quarta-feira, fevereiro 23, 2022

Perdiditos en Uruguay (9)

Quase lá.

 

Os últimos dias de trabalho antes das férias sempre parecem se arrastar e o todos os problemas do mundo parecem precisar ser resolvidos justamente nos momentos que antecedem a saída. Sempre foi assim, e sempre será.

 

Desde que iniciou a pandemia, a possibilidade de viagens ao exterior para férias desapareceu em meio ao medo do vírus de comportamento desconhecido, lockdowns e restrições de fronteiras. Tudo certo, afinal a última coisa em que eu pensava em meio aos acontecimentos era a possibilidade de tirar férias muito longe de casa.  

 

Como o ano de 2021 iniciou com um verão relativamente tranquilo (mal sabíamos o que viria em março daquele ano, tiramos, a Jacque, a Marina e eu, alguns dias de folga no início de fevereiro, como anualmente fazíamos, e fomos passar uns poucos dias na Praia do Rosa que, confesso, não conhecia. Foi bem bom. Além disso, ficamos mais uns dias em Canela, na companhia de amigos queridos.

 

Férias de verdade, assim de desligar completamente do trabalho e das preocupações, fazia muitos anos que não conseguia tirar, por diferentes razões. Preocupações do mundo corporativo, participar de uma reunião de trabalho em plenas férias enquanto almoçava em um lindo restaurante em Azenhas-do-Mar, em Portugal, dão uma ideia de como era – de certa forma – difícil desligar completamente durante as férias. É claro que tem um componente de ansiedade aí, nessa impossibilidade de abstrair do mundo do trabalho quando de folga.

 

Com o coronavírus isso piorou, porque eram pacientes que ligavam a qualquer momento, mesmo em finais de semana e de madrugada porque estavam doentes ou com medo da doença. Nunca me importei com isso, mas dois anos de pandemia foram uma carga pesada para suportar. Não que eu isso fosse muito evidente, porque - usando um paralelo do ciclismo – enquanto seguíamos pedalando não percebia o quanto cansado eu estava.

 

Com o objetivo de que fossem férias realmente férias, achei que seria melhor não estar com o WhatsApp disponível o tempo todos para quem quisesse e contatar. Sem isso, não seria possível desligar completamente. Mas também não podia ficar totalmente off-line porque precisava de um canal aberto para contato de familiares. A medida mais simples foi, seguindo um dica da Bete, minha secretária, de fazer o download e passa a utilizar o WhatsApp Business, que permite respostas automáticas. Assim o fiz, e deixei salva como mensagem de resposta instantânea, a seguinte mensagem, que acabou virando algo de deboche e se tornando um “meme” entre o grupo de viajantes, comentário que surgia nas mais variadas situações entre nós:

 


 

Quem tentasse fazer contato comigo durante o período de férias, receberia essa mensagem automática. Um comentário que não era formal, e que tentava avisar que eu precisava realmente desligar.

 

Consegui, afinal de contas.

 

Mas, antes, tínhamos que sair de Porto Alegre e entrar no Uruguai.

 

Parecia que seria simples, mas não foi exatamente como esperávamos, e certamente não foi sem umas pitadas de tensão, ansiedade e, claro, diversão. 

 

Até.



 

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