quarta-feira, outubro 11, 2006

Dez Anos Atrás

Era uma manhã como as outras.

Eu era residente de pneumologia. Vivia o início da vida de casado com a Jacque, com quem casara há pouco mais de um mês. Aquela manhã começara como todas as outras: vendo os pacientes logo cedo para depois discuti-los no round. A única coisa diferente que reparei foi que em cada lugar do hospital em que entrei, e que tinha música ambiente, estava tocando Legião Urbana. Coincidência, pensei, até que – na hora do almoço, no refeitório – recebi a ligação de uma amiga me dizendo que o Renato Russo morrera.

Lembrei e pensei em várias coisas, naquele e nos dias que se seguiram.

Lembrei de 1990, julho, seis anos antes, quando também uma amiga tinha me telefonado na hora do almoço para me contar que o Cazuza morrera. Como se tivesse sido ontem, recordei a sensação de orfandade pela qual eu havia sido tomado. Quem escreveria a trilha sonora da minha vida, foi a pergunta que me fiz. Um dos que já o faziam desde o meio dos anos oitenta e que continuou até aquele outubro de 1996 foi ele, Renato Russo, e sua Legião Urbana.

E pensei que a importância do grupo para a minha geração, ou ao menos aqueles que viram aqueles anos da mesma forma, era muito mais que musical, que poética: era no papel de porta-voz que ele se saía melhor. Suas canções diziam aquilo que queríamos dizer, aquilo que sentíamos. E por isso foi muito, mas muito importante.

Desde esse dia de outubro de 1996 dez anos se passaram.

Crescemos.

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