quarta-feira, março 31, 2010

De Novo

Atrapalhado com a acomodação dos vários trabalhos para o pouco tempo possível.

Parece que querem que eu abrace o mundo.

Talvez eu queira abraçar o mundo.

Talvez não.

Até.

domingo, março 28, 2010

Sopa 09/33

Life is just what happens to you
While you’re busy making other plans


A música de onde foram tirados os versos acima se chama Beautiful Boy, foi composta pelo John Lennon e está no disco Double Fantasy, de 1980, último disco lançado antes de ser assassinado em dezembro daquele ano em frente ao edifício Dakota, ponto de passagem obrigatório (para mim) quando vou à Nova York. Escrita para o seu filho, Sean. Começa com ele tranqüilizando-o depois do que parece ter sido um pesadelo, Close your eyes/Have no fear/ The monsters gone/ He's on the run and your daddy's here.
Como já escrevi/falei mais de uma vez, a paternidade me deixou mais sensível a determinadas situações que envolvem crianças pequenas, incapazes de se defender. Ou seja, praticamente todas as crianças. Por isso, também procuro me proteger. O que quero dizer é que evito – na medida do possível – me expor voluntariamente a essas situações. Algumas vezes é inevitável, mas certamente não as procuro. Não tenho essa mórbida sede de sangue.

Como nesse caso da menina cujo pai e a madrasta foram a julgamento na semana que passou. Quando da morte dela, em nenhum momento parei para assistir na televisão os incontáveis programas que mataram a Isabela (esse o nome, não?) milhares de vezes para deleite dos seus telespectadores, nem li no jornal uma linha sequer sobre o assunto. Doloroso demais, mórbido demais.

Agora durante o julgamento, começou tudo de novo, o circo, o sangue, a massa pedindo para ver as vísceras expostas. Numa cena de um mau gosto atroz, de um absurdo total, pessoas comemoraram o veredicto – culpados! – como se fosse um gol do Brasil na Copa do Mundo, o que – por sinal – vai ser a próxima preocupação dessas pessoas quando acabar o big brother. Sedentas por sangue, mórbidas ao extremo, vivem suas vidas se deliciando com a tragédia alheia.

Eu não tenho estômago para isso.

Até.

sábado, março 27, 2010

Sábado (e o primeiro dia de trabalho)

samu

Eu sou o careca olhando para o lado...

(apesar de ter ficado presa nas ferragens,
a motorista do carro nada sofreu)


Bom sábado a todos.

Até.

sexta-feira, março 26, 2010

domingo, março 21, 2010

A Sopa 09/32

(Um texto de cinco anos atrás, publicado em 23/03/2005, enquanto inicio novas atividades profissionais e reorganizo a vida.)

E não é que voltou a nevar?

(cheguei em casa, fiz o chimarrão e fiquei olhando a neve cair, ouvindo Jayme Caetano Braun)

De onde me vem, Cordeona, o formigueiro
Que sinto n'alma, ao te escutar floreando?
E essa vontade de morrer peleando.
Será que um dia eu já não fui gaiteiro???

De onde me vem esse tropel no pulso,
E esse calor de fogo que incendeia?
Por que será que fico assim, convulso,
E só de ouvir-te o sangue corcoveia???

É o atavismo, eu sei, Cordeona amiga,
Sem que tu digas, sem que ninguém diga,
Parceira guasca que nos apaixonas.

E se mil vidas Deus me desse, um dia,
Uma por uma delas, eu daria,
Prá ter mil funerais de mil Cordeonas!!

Vinte e três de março de 1985.

Sábado. Acordei com a voz da minha mãe acordando o meu pai no quarto ao lado e pedindo para que ele descesse e fosse até o quarto onde minha avó dormia naqueles dias, pois algo parecia não estar bem. Lembro de não ter dormido após isso, acompanhando o movimento que se seguiu, sobe e desce das escadas, telefonema para o médico dela, vozes, e a certeza de que algo não estava bem.

Minha vó, mãe da minha mãe, era a última dos meus avós viva. Quando nasci, meus avós paternos já haviam morrido, e meu avô materno – médico – morrera seis anos antes, em 1979, quando eu tinha sete anos, de infarto agudo do miocárdio, no aeroporto de Lisboa, justamente quando chegava à Europa para uma viagem de férias com minha avó.
Desde que me lembro da minha avó, ela já tinha câncer. De mama. Havia operado, mastectomia bilateral, e feito radio e quimioterapia. Lembro de quando ela perdeu o cabelo pela quimioterapia. Usava uma peruca e brincava com fato, principalmente impressionando meus primos menores. Sempre bem humorada é como lembro dela, e existem muitas histórias que costumamos volta e meia relembrar. Eu era o seu primeiro neto.

