A Viagem (23)
Último dia passeando pela Provence e alguns lugares que gostaríamos de visitar antes de seguir em direção à Paris, distante cerca de setecentos quilômetros de Avignon. Mais um longo dia nos esperava. Após o café da manhã no hotel, fizemos o checkout e partimos para a primeira visita do dia, Apt.
Cercada por campos de lavanda e vinhedos, Apt é conhecida pelo seu mercado (feira livre) que ocorre às terças-feiras pela manhã, onde é possível comprar frutas produzidas localmente, vegetais, flores, vinhos, azeite de oliva, mel, marmeladas, queijos. Já no sábado pela manhã, justamente o dia que havíamos escolhido para visitá-la, a cidade inteira se transforma numa grande feira-livre que vende de tudo, desde produtos locais até roupas, artesanato e os mais variados produtos. As ruas pequenas ruas ficam cheias de pessoas visitando as bancas.
Foi assim que encontramos a cidade, uma grande feira livre, com as ruas tomadas por locais e visitantes em suas compras semanais. Apesar de ser outono, a cidade ainda mantinha muitos jardins floridos. Como eu sempre disse, sábado de manhã, o melhor momento da semana.
Além de passear, o grupo decidiu que faríamos, naquele mesmo dia, antes de chegar em Paris, um piquenique. Pensando nisso, fizemos algumas compras já em preparação ao almoço. Seguimos, então, para Roussillon.
Foi uma visita – como não poderia deixar de ser – rápida a Roussillon. Considerada uma das mais belas cidades na França (me pergunto: e qual não é?), ela se caracteriza pela cor ocre avermelhada de suas construções, devido ao tipo de rocha encontrado nesta parte do Luberon. Circulamos por ruas aquela hora deserta e seguimos para o próximo destino.
Gordes é, entre as aldeias suspensas localizadas na Provence, provavelmente a mais visitada. Não sabíamos na época, mesmo eu tendo assistido (não me dei conta quando estive lá), que é nessa simpática cidade em que filmaram cenas do filme “Um Bom Ano”, sobre um inglês que recebe de herança uma propriedade na região e, disposto a vendê-la, vai para a região. Suas origens remontam o ano de 1031, quando o castelo – bem no centro da cidade – foi construído.
Foi o local escolhido para nosso piquenique. O problema é que a imagem bucólica de um piquenique num campo na Provence não é exatamente factível: não encontrávamos um lugar adequado. Sugeri o estacionamento em que estávamos estacionados, e quase apanhei por isso. Todos queríamos uma refeição com vista. E a melhor vista de Gordes era de fora da cidade. Pegamos o carro, nos afastamos um pouco e estacionamos na beira da estrada, com a melhor vista que se pode ter de Gordes, montamos a “mesa” na parte de trás da van, e fizemos nosso lanche.
Estava maravilhoso.
Após isso, fomos à Fontaine de Vaucluse, última para na Provence, cuja principal atração é o manancial do rio Sorgue, o mais forte da França, jorrando até 90 mil litros de água por segundo de um rio subterrâneo no pé de uma colina. Passeamos um pouco, paramos para um café e, em virtude do avançado da hora, decidimos que deveríamos rumar para Paris.
Uma longa viagem, que decidimos fazer em duas etapas, afinal tínhamos reserva de hotel para o dia seguinte. O plano foi andar o máximo possível para perto de Paris e passar a noite numa das cidades próximas. Não poderia ser Lyon porque era muito próxima de onde estávamos e não se pode “só dormir em Lyon”. O plano foi, então, ir até Dijon, mais próxima de Paris, e que o Paulo, a Karina, a Jacque e eu já havíamos visitado.
Rodamos cerca de trezentos quilômetros e chegamos já noite em Dijon, ansiosos por achar um hotel para poder acompanhar a semifinal da Copa do Mundo de Rúgby, entre França e Inglaterra. Ao chegar à cidade, decepção: parecia uma cidade fantasma. Tudo fechado, ninguém nas ruas, às nove da noite. A cidade não existia.
Rindo muito da situação, decidimos ficar num Kyriad Hotel, meio fora da cidade, mas que tinha restaurante. O problema foi encontrar o maldito hotel (havíamos escolhido pelo guia de hotéis da rede). Porém, quando chegamos, a surpresa positiva foi o preço, bem bom. O restaurante, quase fechando, nos serviu uma janta bem boa. Quanto ao rúgbi, estavam assistindo ao jogo, mas era uma turma de ingleses torcendo muito pelo seu país, que acabou ganhando o jogo e se credenciando para jogar a final contra Argentina ou África do Sul, que jogariam em Paris no dia seguinte.
Paris, dia seguinte. Éramos nós.
Até.
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