domingo, novembro 30, 2008

A Sopa 08/18

Semana passada, eu não estive em Brasília.

Eu estive em um congresso em Brasília, o que é bem diferente, principalmente quando o tempo está nublado e chuvoso todo o tempo. Todos os dias acordando às seis e meia da manhã para estar as oito no centro de convenções e ficando todo o dia lá, assistindo conferências, encontro colegas, fazendo contatos. Congressos são também para isso, reforçar e ampliar nossa rede de contatos.

Então a Brasília que em que estive no final de semana passado não foi a mesma que encontramos, meu irmão e eu, em maio de 2002, quando chegamos na capital federal num final de tarde de céu azul, vindos de Porto Alegre, cerca de dois mil quilômetros percorridos num Corsa 1.0 carregado com as coisas dele, que se mudava para lá, onde ficou um alguns meses antes da mudança definitiva para o norte do mundo, da América. Não era a mesma Brasília, certamente.

A Brasília que vem da janela do ônibus e dos táxis que me levaram do hotel para o centro de convenções e de volta ao hotel, estava cinza e chuvosa – como já falei – e compunha-se do eixo monumental, que pegávamos saindo do centro de convenções e seguia passando pela Catedral de Brasília, Esplanada dos Ministérios, passando ao lado do congresso nacional e chegando à praça dos três poderes, onde o ônibus entrava primeiro à esquerda, para contornar a praça e depois à direita para passar exatamente em frente ao palácio do planalto, com sua rampa sempre guardada por um oficial, e íamos em direção ao outro palácio presidencial, o alvorada, próximo ao lago, onde ficava o hotel, vizinho ao palácio.

Vi pouco de Brasília, dessa vez, mas estava a trabalho. Houve ainda a oportunidade de encontrar a família que mora lá, e comer numa galeteria gaúcho, o galeto temperado com uma receita exportada diretamente de Santa Maria, região central do rio grande. O que mais valeu, além do galeto gaúcho, foram os contatos e os projetos, assunto para outras instâncias, em outras estâncias.

A volta foi antecipada em vinte e quatro horas pela mesma razão pela qual quase desisti de viajar: a pequena Marina.

E é também por causa dela que me sinto obrigado a começar a rever algumas das minhas teorias sobre o mundo. Ou, de outra forma, posso ter encontrado a exceção que confirma a regra de uma das minhas teorias, a de que o que muda a vida são os pequenos, aparentemente insignificantes, eventos.

O nascimento de um filho é o grande evento que muda a vida de uma maneira que jamais imaginei. E para melhor, claro.

Até.

quinta-feira, novembro 27, 2008

Vinte e seis de novembro

Um pensamento.

Para alguns, o vinte e seis de novembro é marcado por algo que chamam de façanha, mas que na verdade foi um vexame, uma baixaria que acabou dando certo e com isso um certo time não permaneceu na segunda divisão.

Eu, por outro lado, acho que façanha, evento épico, é ganhar em La Plata com um jogador a menos desde os vinte minutos do primeiro tempo.

Claro, cada um pensa o que quiser...'

Porém, nada está ganho.

Semana que vem tem o segundo jogo. Mas foi bom, MUITO bom...

Até.


Guerreiro, Inter vence na Argentina e encaminha título da Sul-Americana

Colorado supera expulsão de Guiñazu ainda no primeiro tempo e faz 1 a 0 no Estudiantes, com gol de Alex, de pênalti.

O Inter pegou a mania de se alimentar de títulos continentais e agora tem a faca e o queijo nas mãos para engordar sua coleção de canecos gringos. Guerreiro, o time colorado superou a expulsão precoce de Guiñazu e bateu o Estudiantes por 1 a 0 no estádio Ciudad de La Plata na noite desta quarta-feira. O triunfo no primeiro jogo da decisão deixa a equipe gaúcha em vias de ganhar a Copa Sul-Americana. Se for confirmado, será sua quinta taça estrangeira em três anos.

Alex, ainda no primeiro tempo, marcou de pênalti o gol vermelho. O resultado quebrou uma invencibilidade de 43 partidas do Estudiantes em casa. É a quinta vitória consecutiva do Inter na Sul-Americana, competição que ainda não foi conquistada por brasileiros.