Aquele março de 1985 ela foi ficar lá em casa, se não me engano ao sair de uma internação no Hospital da PUCRS, o mesmo em que, anos depois, fiz a faculdade, residência médica e fui médico contratado. Tinha ido ficar lá em casa e, por estar com dificuldades de subir as escadas, montamos o quarto dela na parte térrea da casa. Na copa, onde fazíamos as refeições, junto à escada, colocamos a cadeira de balanço onde ela ficava (e que está no mesmo lugar até hoje). Foi sentada ali, uns dias antes de morrer, que a vi dizendo que achava que “desta vez…” fazendo sinal com a mão fechada e apontando o polegar para baixo, indicando que achava a coisa não ia terminar bem.

De certa forma, terminou. Morreu dormindo, sem dor, sem maiores sofrimentos. Exceto o nosso, que sempre achamos que essas coisas acontecem cedo demais.
Naquele sábado, fui levado para a aula de vela que tinha. Velejei sozinho, ouvindo o vento e o barulho da água, e pensei na finitude humana e no sentido da vida. Tinha doze anos.

Vinte e três de março de 1995.

Quinta-feira. Médico-residente de primeiro ano de clínica médica no Hospital São Lucas da PUCRS. Passando de estágio pelo UTI. Depois de dois meses e vinte dias de residência, assinei meu primeiro atestado de óbito. Ao voltar para casa, sozinho, pensei na finitude humana e no sentido da vida. Tinha vinte e dois anos.

Vinte e três de março de 1996.

Sábado. Santa Cruz do Sul/RS. Casamento do Caio e da Aline. Eu e a Jacque fomos padrinhos. Festa muito legal. Após uns uísques a mais convidei todos para o nosso casamento, que seria em seis meses (e não era efeito do álcool). Ao voltar ao hotel, após a festa, pensei nas voltas que o mundo dá e no sentido da vida. Tinha vinte e três anos.

Vinte e três de março de 2005.

Quarta-feira. Toronto, Canadá. Estou morando aqui sozinho há sete meses, e devo ficar mais um ano e meio. Em nove dias, vou ao Brasil para passar quinze dias com a família e os amigos. Terminei o doutorado em dezembro, e estou aqui num pós-doutorado. Sentado em frente à janela, vejo a neve cair. Em silêncio, penso nas voltas que o mundo dá e no sentido da vida.

Tenho trinta e dois anos.

Até.

sexta-feira, março 19, 2010

quinta-feira, março 18, 2010

Cotidianas

Durante trajeto de carro por Porto Alegre, indo de casa até a escola da Marina para buscá-la, na última segunda-feira, circulava eu pela avenida Sertório, zona norte da capital dos gaúchos. Ao parar num sinal vermelho, ao lado param duas motos. Até aí tudo bem.

De repente, não mais que de repente, ouço o barulho de pneus cantando. Olho no retrovisor e nada. Ao olhar para frente novamente, há um carro da polícia militar atravessado no meio da avenida, bloqueando o meu caminho. Descem dois policiais de pistola em mãos e apontadas no que parece ser a minha direção. Numa fração de segundo me pergunto o que fiz de errado, até perceber que apontam suas armas para dois elementos em uma das motos, que nesse momento já se encaminham a uma parede com as mãos ao alto.

Engato primeira, desvio do carro da polícia, e vou buscar a minha filha.

Estranha sensação, estranha sensação.

Até.

segunda-feira, março 15, 2010

Para Lula, greve de fome sempre foi teatro*

Nosso Guia, ou Grande Mestre, como diz a comissária Rousseff, comparou as razões dos dissidentes cubanos que fazem greve de fome às dos delinquentes das prisões nacionais. O aspecto autoritário, intolerante e até mesmo servil da fala de Lula já foi universalmente exposto, mas resta um detalhe: a natureza farsesca de seu próprio recurso à greve de fome. Em 1980, quando penou 31 dias de cadeia que ajudaram-no a embolsar pelo Bolsa-Ditadura um capital capaz de gerar mais de R$ 1 milhão, Lula fez quatro dias de greve de fome. Apanhado escondendo guloseimas, reclamou: "Como esse cara é xiita! O que é que tem guardarmos duas balinhas, companheiro?".

