Sobre as minhas dores na coluna cervical, resolvi que deveria consultar com um especialista em coluna. Foi o que fiz hoje. Duas notícias: uma boa e uma ruim.
Não sou tão velho quanto pensava, o que é bom. Por outro lado, tenho uma doença degenerativa, o que me diz que estou mais velho do que gostaria.
Por essa não esperava.
Mais notícias depois da ressonância nuclear magnética (MRI).
Até.
Crônicas e depoimentos sobre a vida em geral. Antes o exílio; depois, a espera. Agora, o encantamento. A vida, afinal de contas, não é muito mais do que estórias para contar.
quinta-feira, fevereiro 28, 2008
quarta-feira, fevereiro 27, 2008
Quarta-feira de futebol
Copa do Brasil.
O co-irmão fez seis no irmão mato-grossense dele jogando ali na Azenha.
"Nós" (como se eu estivesse jogando...) estamos ganhando de dois do Nacional de Patos, da Paraíba, no intervalo de jogo.
E aí?
Nada.
Li (acho que no blog do Kuca Kfouri) que futebol é o que tem de mais importante entre as coisas que não têm nenhuma importância.
Concordo.
Até.
O co-irmão fez seis no irmão mato-grossense dele jogando ali na Azenha.
"Nós" (como se eu estivesse jogando...) estamos ganhando de dois do Nacional de Patos, da Paraíba, no intervalo de jogo.
E aí?
Nada.
Li (acho que no blog do Kuca Kfouri) que futebol é o que tem de mais importante entre as coisas que não têm nenhuma importância.
Concordo.
Até.
terça-feira, fevereiro 26, 2008
Imbecis
Os imbecis estão por toda parte, nas suas mais diferentes apresentações.
Tem o imbecil torcedor, aquele que vai ao estádio do seu time apenas para brigar. Com torcedores de seu próprio time! Essa é uma manifestação de idiotia em seu grau mais primitivo, o imbecil sem córtex cerebral. Não se pode esperar nada ou, melhor, pode se esperar tudo de um imbecil assim. Está muitos degraus atrás do homo sapiens na escada da evolução. Junto a ele, estão os fanáticos religiosos e outros extremistas, de esquerda ou de direita, não há diferença. Aprenderam a ler, tecnicamente, mas não entendem o que lêem. Deixá-los com determinados livros em mãos é um perigo. A Bíblia, por exemplo. Não os deixem ler a Bíblia, pois são capazes de acreditar que aquilo ali é um relato de como as coisas aconteceram literalmente, e isso pode trazer sérios incovenientes.
A imbecilidade, ou idiotia, não é restrita a nenhum grupo social, etnia, nacionalidade, religião ou posição política. Há idiotas por todo lado. São como gafanhotos, com a diferença de que, mesmo depois de destruírem tudo, não deixam o lugar que devastaram, não desocupam a moita.
Eles são perigosos, é preciso cuidado.
Mas queria falar de um tipo específico de imbecil: aquele que passa trotes telefônicos para serviços de urgência, como polícia, bombeiros e SAMU (atendimento médico de urgência). Esses, só com medidas radicais, quem sabe a esterilização cirúrgica para que não se reproduzam.
Admito que alguns trotes são engraçados, quando inofensivos.
Lembro do início da faculdade, quando íamos à lanchonete do hospital, comida horrível, gordurosa, mas que era um bom ponto de encontro para as turmas de estudantes. Volta e meia alguém ligava para o ramal da lanchonete e pedia para falar com a Dra Vera Pamil (é nome de medicação) ou Dra Eva Gina. Ríamos, eram brincadeiras inocentes, tipo ao que o Bart Simpson faz ao ligar para o Moe’s, nos Simpsons.
Só que ligar para a polícia passando trotes, fazendo com que sejam deslocadas viaturas para endereços falsos, ou – talvez pior – ambulâncias, isso é o fim.
Esse é uma situação em que se justificaria cagar a pau um idiota que fosse pego passando um trote telefônico. Seria bem mais educativo que pagar multa ou fazer trabalhos comunitários. Talvez os trabalhos comunitários depois de tomar um pau. Seria divertido, no mínimo.
Até.
Tem o imbecil torcedor, aquele que vai ao estádio do seu time apenas para brigar. Com torcedores de seu próprio time! Essa é uma manifestação de idiotia em seu grau mais primitivo, o imbecil sem córtex cerebral. Não se pode esperar nada ou, melhor, pode se esperar tudo de um imbecil assim. Está muitos degraus atrás do homo sapiens na escada da evolução. Junto a ele, estão os fanáticos religiosos e outros extremistas, de esquerda ou de direita, não há diferença. Aprenderam a ler, tecnicamente, mas não entendem o que lêem. Deixá-los com determinados livros em mãos é um perigo. A Bíblia, por exemplo. Não os deixem ler a Bíblia, pois são capazes de acreditar que aquilo ali é um relato de como as coisas aconteceram literalmente, e isso pode trazer sérios incovenientes.
A imbecilidade, ou idiotia, não é restrita a nenhum grupo social, etnia, nacionalidade, religião ou posição política. Há idiotas por todo lado. São como gafanhotos, com a diferença de que, mesmo depois de destruírem tudo, não deixam o lugar que devastaram, não desocupam a moita.
Eles são perigosos, é preciso cuidado.
Mas queria falar de um tipo específico de imbecil: aquele que passa trotes telefônicos para serviços de urgência, como polícia, bombeiros e SAMU (atendimento médico de urgência). Esses, só com medidas radicais, quem sabe a esterilização cirúrgica para que não se reproduzam.
Admito que alguns trotes são engraçados, quando inofensivos.
Lembro do início da faculdade, quando íamos à lanchonete do hospital, comida horrível, gordurosa, mas que era um bom ponto de encontro para as turmas de estudantes. Volta e meia alguém ligava para o ramal da lanchonete e pedia para falar com a Dra Vera Pamil (é nome de medicação) ou Dra Eva Gina. Ríamos, eram brincadeiras inocentes, tipo ao que o Bart Simpson faz ao ligar para o Moe’s, nos Simpsons.
Só que ligar para a polícia passando trotes, fazendo com que sejam deslocadas viaturas para endereços falsos, ou – talvez pior – ambulâncias, isso é o fim.
Esse é uma situação em que se justificaria cagar a pau um idiota que fosse pego passando um trote telefônico. Seria bem mais educativo que pagar multa ou fazer trabalhos comunitários. Talvez os trabalhos comunitários depois de tomar um pau. Seria divertido, no mínimo.
Até.
segunda-feira, fevereiro 25, 2008
Velho, muito velho
Ontem fiquei um longo período do dia deitado vendo televisão (e dormindo).
Hoje, trabalho e, final do dia, futebol e churrasco após.
Resultado?
Contratura muscular cervical e dor.
Antinflamatório e relaxante muscular.
Até.
Hoje, trabalho e, final do dia, futebol e churrasco após.
Resultado?
Contratura muscular cervical e dor.
Antinflamatório e relaxante muscular.
Até.
domingo, fevereiro 24, 2008
A Sopa 07/29
A Viagem (14)
Logo após o café e algumas fotos para provar que estivéramos ali não tivéramos nossos rins extirpados, fizemos um rápido passeio de carro por Sanremo e seguimos de volta à França.
Por uma via movimentada em plena manhã, passamos por Ventimiglia, a última cidade da Riviera Italiana antes da França, distante onze quilômetros de Menton, nosso próximo destino. A passagem pela fronteira foi sem parada, afinal estávamos num carro francês voltando para casa. Cerca de quinhentos metros após a posto de fronteira, paramos o carro para as primeiras fotos nossas na Cote d’Azur, além da placa identificando Menton, a “Pérola da França”, sede do festival anual do limão (cultivado ali devido ao ótimo clima local, com 316 dias de sol por ano) e famosa por seus jardins. Segundo o nosso guia de viagem, “quando Eva foi expulsa do paraíso, ele deu um jeito de trazer um pouco do Jardim do Éden e plantou em Menton”.
Um pedaço do paraíso, e ainda por cima fora de temporada, o que mais queríamos? Um dia de sol e temperatura bem agradável, evidentemente, e foi o que conseguimos. Tudo estava perfeito. Após as fotos, voltamos ao carro e fomos até mais próximos ao centro da cidade. Estacionamos e fomos para a praia. Praticamente vazia, por sinal, com exceção de algumas poucas senhoras na faixa etária dos 70 anos, de topless tomando sol e caminhando na areia.
Diante desse quadro, não seria de todo grotesco um grupo de brasileiros saídos do inverno do sul do Brasil, brancos como fantasmas, pararem para tomar um chope e pegar um sol. O Pedro, velho lobo do mar, havia ido com uma sunga por baixo da bermuda e pôde inclusive banhar-se no Mediterrâneo. O Paulo e eu, de calça jeans, apenas tiramos a camisa e dobramos a barra das calças para cima. Tomamos sol num desses lounges de praia, com chopes e petiscos. Como éramos os únicos clientes, após termos sido servidos, o único garçom foi almoçar, o que dificultou na hora de pagar...