Com o resultado, a equipe de Tite joga até por empate no jogo da volta, na quarta da semana que vem, em um Beira-Rio entupido por 50 mil torcedores.

Um Guiñazu substituído por dez

Aos 24 minutos do primeiro, a esperança colorada de vitória em La Plata recebeu uma punhalada. Pareceu uma tragédia quando o árbitro Carlos Amarilla levantou o cartão amarelo, puxou o vermelho e o apresentou a Guiñazu, que fizera falta em Verón. Justamente a Guiñazu...

Com um quarto de jogo, o Inter perdia sua referência, seu símbolo de raça. Mas aí aconteceu um fenômeno estranho. Quando Guiñazu saiu de campo, Alex virou Guiñazu, Magrão virou Guiñazu, Nilmar virou Guiñazu, Álvaro virou Guiñazu. Em vez de um “loco”, o time colorado passou a ter dez. Só faltou um corte moicano coletivo. Na base da raça, da superação, da entrega por cada bola, os gaúchos anularam a inferioridade numérica.

Alex, nenhuma novidade, jogou uma enormidade. Quando o Inter ficou com dez jogadores, ele teve que recuar para fechar o meio. Mesmo assim, acertou tudo que tentou. Inclusive o pênalti. E duas vezes.


FONTE: Globo.com

quarta-feira, novembro 26, 2008

Para Pais de Meninas

O Henrique, meu irmão em Mississauga, também recentemente pai de uma menina, como esse que vos escreve, me enviou esse serviço de utilidade pública:

Formulário de requisição de namoro

3 de novembro de 2008

Autorização de Namoro - Formulário.

Com o recente surgimento de um pequeno LOUCO querendo namorar a sua filha, tire da gaveta o seguinte formulário que agora disponibilizo para todos que tenham ou possam vir a ter uma filha. Já se passaram dois meses e o pretendente ainda não voltou para me entregar o formulário preenchido.

FORMULÁRIO PARA AUTORIZAÇÃO DE NAMORO COM MINHA FILHA

Nota Importante: Este formulário deverá vir devidamente acompanhado de:

* Declaração completa de bens

* Histórico Escolar

* Histórico Profissional

* Árvore Genealógica completa

* Ficha Criminal

* Exame de Saúde completo e atualizado.

DADOS PESSOAIS
Nome__________________________________________

Data de Nascimento __/__/____

Altura_____

Peso_____

Q.I.____

Média Escolar____

Prontuário:

RG____________________
CPF____________________

Escoteiro? Medalhas? Atividades Esportivas? ( ) Sim ( )Não
Quais_____________________________________________

Endereço Residencial (Completo)
__________________________________________________

Você tem 1 (UM) Pai e 1 (UMA) Mãe?___________________

Se Não, Explique:_______________________________

Há quantos anos seus pais são casados?________________

Se menos que sua idade, explique:_______________________

ACESSÓRIOS ESQUISITOS

Usa piercings na orelha, nariz ou boca?..( )sim ( )não

No umbigo e/ou em outras partes do corpo?…( )sim ( )não

Tem tatuagem?………………………………….. ( )sim ( )não

Onde?___________________

(SE VOCÊ RESPONDEU POSITIVAMENTE A QUALQUER ITEM ACIMA, PODE PARAR DE PREENCHER ESTE FORMULÁRIO)

Interpretação de texto
Usando 50 palavras ou menos, descreva o que significa chegar TARDE para
você:__________________________________________________
_______________________________________________________

Usando 50 palavras ou menos, descreva o que significa NÃO BULINAR MINHA
FILHA:__________________________________________________
________________________________________________________

Usando 50 palavras ou menos, descreva o que significa ABSTINÊNCIA, na sua
opinião:__________________________________________________
__________________________________________________________

OUTROS

Igreja que você freqüenta:__________________________

Com que freqüência?_____________________________

Preencha os espaços abaixo. Todas as respostas serão confidenciais:

Se eu for atingido por uma bala, eu detestaria ser atingido no:
_____________________________

Se eu levar uma surra, não quero que me quebrem o seguinte osso:
____________________________

Lugar de mulher é:______________________________

Escreva algo que você não espera ter que responder neste formulário:
__________________________________________________ _

Qual a primeira coisa que você nota em uma mulher?
_________________________________________
(Nota: Se a resposta começar pelas letras P, B ou C, favor abandonar imediatamente este formulário e sair correndo, de cabeça baixa)

