do pacote (excursão de ônibus com guia falando português) é de quatorze mil reais por pessoa. Por pessoa! Vinte e oito mil reais para um casal! Não é real. Nós certamente não gastamos – os dois – nem o valor do pacote para uma pessoa. E isso que ficamos em lugares bons e não passamos nenhum aperto.
De novo: não confie nesses anúncios. Não é tão caro quanto parece (mas nem tão barato como gostaríamos...).
Até.
sábado, abril 10, 2010
terça-feira, abril 06, 2010
segunda-feira, abril 05, 2010
Envelheço
Mais um ano que se passa
Mais um ano sem você
Já não tenho a mesma idade
Envelheço na cidade
Essa vida é jogo rápido
Para mim ou pra você
Mais um ano que se passa
Eu não sei o que fazer
Juventude se abraça
Se une pra esquecer
Um feliz aniversário
Para mim ou pra você
Feliz aniversário
Envelheço na cidade
Feliz aniversário
Envelheço na cidade
Meus amigos, minha rua
As garotas da minha rua
Não sinto, não os tenho
Mais um ano sem você
As garotas desfilando
Os rapazes a beber
Já não tenho a mesma idade
Não pertenço a ninguém
Juventude se abraça
Se une pra esquecer
Um feliz aniversário
Para mim ou pra você
Feliz aniversário
Envelheço na cidade
Feliz aniversário
Envelheço na cidade
Mais um ano sem você
Já não tenho a mesma idade
Envelheço na cidade
Essa vida é jogo rápido
Para mim ou pra você
Mais um ano que se passa
Eu não sei o que fazer
Juventude se abraça
Se une pra esquecer
Um feliz aniversário
Para mim ou pra você
Feliz aniversário
Envelheço na cidade
Feliz aniversário
Envelheço na cidade
Meus amigos, minha rua
As garotas da minha rua
Não sinto, não os tenho
Mais um ano sem você
As garotas desfilando
Os rapazes a beber
Já não tenho a mesma idade
Não pertenço a ninguém
Juventude se abraça
Se une pra esquecer
Um feliz aniversário
Para mim ou pra você
Feliz aniversário
Envelheço na cidade
Feliz aniversário
Envelheço na cidade
domingo, abril 04, 2010
A Sopa 09/34
Eu não sei.
Prestes a completar trinta e oito anos, achei que era hora de declarar publicamente alguns pensamentos que imaginava só tornar públicos quando tivesse certeza deles, quem sabe aos cinqüenta ou sessenta anos. Quando tivesse certeza. Mas o tempo me mostrou (antes, depois, ou no momento certo?) que realmente não consigo.
Como já disse, eu não sei.
A verdade definitiva, aquela por trás de tudo, que alguns chamam de “a engrenagem que move o mundo”, ou transcendência, essa não existe, assim como nada é definitivo na vida, com exceção da morte. Então, o que penso agora pode não ser a minha verdade no futuro. A verdade, aquela que buscava no passado, não é absoluta e é pessoal. Cada um vê o mundo e o interpreta segundo sua própria lógica, seus próprios olhos, que vêem e analisam o que estão vendo com base na vida prévia de quem os possui, os olhos, e vê, e por aí seguimos numa espiral sem fim e sem sentido.
Só sei que nada sei, como diria Platão citando Sócrates.
Mas quando entramos no campo da teologia, por exemplo, esta postura, ou – melhor – essa ausência de certezas me coloca numa posição difícil perante os convictos, de um lado e de outro. Àqueles que acreditam em um deus (ou religião, que é uma coisa completamente diferente) eu apenas digo o de sempre: não sei se acredito. Aos ateus militantes (ou não), a mesma coisa. Não sei se não acredito. Indisponho-me com todos. Paciência. Sempre digo que espero ser convencido (ou me convencer) de algo, que pode ser a existência ou não existência. E não pensem que não sofro com isso. Gostaria, sinceramente, de ter fé, qualquer que fosse, porque a crença traz conforto, segurança.
Não acredito, contudo, em religiões, quaisquer que sejam elas. Simplesmente porque são humanas, e – por isso – imperfeitas. Porque não são tolerantes como deveria ser. Porque trazem sofrimento à vida das pessoas.
Ser correto, não fazer o mal, respeitar as pessoas, esses são todos preceitos éticos universais, e não preciso ir à missa, culto ou sessão para saber disso ou mesmo para procurar seguir esse modo de vida. Não é isso que vai me fazer uma pessoa melhor. O que me fez ser quem sou, acreditar no que acredito, e o senso de justiça que procuro ter, não foi por freqüentar uma igreja semanalmente.
Assim como espero que as pessoas respeitem os meus pontos de vista, faço o mesmo. Não julgo ninguém por suas crenças religiosas, respeito cada um na sua liberdade individual ser o que quiser.
Esse é um dos mais importantes ensinamentos que espero passar para a minha filha.
Até.
Prestes a completar trinta e oito anos, achei que era hora de declarar publicamente alguns pensamentos que imaginava só tornar públicos quando tivesse certeza deles, quem sabe aos cinqüenta ou sessenta anos. Quando tivesse certeza. Mas o tempo me mostrou (antes, depois, ou no momento certo?) que realmente não consigo.
Como já disse, eu não sei.
A verdade definitiva, aquela por trás de tudo, que alguns chamam de “a engrenagem que move o mundo”, ou transcendência, essa não existe, assim como nada é definitivo na vida, com exceção da morte. Então, o que penso agora pode não ser a minha verdade no futuro. A verdade, aquela que buscava no passado, não é absoluta e é pessoal. Cada um vê o mundo e o interpreta segundo sua própria lógica, seus próprios olhos, que vêem e analisam o que estão vendo com base na vida prévia de quem os possui, os olhos, e vê, e por aí seguimos numa espiral sem fim e sem sentido.
