segunda-feira, outubro 12, 2020

A Sopa

(Crônicas de uma Pandemia – Duzentos e Doze Dias)

 

Donald Trump tem razão.

 

E não falo aqui das eleições americanas, do desempenho dele como presidente, nem de muro, China, México, muro, ou fazer a “América Great Again”. Não. Nada disso.

 

Recentemente, não sei se antes, durante ou depois de o mesmo ter tido COVID-19, ele afirmou para os americanos não temerem o coronavírus, e seguirem com suas vidas. E ele está certo neste ponto.

 

Não devemos temer o Sars-CoV-2, o popular coronavírus.

 

Por que não devemos temê-lo? 

 

Porque o medo não é – apesar de tudo – sempre um bom conselheiro. É evidente que muitas vezes a sensação de medo nos livra de potenciais situações de risco. É ele, sob certo prisma, quem nos dá moderação, evita arroubos perigosos. Mas pode ser perigoso se sucumbimos a ele em outras situações. Principalmente quando nos paralisa, quando paralisa nossas vidas.

 

E é o que tem acontecido com algumas pessoas por aí, certamente motivado pela forma que se tem tratado o assunto como um todo. É super comum – ao atender pacientes – saber que eles estão há mais de seis meses dentro de casa, quase sem sair, sem pegar sol, sem se movimentar, sem praticar algum tipo de atividade física, por medo de adoecerem, muitos deles mesmo sem fazer parte de algum gruo de risco. Como se – caso saiam de casa – serão abatidos como gado por um vírus mortal ao colocarem o pé para fora de suas casas.

 

Não é, não vão.

 

São absolutamente corretas as medidas de distanciamento, evitar aglomerações, usar máscaras em locais fechados, isolar dos doentes, proteger os de grupos de risco. Lavagem de mãos, álcool gel, etc. É o que devemos fazer. Isso não se discute desde muito tempo.

 

Já cansamos de falar disso, não?


Já está em modo automático, é um hábito. 

 

Agora vamos em frente, próximo passo, move on.

 

A vida tem que continuar. Sem vacilar nos cuidados. Sem contar o número de infectados (não é importante, temos que controlar os casos graves, as internações em UTI). Protegendo os vulneráveis. 

 

As escolas têm de voltar de forma presencial.

 

lockdown, já escrevi isso há mais de três meses e a OMS disse o mesmo semana passada, serve apenas para que o sistema de saúde se prepare, ou seja, serve para achatar a curva, o que fizemos por aqui. Mas jamais deve ser a medida primária para lidar como a pandemia, como infelizmente foi feito por aqui num determinado momento.

 

Sempre disse que ia passar. E vai. Já está passando.

 

Agora é como uma luta de boxe: não baixar a guarda que chegamos ao fim.

 

Até. 

Nenhum comentário: