Eu sabia que esse seria um ano de grandes mudanças.
Tudo começou na semana que passou. Mudei muita coisa. A confusão foi (e ainda é) grande. Recomecei a trabalhar na terça-feira, já que segunda era feriado, e nos dias que se seguiram mudei muito.
Começamos empacotando livros, desmontando os aparelhos do laboratório, separando coisas que não seriam reaproveitadas. Encontramos muitas coisas velhas, jogamos muita coisa fora. Algumas coisas foram realmente difíceis de se desfazer, e isso que eu não tinha nenhum envolvimento emocional com elas.
O meu local de trabalho, o Respiratory Research Lab (RRL), mudou de local. Saímos do 12º andar do Toronto General Hospital e fomos para o 7º andar da nova ala do Toronto Western Hospital. A mudança aconteceu na quinta-feira, sob uma quantidade de estresse poucas vezes vistas por mim. Eles vinham planejando a mudança há mais ou menos dois anos. Há meses já se sabia da data da mudança. Tudo estava devidamente organizado, mas… foi e está sendo uma grande esculhambação. Tudo o que eu não esperava ver aqui no Canadá.
Em ordem cronológica, tudo o que ocorreu:
Quinta-feira, 06/01/2005
10:00 – Após o Grand Round da Medicina Interna, chego no RRL e estão ultimando os preparativos para a mudança, que tinha o horário previsto para às 13:00. A notícia da hora era de que a sala reservada para o outro fellow, Carlos, havia sido “tomada” por um cardiologista e sua clínica de hipertensão. Assim, como se tivesse visto uma sala vaga e resolvido tomar posse.
11:00 – Liberaram a sala do Carlos, mas a sala da Pat (que é a coordenadora das pesquisas do RRL) está completamente tomada por caixas que não deveriam estar ali. Não há espaço para nada na sala dela, isso que todo o material do nosso laboratório ainda não foi para o novo hospital. Pat vai para o Toronto Western (TWH) tentar resolver o assunto.
11:30 – Parece que até a minha sala (que vou dividir com alguém que não conheço, mas pelo menos vou ter uma sala para mim) também está cheia de coisas que não deveriam estar ali. Pat liga do TWH e diz que não vamos nos mudar enquanto não resolverem o problema. Mudança suspensa.
11:50 – Digo que vou assistir a reunião da pneumo com a radiologia (para conseguir um almoço de graça) porque não posso me estressar. Voltarei às 13:00,na hora da mudança.
12:30 – Retorno para o que restou do RRL e digo que voltei antes porque “não queria perder a parte divertida”. A tensão é evidente. O responsável pela empresa de mudanças pergunta por telefone se não aceitamos mudar no sábado. “Sem chances”, é a resposta da Pat. Ainda não sabemos se vamos nos mudar.
13:20 – Chega a equipe de mudanças. Ligamos para a Pat que diz que não vamos nos mudar. Não devemos autorizar a mudança. A alta direção dos hospitais é contatada. A Vice-Presidente da UHN (University Health Network) intervém para tentar resolver o assunto.
15:00 – A equipe de mudança começa a carregar nossas coisas. Soa o alarme geral e há um aviso de que o subsolo do hospital (onde estão os caminhões de mudança) está alagado por um vazamento de água e que, portanto, está bloqueado qualquer acesso ao local. Os bombeiros e o serviço de emergências da cidade já foram chamados e estão isolando o local. O que faço, enquanto supervisiono e oriento o que deve ser levado de algumas das salas, é rir e afirmar que em algumas semanas, quem sabe meses, vamos rir de tudo isso.
16:20 – Pegamos o ônibus que nos leva de um hospital a outro.
16:35 – Chegamos na nossa nova área: caos. Caixas, carrinho, tudo espalhado. A minha sala está em condições de ser habitada. Como eu era o que tinha menos coisas a levar, apenas o computador (que, por sinal, após um upgrade que foi feito enquanto eu estava viajando não funciona…) fui o primeiro a ficar pronto. Pude, então, ajudar os outros a descarregar as coisas, levantar umas caixas, colocar outras nos seus lugares parciais, etc. O comentário era de que eu estava usando o meu PhD para melhor carregar caixas, no que eu respondia que tinha estudado muito para conseguir aquele trabalho…
18:00 – Falta muita coisa a ser arrumada, mas é hora de uma pausa. É aberto um vinho (Cat’s Pee, o mijo do gato, vinho branco da Nova Zelândia) e comemos chicken wings.
18:30 – Saio do hospital para encontrar a Jacque para jantarmos (não comi muitas asas de galinha por isso).
Sexta-feira, 07/01/2005.
09:00 – Chego no hospital. A situação não melhorou muito. Linhas telefônicas não funcionam, não há internet nem linha de fax funcionando. Alguns pacientes chegam para consultas. A sensação ainda é de que fomos varridos por um furacão. Vai levar algumas semanas para tudo entrar no seu lugar. Minha internet não funciona. O computador vai ser consertado depois de todos os outros equipamentos serem instalados. Mas colocaram uma fotocopiadora na minha sala. Não tenho internet, mas posso fazer cópias…
O que mais me espanta, é que se essa confusão acontecesse no Brasil, diríamos que é por ser num país subdesenvolvido. Aqui, não dá para entender, só rir.
2 comentários:
Recomeçar, reconstruir,reestruturar...tudo muito difícil, porém necessário. Encaixotar algumas coisas e atirar fora as coisas que não são mais de uso corriqueiro é imperativo.
Bom...começou o ano.
Jéferson
Oi Marcelo!
Acabo de voltar da minha viagem de férias e estou "colocando os blogs em dia"...
Apesar da banguncinha que está sua mudança por aí, espero que o seu 2005 seja ótimo!! E que seja mesmo cheio de mudanças, pois elas nos tiram da rotina e a vida fica mais interessante!!;o)
Adoro a Redemption Song...
Bjo
Luly :)
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