O que você quer ser ‘SE’ crescer?
_____________________________

EU, ABAIXO ASSINADO,

Assinatura________________________________________ ____ (o estúpido)

As letras pequenas abaixo são mera formalidade, nem precisa ler!!!
(já de acordo com a legislação em vigor, corpo 12)

A) Eu, o namorado, doravante denominado ‘estúpido ‘
B) Declaro ainda que este documento tem poder de ‘procuração’ seja para
que assunto for.
C) Desisto de qualquer direito, mesmo sobre minha integridade física, ossos, órgãos, dentes, durante todo o tempo de vigência do namoro ‘mais nove meses’ pertencendo ao Pai da Namorada os poderes de decisão, inclusive de vida ou de morte.
D) Ao pai da namorada não questionarei a autoridade ou ordens, deverei agir com obediência cega a toda e qualquer ordem ou vontade que me for imposta, a mínima que seja.
E) Admito toda e qualquer culpa que me for imputada sem questionar. Sem direito a teste de DNA.
F) Reconheço a legitimidade de ‘Pagamento de pensão’ durante o período que a ‘namorada’ se mantiver solteira a titulo de indenização moral caso este não resulte em um honroso matrimônio .

Obrigado por seu interesse.

Favor aguardar de 2 a 3 meses para seleção.
Se aprovado, você receberá uma notificação por escrito. Não chame, ligue ou escreva. Aguarde minha chamada.

Se você não for aprovado e dependendo das circunstâncias, você será notificado, pessoalmente, pela Polícia Militar!
Atenciosamente,

O Pai .
‘Curriculum Vitae’ deste Pai:
- 2 vezes campeão estadual de tiro - modalidade saque-rápido
- Campeão brasileiro de tiro ao alvo - modalidade Moore System
- 3 vezes campeão brasileiro de judô
- Campeão estadual de vale-tudo 2000
- Campeão brasileiro de vale-tudo 2001
- Combate com facas.
- Adestrador de Cães de ataque.
- Livros Publicados: ‘Táticas de Combate - Silenciamento de Sentinelas’ e ‘Matando com as mãos’

Até.

segunda-feira, novembro 24, 2008

Ainda em Brasília

Mas contando a horas para voltar para casa, para reecontrar a Jacque e minha filhinha.

É dura essa vida de pai em viagem...

Ah, e eu sabia que o São Paulo não ia me decepcionar... e nem o Vitória...

:-)

Amanhã, escrevo de casa.

Até.

domingo, novembro 23, 2008

A Sopa 08/17

Esse semana, A Sopa virá fria, durante a semana.

Isso porque o final de semana é de trabalho, longe de casa.

Até.

sábado, novembro 22, 2008

Em Brasília

Chove.

Estar em Brasília é, de certa forma,como voltar ao anos 80.

Explico logo que der.

Até.

quinta-feira, novembro 20, 2008

Três meses

Três meses

E a vida não podia ser melhor...

Até.

UPDATE - Vou dar um pulo em Brasília e volto logo.

Até.

terça-feira, novembro 18, 2008

Virei taxista

Na nova rotina de vida, com a Marina já indo para a escolinha e essa sendo MUITO longe aqui de casa (mas cuja dona é a Dinda dela, tranquilidade que faz com que a distância seja muito menor), percorro muitos quilômetros diários de um lado a outro da cidade.

Nos últimos dois dias, foram cento e dez quilômetros.

Parece muito, mas houve época em que eu anda quinhentos quilômetros por semana.

E agora é por uma boa causa, sem dúvida...

:-)

Até.

domingo, novembro 16, 2008

A Sopa 08/16

Tenho pensado na verdade.

Você sabe, estimado leitor. Falo daquela Verdade escrita assim, em maiúsculas, única, inquestionável. A Verdade, aquela por detrás e acima de todas as versões. Essa mesma.

Ela não existe.

Eu entendo que isso possa não surpreender vocês, mas houve um momento que surpreendeu a mim, que imaginava ser meu dever ir atrás dela e então fazer meu norte. Descobri que ela é uma ficção, uma quimera. Só que até isso acontecer, tive alguns problemas. Chato, isso, mas não vem ao caso. Falava eu da verdade, e já não a escrevo com maiúsculas, e queria dizer que ela é alguma coisa que está entre as versões, essas sim reais e quase palpáveis.