Após pegar uma praia, fomos conhecer a cidade, circulando pelo seu “centrinho nervoso”, com diversas lojas temáticas relacionadas ao limão, a tradição local. Quando fomos almoçar, escolhemos sanduíches do Brioche Dorée, franquia francesa de que sou fã e que conheci em Paris e pude visitar em Buenos Aires. Logo após o almoço, estrada, com o Mediterrâneo à nossa esquerda, até a nossa próxima parada: o Principado de Mônaco.
O Paulo e a Karina já haviam estado em Mônaco em sua lua de mel, cerca de dezesseis anos antes, e lembravam que havia sido difícil conseguir local para estacionar, o que para nós – em nossa imensa van – poderia ser um problema bem maior. Sabíamos que valia a pena arriscar, pois todos queriam conhecer a cidade, passar por onde é parte do circuito de fórmula um, caminhar pela marina e olhar os iates lá ancorados.
Estacionar não foi problema, para nossa grata surpresa. Encontramos vaga fácil num parking público com vários andares abaixo do solo e, apesar da altura do carro, entramos com facilidade. Saímos a pé até a Boulevard Albert 1er, ponto da largada e chegada o Grande Prêmio e daí fomos até a marina. Foi ali que tive uma revelação quase religiosa. Quase, eu disse.
Pela primeira vez na vida, me deparei com um mundo ao qual não pertenço e não tenho acesso. Algo MUITO acima de qualquer coisa que eu pudesse imaginar. Um mundo à parte, que poucos freqüentam, tamanha a grandiosidade de tudo, a começar pelos barcos. Lado a lado, imensos iates – veleiros e lanchas - de no mínimo cinqüenta pés, alguns com jet skis e até pequenas lanchas de apoio carregadas no próprio iate. Uma loucura.
Por mais que já tenha estado em lugares incríveis, Paris, Milão, Nova York, Zurique, que certamente têm locais que “não são para o meu bico” por caros e exclusivos demais, em todos esses é possível ficar em condições razoáveis e circular com desenvoltura. Mônaco dá a impressão de que se não fores um xeque árabe mega-milionário, estás “invadindo” algo que não é para ti. Sei lá.
Após esse passeio, voltamos ao carro e estacionamos de novo mais próximo à cidade antiga, na parte alta da cidade, onde fica o castelo dos Grimaldi, e de onde se tem os melhores ângulos para fotografar Mônaco. Fotos, fotos e adiante ao último destino do dia: Nice.
Chegamos em Nice, capital da Riviera Francesa, no final da tarde, ainda em tempo de circular pela Promenade des Anglais ao pôr-do-sol, logo após definirmos o hotel em que ficaríamos, o Flots D’Azur, o mesmo em que o Paulo e a Karina hospedaram-se em sua lua de mel, simples, mas de frente para o mar e preço bem acessível. Sua principal “atração”, contudo, ficava no quarto em que a Jacque e eu ficamos: a privada elétrica.
Semana que vem, semana que vem...
Até.
Logo após o café e algumas fotos para provar que estivéramos ali não tivéramos nossos rins extirpados, fizemos um rápido passeio de carro por Sanremo e seguimos de volta à França.
Por uma via movimentada em plena manhã, passamos por Ventimiglia, a última cidade da Riviera Italiana antes da França, distante onze quilômetros de Menton, nosso próximo destino. A passagem pela fronteira foi sem parada, afinal estávamos num carro francês voltando para casa. Cerca de quinhentos metros após a posto de fronteira, paramos o carro para as primeiras fotos nossas na Cote d’Azur, além da placa identificando Menton, a “Pérola da França”, sede do festival anual do limão (cultivado ali devido ao ótimo clima local, com 316 dias de sol por ano) e famosa por seus jardins. Segundo o nosso guia de viagem, “quando Eva foi expulsa do paraíso, ele deu um jeito de trazer um pouco do Jardim do Éden e plantou em Menton”.
Um pedaço do paraíso, e ainda por cima fora de temporada, o que mais queríamos? Um dia de sol e temperatura bem agradável, evidentemente, e foi o que conseguimos. Tudo estava perfeito. Após as fotos, voltamos ao carro e fomos até mais próximos ao centro da cidade. Estacionamos e fomos para a praia. Praticamente vazia, por sinal, com exceção de algumas poucas senhoras na faixa etária dos 70 anos, de topless tomando sol e caminhando na areia.
Diante desse quadro, não seria de todo grotesco um grupo de brasileiros saídos do inverno do sul do Brasil, brancos como fantasmas, pararem para tomar um chope e pegar um sol. O Pedro, velho lobo do mar, havia ido com uma sunga por baixo da bermuda e pôde inclusive banhar-se no Mediterrâneo. O Paulo e eu, de calça jeans, apenas tiramos a camisa e dobramos a barra das calças para cima. Tomamos sol num desses lounges de praia, com chopes e petiscos. Como éramos os únicos clientes, após termos sido servidos, o único garçom foi almoçar, o que dificultou na hora de pagar...
Após pegar uma praia, fomos conhecer a cidade, circulando pelo seu “centrinho nervoso”, com diversas lojas temáticas relacionadas ao limão, a tradição local. Quando fomos almoçar, escolhemos sanduíches do Brioche Dorée, franquia francesa de que sou fã e que conheci em Paris e pude visitar em Buenos Aires. Logo após o almoço, estrada, com o Mediterrâneo à nossa esquerda, até a nossa próxima parada: o Principado de Mônaco.
O Paulo e a Karina já haviam estado em Mônaco em sua lua de mel, cerca de dezesseis anos antes, e lembravam que havia sido difícil conseguir local para estacionar, o que para nós – em nossa imensa van – poderia ser um problema bem maior. Sabíamos que valia a pena arriscar, pois todos queriam conhecer a cidade, passar por onde é parte do circuito de fórmula um, caminhar pela marina e olhar os iates lá ancorados.
Estacionar não foi problema, para nossa grata surpresa. Encontramos vaga fácil num parking público com vários andares abaixo do solo e, apesar da altura do carro, entramos com facilidade. Saímos a pé até a Boulevard Albert 1er, ponto da largada e chegada o Grande Prêmio e daí fomos até a marina. Foi ali que tive uma revelação quase religiosa. Quase, eu disse.
Pela primeira vez na vida, me deparei com um mundo ao qual não pertenço e não tenho acesso. Algo MUITO acima de qualquer coisa que eu pudesse imaginar. Um mundo à parte, que poucos freqüentam, tamanha a grandiosidade de tudo, a começar pelos barcos. Lado a lado, imensos iates – veleiros e lanchas - de no mínimo cinqüenta pés, alguns com jet skis e até pequenas lanchas de apoio carregadas no próprio iate. Uma loucura.
Por mais que já tenha estado em lugares incríveis, Paris, Milão, Nova York, Zurique, que certamente têm locais que “não são para o meu bico” por caros e exclusivos demais, em todos esses é possível ficar em condições razoáveis e circular com desenvoltura. Mônaco dá a impressão de que se não fores um xeque árabe mega-milionário, estás “invadindo” algo que não é para ti. Sei lá.
Após esse passeio, voltamos ao carro e estacionamos de novo mais próximo à cidade antiga, na parte alta da cidade, onde fica o castelo dos Grimaldi, e de onde se tem os melhores ângulos para fotografar Mônaco. Fotos, fotos e adiante ao último destino do dia: Nice.
Chegamos em Nice, capital da Riviera Francesa, no final da tarde, ainda em tempo de circular pela Promenade des Anglais ao pôr-do-sol, logo após definirmos o hotel em que ficaríamos, o Flots D’Azur, o mesmo em que o Paulo e a Karina hospedaram-se em sua lua de mel, simples, mas de frente para o mar e preço bem acessível. Sua principal “atração”, contudo, ficava no quarto em que a Jacque e eu ficamos: a privada elétrica.
Semana que vem, semana que vem...
Até.
sábado, fevereiro 23, 2008
sexta-feira, fevereiro 22, 2008
Sob ataque
É só impressão minha ou está havendo um "ataque" de spams com título
"88% Off Swiss-MadeRolex, Omega, Panerai, Chanel, 100%Satis"?
"88% Off Swiss-MadeRolex, Omega, Panerai, Chanel, 100%Satis"?
quinta-feira, fevereiro 21, 2008
quarta-feira, fevereiro 20, 2008
terça-feira, fevereiro 19, 2008
A Vida é um Eterno Esperar
Reformulei a minha teoria sobre a vida.
