Verão.
Litoral norte do Rio Grande do Sul. Manhã de sol, brisa amena e água
clara, de temperatura agradável. Milhares de pessoas na praia, tomando
sol, deitadas ou caminhando. Nós (o Paulo e eu) estamos parados
observando as crianças, filhos e sobrinhos, que brincam com as ondas.
Correm de um lado a outro sob nossos olhares atentos e vigilantes. Vez e
outra um ou outro grita instruções sobre onde devem ficar e para onde
não devem ir. No meio disto, conversamos:
- Mudou o ano, hora de mudanças.
- É isso aí.
- Temos que definir quem vamos ser daqui para frente.
- A-hã.
- Estive pensando, e só temos duas opções de mudança.
- Que são...
- Surfistas ou metrossexuais.
- Desenvolva esse pensamento.
- Podemos virar surfistas. Compramos um pranchão, um carro de surfista e... Qual o carro dos surfistas?
- Parati?
- Não, parati não. Isso era nos anos oitenta. Agora deve ser outro.
- Não tenho nem idéia, para mim era ainda parati.
- Deixa para lá. Compramos um pranchão, e vamos pegar onda. Aliás, nem precisa pegar onda, basta ter atitude.
- Mas com esse marzinho de hoje, dá para chegar fácil no outside.
Subir na prancha, bom, são outros quinhentos. Mas tem uma coisa...
- O quê?
- Assim, usando sunga, estamos mais para metrossexuais.
- Tem razão, acho que estamos mais para metrossexuais. Mas o que
metrossexuais bebem na beira da praia? Qual o drink dos metrossexuais?
Não pode ser cerveja...
- Claro que não, e nem caipirinha, que não são bebidas adequadas. Champanhe?
- Não, é coisa de metido à besta. Os metrossexuais são assim, simples mas não simplórios.
- Despojados.
- Isso aí.
- Sabem cozinhar...
- Nós sabemos.
- Curtem ficar em casa, receber a turma, preparam jantares legais, criam um clima legal na casa, com velas...
- Epa.
- O quê?
- Vela não.
- É, vela é coisa de veado.
- Parece que a linha que separa a metrossexualidade da homossexualidade é muito tênue.
- Qual é o preço da parati e da prancha mesmo?
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