Crônicas e depoimentos sobre a vida em geral. Antes o exílio; depois, a espera. Agora, o encantamento. A vida, afinal de contas, não é muito mais do que estórias para contar.
sexta-feira, janeiro 30, 2009
quinta-feira, janeiro 29, 2009
Ainda música
Mantendo as dificuldades de tempo, tendo já superado as técnicas, que me atrapalham nos últimos dias, músicas vem e vão em minha memória, um fluxo constante de pensamentos paralelos que me levam longe.
Procrastino, e lamento por isso.
A música, contudo, ainda é um porto seguro.
Ou não.
Sei lá.
Tendo a Lua
Eu hoje joguei tanta coisa fora
Eu vi o meu passado passar por mim
Cartas e fotografias gente que foi embora.
A casa fica bem melhor assim
O céu de ícaro tem mais poesia que o de galileu
E lendo teus bilhetes, eu penso no que fiz
Querendo ver o mais distante e sem saber voar
Desprezando as asas que você me deu
Tendo a lua aquela gravidade aonde o homem flutua
Merecia a visita não de militares,
Mas de bailarinos
E de você e eu.
Eu hoje joguei tanta coisa fora
E lendo teus bilhetes, eu penso no que fiz
Cartas e fotografias gente que foi embora.
A casa fica bem melhor assim
Tendo a lua aquela gravidade aonde o homem flutua
Merecia a visita não de militares,
Mas de bailarinos
E de você e eu.
Procrastino, e lamento por isso.
A música, contudo, ainda é um porto seguro.
Ou não.
Sei lá.
Tendo a Lua
Eu hoje joguei tanta coisa fora
Eu vi o meu passado passar por mim
Cartas e fotografias gente que foi embora.
A casa fica bem melhor assim
O céu de ícaro tem mais poesia que o de galileu
E lendo teus bilhetes, eu penso no que fiz
Querendo ver o mais distante e sem saber voar
Desprezando as asas que você me deu
Tendo a lua aquela gravidade aonde o homem flutua
Merecia a visita não de militares,
Mas de bailarinos
E de você e eu.
Eu hoje joguei tanta coisa fora
E lendo teus bilhetes, eu penso no que fiz
Cartas e fotografias gente que foi embora.
A casa fica bem melhor assim
Tendo a lua aquela gravidade aonde o homem flutua
Merecia a visita não de militares,
Mas de bailarinos
E de você e eu.
terça-feira, janeiro 27, 2009
Ouro de Tolo
O engraçado é que estou com essa música "martelando" na minha cabeça o dia todo, e não como um chapéu deveria servir em mim. Aliás, de certa maneira, nada a ver com o que tenho sentido ultimamente.
Engraçado, muito engraçado.
Deve ser o calor.
Até.
Eu devia estar contente
Porque eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável
E ganho quatro mil cruzeiros
Por mês...
Eu devia agradecer ao Senhor
Por ter tido sucesso
Na vida como artista
Eu devia estar feliz
Porque consegui comprar
Um Corcel 73...
Eu devia estar alegre
E satisfeito
Por morar em Ipanema
Depois de ter passado
Fome por dois anos
Aqui na Cidade Maravilhosa...
Ah!
Eu devia estar sorrindo
E orgulhoso
Por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada
E um tanto quanto perigosa...
Eu devia estar contente
Por ter conseguido
Tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado...
Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto "e daí?"
Eu tenho uma porção
De coisas grandes prá conquistar
E eu não posso ficar aí parado...
Eu devia estar feliz pelo Senhor
Ter me concedido o domingo
Prá ir com a família
No Jardim Zoológico
Dar pipoca aos macacos...
Ah!
Mas que sujeito chato sou eu
Que não acha nada engraçado
Macaco, praia, carro
Jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco...
É você olhar no espelho
Se sentir
Um grandessíssimo idiota
Saber que é humano
Ridículo, limitado
Que só usa dez por cento
De sua cabeça animal...
E você ainda acredita
Que é um doutor
Padre ou policial
Que está contribuindo
Com sua parte
Para o nosso belo
Quadro social...
Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar...
Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador...
Engraçado, muito engraçado.
Deve ser o calor.
Até.
Eu devia estar contente
Porque eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável
E ganho quatro mil cruzeiros
Por mês...
Eu devia agradecer ao Senhor
Por ter tido sucesso
Na vida como artista
Eu devia estar feliz
Porque consegui comprar
Um Corcel 73...
Eu devia estar alegre
E satisfeito
Por morar em Ipanema
Depois de ter passado
Fome por dois anos
Aqui na Cidade Maravilhosa...