Não exatamente, ou – melhor – não completamente. Apenas a estou refinando, aperfeiçoando, uma característica, imagino, de todas as grandes teorias que tentam explicar o mundo. Acho que todos, e não me sinto um e nem me comparo a nenhum, os grandes filósofos da história evoluíram em suas tentativas de entender e explicar o mundo. A única semelhança que vejo entre eles e eu é que eu também quero entender e explicar o mundo.
Mas falava desse “aperfeiçoamento” da minha visão de mundo.
Do início, então.
A primeira formulação da minha visão de mundo:
“A vida não é muito mais do que histórias para contar”.
Premissa um, genérica e inespecífica, como devem ser os princípios gerais de toda teoria. Não diz muita coisa, também, apesar de tudo se explicar a partir dela.
Não importa o que fazemos, o que nos acontece – bom ou ruim – nada disso importa. Nenhum fato específico tem importância, também. O fundamental é (1) a interpretação que damos aos fatos; e (2) como eles se enquadram em nossa história pessoal, que nada mais é que o somatório de todas nossas pequenas histórias, o conjunto de “nossa obra”.
A velha história da vida como um livro, com começo, meio e fim, que vamos “escrevendo” ao longo de nossa existência. Um capítulo nunca é o todo, obviamente, e só podemos tirar conclusões a respeito do assunto a partir de uma “bird’s eye view”, uma visão de perspectiva, um olhar o “big picture”. Mesmo acontecimentos aparentemente ruins no momento imediato podem se tornar boas histórias quando olhados retrospectivamente.
A partir dessa idéia, a de que a vida é um acumular de histórias que vamos contar para não sei quem em algum momento (interpretações metafísicas ou escatológicas – escatologia entendia como teoria de fim de mundo ou dos tempos – liberadas) é que começa toda a minha relação, muitas vezes de incompreensão e revolta, outras de admiração e surpresa, com o Tempo, aqui escrito com maiúsculas para demonstrar respeito, afinal é esse “ente” abstrato que rege o mundo. Por trás de todas as formulações teóricas que tentam explicar o mundo está sempre o Tempo, dimensão que não pode ser entendida sem a noção do espaço.
Tempo e Espaço, juntos, regem o mundo.
Poderíamos, então, inferir que seria (ou é) perfeitamente aceitável proclamar (entender) que o Tempo é, na verdade, aquilo que os crentes chamam de Deus. Se nos livrarmos de idéias pré-concebidas acerca do assunto, veremos o total sentido nessa forma de ver as coisas. Onipresença, onisciência. Capacidade de resolver problemas, solucionar conflitos, curar feridas. Que mais esperar de um ente superior do que isso? Explicaria a razão, por exemplo, de Ele aparentemente não interceder no dia-a-dia das pessoas. Seria uma boa explicação, além de ser coerente com o conceito do livre-arbítrio.
Mas me alongo numa primeira premissa, e quase deixo de lado a segunda, também inespecífica e abrangente, mas que dá uma idéia do funcionamento do mundo, da mecânica das coisas. Apresento, então o segundo princípio.
“Viver é um eterno esperar”.
A vida é feita de esperas, em todos os sentidos.
Começa quando nascemos, pois somos fruto de uma espera e – ao nascer – somos depositários de uma carga de expectativas gigantesca. A partir daí, todos esperam de nós alguma coisa. Que tenhamos saúde, que tenhamos sucesso na escola, na profissão, na vida em geral. Que encontremos um amor, que constituamos família. E isso falando apenas no plano das idéias e esperanças depositadas em nós. Se falarmos em termos de vida cotidiana, no micro-cosmos que é o nosso dia-a-dia, estamos sempre esperando.
Esperamos ter um bom dia, esperamos o final do dia, o final da semana, do mês e do ano, esperamos o Natal, o nosso aniversário, esperamos ter dezoito quando “só” temos dezesseis anos, esperamos que o tempo não passe tão rápido quando temos trinta, esperamos que, no final, tudo dê certo.
Todo mundo espera alguma coisa de um sábado à noite, esperamos a primavera para nos livrar do cinza do inverno, esperamos notícias de quem amamos, esperamos uma carta, esperamos um sorriso de aprovação. Esperamos pelo ônibus, pelo trem (que já vem, que já vem, que já vem…) esperamos longamente nos aeroportos.
Tudo é espera, com e sem o sentido de esperança.
Algumas vezes, esperar tem os dois sentidos. São as melhores.
Isso tudo foi só para dizer que eu e a Jacque estamos esperando.
Até.
Não exatamente, ou – melhor – não completamente. Apenas a estou refinando, aperfeiçoando, uma característica, imagino, de todas as grandes teorias que tentam explicar o mundo. Acho que todos, e não me sinto um e nem me comparo a nenhum, os grandes filósofos da história evoluíram em suas tentativas de entender e explicar o mundo. A única semelhança que vejo entre eles e eu é que eu também quero entender e explicar o mundo.
Mas falava desse “aperfeiçoamento” da minha visão de mundo.
Do início, então.
A primeira formulação da minha visão de mundo:
“A vida não é muito mais do que histórias para contar”.
Premissa um, genérica e inespecífica, como devem ser os princípios gerais de toda teoria. Não diz muita coisa, também, apesar de tudo se explicar a partir dela.
Não importa o que fazemos, o que nos acontece – bom ou ruim – nada disso importa. Nenhum fato específico tem importância, também. O fundamental é (1) a interpretação que damos aos fatos; e (2) como eles se enquadram em nossa história pessoal, que nada mais é que o somatório de todas nossas pequenas histórias, o conjunto de “nossa obra”.
A velha história da vida como um livro, com começo, meio e fim, que vamos “escrevendo” ao longo de nossa existência. Um capítulo nunca é o todo, obviamente, e só podemos tirar conclusões a respeito do assunto a partir de uma “bird’s eye view”, uma visão de perspectiva, um olhar o “big picture”. Mesmo acontecimentos aparentemente ruins no momento imediato podem se tornar boas histórias quando olhados retrospectivamente.
A partir dessa idéia, a de que a vida é um acumular de histórias que vamos contar para não sei quem em algum momento (interpretações metafísicas ou escatológicas – escatologia entendia como teoria de fim de mundo ou dos tempos – liberadas) é que começa toda a minha relação, muitas vezes de incompreensão e revolta, outras de admiração e surpresa, com o Tempo, aqui escrito com maiúsculas para demonstrar respeito, afinal é esse “ente” abstrato que rege o mundo. Por trás de todas as formulações teóricas que tentam explicar o mundo está sempre o Tempo, dimensão que não pode ser entendida sem a noção do espaço.
Tempo e Espaço, juntos, regem o mundo.
Poderíamos, então, inferir que seria (ou é) perfeitamente aceitável proclamar (entender) que o Tempo é, na verdade, aquilo que os crentes chamam de Deus. Se nos livrarmos de idéias pré-concebidas acerca do assunto, veremos o total sentido nessa forma de ver as coisas. Onipresença, onisciência. Capacidade de resolver problemas, solucionar conflitos, curar feridas. Que mais esperar de um ente superior do que isso? Explicaria a razão, por exemplo, de Ele aparentemente não interceder no dia-a-dia das pessoas. Seria uma boa explicação, além de ser coerente com o conceito do livre-arbítrio.
Mas me alongo numa primeira premissa, e quase deixo de lado a segunda, também inespecífica e abrangente, mas que dá uma idéia do funcionamento do mundo, da mecânica das coisas. Apresento, então o segundo princípio.
“Viver é um eterno esperar”.
A vida é feita de esperas, em todos os sentidos.
Começa quando nascemos, pois somos fruto de uma espera e – ao nascer – somos depositários de uma carga de expectativas gigantesca. A partir daí, todos esperam de nós alguma coisa. Que tenhamos saúde, que tenhamos sucesso na escola, na profissão, na vida em geral. Que encontremos um amor, que constituamos família. E isso falando apenas no plano das idéias e esperanças depositadas em nós. Se falarmos em termos de vida cotidiana, no micro-cosmos que é o nosso dia-a-dia, estamos sempre esperando.
Esperamos ter um bom dia, esperamos o final do dia, o final da semana, do mês e do ano, esperamos o Natal, o nosso aniversário, esperamos ter dezoito quando “só” temos dezesseis anos, esperamos que o tempo não passe tão rápido quando temos trinta, esperamos que, no final, tudo dê certo.
Todo mundo espera alguma coisa de um sábado à noite, esperamos a primavera para nos livrar do cinza do inverno, esperamos notícias de quem amamos, esperamos uma carta, esperamos um sorriso de aprovação. Esperamos pelo ônibus, pelo trem (que já vem, que já vem, que já vem…) esperamos longamente nos aeroportos.
Tudo é espera, com e sem o sentido de esperança.
Algumas vezes, esperar tem os dois sentidos. São as melhores.
Isso tudo foi só para dizer que eu e a Jacque estamos esperando.
Até.
segunda-feira, fevereiro 18, 2008
Perfecta
Essa é uma daquelas músicas que gruda...
