quarta-feira, janeiro 19, 2005

Ficção

Pensei numa história de ficção. Teria como título “Por que não me tornei gay”, e seria o depoimento de um cara explicando porque é apaixonado pelas mulheres em geral. Mas me defrontei com um problema: ia dar confusão.

Primeiro, as pessoas iam pensar que era um texto autobiográfico. Não seria, e, para evitar esta confusão, eu esclareceria no início que era uma obra de ficção. O que causaria mais confusão, porque as pessoas concluiriam que, se era ficção, então era – por outro lado – uma confissão. Aí eu teria que explicar que não, eu não estava me confessando, mas aí ficaria uma dúvida no ar… desisti.

Hoje vivi o dia mais frio da minha vida. De manhã, na hora de sair para o hospital, a temperatura era de –23ºC com sensação térmica de –33ºC. Loucura. Ainda assim, não passei mais frio do que ontem, quando caí no erro de andar por muito tempo na rua, quase congelaram os meus dedos. Hoje eu estava preparado, desde cedo.

Pela primeira vez nesse inverno – e em muito anos – eu usei ceroulas. Sim, cuecões. E foi bom, não passei frio. Muita roupa, pouco frio. O problema, já sabia, seria o metrô. Normalmente, desceria duas estações depois, e não daria tempo de sentir os efeitos da calefação do metrô. Mas hoje eu tinha que ir a uma reunião em outro lugar e deveria ir de metrô, descendo numa estação diferente, seis estações depois.

Metrô lotado mais calefação e eu de ceroulas. De pé. Esquentando. Decidi permanecer completamente imóvel, quase sem respirar, dimuinuir meu metabolismo para não sentir mais calor. Não funcionou, claro, mas a minha estação chegou logo e voltei para o frio. Mas não por muito tempo, para não congelar…