Ah!
Eu devia estar sorrindo
E orgulhoso
Por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada
E um tanto quanto perigosa...
Eu devia estar contente
Por ter conseguido
Tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado...
Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto "e daí?"
Eu tenho uma porção
De coisas grandes prá conquistar
E eu não posso ficar aí parado...
Eu devia estar feliz pelo Senhor
Ter me concedido o domingo
Prá ir com a família
No Jardim Zoológico
Dar pipoca aos macacos...
Ah!
Mas que sujeito chato sou eu
Que não acha nada engraçado
Macaco, praia, carro
Jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco...
É você olhar no espelho
Se sentir
Um grandessíssimo idiota
Saber que é humano
Ridículo, limitado
Que só usa dez por cento
De sua cabeça animal...
E você ainda acredita
Que é um doutor
Padre ou policial
Que está contribuindo
Com sua parte
Para o nosso belo
Quadro social...
Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar...
Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador...
segunda-feira, janeiro 26, 2009
Ainda em manutenção dos equipamentos
Apesar do problema que motivou a suspensão d'A Sopa de ontem estar solucionado, os equipamentos ainda requerem manutenção técnica. Por isso, provavelmente estaremos funcionando nos próximos dias em 'Modo de Segurança'.
Falo do computador, que fique bem claro.
Até.
Falo do computador, que fique bem claro.
Até.
domingo, janeiro 25, 2009
terça-feira, janeiro 20, 2009
Opostos
Assisti a todo o discurso de posse do novo presidente dos Estados Unidos da América, Barack Hussein Obama, chamado "Barack H. (eich) Obama" pelo cerimonial do evento, no momento em que apareceu na multidão. Impossível não se emocionar e ter esperança. Falou como um grande estadista.
Voltando os olhos aqui para a Provícia de São Pedro, no sul do mundo, é possível encontrar o exato oposto do que foi a fala do novo presidente americano na atitude do PT gaúcho frente ao convite do prefeito de Canoas ao ex-secretário e ex-deputado Cesar Busatto - um antigo e ferrenho opositor do PT - para compor o governo de Canoas. O convite foi feito para uma secretária especial, voltada a projetos especiais (ou algo assim, não importa). Mesmo o Busatto sendo do PPS, partido que fez parte da coligação que governa a cidade, os petistas gaúchos rejeitaram, fizeram pressão, ameaçaram não brincar mais de prefeitura e não serem mais amigos do Jairo Jorge (o prefeito) se ele não desfizesse o convite.
Não desfez, mas o diante da repercussão negativa e das resistências que enfrentaria em seu trabalho, Busatto declinou do convite.
O prefeito fez um belo texto sobre o imbróglio aqui.
Mas o episódio mostra o grau de ódio, mesquinhez e pequenez do PT gaúcho.
Cada vez mais me pergunto: como conseguiram enganar tantos por tanto tempo (eu incluso)?
Vivendo e aprendendo.
Até.
Voltando os olhos aqui para a Provícia de São Pedro, no sul do mundo, é possível encontrar o exato oposto do que foi a fala do novo presidente americano na atitude do PT gaúcho frente ao convite do prefeito de Canoas ao ex-secretário e ex-deputado Cesar Busatto - um antigo e ferrenho opositor do PT - para compor o governo de Canoas. O convite foi feito para uma secretária especial, voltada a projetos especiais (ou algo assim, não importa). Mesmo o Busatto sendo do PPS, partido que fez parte da coligação que governa a cidade, os petistas gaúchos rejeitaram, fizeram pressão, ameaçaram não brincar mais de prefeitura e não serem mais amigos do Jairo Jorge (o prefeito) se ele não desfizesse o convite.
Não desfez, mas o diante da repercussão negativa e das resistências que enfrentaria em seu trabalho, Busatto declinou do convite.
O prefeito fez um belo texto sobre o imbróglio aqui.
Mas o episódio mostra o grau de ódio, mesquinhez e pequenez do PT gaúcho.
Cada vez mais me pergunto: como conseguiram enganar tantos por tanto tempo (eu incluso)?
Vivendo e aprendendo.
Até.
domingo, janeiro 18, 2009
A Sopa 08/25
Ainda pensando a vida e suas relações.
Quando escrevi, numa Sopa do final do ano passado, que tinha sentido a ausência de algumas pessoas que eu considerava fundamentais, ou importantes, e que isso me fizera rever alguns conceitos sobre algumas delas, não pensei em ninguém em especial, ou, melhor, não pretendi enviar um recado a ninguém. Mas, de certa forma, o “chapéu serviu” para alguns (principalmente em que jamais deveria encaixar) o que tive de esclarecer quando conversamos. É óbvio que quem perguntou se era com ele já demonstrou que não era.
