domingo, janeiro 17, 2021

A Sopa

(Crônicas de uma Pandemia – Trezentos e Nove Dias)

 

Sobre ser quem eu sou, sempre e de novo.


Durante a pandemia, principalmente, pois era um processo que havia iniciado alguns meses antes, mas que se intensificou a partir do momento em que surgiram as limitações sociais, de saídas, encontros, celebrações e outras formas de reunião, eu reduzi meu peso em cerca de dezessete quilos. Uma significativa mudança.

 

Houve, além da redução do peso, a manutenção e até um certo aumento da minha massa magra – músculos, a saber – o que resultou em uma diminuição importante no meu percentual de gordura corporal. Musculação de segunda a sexta-feira, e pedal nos finais de semana. Sem sofrimento, apenas parte da rotina. E isso significa saúde. Saí do sedentarismo para me tornar um atleta, digo sem falsa modéstia. E tudo isso para superar um competidor: quem eu era ontem, e que será superado por quem serei amanhã. 

 

Mas não é exatamente disso que queria falar.

 

O primeiro ponto, quem vem antes de tudo, é a questão da disciplina, que venho trabalhando ao longo do tempo, e que – confesso – sempre foi desafiadora. Ter a disciplina que leva à constância é a chave para alcançar os resultados desejados, sejam eles quais forem. E em todos os aspectos da vida. Começa pela atividade física, e se estende para os outros. 

 

É o que tenho tentado com sucesso até aqui nesse último ano e meio (como disse, havia iniciado antes da pandemia). Ter disciplina, fazer com que se torne um hábito, que passe a ser natural, e até uma necessidade. Quando houve aqui no Sul do Mundo o lockdown parcial, lá no início, mesmo que ainda sem muitos casos por aqui, com academias fechadas, saídas de casa apenas para ir ver pacientes, mantive a rotina de treinos em casa, religiosamente, de segunda a segunda. Como eu disse, disciplina.

 

Interessante, também, é a questão da autoimagem.

 

Voltei a me reconhecer ao olhar no espelho.

 

Aquele cara com pouco cabelo, com sobrepeso mas quase obeso, estressado, dormindo mal, aquele cara não era eu como eu sempre me vira. E lembro a música dos Titãs:

 

Eu não tenho mais a cara que eu tinha

No espelho essa cara já não é minha

É que quando eu me toquei achei tão estranho

A minha barba estava deste tamanho

Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Eu não vou me adaptar, me adaptar
Não vou me adaptar
Me adaptar...”

 

E era mais ou menos isso mesmo.

 

Estou de volta.

 

Até. 

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