Em 1998, quando os sequestradores do empresário Abilio Diniz fizeram greve de fome na cadeia, Lula ligou para o presidente Fernando Henrique Cardoso e intercedeu por eles: "Olha, Fernando, você vai levar para a tua biografia a morte desses caras".

(Dar o mesmo telefonema para Raúl Castro, nem pensar.)

Nesse mesmo ano, quando Lula sentiu-se massacrado pelas denúncias de intimidades imobiliárias com o empresário Roberto Teixeira, saiu em busca de apoios e disse que cogitava fazer uma greve de fome. Não fez, e tanto ele como Teixeira alimentam-se bem até hoje.

Recordar é viver. Em plena ditadura, o presidente Ernesto Geisel foi confrontado por uma greve de fome de 33 presos políticos da Ilha Grande que reivindicavam transferência para o continente. Quando o jejum estava no 14 dia, Geisel capitulou: "Ceder a uma greve de fome é duro, mas eu prefiro ceder."

* Por Elio Gaspari
Correio do Povo
14/03/2010

(Os grifos são de responsabilidade do autor desse blog)

domingo, março 14, 2010

A Sopa 09/31

Vivo um momento de transição.

Nada muito sério, nem grave, a ponto de preocupar aqueles que eventualmente se desviam de suas rotinas para pensar em como anda esse que vos escreve e torcer para que tudo, a vida, corra bem. Aliás, é uma categoria interessante, essa, das pessoas que pensam e, mais, torcem por nós.

Não são muitas, claro.

Porque não é fácil. Além de requerer um esforço extra, a atividade de querer bem alguém, no sentido de desejar o sucesso (independente do significado que essa palavra tenha para cada um), a felicidade de alguém que não nós mesmos, requer uma boa dose de desprendimento, de inocência, cada vez menos comum por aí. Ficar feliz com a felicidade alheia é um exercício de inocência e pureza de alma, artigo de luxo nos dias atuais. Não que as pessoas sejam ou estejam piores hoje em dia do que foram no passado. As pessoas são assim, desde sempre.

O que acontece, e isso é uma experiência totalmente individual, única, é que, aqui e ali, acontece de conhecermos pessoas que com o passar do tempo passam a sinceramente torcer por nós, a ver nossas conquistas como conquistas também delas. Ficam sinceramente felizes por nós e junto a nós. E não existe nada mais valioso que isso, ter pessoas próximas para as quais torcemos e festejamos seus sucessos como nossos, e que o contrário (nosso sucesso, sua felicidade) também seja verdadeiro.

São quem chamamos de amigos. Os de verdade.

São poucos todos sabem, e lembro ter lido (ou ouvido) a respeito da vida: quanto mais velhos ficamos, menores são os tamanhos de nossos bolos de aniversário, porque é cada vez menor nosso círculo de amizades, de pessoas celebrando junto a nós. Vamos ficando cada vez mais seletivos, cada vez temos menos gente em quem confiar de verdade, para quem podemos falar tudo o que queremos e mesmo o que devemos.

Eu fico tranqüilo em saber que tenho amigos (poucos) assim, mesmo que alguns circunstancialmente morem longe, geograficamente falando. Já me enganei com relação a quem eu acreditava ser desse tipo e não era, mas isso também é parte do processo.

Mas eu falava que vivo um momento de transição.

É verdade.

Que coisa, não?

Até.

sábado, março 13, 2010

A Cuba que o PT não quer ver

Why have they brought us to this point? How can they close all the paths of dialog, debate, healthy dissent and necessary criticism? When this kind of protest, a protest of empty stomachs, happens in a country we have to question whether they have left citizens any other way to show their lack of consent. Fariñas knows they will never give him one minute on the radio, that his voice cannot rise up, without penalty, in a public place. Refusing to eat was the way he found to show the desperation and despair of living under a system that gags and masks his most important “conquests.”

Para ler mais, aqui.

Até.

Sábado (e o "La Creme de la Creme Café")

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Montreal, Canadá

Bom sábado a todos.

Até.

quarta-feira, março 10, 2010

Meio da semana

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Quarta-feira à noite. Em casa.

Agora é ladeira abaixo em direção ao final de semana.

Até.

domingo, março 07, 2010

A Sopa 09/30

Eu gosto do verão.