Tive a chance de conversar, semana passada, com o Márcio, amigo de mais de vinte anos, que é justamente o oposto do que me referia: é aquele amigo que eu sei que está lá, sempre estará lá, e posso contar com ele sempre que precisar, como o inverso é verdadeiro, e estou aí para o que der e vier. É o que eu falava de “amizades leves”, aquelas que não necessitam de força, de trabalho, para serem conservadas, para serem mantidas. Nem mesmo a distância geográfica ou o longo tempo sem nos encontrarmos pessoalmente altera a conexão que desenvolvemos ao longo do tempo, e se mantém sólida e tranquila.
Eu valorizo muito isso, afinal de contas são poucas as pessoas que me conhecem a maior parte da minha vida, e cada vez mais – circunstância do tempo – será difícil encontrar outros assim.
Foram alguns chopes e muito papo, do tipo que não necessita de muitas notas introdutórias e explicações de contexto, afinal acompanhamos o que aconteceu e acontece já muito tempo. Direto ao ponto, sem voltas ou rodeios. Como tem que ser.
Já no sábado que passou, à noite, outro encontro desse tipo.
A Jacque, a Karina e eu jantamos aqui em casa. Tomamos um vinho, falamos sobre a vida e lembramos-nos de estórias de viagem, muitas e boas. Lembramos hotéis, memoráveis por bons, “pitorescos” ou ruins, além de episódios os mais diversos nas nossas viagens juntos. Foi uma noite leve, de riso fácil, sem preocupações maiores, como devem ser os encontros com amigos.
Pensando nos dois episódios da semana que recém terminou, vejo que faltou o pão para dividirmos.
Faço um dia desses.
Até.
Quando escrevi, numa Sopa do final do ano passado, que tinha sentido a ausência de algumas pessoas que eu considerava fundamentais, ou importantes, e que isso me fizera rever alguns conceitos sobre algumas delas, não pensei em ninguém em especial, ou, melhor, não pretendi enviar um recado a ninguém. Mas, de certa forma, o “chapéu serviu” para alguns (principalmente em que jamais deveria encaixar) o que tive de esclarecer quando conversamos. É óbvio que quem perguntou se era com ele já demonstrou que não era.
Tive a chance de conversar, semana passada, com o Márcio, amigo de mais de vinte anos, que é justamente o oposto do que me referia: é aquele amigo que eu sei que está lá, sempre estará lá, e posso contar com ele sempre que precisar, como o inverso é verdadeiro, e estou aí para o que der e vier. É o que eu falava de “amizades leves”, aquelas que não necessitam de força, de trabalho, para serem conservadas, para serem mantidas. Nem mesmo a distância geográfica ou o longo tempo sem nos encontrarmos pessoalmente altera a conexão que desenvolvemos ao longo do tempo, e se mantém sólida e tranquila.
Eu valorizo muito isso, afinal de contas são poucas as pessoas que me conhecem a maior parte da minha vida, e cada vez mais – circunstância do tempo – será difícil encontrar outros assim.
Foram alguns chopes e muito papo, do tipo que não necessita de muitas notas introdutórias e explicações de contexto, afinal acompanhamos o que aconteceu e acontece já muito tempo. Direto ao ponto, sem voltas ou rodeios. Como tem que ser.
Já no sábado que passou, à noite, outro encontro desse tipo.
A Jacque, a Karina e eu jantamos aqui em casa. Tomamos um vinho, falamos sobre a vida e lembramos-nos de estórias de viagem, muitas e boas. Lembramos hotéis, memoráveis por bons, “pitorescos” ou ruins, além de episódios os mais diversos nas nossas viagens juntos. Foi uma noite leve, de riso fácil, sem preocupações maiores, como devem ser os encontros com amigos.
Pensando nos dois episódios da semana que recém terminou, vejo que faltou o pão para dividirmos.
Faço um dia desses.
Até.
sábado, janeiro 17, 2009
quinta-feira, janeiro 15, 2009
Senhores da Guerra
Existe um dito que fala que "em uma guerra, a primeira vítima é sempre a verdade". Diria mais, em uma guerra, as primeiras vítimas são a verdade e a razão.
Penso no conflito de Gaza.
Tinha decidido que não iria me manifestar sobre o assunto, por ser complexo demais para tomar partido assim, como se fosse uma coisa entre o bem e o mal. Deveria estudar alguns anos as origens do conflito, que remontam séculos de história, e não teria tempo de formular qualquer juízo a respeito.