Da banda argentina Miranda!, em seu terceiro disco, El Disco de tu Corazón, de 2007.
Até.
Da banda argentina Miranda!, em seu terceiro disco, El Disco de tu Corazón, de 2007.
Até.
domingo, fevereiro 17, 2008
A Sopa 07/28
A Viagem (13)
A chegada à Sanremo, no final do dia, havia sido estressante: depois do longo dia de viagem, havíamos demorado até escolher o hotel. Exatamente em frente a um cinco estrelas que estava lotado (nem falo no valor da diária) havia esse simpático hotel três estrelas chamado Villa Maria. Quando me disse que o cinco estrelas estava lotado, pedi uma indicação ao funcionário do hotel, e este me sugeriu o hotel em frente. Tínhamos, portanto, um indicação.
Dessa forma, fui solicitar informações.
O hotel era formado por três mansões antigas, uma ao lado da outra, e conectadas por corredores. A recepção era justamente na conexão entre a mais à esquerda e a do meio. Conversei com o funcionário, que revelou o valor da diária – bem em conta - e me disse que, não, eu não poderia visitar o quarto porque não havia outro funcionário para ficar no lugar dele enquanto me acompanhasse na visita. Fizemos uma rápida reunião no lado de fora do prédio e decidimos que ficaríamos. No estacionamento, que era no jardim da casa, várias Mercedes Benz e outros carros do tipo.
Apesar dos carros estacionados, aparentemente não havia nenhum movimento no hotel. Enquanto descarregávamos o carro, o Paulo me chamou e disse que provavelmente nos roubariam os rins durante a noite, porque aquilo só poderia ser uma armadilha. Sorri, mas nisso o funcionário que havia nos atendido “encerrou seu turno” e saiu numa vespa, passando por nós em alta velocidade. Olhei para o Paulo e disse “Foi avisar o cirurgião que há carne nova no pedaço...”. Foi o que bastou para criarmos a lenda.
Contribuiu para isso o fato de terem nos colocado em apartamentos muito distantes um do outro. Para ser mais exato, cada quarto era em uma das casas, e para irmos de um a outro era necessário circular por corredores escuros, escadas mal iluminadas. Nas paredes, alguns retratos pintados há muito tempo, além de outros com motivos religiosos. O andar em que estávamos a Jacque e eu tinha três quartos, o nosso e mais dois: um estava fechado e o outro estava com a porta aberta e víamos parte da cama. O odor era de que estava fechado desde os anos cinqüenta.
Após nos instalarmos, saímos para passear e jantar. Circulamos um pouco de carro na região do cassino e fomos até perto do porto, onde jantamos num restaurante e pizzaria de nome “Bella Napoli”, onde pude comer um espaguete ao Vongole, outros comeram peixe-espada e o Paulo foi de massa com polvos.
Após a janta, mais um passeio a pé antes de voltar ao hotel e dormir.
Na manhã seguinte, todos com seus rins para o café, que é servido no andar térreo num tipo de jardim de inverno que é aberto para o jardim da propriedade. Durante o café, do nada, entra um padre e vai direto ao banheiro. Nos olhamos, terminamos o café, e fomos logo embora.
Vai saber...
O dia prometia. Voltaríamos à França, visitaríamos Menton – a primeira praia do lado francês -, Mônaco e, se tudo corresse bem e não decidíssemos ficar ali, terminaríamos o dia em Nice.
Até.
A chegada à Sanremo, no final do dia, havia sido estressante: depois do longo dia de viagem, havíamos demorado até escolher o hotel. Exatamente em frente a um cinco estrelas que estava lotado (nem falo no valor da diária) havia esse simpático hotel três estrelas chamado Villa Maria. Quando me disse que o cinco estrelas estava lotado, pedi uma indicação ao funcionário do hotel, e este me sugeriu o hotel em frente. Tínhamos, portanto, um indicação.
Dessa forma, fui solicitar informações.
O hotel era formado por três mansões antigas, uma ao lado da outra, e conectadas por corredores. A recepção era justamente na conexão entre a mais à esquerda e a do meio. Conversei com o funcionário, que revelou o valor da diária – bem em conta - e me disse que, não, eu não poderia visitar o quarto porque não havia outro funcionário para ficar no lugar dele enquanto me acompanhasse na visita. Fizemos uma rápida reunião no lado de fora do prédio e decidimos que ficaríamos. No estacionamento, que era no jardim da casa, várias Mercedes Benz e outros carros do tipo.
Apesar dos carros estacionados, aparentemente não havia nenhum movimento no hotel. Enquanto descarregávamos o carro, o Paulo me chamou e disse que provavelmente nos roubariam os rins durante a noite, porque aquilo só poderia ser uma armadilha. Sorri, mas nisso o funcionário que havia nos atendido “encerrou seu turno” e saiu numa vespa, passando por nós em alta velocidade. Olhei para o Paulo e disse “Foi avisar o cirurgião que há carne nova no pedaço...”. Foi o que bastou para criarmos a lenda.
Contribuiu para isso o fato de terem nos colocado em apartamentos muito distantes um do outro. Para ser mais exato, cada quarto era em uma das casas, e para irmos de um a outro era necessário circular por corredores escuros, escadas mal iluminadas. Nas paredes, alguns retratos pintados há muito tempo, além de outros com motivos religiosos. O andar em que estávamos a Jacque e eu tinha três quartos, o nosso e mais dois: um estava fechado e o outro estava com a porta aberta e víamos parte da cama. O odor era de que estava fechado desde os anos cinqüenta.
Após nos instalarmos, saímos para passear e jantar. Circulamos um pouco de carro na região do cassino e fomos até perto do porto, onde jantamos num restaurante e pizzaria de nome “Bella Napoli”, onde pude comer um espaguete ao Vongole, outros comeram peixe-espada e o Paulo foi de massa com polvos.
Após a janta, mais um passeio a pé antes de voltar ao hotel e dormir.
Na manhã seguinte, todos com seus rins para o café, que é servido no andar térreo num tipo de jardim de inverno que é aberto para o jardim da propriedade. Durante o café, do nada, entra um padre e vai direto ao banheiro. Nos olhamos, terminamos o café, e fomos logo embora.
Vai saber...
O dia prometia. Voltaríamos à França, visitaríamos Menton – a primeira praia do lado francês -, Mônaco e, se tudo corresse bem e não decidíssemos ficar ali, terminaríamos o dia em Nice.
Até.
sábado, fevereiro 16, 2008
Sábado (e os limões)
Para quem vem de carro pela Riviera Italiana em direção à França, a primeira cidade da Côte d'Azur, poucos metros após cruzar a fronteira, é a simpática Menton, às margens do Mediterrâneo.
Devido ao microclima subtropical da região, Menton praticamente não tem inverno (são 316 dias de sol por ano) e pode ser visitada o ano todo. Menton é que conhecida pelos seus belos jardins e pelo Festival do Limão (não, não é o festival para mal-humorados, "limões", é a fruta mesmo...) que ocorre todo ano em fevereiro.
Esse ano, o festival começa hoje e vai até 5 de março.
É uma boa chance de conhecer a cidade e suas belas praias.
Até.
Devido ao microclima subtropical da região, Menton praticamente não tem inverno (são 316 dias de sol por ano) e pode ser visitada o ano todo. Menton é que conhecida pelos seus belos jardins e pelo Festival do Limão (não, não é o festival para mal-humorados, "limões", é a fruta mesmo...) que ocorre todo ano em fevereiro.
Esse ano, o festival começa hoje e vai até 5 de março.
É uma boa chance de conhecer a cidade e suas belas praias.
Até.
sexta-feira, fevereiro 15, 2008
quinta-feira, fevereiro 14, 2008
Pedofilia
Está rolando hoje - fiquei sabendo só agora, através da Mirella - uma blogagem coletiva chamando a atenção para a pedofilia. Assunto mais do que atual, mais do que preocupante.
Tem até uma petição online para a criação de uma lista Amber no Brasil (a saber: nos Estados Unidos, AMBER ALERT , como o nome diz, é um alerta no qual, após o comunicado do desaparecimento de uma criança, os veículos de comunicação são imediatamente avisados e encarregados de divulgar informações com nome, fotos e características das crianças, bem como qualquer pista que leve a encontrar a criança e um número é disponibilizado, para que pessoas interessadas em ajudar possam ligar e dar mais informações que ajudem a solucionar o caso) que pode ser assinada aqui.
Sou a favor da tolerância zero e do "olho por olho, dente por dente" com relação a pedófilos.
Até.
Tem até uma petição online para a criação de uma lista Amber no Brasil (a saber: nos Estados Unidos, AMBER ALERT , como o nome diz, é um alerta no qual, após o comunicado do desaparecimento de uma criança, os veículos de comunicação são imediatamente avisados e encarregados de divulgar informações com nome, fotos e características das crianças, bem como qualquer pista que leve a encontrar a criança e um número é disponibilizado, para que pessoas interessadas em ajudar possam ligar e dar mais informações que ajudem a solucionar o caso) que pode ser assinada aqui.