Independente das minhas saudades do inverno, das tardes e noites silenciosas vendo a neve cair pela janela do apartamento no vigésimo primeiro andar onde eu morava em Toronto, da paz que essa imagem, a de tudo coberto de branco e o silêncio, sempre me trouxe, apesar disso, eu gosto muito do verão. Em Porto Alegre, principalmente.

“Como assim?”, deve estar se perguntando o estimado leitor que conhece ao menos um pouco o calor sufocante dos dias úmidos que caracterizam essa estação na capital mais meridional do Brasil. É impossível gostar desse calor em Porto Alegre, que esse ano foi tão intenso que levou as pessoas a criar o apelido “Forno Alegre”, para explicar a sensação provocada pelo tempo em um número significativo de dias nos meses que passaram. Até no litoral norte gaúcho o calor foi inclemente. É possível ficar feliz com um clima assim, ainda mais trabalhando normalmente em fevereiro, em Porto Alegre?

Pois eu gosto de Porto Alegre nessa época.

Basicamente porque uma parcela dos seus moradores deixa a cidade para tirar férias, e nós - os que ficamos – temos uma cidade bem mais tranqüila para vivermos. O trânsito mais calmo, as vagas de estacionamento, as filas menores nos restaurantes e cinemas, tudo é melhor. A cidade, deixada para nós que não tiramos férias no verão, é quase uma cidade interiorana na sua calma. Claro que esse fenômeno não é mais tão intenso quanto foi outrora, e nem é como acontece em feriadões, quando a cidade literalmente esvazia, mas ainda assim é uma fase melhor, talvez para começarmos o ano com maior disposição, sei lá.

O que sei é que começou março e tudo voltou ao seu normal.

O trânsito – detalhe significativo para quem passa boa parte de seu dia em deslocamentos, como eu – voltou a ficar mais travado, mais difícil e lento. Os shoppings centers estão lotados novamente, as pessoas lotam as praças de alimentação desses estabelecimentos, se batem em busca de lugar para sentar, essas selvagerias diárias que estavam amenizadas.

Diante disso, o que nos deixa mais tranqüilos é que março significa que estamos caminhando para o outono e o inverno, com seus dias mais curtos, o frio, os vinhos, o chimarrão quente e um olhar diferente sobre o mundo.

#

Curling.

Você sabe, aquele jogo em que se lançam pedras de granito a deslizar sobre o gelo até pararem sobre um alvo, tipo de jogo de bocha para o inverno rigoroso. Não falei sobre esse interessante jogo de inverno durante a realização dos jogos de inverno em Vancouver para que ninguém ficasse curioso, assistisse e depois viesse me responsabilizar por isso.

Explico.

Assim como jogar War (aquele jogo que tem entre seus objetivos destruir os exércitos brancos ou conquistar Europa, Oceania e um terceiro continente a escolha) jogar, ou mesmo assistir, curling é algo que não deve ser feito para pessoas de férias ou que estão com vontade de relaxar, descansar. É um jogo longo e muito, muito tenso. Assisti-lo é quase um teste de esforço para o coração. Não recomendo para ninguém. Passei a utilizar remédios contra a pressão alta depois de virar fã de curling enquanto morava no Canadá. Não é fácil, a emoção é muito grande. E, como falei, é que nem jogar War. Não deveria ser jogado entre amigos, ou em finais de semana. Não vale o risco.

Só não se compara – na verdade, nada se compara – com jogar War 2 (a versão do jogo que tem os aviões). A ninguém deveria ser permitido jogar War 2, nunca. Ou só poderiam jogar com acompanhamento médico e psiquiátrico.

Cuidado com o curling e com o War, por favor.

Até.

segunda-feira, março 01, 2010

Março

O meu ano começa em primeiro de janeiro.

Aquele papo de que o ano só começa em março, após o carnaval, não funciona comigo.

Lamentavelmente ou não.

Seria bom se pudesse passar os primeiros meses do ano na praia, de férias, como nos verões de outrora. Mas como perdi há muito a capacidade (e a vontade, devo confessar) de fazer o tempo voltar, não vejo outra forma de levar as coisas...

Começa março e recomeçam atividades que estiveram "em repouso" durante o verão. Os dias se tornam mais corridos (mais ainda!) e a cidade volta ao seu ritmo normal. Para o bem e para o mal.

Eu gosto.

Sei lá.

Até.