Só sei que nada sei, como diria Platão citando Sócrates.
Mas quando entramos no campo da teologia, por exemplo, esta postura, ou – melhor – essa ausência de certezas me coloca numa posição difícil perante os convictos, de um lado e de outro. Àqueles que acreditam em um deus (ou religião, que é uma coisa completamente diferente) eu apenas digo o de sempre: não sei se acredito. Aos ateus militantes (ou não), a mesma coisa. Não sei se não acredito. Indisponho-me com todos. Paciência. Sempre digo que espero ser convencido (ou me convencer) de algo, que pode ser a existência ou não existência. E não pensem que não sofro com isso. Gostaria, sinceramente, de ter fé, qualquer que fosse, porque a crença traz conforto, segurança.
Não acredito, contudo, em religiões, quaisquer que sejam elas. Simplesmente porque são humanas, e – por isso – imperfeitas. Porque não são tolerantes como deveria ser. Porque trazem sofrimento à vida das pessoas.
Ser correto, não fazer o mal, respeitar as pessoas, esses são todos preceitos éticos universais, e não preciso ir à missa, culto ou sessão para saber disso ou mesmo para procurar seguir esse modo de vida. Não é isso que vai me fazer uma pessoa melhor. O que me fez ser quem sou, acreditar no que acredito, e o senso de justiça que procuro ter, não foi por freqüentar uma igreja semanalmente.
Assim como espero que as pessoas respeitem os meus pontos de vista, faço o mesmo. Não julgo ninguém por suas crenças religiosas, respeito cada um na sua liberdade individual ser o que quiser.
Esse é um dos mais importantes ensinamentos que espero passar para a minha filha.
Até.
sábado, abril 03, 2010
Incontinência Verbal*
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em mais um de seus rompantes habituais de incontinência verbal, diz ter encontrado os culpados pelo caótico sistema de saúde nacional: os médicos. Segundo reportagem veiculada na sexta-feira (26 de março) em diversos jornais brasileiros, o presidente reclamou "que os médicos não aceitam ou cobram caro para trabalhar no interior e periferias e que é muito fácil ser médico na avenida Paulista".
Lula também criticou o Conselho Federal de Medicina, pedindo reconhecimento aos diplomas dos médicos formados em Cuba. Ainda em tom jocoso, criticou o médico responsável pela amputação do seu dedo mínimo da mão esquerda. Sua ira voltou-se também aos contrários à cobrança de novo tributo para aumentar os recursos ao setor de saúde.
O que o presidente finge não saber é que o médico sozinho no interior ou em periferias é incapaz de promover saúde. Ele precisa de apoio para exercer a sua profissão, como laboratórios, equi pamentos para exames, hospitais, enfim tudo o que não é prioridade ou é claramente insuficiente em seu Governo.
Lula também finge não saber que ninguém é contra o médico cubano: exige-se apenas que ele, como qualquer outro, se submeta ao exame de avaliação exigido para formados no exterior.
Quanto à CPMF, governar impondo novos impostos ao já fatigado povo brasileiro, Sr. Lula, é tão vulgar quanto dizer que é "fácil ser médico na avenida".
Sr. Lula, a Associação Médica Brasileira, em nome dos mais de 350 mil médicos brasileiros, sente-se ultrajada com suas declarações, visto inverídicas, por considerar que elas não condizem com cargo que V. Sa ocupa e por atingir a dignidade e honradez daqueles que, diariamente em hospitais ou consultórios, muitas vezes em condições precárias, lutam por manter a saúde do povo brasileiro.
Presidente Lula, o Sr. deve um pedido de desculpas à classe médica brasileira.
*José Luiz Gomes do Amaral
Presidente da Associação Médica Brasileira
(os grifos são meus)
Bom sábado a todos.
Até.
Lula também criticou o Conselho Federal de Medicina, pedindo reconhecimento aos diplomas dos médicos formados em Cuba. Ainda em tom jocoso, criticou o médico responsável pela amputação do seu dedo mínimo da mão esquerda. Sua ira voltou-se também aos contrários à cobrança de novo tributo para aumentar os recursos ao setor de saúde.
O que o presidente finge não saber é que o médico sozinho no interior ou em periferias é incapaz de promover saúde. Ele precisa de apoio para exercer a sua profissão, como laboratórios, equi pamentos para exames, hospitais, enfim tudo o que não é prioridade ou é claramente insuficiente em seu Governo.
Lula também finge não saber que ninguém é contra o médico cubano: exige-se apenas que ele, como qualquer outro, se submeta ao exame de avaliação exigido para formados no exterior.
Quanto à CPMF, governar impondo novos impostos ao já fatigado povo brasileiro, Sr. Lula, é tão vulgar quanto dizer que é "fácil ser médico na avenida".
Sr. Lula, a Associação Médica Brasileira, em nome dos mais de 350 mil médicos brasileiros, sente-se ultrajada com suas declarações, visto inverídicas, por considerar que elas não condizem com cargo que V. Sa ocupa e por atingir a dignidade e honradez daqueles que, diariamente em hospitais ou consultórios, muitas vezes em condições precárias, lutam por manter a saúde do povo brasileiro.
Presidente Lula, o Sr. deve um pedido de desculpas à classe médica brasileira.
*José Luiz Gomes do Amaral
Presidente da Associação Médica Brasileira
(os grifos são meus)
Bom sábado a todos.
Até.
sexta-feira, abril 02, 2010
quinta-feira, abril 01, 2010
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