Sou a favor da tolerância zero e do "olho por olho, dente por dente" com relação a pedófilos.
Até.
quarta-feira, fevereiro 13, 2008
'Eu não consigo mais'
"Não é que eu não queira jogar mais, é que não consigo mais",
Mais claro, sincero, franco, impossível.
Era Guga, se dirigindo aos torcedores depois de perder na estréia do Torneio Aberto do Brasil, na Costa do Sauípe, por 2 a 0, com parciais de 7/5 e 6/1.
O nome do vencedor, um tenista argentino, sinceramente, e sem nenhum menosprezo, não interessa.
Porque sem que tenha culpa disso, ele como é como o forasteiro que ganha o duelo com o velho xerife já sem forças, por mais que tenha sido o melhor do oeste, do sul e do norte e do leste.
Guga não consegue mais, depois de ter conseguido ser o número 1 do mundo por quase uma temporada inteira.
Não entender a dor de Guga, não entender o sofrimento de Guga, não entender o prazer de Guga, não entender o esforço de Guga e não entender a despedida de Guga não é só não entender de Guga, é não entender a vida que, como a de Guga, é repleta de altos e baixos.
A de Guga, aliás, muito mais de altos do que baixos.
Assino embaixo.
Até.
Fonte: Juca Kfouri
terça-feira, fevereiro 12, 2008
segunda-feira, fevereiro 11, 2008
domingo, fevereiro 10, 2008
A Sopa 07/27
A Viagem (12)
Após a visita à Cervinia e o encantamento com o Lago Blu, sabíamos que era hora de encerrar o período de visita aos Alpes e partir para os objetivos principais da viagem: Côte d’Azur, Provence e, encerrando em grande estilo, Paris. Pegamos, então, a estrada.
Tínhamos um grande percurso a percorrer, e nosso plano era chegar ainda no mesmo dia à costa. A distância entre Cervínia e o litoral era cerca de trezentos e cinqüenta quilômetros. Por essa razão, decidimos ir por uma autostrada (pedagiada, claro) para ganharmos tempo. Dessa forma, passamos apenas na periferia de Turin, avistando apenas ao longe a Basílica de Superga, imponente no alto de um monte próximo à cidade, mantendo para sempre a sua associação com uma tragédia, o acidente aéreo que matou o time inteiro do Torino, multicampeão e o melhor time de futebol do mundo na época: o avião em que estavam os jogadores se chocou com a basílica no dia 4 de maio de 1949, numa tragédia que emocionou a Itália e o mundo à epoca. Passamos ao longe, e nem comentei o fato com todos.
Foi uma longa viagem de carro, não tanto quanto mas semelhante a do primeiro dia. Paradas apenas para ida ao toillet e, já com vista do Mediterrâneo bem próximo a nós, para um lanche mais reforçado de final de tarde. Aliás, era bem comum durante os trajetos entre um lugar ao outro. Parávamos nessas estações e comprávamos pão, queijos, salames, copas, água e, claro, vinho (que quem dirigia NUNCA bebia). No início, o plano era comprar para comermos numa parada, talvez um piquenique, mas era só voltarmos ao carro e sairmos que comia-se tudo e tomava-se o vinho ainda com o carro em movimento. Em boa parte dessas vezes, era em quem dirigia e, portanto, não tomaava o vinho. Especificamente quando estávamos chegando ao litoral, eu não estava ao volante e – sim – pude aproveitar do vinho.
Ao sairmos da autostrada, fomos pegos pelo trânsito conturbado do final do dia e foi um trecho bem lento, por pequenas praias ainda no lado italiano da costa. Inicialmente, a idéia era parar em Menton, a primeira praia francesa após passar a fronteira com a Itália, a primeira da Côte d’Azur, mas esse plano mudou e resolvemos passar a primeira noite no litoral em Sanremo, ainda na Riviera Italiana.
Sanremo é mundialmente conhecida pelo seu festival de música, que teve seu auge nos anos sessenta – quando até o Roberto Carlos se apresentou e o italiano Domenico Modugno cantou, pela primeira vez, a famosa ‘Nel Blu di Pinto di Blu’, conhecida também como ‘Volare’ – mas existe até hoje. A cidade, ao menos em parte, espelha isso, dando a aparência de ter tido o seu auge entre os anos cinqüenta e setenta, e agora estando “meio decadente”.
Admito que essa é apenas uma impressão inicial, talvez devido à fonte com o nome da cidade iluminada por luzes fúcsia (conforme as mulheres disseram, eu jamais saberia que aquela cor tinha esse nome), e alguns dos hotéis que visitei até encontrarmos o nosso, história essa que conto em detalhes em breve. Antes disso, porém, estávamos chegando em Sanremo, que tem esse nome devido ao seu padroeiro, San Romolo. Sanremo é uma contração do nome do padroeiro.
Ao chegar à cidade, já noite, fomos procurar hotel para a noite. Em uma das avenidas centrais, encontrei dois diferentes, o primeiro de preço adequado mas de condições inadequadas, e o segundo de condições mais do que adequadas e preços beeem acima do que pretendíamos pagar, esse último em frente ao cassino da cidade. Andamos mais um pouco, e paramos em frente a um cinco estrelas, que eu disse que teria a diária super em conta. Entrei, perguntei e – pena – estava lotado. Logo em frente a esse, encontramos o Villa Maria, que era composto por três mansões de dois ou três andares, que haviam tido seu apogeu lá por 1950, conectadas por corredores. O preço era adequado, mas resolvemos ainda procurar um pouco mais antes de tomar a decisão final.
Circulando pelas ruas estreitas (que pareciam mais estreitas devido ao tamanho da nossa van) – típicas da Itália – continuamos procurando hotel. Em determinado momento, chegamos a uma intersecção que nos dava duas opções, direita ou esquerda. Para a esquerda, a placa indicava San Romolo (ainda não sabia que era o nome completo da cidade…) e fomos para ali, e a rua foi ficando mais estreita, mais estreita até que chegamos numa entrada de garagem, sem ter como retornar.
Estávamos parados numa rua de aparente mão única, com espaço para passagem de um único carro, em frente a uma garagem fechada, e com carros atrás de nós. Neste momento, admito, fiquei feliz por não ser eu na direção (era o Paulo). Uma transeunte no indicou que deveríamos voltar pelo mesmo caminho. Descemos, a Karina, o Pedro e eu, e fomos auxiliar o Paulo na manobra. Lentamente, fizemos o retorno, sob extremo cuidado e mesmo assim a Karina quase foi “amassada” pela van. Feito o retorno, fomos direto ao hotel Villa Maria.
Hotel cujos proprietários eram traficantes de órgãos.
Semana que vem, semana que vem.
Até.
Após a visita à Cervinia e o encantamento com o Lago Blu, sabíamos que era hora de encerrar o período de visita aos Alpes e partir para os objetivos principais da viagem: Côte d’Azur, Provence e, encerrando em grande estilo, Paris. Pegamos, então, a estrada.
Tínhamos um grande percurso a percorrer, e nosso plano era chegar ainda no mesmo dia à costa. A distância entre Cervínia e o litoral era cerca de trezentos e cinqüenta quilômetros. Por essa razão, decidimos ir por uma autostrada (pedagiada, claro) para ganharmos tempo. Dessa forma, passamos apenas na periferia de Turin, avistando apenas ao longe a Basílica de Superga, imponente no alto de um monte próximo à cidade, mantendo para sempre a sua associação com uma tragédia, o acidente aéreo que matou o time inteiro do Torino, multicampeão e o melhor time de futebol do mundo na época: o avião em que estavam os jogadores se chocou com a basílica no dia 4 de maio de 1949, numa tragédia que emocionou a Itália e o mundo à epoca. Passamos ao longe, e nem comentei o fato com todos.
Foi uma longa viagem de carro, não tanto quanto mas semelhante a do primeiro dia. Paradas apenas para ida ao toillet e, já com vista do Mediterrâneo bem próximo a nós, para um lanche mais reforçado de final de tarde. Aliás, era bem comum durante os trajetos entre um lugar ao outro. Parávamos nessas estações e comprávamos pão, queijos, salames, copas, água e, claro, vinho (que quem dirigia NUNCA bebia). No início, o plano era comprar para comermos numa parada, talvez um piquenique, mas era só voltarmos ao carro e sairmos que comia-se tudo e tomava-se o vinho ainda com o carro em movimento. Em boa parte dessas vezes, era em quem dirigia e, portanto, não tomaava o vinho. Especificamente quando estávamos chegando ao litoral, eu não estava ao volante e – sim – pude aproveitar do vinho.
