sexta-feira, dezembro 27, 2024

Ouvir, Escutar

Lembro de quando estava morando em Toronto, há 20 anos, e escrevia sobre o que vivia, o que sentia à época. Casado já há alguns anos, estávamos, a Jacque e eu, vivendo naquele momento em lados opostos da linha do Equador, ela no Sul e eu no Norte. Havia a saudade, estar longe das minhas referências, país, estado, cidade, família e amigos. Morar sozinho, o “começar do zero” a vida em outro país sem conhecer virtualmente ninguém. Tudo isso servia de motivo para eu falar de minha(s) experiência(s) única(s).

 

Que não eram, evidentemente, únicas, apesar de únicas.

 

Muitos haviam passado por situações parecidas, e muitos ainda passariam depois. Nada mais óbvio que isso. Racionalmente, sempre soube que nossas experiências, boas ou ruins, não são inéditas, afinal alguém em algum momento já passou por algo igual ou muito parecido antes. Ainda assim, essas experiências são únicas para nós. Proporcionam, então, essa noção de que outros já passaram, de uma forma ou de outra, pelo que estamos passando, um senso de humildade, de pertencimento, ainda que ninguém possa saber, de verdade, o que estamos sentindo.

 

Nos reconhecemos a partir de vivências semelhantes, mas únicas para cada um nós, e nosso entendimento do outro aumenta a partir daí, o que nos aproxima como pessoas. Empatia. Para isso, precisamos estar dispostos a escutar, no sentido de compreender o que é ouvido, muito mais que apenas ouvir, sentido de audição, o que as pessoas nos têm a dizer, com atenção e sem julgamentos. 

 

Um desafio.

 

Falar menos, ouvir/escutar mais.  


Até. 

Nenhum comentário: