Eu cresci em um mundo analógico.
Os meus primeiros escritos, em uma tentativa de fazer literatura, e que não eram trabalhos de escola, foi utilizando uma máquina de escrever, que é – para quem não conhece – um aparelho que, à medida de digitas ele ‘imprime’ ao mesmo tempo... Muito utilizei a máquina Olivetti que tinha em casa e que hoje está guardada como uma relíquia pelo meu irmão em sua casa nos Estados Unidos, junto com alguns dos MEUS discos de vinil, mas essa é uma discussão que terei que ter com ele...
Muito ouvi, aliás, discos de vinil, que depois foram substituídos pelos CDs, que prometiam, entre outras vantagens, um som mais límpido e puro, sem ruídos e chiados que eventualmente os de vinil possuíam. Que foram substituídos pelos Mp3, que baixávamos da internet – piratas ou não – e, finalmente, pelo streaming, que oferecia um mundo de músicas em um toque, mesmo aprendendo depois que a qualidade do som era bem inferior às mídias anteriores. Com o tempo, completando o círculo, os vinis estão retornando, sob o argumento de que o som, com os ruídos e chiados é mais puro.
Falava eu, então, que cresci em um mundo analógico, no tempo em que o Eskibon era de caixinha, e as pessoas utilizavam dinheiro em espécie. Há uns poucos anos, ao pagar um cachorro-quente em uma madrugada antes de voltar para casa em uns dias em que estava ‘soltinho’ pela cidade, ao usar dinheiro vivo, ouvi a expressão que aquilo era do tempo ‘dos Maias e dos Astecas’. Faz parte, sou antigo, mas não parado no tempo.
Evoluo.
Ontem, por exemplo, saí de casa em cima da hora para uma reunião de trabalho. Ao chegar no carro para sair, percebi que havia deixado minha carteira, com dinheiro, cartões e documentos em casa. Por um segundo, pensei em voltar para buscar, mas decidi passar um dia sem a carteira, novidade para mim. Quase um experimento.
Documento de identificação, documento do carro, cartão de crédito e aplicativos para fazer pix, tudo obviamente no celular. Se eu fosse parado no trânsito, ou precisasse me identificar, tudo certo. Qualquer compra, pix ou cartão de crédito. Muito simples e prático, mas sair sem a carteira, sem o peso no bolso de trás da calça, isso foi novo para mim.
Correu tudo bem, obviamente, mesmo que – ao longo do dia – estranhasse o bolso da calça sem o peso dela. Ao final de dia, em casa, me senti orgulhoso de mim mesmo.
Sou assim, pequenas coisas da vida me deixam feliz...
Até.