Mas parece que sou o único a pensar assim (ou o único precisando estudar).
O que é certo é que - como sempre - a maior parte das vítimas é inocente (crianças, cerca de 200 delas, e civis). E nenhum dos lados tem razão. Nem o Hamas em não reconhecer Israel e lançar foguetes contra ele, e nem Israel por partir para uma ofensiva desproporcional contra a Faixa de Gaza, bombardeando inclusive uma escola da ONU.
Todos culpados, ninguém com razão.
Mas o pior, o mais ridículo de tudo é a Bolívia rompendo relações diplomáticas com Israel por causa do conflito. Me pergunto: o que a Bolívia tem a ver com as calças?
Às vezes dá vergonha ser latino-americano.
Isso sem falar no "asilo político" concedido pelo Sr Tarso Genro ao um criminoso italiano condenado à prisão perpétua por assassinatos, indo contra todos os pareceres sobre o assunto, imagino que pelo fato do criminioso "ser de esquerda". Battisti, um ex-membro do grupo de esquerda Proletários Armados para o Comunismo (PAC), foi condenado na Itália à prisão perpétua por envolvimento em quatro assassinatos na década de 70.
Às vezes dá vergonha ser brasileiro.
Até.
Penso no conflito de Gaza.
Tinha decidido que não iria me manifestar sobre o assunto, por ser complexo demais para tomar partido assim, como se fosse uma coisa entre o bem e o mal. Deveria estudar alguns anos as origens do conflito, que remontam séculos de história, e não teria tempo de formular qualquer juízo a respeito.
Mas parece que sou o único a pensar assim (ou o único precisando estudar).
O que é certo é que - como sempre - a maior parte das vítimas é inocente (crianças, cerca de 200 delas, e civis). E nenhum dos lados tem razão. Nem o Hamas em não reconhecer Israel e lançar foguetes contra ele, e nem Israel por partir para uma ofensiva desproporcional contra a Faixa de Gaza, bombardeando inclusive uma escola da ONU.
Todos culpados, ninguém com razão.
Mas o pior, o mais ridículo de tudo é a Bolívia rompendo relações diplomáticas com Israel por causa do conflito. Me pergunto: o que a Bolívia tem a ver com as calças?
Às vezes dá vergonha ser latino-americano.
Isso sem falar no "asilo político" concedido pelo Sr Tarso Genro ao um criminoso italiano condenado à prisão perpétua por assassinatos, indo contra todos os pareceres sobre o assunto, imagino que pelo fato do criminioso "ser de esquerda". Battisti, um ex-membro do grupo de esquerda Proletários Armados para o Comunismo (PAC), foi condenado na Itália à prisão perpétua por envolvimento em quatro assassinatos na década de 70.
Às vezes dá vergonha ser brasileiro.
Até.
quarta-feira, janeiro 14, 2009
Quase cinco meses
Tem vídeo novo da Marina no You Tube.
Vai lá e dá uma olhada.
Optando pela exibição em alta qualidade, a imagem fica MUITO melhor.
E a data certa de 13 de janeiro de 2009...
Até.
Vai lá e dá uma olhada.
Optando pela exibição em alta qualidade, a imagem fica MUITO melhor.
E a data certa de 13 de janeiro de 2009...
Até.
domingo, janeiro 11, 2009
A Sopa 08/24
Volto a falar sobre a paternidade.
Há uns dois finais de semana, na praia, recebemos a visita de um casal de amigos que “estão grávidos” de um menino que nasce no próximo mês. Foi uma visita bem ao acaso: eles alugaram um casa na mesma praia em que estávamos e passaram lá em casa para ver se nos encontrávamos. Deu certo.
Apesar de ela estar quase ganhando (algo como trinta e três semanas na época) ainda não os tínhamos encontrado durante a gestação. Ao nos saudarmos, ato contínuo, por uma fração de segundo, coloquei a mão na barriga dela, onde está crescendo o Gabriel. Logo que fiz, tirei a mão como se tivesse levado um choque, porque uma lembrança me fulminou como um raio.
Eu detestava quando faziam isso com a Jacque.
Grande bobagem, eu sei, mas era algo como ciúmes (com ou sem acento?) da barriga. Pensava, cá com meus botões, “a filha é minha, só quem pode colocar a mão ali sou eu”. Como a civilização se baseia nisso, na sublimação de nossos instintos selvagem, consegui “trabalhar” esse sentimento doentio e fiquei na boa. O engraçado é que tinha ciúmes que tocassem na barriga, mas – depois que ela nasceu – não tenho ciúme de que peguem a Marina.
