(Crônicas de uma Pandemia – Duzentos e Setenta e Cinco Dias)
Um texto não muito bem humorado.
O ano civil vai para sua última quinzena.
De agora até o início de 2021 serão pouco mais de duas semanas, mas parece que dois mil e vinte não terminará assim tão facilmente. Parece querer se arrastar por mais tempo, manter-nos presos a ele o quanto der, tentando de todo jeito se eternizar.
Falo da pandemia, claro.
Como havia falado, minha expectativa (esperança, agora sei) de que ao terminar dois mil e vinte tivéssemos superado essa fase maluca de distanciamento, de abraços ausentes e proximidades – quando ocorriam – culpadas, provou ser nada mais que isso, esperança. Continuamos sitiados pelo vírus e pelo medo, vítimas de governantes ou em descompasso com a realidade, negando o óbvio, ou pequenos tiranos tentando impor suas medidas irracionais baseadas “em ciência”. Seguimos ao sabor das ondas, nos cuidando do jeito que dá.
Quando se estimula que as pessoas denunciem seus pares por se reunirem, quando “premiam” quem se avança sobre a privacidade dos outros, é sinal de que há algo muito errado. O mais impressionante é que ninguém se espanta ou revolta com isso. A liberdade individual (que pressupõe responsabilidade) é cada vez mais um conceito etéreo, fluido, quando – obviamente - não deveria ser.
Eu só saio de casa de máscara desde o início da pandemia.
Eu trabalho de máscara e face shield.
Eu tomo todo o cuidado possível, para não me contaminar e não contaminar os outros. Mas não estou histérico, nem fico contando isso como vantagem em redes sociais.
Estamos em uma prisão. Pelo vírus, pelo politicamente correto, pelo pensamento único que não admite contraditório. Estamos presos em uma narrativa escrita por quem quer nos dominar pelo medo. Uma hora isto tem que acabar.
E, por estar nessa prisão maluca, o jeito é viver um dia de cada vez.
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