Nenhum fato é um fato em si, único. Todo fato é algo que ocorre e a forma como as pessoas o vêem e interpretam. O mesmo evento pode ter significações diferentes para duas pessoas que o vivenciaram ao mesmo tempo, e ter interpretações diferentes para a mesma pessoa em momentos diferentes. Por isso, pelo caráter fluido disso que chamamos verdade, pelos eventos e suas interpretações, é que não deveríamos dar palpites ou conselhos para pessoas a respeito de suas vidas pessoais.

Porque só pode dar confusão.

Por outro lado, em um imbróglio de casal, é sempre aconselhado ouvir os dois lados da história, as duas versões, antes de emitir um juízo, qualquer que seja. E mesmo conhecendo muito bem um dos envolvidos, sendo muito próximo, tendo todas as informações possíveis para se emitir um parecer, ainda assim o risco de erro é grande, o que me lembra um fato do verão de 1995, quase quatorze anos atrás.

Verão de 1995, então.

Recém formado em medicina, iniciando a residência médica, havia terminado no final do ano anterior um namoro de oito meses com uma menina que conhecera numa festa no ano anterior. Éramos muito diferentes e, sob certo prisma, vivíamos em mundos diferentes. Nossos círculos de amizades não tinham sequer um ponto de contato, nenhuma afinidade.

Uma noite de fevereiro daquele ano, um grande amigo meu foi me visitar em casa para batermos as conversas em dia e, em mais uma daquelas longas conversas que começam num ponto e terminam onde menos se espera, chegamos à conclusão de que eu ainda gostava daquela menina. Ele é quem deu o toque, que eu deveria ir atrás dela. Fui, e no final de semana seguinte – carnaval – fomos, eu e ela, para a praia.

E foi uma merda.

Nada deu certo, não acabamos juntos e perdi um carnaval na praia. O amigo que deu a dica de ir atrás da menina até hoje se ressente do conselho dado (mas ele sabe que ficou tudo bem, que não era para ser, não tinha nada a ver). Evidentemente continuamos amigos na boa, há mais de vinte anos. Outras vezes a confusão foi porque eu inventei de dar palpite, mesmo quando foi solicitado que eu o fizesse. Por uma palavra dita ou (pior) escrita fora de lugar, já quebrei a cara, me tornei o cara mau. Nada que algumas explicações e as devidas desculpas não tenham resolvido.

Mas foram boas lições.

Hoje, tento ao máximo não me meter nesse tipo de confusão. Porque nem sempre o que é certo para mim o é para outro; e porque não devo (ninguém deveria) tentar impor minhas (suas) verdades para os outros. Porque a verdade quase sempre está no meio das diversas versões e opiniões que aparecem, e não ainda gritar mais alto porque aí sim é que ela se esconde ainda mais.

Até.

sábado, novembro 15, 2008

Sábado (sem fotografia)

Pequeno caso nada incomum em medicina.

Com uma certa freqüência, que chama a atenção porém não chega a irritar, durante uma consulta médica, no momento em que explicas ao paciente o que é que ele tem e qual o tratamento adequado, indicando uma medicação, ele te pergunta:

- Doutor, isso não vai me fazer mal?

Depois de um tempo ouvindo a mesma pergunta repetidas vezes, é quase impossível resistir à tentação e dizer, sei lá:

- Vai fazer mal, sim. Vocês me descobriram, eu sou um assassino, fujam porque eu tenho uma arma na minha pasta, para o caso de o senhor não tomar o remédio por bem...

Isso é, muito provavelmente, reflexo desses tempos de relações médico-paciente não muito sólidas, de pacientes que não procuram o médico em especial, mas sim o do convênio, muitas vezes saindo da consulta sem lembrar do teu nome. Eu, por exemplo, numa clínica que atendo (não o meu consultório), faço questão de me apresentar, reforçando o meu nome para que saibam quem os está tratando. Sabendo com quem estão lidando ("meu médico é o Dr Marcelo") sendo atendidos com atenção, fica menos provável que deixem de fazer algo que se recomenda ou receita por desconfiança.