Por achar “invasivo” essa coisa de tocar na barriga, assim que fiz, instintivamente, já retirei a mão, meio que constrangido. De novo, sei que é bobagem, que as pessoas fazem para transmitir “bons fluidos” e tal, mas foi inevitável pensar “não faça com os outros aquilo que não queres que façam contigo”. É provável que num ainda hipotético segundo filho(a) eu esteja mais tranquilo.
Ainda sobre filhos, é impressionante como surgem preocupações diversas quando se é pai ou mãe. Escadas rolantes, por exemplo. São um perigo, quase uma máquina de moer carne.
Maldito o inventor da escada rolante!
Há cerca de um mês, quando fazíamos compras de Natal num grande shopping de Porto Alegre, de repente ouvimos uma gritaria de “Pare a escada, pare a escada!” e ouvimos um choro de criança.
A sandália do menino, de uns três anos, tinha ficado presa na escada. Por sorte, foi apenas um susto. Mas, por um curto período de tempo, imaginei se fosse com a minha menina. Mal estar pensar isso.
Na semana que passou, por outro lado, num shopping no litoral gaucho, um menino ficou com a mãozinha presa na escada e teve uma série lesão na mão, já tendo passado por duas cirurgias de reconstrução. Ao ouvir a notícia, consegui sentir quase a mesma dor só em pensar se isso acontecesse com a Marina. Tomei, então, uma decisão:
A Marina só vai andar sozinha de escada rolante depois dos dezoitos anos. Antes disso, só comigo a carregando.
E tenho dito.
Até.
Há uns dois finais de semana, na praia, recebemos a visita de um casal de amigos que “estão grávidos” de um menino que nasce no próximo mês. Foi uma visita bem ao acaso: eles alugaram um casa na mesma praia em que estávamos e passaram lá em casa para ver se nos encontrávamos. Deu certo.
Apesar de ela estar quase ganhando (algo como trinta e três semanas na época) ainda não os tínhamos encontrado durante a gestação. Ao nos saudarmos, ato contínuo, por uma fração de segundo, coloquei a mão na barriga dela, onde está crescendo o Gabriel. Logo que fiz, tirei a mão como se tivesse levado um choque, porque uma lembrança me fulminou como um raio.
Eu detestava quando faziam isso com a Jacque.
Grande bobagem, eu sei, mas era algo como ciúmes (com ou sem acento?) da barriga. Pensava, cá com meus botões, “a filha é minha, só quem pode colocar a mão ali sou eu”. Como a civilização se baseia nisso, na sublimação de nossos instintos selvagem, consegui “trabalhar” esse sentimento doentio e fiquei na boa. O engraçado é que tinha ciúmes que tocassem na barriga, mas – depois que ela nasceu – não tenho ciúme de que peguem a Marina.
Por achar “invasivo” essa coisa de tocar na barriga, assim que fiz, instintivamente, já retirei a mão, meio que constrangido. De novo, sei que é bobagem, que as pessoas fazem para transmitir “bons fluidos” e tal, mas foi inevitável pensar “não faça com os outros aquilo que não queres que façam contigo”. É provável que num ainda hipotético segundo filho(a) eu esteja mais tranquilo.
Ainda sobre filhos, é impressionante como surgem preocupações diversas quando se é pai ou mãe. Escadas rolantes, por exemplo. São um perigo, quase uma máquina de moer carne.
Maldito o inventor da escada rolante!
Há cerca de um mês, quando fazíamos compras de Natal num grande shopping de Porto Alegre, de repente ouvimos uma gritaria de “Pare a escada, pare a escada!” e ouvimos um choro de criança.
A sandália do menino, de uns três anos, tinha ficado presa na escada. Por sorte, foi apenas um susto. Mas, por um curto período de tempo, imaginei se fosse com a minha menina. Mal estar pensar isso.
Na semana que passou, por outro lado, num shopping no litoral gaucho, um menino ficou com a mãozinha presa na escada e teve uma série lesão na mão, já tendo passado por duas cirurgias de reconstrução. Ao ouvir a notícia, consegui sentir quase a mesma dor só em pensar se isso acontecesse com a Marina. Tomei, então, uma decisão:
A Marina só vai andar sozinha de escada rolante depois dos dezoitos anos. Antes disso, só comigo a carregando.
E tenho dito.
Até.
sábado, janeiro 10, 2009
quarta-feira, janeiro 07, 2009
Em Porto Alegre por esses dias
Acabou o vestibular de verão na UFRGS (a saber, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pública e gratuita, como costumavam proclamar os formandos no tempo em que eu ainda ia a formaturas).
Entre os lugares em que trabalho, há uma clínica, em que atendo segundas, quartas e sextas-feiras, que fica no centro (que não é o centro geográfico) de Porto Alegre. São cinco andares com ambulatórios e atendimentos de diversas especialidades médicas, além de psicólogos. Quando comecei a trabalhar lá, há quase dois anos, fui "locado" num consultório no quarto andar, mesmo em que ficavam psiquiatras, psicólogas, urologista e um reumatologista. Fui premiado com um dos únicos dois consultórios do andar com banheiro privativo. Sem janelas, mas com banheiro.
Descobri depois que as pessoas me invejavam por isso.
As pessoas sentem inveja por cada coisa, pensei, mas no fundo entendi que estava e vantagem por ter um banheiro privativo. Afinal... deixa para lá, vocês sabem o que significa ter um banheiro privativo.
Pois bem, a "minha alegria" acabou há uns dois meses, quando fui "rebaixado", passando a atender no terceiro andar e sem uma sala fixa. Dois dias atendo numa sala e no outro numa sala diferente, afinal tem médicos mais antigos lá e, como qualquer um que tenha tido a mínima experiência militar sabe, "antiguidade é posto". Tudo bem, não me queixo, estou lá para trabalhar mesmo.
Hoje, contudo, algo diferente aconteceu.
Quando cheguei para atender, descobri que haviam me colocado numa sala diferente das que estou habituado a atender. Essa sala, para minha alegria, apesar de não ter banheiro (certo, eu NÃO preciso de banheiro tanto quanto possa parecer...), tinha janela, e para a frente do edifício! Fiquei bem feliz, algo como se um trabalhador de mina fosse transferido - mesmo que temporariamente - para a superfície.
Foi legal.
Durante à tarde, quando já se aproximava a parte final dos meus atendimentos, comecei a ouvir uma música que vinha da rua, junto com gritos. Estranhei inicialmente, até ouvir "Sai do chão!", quando imaginei que por alguma aberração do espaço-tempo eu estava no carnaval em Salvador, até ouvir "Quem é que vai passar?!" e gritos mais alta e perceber que aquilo que eu ouvia era uma festa de final de vestibular.
Final de vestibular?!
Isso mesmo, agora existe isso, festa porque acabou o vestibular. Não é festa dos aprovados, que deve ocorrer depois, imagino, mas uma festa de final de "festa". Tipo "ai, estou estressado com essas provas todas e preciso festejar, azar se fui reprovado".
Confesso que me irrita, isso.
Fechar uma rua, trazer um trio elétrico, só para comemorar o final do vestibular?
Ridículo.
Festa para quem passou (antes de dizer que o vestibular é o mais fácil, o bicho pega na universidade). Quem não passou tem que sentir o fracasso como aprendizado para passar depois.
Se é festa para todo mundo, onde está a celebração do mérito de quem foi aprovado?
Sou das antigas, eu sei, fazer o quê?
Até.
Entre os lugares em que trabalho, há uma clínica, em que atendo segundas, quartas e sextas-feiras, que fica no centro (que não é o centro geográfico) de Porto Alegre. São cinco andares com ambulatórios e atendimentos de diversas especialidades médicas, além de psicólogos. Quando comecei a trabalhar lá, há quase dois anos, fui "locado" num consultório no quarto andar, mesmo em que ficavam psiquiatras, psicólogas, urologista e um reumatologista. Fui premiado com um dos únicos dois consultórios do andar com banheiro privativo. Sem janelas, mas com banheiro.
Descobri depois que as pessoas me invejavam por isso.
As pessoas sentem inveja por cada coisa, pensei, mas no fundo entendi que estava e vantagem por ter um banheiro privativo. Afinal... deixa para lá, vocês sabem o que significa ter um banheiro privativo.
Pois bem, a "minha alegria" acabou há uns dois meses, quando fui "rebaixado", passando a atender no terceiro andar e sem uma sala fixa. Dois dias atendo numa sala e no outro numa sala diferente, afinal tem médicos mais antigos lá e, como qualquer um que tenha tido a mínima experiência militar sabe, "antiguidade é posto". Tudo bem, não me queixo, estou lá para trabalhar mesmo.
Hoje, contudo, algo diferente aconteceu.
Quando cheguei para atender, descobri que haviam me colocado numa sala diferente das que estou habituado a atender. Essa sala, para minha alegria, apesar de não ter banheiro (certo, eu NÃO preciso de banheiro tanto quanto possa parecer...), tinha janela, e para a frente do edifício! Fiquei bem feliz, algo como se um trabalhador de mina fosse transferido - mesmo que temporariamente - para a superfície.