Ao sairmos da autostrada, fomos pegos pelo trânsito conturbado do final do dia e foi um trecho bem lento, por pequenas praias ainda no lado italiano da costa. Inicialmente, a idéia era parar em Menton, a primeira praia francesa após passar a fronteira com a Itália, a primeira da Côte d’Azur, mas esse plano mudou e resolvemos passar a primeira noite no litoral em Sanremo, ainda na Riviera Italiana.
Sanremo é mundialmente conhecida pelo seu festival de música, que teve seu auge nos anos sessenta – quando até o Roberto Carlos se apresentou e o italiano Domenico Modugno cantou, pela primeira vez, a famosa ‘Nel Blu di Pinto di Blu’, conhecida também como ‘Volare’ – mas existe até hoje. A cidade, ao menos em parte, espelha isso, dando a aparência de ter tido o seu auge entre os anos cinqüenta e setenta, e agora estando “meio decadente”.
Admito que essa é apenas uma impressão inicial, talvez devido à fonte com o nome da cidade iluminada por luzes fúcsia (conforme as mulheres disseram, eu jamais saberia que aquela cor tinha esse nome), e alguns dos hotéis que visitei até encontrarmos o nosso, história essa que conto em detalhes em breve. Antes disso, porém, estávamos chegando em Sanremo, que tem esse nome devido ao seu padroeiro, San Romolo. Sanremo é uma contração do nome do padroeiro.
Ao chegar à cidade, já noite, fomos procurar hotel para a noite. Em uma das avenidas centrais, encontrei dois diferentes, o primeiro de preço adequado mas de condições inadequadas, e o segundo de condições mais do que adequadas e preços beeem acima do que pretendíamos pagar, esse último em frente ao cassino da cidade. Andamos mais um pouco, e paramos em frente a um cinco estrelas, que eu disse que teria a diária super em conta. Entrei, perguntei e – pena – estava lotado. Logo em frente a esse, encontramos o Villa Maria, que era composto por três mansões de dois ou três andares, que haviam tido seu apogeu lá por 1950, conectadas por corredores. O preço era adequado, mas resolvemos ainda procurar um pouco mais antes de tomar a decisão final.
Circulando pelas ruas estreitas (que pareciam mais estreitas devido ao tamanho da nossa van) – típicas da Itália – continuamos procurando hotel. Em determinado momento, chegamos a uma intersecção que nos dava duas opções, direita ou esquerda. Para a esquerda, a placa indicava San Romolo (ainda não sabia que era o nome completo da cidade…) e fomos para ali, e a rua foi ficando mais estreita, mais estreita até que chegamos numa entrada de garagem, sem ter como retornar.
Estávamos parados numa rua de aparente mão única, com espaço para passagem de um único carro, em frente a uma garagem fechada, e com carros atrás de nós. Neste momento, admito, fiquei feliz por não ser eu na direção (era o Paulo). Uma transeunte no indicou que deveríamos voltar pelo mesmo caminho. Descemos, a Karina, o Pedro e eu, e fomos auxiliar o Paulo na manobra. Lentamente, fizemos o retorno, sob extremo cuidado e mesmo assim a Karina quase foi “amassada” pela van. Feito o retorno, fomos direto ao hotel Villa Maria.
Hotel cujos proprietários eram traficantes de órgãos.
Semana que vem, semana que vem.
Até.
sábado, fevereiro 09, 2008
Sábado (Undici)
Bem no fim do dia
O mundo se escondeu
Atrás dessa neblina
Não vejo nada agora
São quatro horas, meu amor
A lua apareceu por um instante
Sumiu atrás dos montes, meia-noite
A estrada se acelera sob o ônibus
E estamos sós num sonho que eu sonhei
Estamos sós num sonho
É só um sonho
Mas gela minha cara na janela
Vidrando os olhos no vazio
Enquanto os outros tolos,
Mortos bolos brancos fofos sobre os bancos
Roncam
São quatro horas, meu amor
Bem no fim do dia
Quem iria acreditar
Te vi por um instante ali ao lado
Linda névoa viva, eu vi passar
Apenas mais um sonho de verão
Não fosse o céu manchado de batom
Que não me faz dormir
Não me deixa acordar
Mas gela minha cara....
(Nei Lisboa)
sexta-feira, fevereiro 08, 2008
É golpe ou não é?
Uma história real.
Todo ano, desde que fechei a minha conta no Itaú antes de ir para o Canadá, em fevereiro recebo a fatura do meu Itaucard/Mastercard com a cobrança da primeira parcela da anuidade (antes essa anuidade estava embutida na taxa mensal da conta. Logo no primeiro ano em Toronto, quando percebi (a cobrança chegava em Porto Alegre e a Jacque procedia com o pagamento) haviam me cobrado 6 (seis) parcelas de R$29,00, ou seja, R$174,00 só para possuir o cartão! Fiquei puto da cara, mas não podia fazer nada (naquele ano).
Fevereiro do ano seguinte, conferi minha fatura do cartão e lá estava ela, a primeira parcela das seis da anuidade. Não tive dúvidas, de Toronto liguei para a administradora do cartão e disse que queria cancelá-lo (já era cliente há dez anos). Dentro do espírito telemarketing, me foi dito que "Estaremos cancelando seu cartão" e perguntado "mas por que o senhor quer cancelá-lo?". Expliquei a situação e quem me atendia pediu um minuto. Quando voltou à ligação, me fez como contra-proposta um valor ridículo de tão baixo.
Aceitei e renovei por mais um ano.
Passado mais um ano, já de volta ao Brasil, a mesma situação.
Ligo novamente (ligação paga, porque não há 0800 para ligações feitas de capitais) e reclamo. A atendente nem disfarça e propõe novamente o valor bem abaixo do inical. Topo e vamos em frente.
Fevereiro de 2008, o filme se repete.
Foi há pouco. Cheguei em casa, pego a fatura na caixa do correi e está lá minha velha conhecida: a primeira parcela de R$29,00. Tédio. Ligo para administradora do Itaucard e falo com um atendente, explicando que estou cansado de todo ano ter que ligar para reclamar e talicoisa. Chega a ser patético esse teatro, digo. Ele argumenta que o cartão oferece benefícios e nem tem taxas escondidas. Rebato dizendo que alguns cartões nem cobram anuidade. Dessa vez vou cancelar mesmo, reafirmo. Ele pede um minuto e, quando volta, oferece seis parcelas de R$6,00 (seis reais).
Concordo, e sei que ano que vem tudo se repetirá.
Ele diz, ainda no final da ligação, que a cobrança é automática e que para quem liga eles podem dar o desconto. Fico pensando na quantidade de pessoas que não liga e acaba pagando anuidades absurdas. E também que a Itaucard não é a única empresa que faz isso (com o cartão do Citibank é exatamente igual).
Penso em uanto dinheiro as empresas ganham só com quem paga sem se dar conta da situação. Uma fortuna, certamente.
Cá entre nós, é golpe, não?
Até.
Todo ano, desde que fechei a minha conta no Itaú antes de ir para o Canadá, em fevereiro recebo a fatura do meu Itaucard/Mastercard com a cobrança da primeira parcela da anuidade (antes essa anuidade estava embutida na taxa mensal da conta. Logo no primeiro ano em Toronto, quando percebi (a cobrança chegava em Porto Alegre e a Jacque procedia com o pagamento) haviam me cobrado 6 (seis) parcelas de R$29,00, ou seja, R$174,00 só para possuir o cartão! Fiquei puto da cara, mas não podia fazer nada (naquele ano).
Fevereiro do ano seguinte, conferi minha fatura do cartão e lá estava ela, a primeira parcela das seis da anuidade. Não tive dúvidas, de Toronto liguei para a administradora do cartão e disse que queria cancelá-lo (já era cliente há dez anos). Dentro do espírito telemarketing, me foi dito que "Estaremos cancelando seu cartão" e perguntado "mas por que o senhor quer cancelá-lo?". Expliquei a situação e quem me atendia pediu um minuto. Quando voltou à ligação, me fez como contra-proposta um valor ridículo de tão baixo.
Aceitei e renovei por mais um ano.
Passado mais um ano, já de volta ao Brasil, a mesma situação.
Ligo novamente (ligação paga, porque não há 0800 para ligações feitas de capitais) e reclamo. A atendente nem disfarça e propõe novamente o valor bem abaixo do inical. Topo e vamos em frente.
Fevereiro de 2008, o filme se repete.
Foi há pouco. Cheguei em casa, pego a fatura na caixa do correi e está lá minha velha conhecida: a primeira parcela de R$29,00. Tédio. Ligo para administradora do Itaucard e falo com um atendente, explicando que estou cansado de todo ano ter que ligar para reclamar e talicoisa. Chega a ser patético esse teatro, digo. Ele argumenta que o cartão oferece benefícios e nem tem taxas escondidas. Rebato dizendo que alguns cartões nem cobram anuidade. Dessa vez vou cancelar mesmo, reafirmo. Ele pede um minuto e, quando volta, oferece seis parcelas de R$6,00 (seis reais).