E mesmo com tudo isso, estabelecendo uma boa relação de confiança com o paciente, sendo atencioso, sabendo ouvir e esclarecendo suas dúvidas, orientando, apesar de todo esse cuidado, sempre tem uma vizinha que chega e diz que "a bombinha vicia" ou "ataca o coração" ou mesmo "a bombinha mata", recomenda um tratamento alternativo com alguma planta ("se é natural não pode fazer mal") ou simpatia, e todo o teu trabalho deve ser recomeçado na consulta seguinte...

As vizinhas são o inimigo da boa saúde.

Até.

domingo, novembro 09, 2008

A Sopa 08/15

Uma discussão existencial.

Um velho dilema existencial, que há muito não me preocupava, voltou às minhas reflexões nos últimos dias: crescer, amadurecer, significando restringir, limitar.

Certo, não é mais um dilema. Foi por muito tempo, contudo, e ainda penso nele, como um velho amigo que viajou para muito longe e do qual perdemos o contato. Não é motivo de angústia, mas hoje tenho a certeza de que ele deve permanecer sempre por ali, ao alcance da vista, para não perdemos a perspectiva das coisas.

Do que estou falando, afinal de contas?

Explico, explico.

Até um determinado momento, temos a possibilidade de ser qualquer coisa na vida. Fazer o que quisermos, exercer qualquer profissão. Isso acaba quando “o mundo” nos obriga a escolher o que queremos ser (o que determina o que vamos fazer, ou vice-versa, tanto faz). A partir daí, a maioria de nós se “fecha” para outras possibilidades. Considera-se incapaz para atividades (intelectuais ou não) diferentes daquela em que se especializou.

É o que chamo de ‘Teoria das Células Pluripotenciais’. Todos nós temos no organismo – em determinado momento – células precursoras que podem se tornar qualquer tipo de célula específica, sei lá, por exemplo, músculo cardíaco ou neurônio. Essas células pluripotenciais, como o nome mesmo já diz, tem o potencial de se especializarem em qualquer outro tipo. Mas, depois de especializadas, não podem mudar. Grosseiramente falando, claro, afinal aqui não é aula de biologia. Mas a idéia é essa. E num plano macro, somos assim também.

Quando nascemos, temos o potencial de nos diferenciar para desempenhar qualquer função. À medida que o tempo passa, porém, vamos nos dedicando a poucas coisas, e nosso conhecimento vai ficando cada vez mais específico até que terminamos desempenhando uma única função social, e mais nada. Restringimos-nos a esse papel.

Por isso o crescer significando restringir, limitar.

Levei anos me questionando porque eu, que estava cursando medicina, não podia, sei lá, fazer cinema ao mesmo tempo? Ou ser chef de cuisine? Ou estudar os clássicos, ler filosofia, estudar física, em especial cosmologia?

Aí uma vez, numa Feira do Livro de Porto Alegre – que aliás, é o maior evento do gênero realizado ao ar livre no continente americano, e a mais antiga feira do livro do Brasil realizada de modo contínuo, e que está ocorrendo uma vez mais sob a sombra dos jacarandás da Praça da Alfândega, no centro de Porto Alegre - assisti a um depoimento do Nelson Motta e, em determinado momento, ele disse que ele não queria ser especialista em nada, queria saber de tudo um pouco. Gostei da idéia, e por algum tempo levei comigo esse objetivo.

Só que não era suficiente, afinal eu já era médico e especialista, e tinha que me especializar cada vez mais no que eu fazia. O que fazer, então? Havia sido vencido pelo “sistema”?

Por um tempo, até achei que sim.

Até o dia em que percebi que eu podia, sim, ser especialista na minha profissão e, além disso, aprender tudo o mais que eu conseguisse, sobre os mais variados assuntos. Podia manter meus horizontes amplos, e com um mundo de possibilidades bem ali, ao alcance da minha mão.

Voltei a dormir em paz, finalmente.

Até.

(versão de texto publicado em agosto de 2005)

quinta-feira, novembro 06, 2008

Sobre a Bombonera...

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(Boca 1 x 2 Inter)

Tudo está bem.

Vingamos os outros brasileiros, que apanharam dos argentinos.

Até.

quarta-feira, novembro 05, 2008

Sobre as eleições americanas

Ganhou Barack Obama, como era esperado e desejado por boa parte do mundo.

