O que nos define, na vida?
Essa é uma questão mais ou menos antiga para mim. Olhando para trás, penso que começou ao observar o meu pai e sua relação com o trabalho. Meu pai era alguém que trabalhava. Tinha, ou tenho, a impressão de que – ao longo do tempo – foi trabalhar o que deu sentido à vida para ele. Durante a semana, era o trabalho regular, remunerado, tanto como funcionário assalariado como empreendedor, atividades que exerceu ao longo da vida. E, aos finais de semana, era o trabalho em casa, o cuidado com o jardim e outras atividades. Eu temia que quando parasse de trabalhar ou fisicamente não conseguisse mais, ele começaria a morrer.
O que – de certa forma – se confirmou.
Quando não pôde mais trabalhar, passou a se sentir sem utilidade, e claramente se deprimiu. Já não tinha mais outros interesses, e foi se afastando das relações sociais (também pelas limitações físicas). A meu ver, como filho, o trabalho não o definia, mas fiquei com a sensação de que acabou se tornando o principal em sua vida, o sentido. E, quando perdeu a condição física de executá-lo, ficou sem chão. Então, essa sempre foi uma das minhas preocupações, um dos meus grandes questionamentos existenciais.
Até que ponto somos definidos pelo que fazemos?
Acho que, sim, muito do que somos tem relação com o que fazemos, mas não pode ser o que unicamente nos define. É inevitável que algo que fazemos todos os dias por muitos anos não molde nossa personalidade, nosso modo de ver o mundo. Insisto, contudo, que não deveria ser apenas nossa atividade profissional aquilo que nos define.
Pergunto, então, a você, caro leitor: se você parasse de trabalhar hoje, abstraindo as óbvias questões financeiras, quais dos relacionamentos, quais amizades se manteriam, quais os interesses, o que você faria com sua vida?
Sua vida gira em torno do seu trabalho?
É isso o que dá sentido à sua vida? É o que te define?
Até.
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