Concordo, e sei que ano que vem tudo se repetirá.
Ele diz, ainda no final da ligação, que a cobrança é automática e que para quem liga eles podem dar o desconto. Fico pensando na quantidade de pessoas que não liga e acaba pagando anuidades absurdas. E também que a Itaucard não é a única empresa que faz isso (com o cartão do Citibank é exatamente igual).
Penso em uanto dinheiro as empresas ganham só com quem paga sem se dar conta da situação. Uma fortuna, certamente.
Cá entre nós, é golpe, não?
Até.
quinta-feira, fevereiro 07, 2008
Fraternidade (?)
Começou ontem a Campanha da Fraternidade 2008, com o lema "Escolhe, pois, a vida".
Dentro desse espírito, Dom Jacyr Francisco Braido, Bispo de Santos, publica hoje no site da CNBB (e repercutido em toda imprensa) um artigo intitulado "Optar pela Vida", em que faz considerações a respeito do tema. Lá pelas tantas, ele escreve:
"Este dilema se coloca para nós hoje no que diz respeito à vida. Estamos vivendo numa cultura, na qual muitos defendem, com base nos atuais conhecimentos científicos sobre a fertilidade humana, uma posição de liberdade quanto à geração de filhos. O argumento é de que o bebê aceito dentro de um planejamento familiar terá melhores condições afetivas e materiais para seu desenvolvimento. Ao contrário, os bebês concebidos em situações de ignorância, imprudência, aventura e irresponsabilidade social não teriam condições ideais de vida. Os que se declaram favoráveis ao aborto afirmam que a defesa da vida, como proposto na Campanha da Fraternidade, é assunto religioso. E a sociedade, ao se autodefinir como laica, pode traçar caminhos próprios, alegando, inclusive, razões de saúde pública."
Acho de extrema importância a valorização da vida. Eu, por vocação, como médico, trabalho em prol dela, de sua dignidade. Sinto-me, portanto, em condições de opinar a respeito do trecho supra-citado, e devo dizer que não posso evitar uma certa revolta com o escrito, e quando lembro a pressão que setores da igreja tradicionalmente fazem sobre governos e a sociedade como um todo para evitar até mesmo a discussão de determinados temas polêmicos (e outros nem tanto).
É óbvio que falo aqui do aborto, do qual - já disse - não sou a favor nem contra, sabendo que isso é uma questão por demais delicada para se ter uma posição maniqueísta de - aproveitando o tema religioso - céu ou inferno. Cada situação é totalmente diferente de outras e é composta por nuances demais para se ter um julgamento a priori. Vão existir casos em que serei a favor do aborto e outros, não.
Mas a minha opinião não importa.
O que importa é que vivemos numa sociedade laica e, como escreveu Janer Cristaldo esses dias, "Se os católicos acham que aborto é crime, que não abortem, ora bolas". O que não é aceitável é que a igreja católica faça de tudo para impor a todos - crentes, meio crentes ou não crentes - sua doutrina.
Com relação e esse assunto, recomendo a leitura do próprio Janer Cristaldo que escreve sobre o mesmo assunto hoje, e a crônica do colunista André Petry, da Veja dessa semana.
Até.
Dentro desse espírito, Dom Jacyr Francisco Braido, Bispo de Santos, publica hoje no site da CNBB (e repercutido em toda imprensa) um artigo intitulado "Optar pela Vida", em que faz considerações a respeito do tema. Lá pelas tantas, ele escreve:
"Este dilema se coloca para nós hoje no que diz respeito à vida. Estamos vivendo numa cultura, na qual muitos defendem, com base nos atuais conhecimentos científicos sobre a fertilidade humana, uma posição de liberdade quanto à geração de filhos. O argumento é de que o bebê aceito dentro de um planejamento familiar terá melhores condições afetivas e materiais para seu desenvolvimento. Ao contrário, os bebês concebidos em situações de ignorância, imprudência, aventura e irresponsabilidade social não teriam condições ideais de vida. Os que se declaram favoráveis ao aborto afirmam que a defesa da vida, como proposto na Campanha da Fraternidade, é assunto religioso. E a sociedade, ao se autodefinir como laica, pode traçar caminhos próprios, alegando, inclusive, razões de saúde pública."
Acho de extrema importância a valorização da vida. Eu, por vocação, como médico, trabalho em prol dela, de sua dignidade. Sinto-me, portanto, em condições de opinar a respeito do trecho supra-citado, e devo dizer que não posso evitar uma certa revolta com o escrito, e quando lembro a pressão que setores da igreja tradicionalmente fazem sobre governos e a sociedade como um todo para evitar até mesmo a discussão de determinados temas polêmicos (e outros nem tanto).
É óbvio que falo aqui do aborto, do qual - já disse - não sou a favor nem contra, sabendo que isso é uma questão por demais delicada para se ter uma posição maniqueísta de - aproveitando o tema religioso - céu ou inferno. Cada situação é totalmente diferente de outras e é composta por nuances demais para se ter um julgamento a priori. Vão existir casos em que serei a favor do aborto e outros, não.
Mas a minha opinião não importa.
O que importa é que vivemos numa sociedade laica e, como escreveu Janer Cristaldo esses dias, "Se os católicos acham que aborto é crime, que não abortem, ora bolas". O que não é aceitável é que a igreja católica faça de tudo para impor a todos - crentes, meio crentes ou não crentes - sua doutrina.
Com relação e esse assunto, recomendo a leitura do próprio Janer Cristaldo que escreve sobre o mesmo assunto hoje, e a crônica do colunista André Petry, da Veja dessa semana.
Até.
quarta-feira, fevereiro 06, 2008
Soneto de quarta-feira de cinzas
Por seres quem me foste, grave e pura
Em tão doce surpresa conquistada
Por seres uma branca criatura
De uma brancura de manhã raiada
Por seres de uma rara formosura
Malgrado a vida dura e atormentada
Por seres mais que a simples aventura
E menos que a constante namorada
Porque te vi nascer de mim sozinha
Como a noturna flor desabrochada
A uma fala de amor, talvez perjura
Por não te possuir, tendo-te minha
Por só quereres tudo, e eu dar-te nada
Hei de lembrar-te sempre com ternura.
Vinícius de Moraes
Em tão doce surpresa conquistada
Por seres uma branca criatura
De uma brancura de manhã raiada
Por seres de uma rara formosura
Malgrado a vida dura e atormentada
Por seres mais que a simples aventura
E menos que a constante namorada
Porque te vi nascer de mim sozinha
Como a noturna flor desabrochada
A uma fala de amor, talvez perjura
Por não te possuir, tendo-te minha
Por só quereres tudo, e eu dar-te nada
Hei de lembrar-te sempre com ternura.
Vinícius de Moraes
terça-feira, fevereiro 05, 2008
Carnavalescas
I
Quer ser animador de trio elétrico em Salvador?
É só gritar "Sai do chão, Salvador!" a cada duas frases ditas.
Cantar? Não precisa...
II
Nesse carnaval fiz algo que dificilmente farei no próximo.
Dormi muito.
Até.
Quer ser animador de trio elétrico em Salvador?
É só gritar "Sai do chão, Salvador!" a cada duas frases ditas.
Cantar? Não precisa...
II
Nesse carnaval fiz algo que dificilmente farei no próximo.
Dormi muito.
Até.
domingo, fevereiro 03, 2008
A Sopa 07/26
A Viagem (11)
Recapitulando o dia anterior, havíamos saído de Annecy, passado rapidamente por Albertville, passeado (com lanche) por Chamonix, via passagem de Gran San Bernardo cruzado os Alpes da França para a Itália e terminado o dia em Aosta, a “Roma dos Alpes”. Lá, após a janta, paramos para um sorvete às onze da noite e acabamos conhecendo o casal dono do estabelecimento, ele italiano e ela brasileira. A dica, então, foi que no dia seguinte – se tivéssemos tempo – visitássemos Cervinia, estação de esqui no pé do Monte Cervino (Matterhorn), local de grande beleza segundo eles.
Após uma ótima noite de sono no Hotel du Cheval Blanc, acordamos mais ou menos cedo, tomamos café da manhã (incluído no valor da diária) e saímos para passear pela cidade.
Antes de mais nada, eu precisava fazer câmbio, afinal os dólares americanos não serviriam para muita coisa por ali. Saímos do hotel e paramos em frente ao Arco de Augusto, bem na entrada da parte histórica da cidade. Bem ali, numa esquina, havia um banco onde poderia fazer câmbio (descobrira isso quando precisara fazer a mesma coisa em 2002, durante nossa passagem pela cidade). Enquanto o grupo ficou tirando fotos e iniciando o passeio, entrei na agência e fui para a fila. Segunda-feira pela manhã, o banco recém abrira, e eu certamente era o único “não local” ali naquela hora. Idosos entravam, saudavam os presentes, alguns funcionários recém iniciavam sua jornada de trabalho, e eu na fila. Tudo super-tranqüilo.