Foi legal.
Durante à tarde, quando já se aproximava a parte final dos meus atendimentos, comecei a ouvir uma música que vinha da rua, junto com gritos. Estranhei inicialmente, até ouvir "Sai do chão!", quando imaginei que por alguma aberração do espaço-tempo eu estava no carnaval em Salvador, até ouvir "Quem é que vai passar?!" e gritos mais alta e perceber que aquilo que eu ouvia era uma festa de final de vestibular.
Final de vestibular?!
Isso mesmo, agora existe isso, festa porque acabou o vestibular. Não é festa dos aprovados, que deve ocorrer depois, imagino, mas uma festa de final de "festa". Tipo "ai, estou estressado com essas provas todas e preciso festejar, azar se fui reprovado".
Confesso que me irrita, isso.
Fechar uma rua, trazer um trio elétrico, só para comemorar o final do vestibular?
Ridículo.
Festa para quem passou (antes de dizer que o vestibular é o mais fácil, o bicho pega na universidade). Quem não passou tem que sentir o fracasso como aprendizado para passar depois.
Se é festa para todo mundo, onde está a celebração do mérito de quem foi aprovado?
Sou das antigas, eu sei, fazer o quê?
Até.
segunda-feira, janeiro 05, 2009
De volta
Depois de uns poucos dias de recesso, a rotina recomeça.
Antes do trabalho, um reflexão.
Durante a passagem do novo ano, percebi porque já faz tempo que acho chato shows de fogos de artifício: porque são infantis. Simples assim.
Corrijo o que disse: fogos de artifício são MUITO legais, quando temos dez anos de idade. Depois, é só variação sobre o mesmo tema. Alguns desses espetáculos são realmente bons, criativos até, mas no final são todos iguais. Dependendo do astral do momento, muito legais, como na Disney, por exemplo. Mas viu um, viu todos.
Contudo, isso não é o pior.
O difícil de entender é quem compra fogos que fazem apenas barulho. Faz algum sentido? "O ano novo está chegando, devo avisar como os traficantes avisam que tem bagulho bom aí, ou melhor, vou deixá-los surdos..." Só pode ser isso, encheção de saco. Sim porque não tem outra explicação. Isso é coisa de idiota, de retardado.
Minha sugestação para acabar com os exorbitantes shows de fogos da principais cidades brasileiras é, pequenos grupos acenderem fogueiras e ficarem olhando o fogo e exclamando "Hããã... fooooogo..."
Ideias, ideias...
Até.
Antes do trabalho, um reflexão.
Durante a passagem do novo ano, percebi porque já faz tempo que acho chato shows de fogos de artifício: porque são infantis. Simples assim.
Corrijo o que disse: fogos de artifício são MUITO legais, quando temos dez anos de idade. Depois, é só variação sobre o mesmo tema. Alguns desses espetáculos são realmente bons, criativos até, mas no final são todos iguais. Dependendo do astral do momento, muito legais, como na Disney, por exemplo. Mas viu um, viu todos.
Contudo, isso não é o pior.
O difícil de entender é quem compra fogos que fazem apenas barulho. Faz algum sentido? "O ano novo está chegando, devo avisar como os traficantes avisam que tem bagulho bom aí, ou melhor, vou deixá-los surdos..." Só pode ser isso, encheção de saco. Sim porque não tem outra explicação. Isso é coisa de idiota, de retardado.
Minha sugestação para acabar com os exorbitantes shows de fogos da principais cidades brasileiras é, pequenos grupos acenderem fogueiras e ficarem olhando o fogo e exclamando "Hããã... fooooogo..."
Ideias, ideias...
Até.
sexta-feira, janeiro 02, 2009
A Sopa 08/23
Dois mil e nove.
Fiquei me perguntando, nesses últimos dias, o que esperar do ano que recém começa? O que esperar de mim mesmo, dos outros, do mundo, em geral?
A última semana, que passei longe de computadores e Internet, começou com o mesmo ritual matinal: acordava, olhava no espelho e dizia em voz alta, “Sou Marcelo, e este é mais um dia que não estarei online”. Por incrível que possa parecer, não senti falta de olhar e-mails, algo que se tornou parte de minha rotina (diversas vezes por dia) nos últimos anos, em que até em viagens procurava hotel com acesso para poder checá-los. Temi que estivesse dependente, o que não se confirmou nessa semana de curtas férias que ainda não terminaram (estou de passagem, essa noite em casa, entre o litoral norte e a costa doce).
