terça-feira, janeiro 24, 2012

Histórias de Verão (um texto antigo)

Verão.

Litoral norte do Rio Grande do Sul. Manhã de sol, brisa amena e água clara, de temperatura agradável. Milhares de pessoas na praia, tomando sol, deitadas ou caminhando. Nós (o Paulo e eu) estamos parados observando as crianças, filhos e sobrinhos, que brincam com as ondas. Correm de um lado a outro sob nossos olhares atentos e vigilantes. Vez e outra um ou outro grita instruções sobre onde devem ficar e para onde não devem ir. No meio disto, conversamos:

- Mudou o ano, hora de mudanças.

- É isso aí.

- Temos que definir quem vamos ser daqui para frente.

- A-hã.

- Estive pensando, e só temos duas opções de mudança.

- Que são...

- Surfistas ou metrossexuais.

- Desenvolva esse pensamento.

- Podemos virar surfistas. Compramos um pranchão, um carro de surfista e... Qual o carro dos surfistas?

- Parati?

- Não, parati não. Isso era nos anos oitenta. Agora deve ser outro.

- Não tenho nem idéia, para mim era ainda parati.

- Deixa para lá. Compramos um pranchão, e vamos pegar onda. Aliás, nem precisa pegar onda, basta ter atitude.

- Mas com esse marzinho de hoje, dá para chegar fácil no outside. Subir na prancha, bom, são outros quinhentos. Mas tem uma coisa...

- O quê?

- Assim, usando sunga, estamos mais para metrossexuais.

- Tem razão, acho que estamos mais para metrossexuais. Mas o que metrossexuais bebem na beira da praia? Qual o drink dos metrossexuais? Não pode ser cerveja...

- Claro que não, e nem caipirinha, que não são bebidas adequadas. Champanhe?

- Não, é coisa de metido à besta. Os metrossexuais são assim, simples mas não simplórios.

- Despojados.

- Isso aí.

- Sabem cozinhar...

- Nós sabemos.

- Curtem ficar em casa, receber a turma, preparam jantares legais, criam um clima legal na casa, com velas...

- Epa.

- O quê?

- Vela não.

- É, vela é coisa de veado.

- Parece que a linha que separa a metrossexualidade da homossexualidade é muito tênue.

- Qual é o preço da parati e da prancha mesmo?

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