Contudo, uma verdade precisa ser dita: foi uma luta de dois grandes homens, e o discurso do John McCain reconhecendo a vitória do Senador Obama é um exemplo que deveria ser seguido por políticos de todos os matizes.

Até.

terça-feira, novembro 04, 2008

Pensando bem

Eu sou a favor de animais em circos.

Certamente contra os maus-tratos, mas a favor da presença deles nesses espetáculos.

Até.

segunda-feira, novembro 03, 2008

Os Dias

Como todos sabem, a impressão de que o tempo está passando mais rápido é apenas isso, uma impressão, mas que está fortemente ligada na intensidade das atividades cotidianas e na quantidade de, sempre ele, tempo, que temos para pensar. Quanto mais tempo tenho para pensar em quanto tempo tenho, mais tempo tenho para pensar em quanto tempo tenho. E mais tempo tenho, óbvio.

Confuso?

Não importa, na verdade.

Tergiverso antes de entrar no assunto que realmente interessa, no motivador desse escrito, na razão pela qual não tenho tido o tempo aquele que falo no parágrafo inicial: os dias que passam desde o nascimento da Marina, o tempo em que sou pai.

Para falar a verdade, ainda não me acostumei com a idéia de ser pai. Explico: ainda soa estranho quando eu digo – ao pegar a Marina, por exemplo – “vem com o pai”. Não parece que falo de mim. É pouco tempo, eu sei, e logo me acostumo a ouvir “pai” e ser relativo a mim, ainda mais quando for ela a me chamar. Uma questão de tempo, como quase tudo.

Não que eu esteja estranhando a função de pai. Ao contrário, sinto como se já fosse um veterano no assunto. E daqueles que participa: dou banho, troco fraldas e, na medida do possível, procuro dividir as tarefas com a Jacque. É um prazer inenarrável acompanhar o desenvolvimento da nossa nenê. Desde o tempo em que ela era praticamente um peixe, pela ausência de interação até a fase atual, em que sorri muito, e parece tentar conversar, com “aaaahs” e “eeeehs”, tudo é novidade e alegria para nós.

Então os dias têm sido assim, de trabalho (como comentei anteriormente, foi a Marina nascer e o consultório e minhas outras atividades profissionais aumentaram muito) e momentos de encantamento com esse pequeno (por enquanto) milagre que é a nossa (da Jacque e minha) filhinha.

Até.

domingo, novembro 02, 2008

A Sopa 08/14

Sou um egocêntrico, narcisista e megalomaníaco.

Acima disso, contudo, simpático.

Conhecedores dessas minhas características, vocês podem imaginar que eu gosto MUITO de falar de mim. Bom, eu tenho um blog só para isso, então nem precisava dizer o que estou dizendo. Mas a verdade é que eu gosto de contar histórias.

Talvez seja esta a razão fundamental de eu gostar de escrever: eu sou um contador de histórias. Até a minha definição de vida está relacionada a esse fato. Para mim, a vida não passa de histórias para contar. O que faço é estar sempre as procurando, indo atrás delas.

Talvez eu tenha ido para o Canadá por causa disso, eu estava pensando por esses dias. Tudo o que me aconteceu nos dois anos da minha estada em Toronto, são histórias que vou contar depois. Em conversas ou através de textos, não importa. E sempre vou ter essa carta na manga: “Quando morei no Canadá...” e se quiser posso até inventar, apesar de não ser esse o meu estilo, o meu jeito de fazer.

Até porque tenho histórias boas para contar.

Então, quando vou contar histórias que vivi, nunca invento. Pode ser um viés de quando planejava ser jornalista, mas sempre procuro me restringir aos fatos e interpretações dos mesmos. O mais comum é eu me prender a alguns detalhes, para criar um certo drama. Mentir, jamais. A vida de verdade já tem acontecimentos absurdos o bastante, por que eu iria inventar?

Quando escrevo ficção, por outro lado, é evidente que vou inventar, até porque isso é pré-requisito para que possamos chamá-la assim. Confesso que tenho escrito pouca ficção nos últimos tempos, e que os temas dos meus escritos têm girado em torno do meu umbigo.

Mas o que esperar de um simpático egocêntrico, narcisista e megalomaníaco?

Até.

(versão de texto publicado em novembro de 2005)