domingo, abril 20, 2008

A Sopa 07/37

A Viagem (22)

Foi um longo dia. Iniciara em Avignon, onde estávamos hospedados no Kyriad Hotel, e seguira por Saint-Rémy de Provence, Les Baux de Provence e Arles. Quando a noite já caía no sul da França, decidimos fazer a última visita do dia, que incluiria o jantar.

Châteauneuf du Pape.

Situada no Departamento de Vaucluse, Provence, Châteauneuf tem seu nome e sua história totalmente ligadas ao período dos “Papas de Avignon”. Em 1308, o Papa Clemente V, antes Arcebispo de Bordeaux, mudou a sede do papado para Avignon, provocando um cisma na Igreja Católica. Tanto Clemente V como os próximos “Papas de Avignon” eram apreciadores do vinho da Borgonha (Burgundia) fizeram muito para promovê-lo. Não só isso, também estimularam a produção de vinho local.

Châteauneuf fica a apenas 10km de Avignon, próxima ao Rhône, e tornou-se famosa pelo “castelo novo” a quem deve seu nome, hoje apenas uma ruína na parte mais alta da pequena vila de pouco mais de dois mil habitantes e pelo seu vinho, o Châteauneuf-du-Pape, vinho DOC (Denominação de Origem Controlada).

É uma região de grandes vinhedos e vinícolas espalhadas, a maioria delas com restaurantes em elegantes casa de campo. Já noite, ficamos em dúvida sobre entrar em uma delas ou ir até o Châteauneuf e conhecer a cidade, mas acabamos optando por ir até lá. Todos os estabelecimentos que vendiam vinho e possuíam degustação já estavam fechadas, o no estacionamento público havia apenas um trailer estacionado e mais nada.

Deixamos o carro ali e fomos caminhar pela cidade, deserta àquela hora. O único local aberto com gente era o que parecia ser uma inauguração de uma loja, tipo uma garagem com uma mesa e pessoas em frente, salgadinhos e refrigerantes em garrafas pet. Caminhamos até o castelo, que atualmente é apenas as ruínas do que foi um dia. A noite estava estrelada e fria devido ao vento que soprava. Tiramos algumas fotos e decidimos voltar para procurar um restaurante para jantar.

Logo no começo da descida, junto ao acesso que há para o castelo, havia um restaurante, totalmente vazio, apenas com os garçons. Oito horas da noite, cidade que parecia deserta, restaurante vazio: não podia ser boa coisa. O ambiente, contudo, parecia sofisticado, causava uma impressão muito boa. Ficamos por instantes naquela dúvida, parados em frente ao acesso ao restaurante, se devíamos entrar ou não. Entrei e perguntei se estavam funcionando normalmente, e a resposta foi positiva. Voltei para o grupo e disse que eu ia jantar ali, eles que fizessem o que achavam melhor.

Entramos no Le Verger des Papes, no que acabou tornando-se a melhor experiência gastronômica da viagem. A comida maravilhosa e o ambiente de primeira classe (lotou depois que entramos). Mas não tomamos o Châteauneuf-du-Pape, pois o preço era meio exagerado. Passaram a carta de vinhos para mim e tive que escolher. Entre as várias opções de “preços adequados”, escolhi um chamado ‘Esprit D’Henri’, um Côte du Rhône. Ao pedir ao garçom, ele perguntou por que eu escolhera esse vinho.

Tensão.

Respondi que gostaríamos de experimentar, apenas isso, e devolvi a pergunta: por quê? Então ele explicou que o vinho era produzido pelo pai do cozinheiro-chefe.

Enfim, foi uma grande refeição, com sobremesa – creme brulé para mim, óbvio – café para arrematar e preço bem adequado, levando-se em conta a qualidade. Voltamos ao hotel satisfeitos, prontos para deixar a Provence no dia seguinte.

Até.

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