(Crônicas de uma Pandemia – Duzentos e Vinte e Cinco Dias)
Eu fiz a vacina chinesa. Ou não.
Tem sido crescente nas últimas semanas a vontade de escrever a última Sopa desta pandemia, a crônica final do diário do coronavírus. Não que eu esteja afirmando ou mesmo pense que tenha acabado, mas é que cheguei (chegamos) a um ponto de quase esgotamento mental relacionado ao assunto. Em outras palavras, a tolerância está em seus últimos estertores.
Porque as pessoas falam muito, e quem fala muito corre o risco de dizer bobagem. Não me excluo disso, também corro esse risco e devo dizer algumas por aí. Paciência, é o risco que corro por me expor.
Não assisto a telejornais, seleciono o que vou ler, mas – mesmo assim – não consigo evitar de todo tomar conhecimento das polêmicas criadas diariamente relacionadas ao coronavírus, Bolsonaro, Trump e outras. É cansativo, mentalmente, e não há sinais de que vão diminuir, o que – admito – desanima.
Estamos no final de outubro, o final do ano se aproxima a passos largos, e não há – no momento – perspectiva de que passaremos a virada do ano de forma mais tranquila. O Uruguai, por exemplo, anunciou que vai manter suas fronteiras fechadas durante todo o verão, acabando com uma ideia de férias no final de janeiro. Paciência, digo eu, e reconheço que o que mais eu disse esse ano foi justamente isso.
Nunca fomos tão pacientes.
Mas também passivos.
Diante de diversos absurdos que nos foram impostos durante o ano em nome da “ciência” e que – na realidade – não muitos eram baseados em ciência de verdade, fomos aceitando que nos tirassem a liberdade e a autonomia. Temos sidos vítimas de uma ditadura de pensamento que não admite que se questione nada. A hashtag “Fique em casa”, é só o exemplo mais visível de todo esse movimento, que permite festas em condomínio, abertura de cinemas, mas não querer a volta das aulas presenciais.
A hipocrisia, a hipocrisia.
E as pessoas acham normal, o que é compreensível, levando-se em conta o pânico criado por aqueles que querem nos manter sob seu controle. Ainda vamos sentir por muito tempo, em termos de saúde pública, os prejuízos causados por essas medidas tomadas a partir de premissas equivocadas. E tudo isso sem em nenhum momento eu querer diminuir a seriedade do momento.
Pareço amargo, eu sei.
Por isso, penso em ser este o último capítulo desse diário do ano da pandemia. Porque eu não sou assim, e nem vou me tornar uma pessoa pessimista ou amarga.
Quero mudar de assunto, só isso.
Até.
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