Chegou minha vez, solicitei câmbio ao caixa e perguntei a cotação, que nos dias de hoje não é nada boa de dólar americano para euro. Pediu meu passaporte para fazer cópia da minha identificação, procedimento padrão, e, ao olhá-lo, disse “Brasile!”, e perguntou de que parte do “Brasile” eu era. Ao dizer Porto Alegre, lembrei da vez em que cheguei em um hotel numa cidadezinha no interior da Itália, por volta da onze e meia da noite, e o dono do mesmo – que não falava inglês – ao saber que eu era brasileiro e de Porto Alegre, me abraçou dizendo “Falcão, Falcão”. Lembrei da história e por um instante pensei que poderia acontecer algo parecido, mas ele respondeu apenas que ele era – diferente de mim – de São Paulo. O caixa do banco de Aosta era brasileiro! O que é o mundo, pensei…
Após fazer câmbio, me juntei ao grupo de fomos visitar a cidade. Antes de chegarmos à prefeitura (aqui chamada de Hotel de Ville, influência da vizinha França e do período em que Aosta pertenceu à casa de Savóia) e, por conseguinte, ao Tourist Information, vistamos alguns dos locais que eu e a Jacque lembrávamos, como as escavações do Fórum, e a Porta Pretória. Já com o guia em mãos, visitamos alguns outros pontos de interesse. É uma bela cidade, e uma das coisas que mais me agradam é a localização, cercada de montanhas com neve eterna, a possibilidade de rapidamente estar nas estações de esqui e, apesar de pequena, estar bem próxima a cidades como Turim, Milão, Genebra, etc.
Como tínhamos planejado estar até o final do dia no litoral, de volta à França ou quase lá, ao discutirmos nosso próximo destino fui contra a ida até o Cervinia. Voto vencido, rapidamente percebi que teria sido um erro enorme não visitar esse local.
Saímos de Aosta e, seguindo as indicações do nosso mapa e das indicações nas placas, em pouco tempo começamos a subir a montanha. O trajeto, nesta época sem neve, é composto por um mosaico de cores típicas de outono. É uma longa subida até chegarmos na pequena Breuil-Cervinia, estação de esqui do lado italiano do Monte Cervino (ou Matterhorn, “pico mãe”). Do lado suiço dele, está a estação de esquide Zermatt.
Fora de temporada, evidentemente, a cidade estava deserta e a maior parte dos estabelecimentos fechados. Fotografamos muito a paisagem com o pico da montanha logo acima da cidade, com neve (e a tentação de chegar até lá). Depois, fomos almoçar no (provavelmente) único bar/café aberto, onde comemos deliciosos sanduíches feitos na hora. De volta ao carro, poucos quilômetros de volta, paramos ao ver a indicação de Lago Blu.
Uns poucos metros afastado da estrada, meio escondido atrás de árvores, estava o dito lago, num dos poucos períodos do ano em que está descongelado, com uma coloração verde-esmeralda que contraria o seu nome mas que, com a montanha ao fundo, compõe um daqueles cenários que não parecem reais de tão belos e majestosos: a grama verde, o lago verde, as árvores com o tom dourado do outono, a montanha com a pedra cina intercalada com as partes branca da neve, tudo isso emoldurado por um um céu de um azul profundo.
Não tem como não ficar enfeitiçado. Difícil de descrever, impossível de esquecer. Uma imagem que ficará gravada na retina até o fim dos nossos dias. Não seria a última contudo.
Ainda tínhamos que seguir para o sul, em direção ao Mediterrâneo.
Foi o que fizemos a seguir.
Até.
Recapitulando o dia anterior, havíamos saído de Annecy, passado rapidamente por Albertville, passeado (com lanche) por Chamonix, via passagem de Gran San Bernardo cruzado os Alpes da França para a Itália e terminado o dia em Aosta, a “Roma dos Alpes”. Lá, após a janta, paramos para um sorvete às onze da noite e acabamos conhecendo o casal dono do estabelecimento, ele italiano e ela brasileira. A dica, então, foi que no dia seguinte – se tivéssemos tempo – visitássemos Cervinia, estação de esqui no pé do Monte Cervino (Matterhorn), local de grande beleza segundo eles.
Após uma ótima noite de sono no Hotel du Cheval Blanc, acordamos mais ou menos cedo, tomamos café da manhã (incluído no valor da diária) e saímos para passear pela cidade.
Antes de mais nada, eu precisava fazer câmbio, afinal os dólares americanos não serviriam para muita coisa por ali. Saímos do hotel e paramos em frente ao Arco de Augusto, bem na entrada da parte histórica da cidade. Bem ali, numa esquina, havia um banco onde poderia fazer câmbio (descobrira isso quando precisara fazer a mesma coisa em 2002, durante nossa passagem pela cidade). Enquanto o grupo ficou tirando fotos e iniciando o passeio, entrei na agência e fui para a fila. Segunda-feira pela manhã, o banco recém abrira, e eu certamente era o único “não local” ali naquela hora. Idosos entravam, saudavam os presentes, alguns funcionários recém iniciavam sua jornada de trabalho, e eu na fila. Tudo super-tranqüilo.
Chegou minha vez, solicitei câmbio ao caixa e perguntei a cotação, que nos dias de hoje não é nada boa de dólar americano para euro. Pediu meu passaporte para fazer cópia da minha identificação, procedimento padrão, e, ao olhá-lo, disse “Brasile!”, e perguntou de que parte do “Brasile” eu era. Ao dizer Porto Alegre, lembrei da vez em que cheguei em um hotel numa cidadezinha no interior da Itália, por volta da onze e meia da noite, e o dono do mesmo – que não falava inglês – ao saber que eu era brasileiro e de Porto Alegre, me abraçou dizendo “Falcão, Falcão”. Lembrei da história e por um instante pensei que poderia acontecer algo parecido, mas ele respondeu apenas que ele era – diferente de mim – de São Paulo. O caixa do banco de Aosta era brasileiro! O que é o mundo, pensei…
Após fazer câmbio, me juntei ao grupo de fomos visitar a cidade. Antes de chegarmos à prefeitura (aqui chamada de Hotel de Ville, influência da vizinha França e do período em que Aosta pertenceu à casa de Savóia) e, por conseguinte, ao Tourist Information, vistamos alguns dos locais que eu e a Jacque lembrávamos, como as escavações do Fórum, e a Porta Pretória. Já com o guia em mãos, visitamos alguns outros pontos de interesse. É uma bela cidade, e uma das coisas que mais me agradam é a localização, cercada de montanhas com neve eterna, a possibilidade de rapidamente estar nas estações de esqui e, apesar de pequena, estar bem próxima a cidades como Turim, Milão, Genebra, etc.
Como tínhamos planejado estar até o final do dia no litoral, de volta à França ou quase lá, ao discutirmos nosso próximo destino fui contra a ida até o Cervinia. Voto vencido, rapidamente percebi que teria sido um erro enorme não visitar esse local.
Saímos de Aosta e, seguindo as indicações do nosso mapa e das indicações nas placas, em pouco tempo começamos a subir a montanha. O trajeto, nesta época sem neve, é composto por um mosaico de cores típicas de outono. É uma longa subida até chegarmos na pequena Breuil-Cervinia, estação de esqui do lado italiano do Monte Cervino (ou Matterhorn, “pico mãe”). Do lado suiço dele, está a estação de esquide Zermatt.
Fora de temporada, evidentemente, a cidade estava deserta e a maior parte dos estabelecimentos fechados. Fotografamos muito a paisagem com o pico da montanha logo acima da cidade, com neve (e a tentação de chegar até lá). Depois, fomos almoçar no (provavelmente) único bar/café aberto, onde comemos deliciosos sanduíches feitos na hora. De volta ao carro, poucos quilômetros de volta, paramos ao ver a indicação de Lago Blu.
Uns poucos metros afastado da estrada, meio escondido atrás de árvores, estava o dito lago, num dos poucos períodos do ano em que está descongelado, com uma coloração verde-esmeralda que contraria o seu nome mas que, com a montanha ao fundo, compõe um daqueles cenários que não parecem reais de tão belos e majestosos: a grama verde, o lago verde, as árvores com o tom dourado do outono, a montanha com a pedra cina intercalada com as partes branca da neve, tudo isso emoldurado por um um céu de um azul profundo.
Não tem como não ficar enfeitiçado. Difícil de descrever, impossível de esquecer. Uma imagem que ficará gravada na retina até o fim dos nossos dias. Não seria a última contudo.
Ainda tínhamos que seguir para o sul, em direção ao Mediterrâneo.
Foi o que fizemos a seguir.
Até.
sábado, fevereiro 02, 2008
sexta-feira, fevereiro 01, 2008
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