Já faz um tempo, desde que não moro mais na casa dos meus pais e que os amigos da “turma da praia” não mais vão para lá, que ir para praia significa convivência familiar total. Desde o café da manhã juntos, café passado com leite, pão francês com schimier e nata, chimarrão antes do almoço e no final de tarde, ficar conversando na mesa após a janta, essas coisas, de voltar a ser filho e que esse ano teve o diferencial de também ser pai, e termos a Marina lá para todos curtirem e mimarem e sorrirem a cada gesto e sorriso dela, tudo isso mantém em mim a magia que sempre envolveu a praia. Se antes era a turma, o vôlei da manhã e o futebol do final de tarde, as saídas e as madrugadas sentados no muro na volta das festas, agora – mais que nunca – praia é família, tranquilidade e descanso.
E foi o que fiz por esses dias, de acordar cedo, dormir após o almoço, ler, andar um pouco de bicicleta, e ficar junto com os meus pais. Hoje, de volta em casa e antes de ir encontrar o outro lado da família, uma pausa para escrever a primeira Sopa do ano e me perguntar, uma vez mais, o que quero para o ano novo.
Dois mil e oito foi um ano em todos os aspectos marcante e especial. Competir com ele, ser melhor, é uma tarefa árdua. Pobre dois mil e nove! Como ser especial depois do ano em que nasceu a minha filha?
Não quero muito do novo ano.
Quero ser mais leve, não precisar carregar mais peso que o mínimo necessário. Para isso, conseguir me desfazer de alguns vícios, de algumas teimosias. Relevar algumas coisas, algumas pessoas. Quem sabe, selecionar alguns amigos, as amizades mais leves. Sabe como é, com amigos de verdade a gente não precisa fazer força para mantê-los por perto, mesmo que não geograficamente.
Amizade mesmo é fluida e paira no ar. Porém sólida como uma rocha. Bonne année.
Até.
Fiquei me perguntando, nesses últimos dias, o que esperar do ano que recém começa? O que esperar de mim mesmo, dos outros, do mundo, em geral?
A última semana, que passei longe de computadores e Internet, começou com o mesmo ritual matinal: acordava, olhava no espelho e dizia em voz alta, “Sou Marcelo, e este é mais um dia que não estarei online”. Por incrível que possa parecer, não senti falta de olhar e-mails, algo que se tornou parte de minha rotina (diversas vezes por dia) nos últimos anos, em que até em viagens procurava hotel com acesso para poder checá-los. Temi que estivesse dependente, o que não se confirmou nessa semana de curtas férias que ainda não terminaram (estou de passagem, essa noite em casa, entre o litoral norte e a costa doce).
Já faz um tempo, desde que não moro mais na casa dos meus pais e que os amigos da “turma da praia” não mais vão para lá, que ir para praia significa convivência familiar total. Desde o café da manhã juntos, café passado com leite, pão francês com schimier e nata, chimarrão antes do almoço e no final de tarde, ficar conversando na mesa após a janta, essas coisas, de voltar a ser filho e que esse ano teve o diferencial de também ser pai, e termos a Marina lá para todos curtirem e mimarem e sorrirem a cada gesto e sorriso dela, tudo isso mantém em mim a magia que sempre envolveu a praia. Se antes era a turma, o vôlei da manhã e o futebol do final de tarde, as saídas e as madrugadas sentados no muro na volta das festas, agora – mais que nunca – praia é família, tranquilidade e descanso.
E foi o que fiz por esses dias, de acordar cedo, dormir após o almoço, ler, andar um pouco de bicicleta, e ficar junto com os meus pais. Hoje, de volta em casa e antes de ir encontrar o outro lado da família, uma pausa para escrever a primeira Sopa do ano e me perguntar, uma vez mais, o que quero para o ano novo.
Dois mil e oito foi um ano em todos os aspectos marcante e especial. Competir com ele, ser melhor, é uma tarefa árdua. Pobre dois mil e nove! Como ser especial depois do ano em que nasceu a minha filha?
Não quero muito do novo ano.
Quero ser mais leve, não precisar carregar mais peso que o mínimo necessário. Para isso, conseguir me desfazer de alguns vícios, de algumas teimosias. Relevar algumas coisas, algumas pessoas. Quem sabe, selecionar alguns amigos, as amizades mais leves. Sabe como é, com amigos de verdade a gente não precisa fazer força para mantê-los por perto, mesmo que não geograficamente.
Amizade mesmo é fluida e paira no ar. Porém sólida como uma rocha. Bonne année.
Até.
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