Quatro meses de coronavírus aqui no Sul do Mundo.
Após os reiterados pedidos de que achatássemos a curva, para que o sistema de saúde se preparasse para o aumento da demanda de atendimentos e leitos e leitos de UTI e respiradores, conseguimos esse objetivo. Só que “achatar a curva” significa – também – prolongar a duração da mesma, é “empurrar com a barriga” o problema para frente, para que ele venha, mas venha devagar, aos poucos.
Só que empurramos o auge da pandemia para o inverno, quando normalmente já fica em estado crítico o sistema de saúde. E parece que vivemos o pior período até aqui (esperamos que seja o pico) em pleno julho, o pior mês do ano em termos de saturação do sistema.
São cento e vinte de dias de sacrifícios, dificuldades econômicas e emocionais por parte de todos, em maior ou menor grau. Aqueles que mantiveram seus empregos e estão trabalhando em casa, estão trabalhando muito mais por esses dias. Os profissionais liberais, os autônomos, estão se virando como podem. Com mais ou menos dificuldades, mas vamos levando como dá.
Faz parte.
Entre todas as restrições atuais, abstraindo-se as de natureza econômica – porque nada é mais importante para a sobrevivência que um teto sobre nossas cabeças e alimento na mesa – as emocionais têm sido também desafiadoras. A falta do contato pessoal com familiares e amigos queridos também cobra o seu preço, que muitas vezes não é pequeno. As interações virtuais amenizam, mas não substituem a proximidade física, nesses tempos de máscaras e álcool gel.
Porque somos seres sociais.
Porém, em meio à pandemia, à rotina esculhambada pelo vírus, à carência do toque e do abraço, pequenos gestos podem ter um significado gigante, podem confortar e aquecer nossa alma.
Semana passada, um amigo enviou uma mensagem por WhatsApp perguntando se haveria alguém em casa naquele dia, em determinada hora. Respondi que, justamente naquele dia e hora, eu estaria. Avisou que tinha uma encomenda para entregar.
No horário marcado, de máscara, desci até a rua e encontrei-o, que passou para deixar um vinho de presente. Assim, do nada. Ou, melhor, para marcar que – apesar de fisicamente distantes – estamos sempre próximos.
Conversamos um pouco e voltei para casa, emocionado.
Vai passar, vamos superar.
Em muito breve, espero.
Até.
Um comentário:
Parabéns meu amigo, lúcidas palavras.
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